Movimento que nega HIV na Rússia está piorando a epidemia

Menos da metade dos russos com HIV estão tomando drogas antirretrovirais, parcialmente por conta de uma teoria da conspiração de que o vírus causador da AIDS é um mito inventado pelo Ocidente, segundo oficiais e ativistas.

Enquanto mortes relacionadas à AIDS e novas infecções por HIV estão caindo ao redor do mundo, no leste da Europa e na Ásia Central as estatísticas estão mais alarmantes a cada ano que passa.

De acordo com dados oficiais, 80 pessoas morreram diariamente de questões relacionadas à AIDS na Rússia nos primeiros seis meses de 2017, uma alta das 50 mortes diárias de 2016.

Mais de 900.000 russos estão vivendo com HIV hoje, com 10 novos casos a cada hora, segundo dados publicados pelo governo.

Mas menos da metade está tomando a medicação que poderia ajudá-los a levar uma vida normal e prevenir que passem o vírus adiante.

Muitos se negam a tomar os remédios voluntariamente depois de ler na internet que o HIV é um mito, segundo relatos oficiais.

Muitos daqueles que não fazem a terapia “não querem o tratamento por vários motivos,” segundo o legislador pró-Kremlin Alexander Petrov, chamando ONGs para ajudar “a alcançar aqueles que não acreditam [que o HIV existe].”

Sem tratamento, um indivíduo soropositivo pode continuar espalhando o vírus por muitos anos, e acabar morrendo com a AIDS.

Embora não seja claro quantos daqueles que não fazem o tratamento neguem a existência da doença e quantos são vítimas da falta de medicamentos, casos de recusa ao tratamento de crianças têm especialmente incomodado as autoridades.

“É inaceitável que no nosso tempo crianças estejam morrendo quando há vários tratamentos disponíveis,” diz Alexey Yakovlev, doutor-chefe do Hospital Botkin em São Petersburgo, onde uma menina de 10 anos morreu em agosto depois que seus pais religiosos negaram tratá-la.

Mas é difícil lutar contra alegações falsas nos tempos da internet, quando uma pesquisa no Google leva pessoas desesperadas diretamente a comunidades que oferecem mentiras confortáveis, como descrevem os ativistas.

O negacionismo existia no Ocidente e na África, mas globalmente “ele morreu com força efetiva,” de acordo com o site AIDSTruth, que lutou contra o fenômeno por anos antes de declarar o trabalho como “finalizado” em 2015.

Um caso de amor com teorias da conspiração

Na Rússia, a UNAIDS ajudou a fechar uma comunidade negacionista na popular rede social Odnoklassniki, mas ela simplesmente se mudou para outra plataforma, segundo Vinay Saldanha, diretor regional da UNAIDS do leste europeu e Ásia Central.

“É inaceitável que hajam fóruns e chats [negacionistas do HIV] na Rússia sendo tolerados por certas plataformas,” diz ele. “São como ratos, correm para um lugar diferente e continuam propagando suas ideias,” continua.

A AFP encontrou vários grupos negacionistas na rede social VK, o Facebook da Rússia, cada um com milhares de seguidores.

Quando perguntados pelo AFP por que os grupos achavam que o HIV não existia, o administrador de uma das comunidades disse “porque não,” seguido de vários xingamentos.

Um dos grupos chama o HIV de “o maior mito do séc. XX,” intrui as pessoas sobre como negar tratamento, e se refere a medicamentos antirretrovirais como veneno, médicos como assassinos que querem enriquecer empresas farmacêuticas.

“Um dos objetivos do mito da AIDS é diminuir a população do planeta a dois bilhões e estabelecer controle total” através de vacinações, segundo um destaque ideológico das visões negacionistas, Olga Kovekh, em uma conversa com a mídia local feita mês passado.

Kovekh é uma médica em uma clínica de Volgograd.

Parte do motivo de ideias tão excêntricas pegarem é o “amor dos russos por teorias da conspiração” e a crescente retórica anti-Ocidente, segundo Yelena Dolzhenko, que trabalha no centro de prevenção à AIDS de Moscou, a fundação SPID.Tsentr.

“Na TV, falam sobre como a Rússia está cercada de inimigos e que devemos lutar contra todos,” diz ela. Um ambiente perfeito para plantar ideias sobre uma conspiração ocidental da AIDS.

