Por que carros elétricos não são vendidos no Brasil?

Resposta curta: porque é muito caro.

Carros elétricos e híbridos têm sido vendidos nos EUA há quase dez anos e os modelos se proliferam. Se o mais comum de se ver em 2008 eram Toyota Prius nas estradas americanas, hoje a variedade (e as fatias das marcas) já é bem maior. Isso sem contar o grande sucesso que a novata Tesla Motors tem feito na gringa. O problema é que aqui no Brasil os preços seriam inviáveis. O Renault Zoe, por exemplo, é vendido na França por nada menos do que € 21.000 (R$ 92.600). Com os preços brasileiros, esse valor seria ainda maior. Aí você pode se perguntar, “Tá, mas isso não é tão caro assim. Por que não oferecer?” Bom, realmente poderia ser vendido. Mas o Brasil não tem nenhum incentivo aos carros elétricos (o governo prefere incentivar o uso do etanol em carros flex e da conversão para uso do gás natural, que te dá uma isenção daquelas no IPVA, por exemplo) e com essa grana você poderia comprar um carro flex ou movido a gasolina de luxo. O Renault Zoe é um compacto nível Gol. Compensa? Só se você gostar muito de não poluir. 80 Zoes foram vendidos no Brasil por enquanto, mas não há nem tabela de preços.

rzoe
Renault Zoe

Além do problema do preço, temos a questão das alternativas. Você pode comprar o compacto elétrico da Chevrolet, por exemplo, o Chevy Spark EV, por US$ 25.900 (R$ 105.000) nos EUA. Mas aqui no Brasil, por R$ 105.000 você compra um Mini Cooper do ano novinho. Tudo bem que para os gringos, o Mini Cooper não é nada de mais, mas para o nosso mercado ele é tido como um carro de luxo. E eu não sei você, mas entre um e outro eu ainda iria pelo Mini Cooper. Sem contar que esses R$ 105.000 são o valor convertido. Sabemos que os preços no Brasil escalam bastante quando um carro chega aqui. Para isso você pode estimar que o Chevy Spark poderia chegar a preços de até R$ 200.000 no mercado brasileiro. Comprar um Mini Cooper e convertê-lo para gás natural, que também é uma alternativa que quase não polui e sai muito mais barato, com certeza parece muito mais agradável para qualquer consumidor do que comprar o carro elétrico.

Chevrolet Spark
Chevrolet Spark

Não há como dizer se isso é intencional por parte das fabricantes ou do governo. Eu tendo a acreditar que não. Nossos governos podem gostar bastante de gasolina, mas isso não é o suficiente para impedir ativamente que novos carros e formas de abastecimento cheguem a um país. É porque realmente não vale a pena para o consumidor. E as poucas pessoas com capacidade de comprar um carro elétrico por aqui, um nicho pequeno de pessoas que realmente são adeptas a este tipo de carro, poderiam consegui-lo importando, afinal nosso governo zerou os impostos para importação de carros elétricos (um grande indicativo de que querem, sim, que eles comecem a competir por nossas ruas e carteiras).

Resta, afinal, a dúvida: há um futuro Brasil com carros elétricos na rua? Creio que sim, e talvez não demore tanto. Mas a tecnologia vai ter que ficar mais barata primeiro, para competir com os outros modelos e modalidades. Aliás, esse é um empecilho que até mesmo lá fora impede que tantos carros elétricos sejam vistos pelas estradas. Por enquanto, o jeito vai ser ver um Tesla nas fotos da internet, mesmo. Ou visitar os EUA.

Os carros elétricos ou híbridos que você pode comprar no Brasil se tiver muita vontade (mesmo):

  • BMW i3: a partir de R$ 221.950;
  • BMW i8: a partir de R$ 799.950 (!!!);
  • Ford Fusion Hybrid: a partir de R$ 142.000;
  • Lexus CT 200h: a partir de R$ 127.000;
  • Mitsubishi Outlander: a partir de R$ 190.000;
  • Toyota Prius: a partir de R$ 114.350.