Drogados e gays americanos

O fenômeno do negacionismo também está crescendo porque o sistema de centros contra o HIV na Rússia estão com poucos recursos; médicos com pouco tempo disponível perdem a empatia para guiar pacientes a grupos legítimos de apoio, segundo Yekaterina Zinger, diretora da fundação Svecha em São Petersburgo.

“O maior motivo [para as pessoas se tornarem negacionistas] é a falta de consultas,” diz Zinger. “As pessoas não recebem informação o suficiente e começam a pensar que alguém está escondendo algo deles.”

“A tentação de acreditar que é um mito é muito alta,” diz ela, especialmente para pessoas heterossexuais que não estão em grupos de risco comumente associados ao HIV e que “não entendem como isso aconteceu com elas.”

Campanhas de saúde pública oficiais da Rússia propagandeando fidelidade e “valores da família” ao invés de camisinhas como a melhor prevenção ao HIV podem estar ajudando no negacionismo, segundo alguns ativistas.

Pôsteres vistos pela AFP em Moscou mostram um casal se abraçando, com a legenda “Seja íntimo somente com quem confia.” No entanto, 30% das mulheres americanas contraem HIV de seus únicos parceiros, diz Dolzhenko.

“Essas propagandas não ajudam, pioram a situação. O negacionismo do HIV pode vir disso,” diz ela. “Imagine uma garota ortodoxa que vai à igreja aos domingos, se casa, e depois descobre que é soropositiva.”

Enquanto o HIV continua sendo apresentado como uma doença de drogados e “gays americanos”, continua Dolzhenko, “essa garota vai pensar que não tem nada a ver com ela.”

Texto original traduzido do Yahoo! e com fontes da Agence France Presse.

Nota do tradutor:

Segundo os números brasileiros, temos 830 mil brasileiros vivendo com HIV, um número bem mais animador que o russo, considerando que a população de lá é de 144 milhões enquanto a nossa é de 202 milhões. Aqui, também graças ao SUS, 64% das pessoas soropositivas estão sob tratamento antirretroviral, o que significa que estão saudáveis e com cargas virais indetectáveis (onde a possibilidade de transmitir a doença é quase nula).

É importante ressaltar essas informações para que entendamos o poder das coisas que lemos e no que acreditamos. Em um momento onde estamos descontando ideias e opiniões como “petralhas” ou “coxinhas”, acabamos ignorando coisas com as quais realmente concordamos em nome de um papel ou uma posição. Há homens que se recusam a fazer o teste de detecção de DSTs por acreditarem que são fortes demais para pegar qualquer coisa, e há pessoas que acreditam que, já que há um tratamento eficaz, pegar HIV é algo interessante por poder ser dispensada a camisinha. Em todos os casos, heterossexuais podem sim pegar HIV e correm o risco de várias outras doenças no sexo sem proteção, assim como aqueles que já têm HIV e dispensam a camisinha podem encontrar complicações e dores de cabeça muito piores em outras doenças.

Outro risco das conversinhas e opiniões desencontradas na internet é a desinformação a respeito da educação sexual. Como acontece na Rússia, enquanto ficamos discutindo o que é uma aula sobre gênero, milhões de adolescentes mulheres poderiam ter evitado uma gravidez indesejada e outros milhões de adolescentes poderiam ter se precavido de contrair doenças sexualmente transmissíveis enquanto jovens. A educação sexual nas escolas é importante e deve ser ensinada aos adolescentes. O discurso religioso de que isso gerará depravação ou sexualização precoce é equivocado e perigoso, pois está causando a morte e a debilitação da nossa próxima geração.

Um exemplo muito importante que aconteceu na nossa cultura ocidental com a desinformação foram os grupos anti-vacina, que causaram muitos transtornos e mortes nos EUA e começam a dar seus primeiros sinais aqui no Brasil. Felizmente, se negar a vacinar os filhos em nosso país é considerado ilegal, embora muitos pais desavisados e com tendências às teorias da conspiração encontrem formas de esconder a falta de inoculação de seus filhos. É perigoso! Faz mal a todos.

Espero que esse texto tenha ajudado a elucidar alguns sobre os riscos do negacionismo, da conspiração e da falta de conferência sobre o que lemos.

Prisões no Brasil passam a oferecer ayahuasca para evitar reincidência!

Alguns criminosos violentos do nosso país estão tendo a oportunidade de uma reabilitação radical através da poderosa experiência psicodélica da cerimônia do ayahuasca.