Traffic Shaping: entenda o que é, como te afeta, e por que é importante reclamar e denunciar para nossa internet ser MELHOR

Já reparou que às vezes, dependendo do horário do dia, sua internet começa a ficar mais lenta ou simplesmente cai e leva umas duas horas para voltar? Percebeu que tem alguns aplicativos no seu celular que carregam as coisas mais rápido do que outros? Tem uma janela diária onde sua internet simplesmente deixa de funcionar, bem naqueles horários que provavelmente pouca gente está usando (ou seja, a lógica deveria ser ela ficar melhor)? Isso tem um nome: traffic shaping, ou para nós tupiniquins, modulação de tráfego.

A lógica é simples: se uma avenida está muito congestionada e você é um controlador de semáforos, basta fechar os sinais das vias que alimentam a avenida por mais tempo do que o comum. Os carros vão fluir e você pode abrir o sinal de novo para mais gente entrar. Aos poucos, todo mundo passa. Mas não deveria ser rápido pra todo mundo? Por que não ampliar a avenida? Fica caro. Mas não é função da cidade prover aos seus moradores de forma adequada? É. Mas o que eles fazem? Fecham os sinais por mais tempo. O traffic shaping não fica longe disso. É bem a mesma coisa, na verdade.

Grandes casos comuns da internet brasileira a que todos estamos acostumados. Mas hoje as coisas estão ficando mais inteligentes e sorrateiras, e algumas empresas começaram a diminuir a velocidade de determinados aplicativos fechando vias específicas. Foi o caso do WhatsApp sendo bloqueado tão facilmente pelas operadoras. E é o caso atual, que está chegando ao conhecimento geral, da GVT, que reduz a velocidade de acesso a alguns aplicativos que demandam muita banda, como o Snapchat.

Ok, entendi o que é Traffic Shaping. Mas o que posso fazer sobre isso?

Se você perceber que sua internet está abaixo da velocidade contratada (use o SpeedTest para descobrir, é bem fácil), que ela cai ou fica mais lenta em determinadas horas do dia religiosamente, que alguns aplicativos estão mais lentos do que deveriam ser, ou mesmo que tenham janelas de uso (como aconteceu comigo usando a NET Virtua no Maranhão), é hora de ligar reclamando. E é reclamar de quebrar o pau. Não adianta discutir. Vão te dizer que estão tendo manutenções, vão te dizer que sua rede está comprometida, vão te dizer que é normal porque a infraestrutura está passando por melhoras, eles têm infinitas desculpas. Mas se, a qualquer momento, você disser “Então vou para outra provedora se cair de novo, ok?” o milagre acontece: tudo melhora por um certo tempo.

Mas gente, é por certo tempo mesmo. Todas as suas reclamações vão funcionar se forem enfáticas porque essas desculpas são mentira. Eles estão limitando sua banda para poder vender mais acessos sem ampliar a infraestrutura. Estão limitando sua banda para fornecer mais àqueles que têm velocidades superiores à sua. É só isso. Capacidade de fornecer (e de melhorar a porcaria da rede deles com os lucros exorbitantes que ganham sendo das empresas mais caras do mundo de internet) eles têm.

O lance é não esquecer. Porque se a gente esquecer desse assunto, vai acontecer com você de novo. Em uns três, seis meses, tudo vai começar a ficar ruim outra vez porque acham que cliente é bobo, ou que não percebe. E o perigo está aí: realmente a maior parte das pessoas usa pouco a internet e não percebe, ou não se importa com os empecilhos eventuais.

Reclamem sempre (recomendo o ReclameAqui e, principalmente, ligar para a provedora que você usa) e peçam suas velocidades reais, assim a pressão em cima deles vai aumentar e essa prática (ilegal, por sinal) do traffic shaping pode vir a ficar menos comum entre as empresas brasileiras. Por enquanto é o hobby preferido delas.