Ao invés da persistência no sistema de abuso contínuo e alienação que muitas prisões modernas oferecerem, algumas das prisões brasileiras estão começando a oferecer serviços holísticos para encorajar a reabilitação dos presos. Os serviços oferecidos para alguns desses prisioneiros incluem práticas guiadas de cura como yoga, reiki, meditação e, em alguns locais, a jornada da ayahuasca. O objetivo é garantir a reabilitação de criminosos violentos e reduzir as taxas de reincidência depois que são soltos.

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A planta responsável pelo chá de ayahuasca. Fonte: Brotando Consciência

A ayahuasca é um chá psicodélico derivado da videira de ayahuasca, Banisteriopsis caapi, e a planta Psychotria viridis, ambas as quais são nativas da Amazônia. A cerimônia do ayahuasca é uma tradição antiga de cura usada pelos povos indígenas da Amazônia. Alguns dos que participaram do ritual relatam profundas experiências de cura psicológicas e, às vezes, físicas.

Nos últimos anos, a ayahuasca chamou a atenção e invocou a curiosidade de pessoas mundo afora, o que culminou em um turismo internacional crescente pela ayahuasca em várias regiões amazônicas da América do Sul. Com o crescimento da popularidade, cresceu também a pesquisa dos usos terapêuticos da planta. Ela mostrou potencial para ajudar as pessoas a se recuperarem de traumas, transtorno de estresse pós-traumático, dependência química e depressão, além de alguns tipos de câncer e outras doenças.

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Preparo do chá de ayahuasca. Fonte: follow the sun

Prisões brasileiras começaram a oferecer o ayahuasca através do grupo de defesa aos direitos dos prisioneiros chamado Acuda, com sede em Porto Velho.

Aaron Kase diz, em um artigo de 2015: “O programa da ayahuasca serve um propósito duplo. A população prisional brasileira dobrou desde 2000, e as condições são precárias com superlotações, então os tratamentos são um teste para tentar reduzir as taxas de reincidências. Por ora, poucos presos participam, e está muito cedo para dizer se os tratamentos os ajudarão a não retornar ao sistema prisional, mas ao menos é um bom ponto de partida.”

Um prisioneiro acusado de assassinato disse ao New York Times em 2015 sobre as lições que aprendeu com suas experiências com a ayahuasca: “Estou finalmente percebendo que estava no caminho errado. Cada experiência me ajuda a querer me comunicar mais com minha vítima e pedir perdão.”

Como o artigo do New York Times conta em detalhes, supervisores da Acuda, que obtêm permissão de um juiz, transportam cerca de 15 prisioneiros por mês para um templo que performa as cerimônias da ayahuasca.

“Muitas pessoas no Brasil acreditam que presos devem sofrer, passando fome e depravações,” Euza Beloti, psicóloga da Acuda, diz ao New York Times no mesmo artigo. “Esse pensamento incentiva um sistema onde prisioneiros voltam à sociedade mais violentos do que quando entraram na prisão. [Na Acuda] nós simplesmente vemos presos como seres humanos com a capacidade de mudar.”

Texto original de April M. Short, retirado do site betano rodada gratis de hoje.

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1. Quando o assunto acaba…


Nem entre pai e filho dá jeito.

2. A lenda continua através de gerações

Obrigado, Leonardo DiCaprio.

3. Cada lugar tem sua polícia…

E seu povo! :O

4. Buscando carreiras condizentes com suas habilidades e experiências

Ahhhh… Tantas escolhas, como decidir?

5. Quando o Sherlock encontra o Sherlock

– Eu sou o verdadeiro!
– Não, sou eu!
– EU!
– Sou eu!

6. “NA ESTRADA PARA O SUCESSO, NÃO HÁ ATALHOS”

Só esqueceram de avisar para ele que era uma frase figurativa.

7. Nunca se esqueça de conferir as medidas antes de comprar algo da internet…

… ou pode acabar com um brinquedo de gatos feitos para ratos.

8. Quando o cara vai à academia mas não malha as pernas.

Finiiiiiiiiiinho.

9. O maior medo de cães e gatos

O demoníaco aspirador de pó.

10. Quando as luzes do seu letreiro pifarem…

… troque-as.

Pesquisadores cingapurianos criaram a primeira bebida do mundo feita de TOFU

Se está procurando por algo diferente dos golinhos de fim de semana, que tal uma bebidinha feita de tofu?

Soa completamente bizarro, mas pesquisadores da Universidade Nacional de Cingapura (NUS) criaram a primeira bebida alcoólica feita a partir de soro de tofu.

De jeito nenhum? Ah, mas é isso mesmo – e foi tudo graças à popularidade do tofu na cultura asiática e as grandes quantidades de soro que são perdidos no processo de fabricação do tofu.

O Professor Associado Liu Shao Quan (direita) e o doutorando Chua Jian Yong (esquerda) tornaram com sucesso o soro de tofu em uma gostosa bebida alcoólica que chamaram de Sachi. Fonte: Universidade Nacional da Cingapura

Quando descartado como lixo sem tratamento, o soro contribui para a poluição do meio ambiente, já que a proteína e os açúcares solúveis presentes nele contribuem para a desoxigenação de vias hídricas.

Foi o suficiente para motivar o Professor Associado Liu Shao Quan e o estudante de doutorado Chua Jian Yong a fazerem algo a respeito disso.

E também parece bem nojento (veja abaixo).

Créditos: Aqilah Allaudeen / Business Insider

Os pesquisadores da NUS usaram uma abordagem de desperdício zero para converter o subproduto do tofu em uma bebida alcoólica Made in Singapore chamada “Sachi”, o que significaria “êxtase”.

Durante uma visita da mídia ao laboratório da NUS, o sr. Chua disse ao Business Insider que usou um nome inspirado no japonês por conta da popularidade da cultura japonesa entre cingapurianos. Também, pela bebida ter um perfil próximo do saquê, ele achou apropriado.

Chua diz: “Muito poucas pesquisas foram feitas para transformar o soro de tofu em comida palatável e bebidas.”

“Já trabalhei com a fermentação do álcool durante minha graduação na NUS, então decidi encarar o desafio de produzir uma bebida alcoólica usando o soro. A bebida acabou saindo gostosa, o que foi uma surpresa agradável,” finaliza o sr. Chua.

Quando lhes foram oferecidos uma amostra, os jornalistas presentes concordaram, com muitos descrevendo a bebida como “frutosa” e “parecida com vinho ou saquê.”

Todo o processo, da manufatura do tofu à transformação dele em Sachi, leva aproximadamente três semanas. Ele envolve refogar e triturar grãos de soja para fazer leite de soja, para depois coagular e formar o tofu.

Durante o processo de coagulação, o soro de tofu é formado.

Primeiro os grãos são refogados, e depois triturados (quando okara, um subproduto, é formado), por último acontece a coagulação (quando o soro de tofu é produzido). Créditos da foto: Business Insider / Aqilah Allaudeen

Depois de coletar o soro de tofu, ele passa por um processo de pré-tratamento (quando açúcar e ácido são adicionados e o líquido é pasteurizado) seguido da fermentação e armazenamento.

Ainda assim, há trabalho a ser feito.

Como a vida útil do Sachi é de somente 4 meses em refrigeração, os pesquisadores estão trabalhando para aumentar esse tempo para seis a nove meses em temperatura ambiente.

Também estão procurando parceiros na indústria para que forneçam soro de tofu e ajudem no processo, para que não tenham que levar a fabricação por conta própria.

Achar um fornecedor disposto tem sido um ponto chave, já que muitos dos fabricantes de tofu na Cingapura têm certificação halal (NT: Comportamentos e regras de consumo do islã) e não podem produzir bebidas alcoólicas em suas instalações.

Ainda assim, os pesquisadores continuam otimistas no desenvolvimento do Sachi e dos benefícios na saúde que ele provê.

O Professor Associado Liu disse: “É a única bebida alcoólica com isoflavones, que contribuem para benefícios na saúde como integridade óssea, saúde do coração e prevenção contra câncer.”

Então, caso isso chegue aos bares ou prateleiras dos supermercados, pode beber – faz bem para você.

Traduzido do site BusinessInsider.

Nova ferramenta do Photoshop usará inteligência artificial para separar o fundo das imagens das pessoas!

Poucas tarefas no Photoshop são mais cansativas e mundanas do que tentar usar a ferramenta de seleção em volta de pessoas. Agora a Adobe usará a inteligência artificial para resolver o problema.

A empresa compartilhou uma prévia da nova ferramenta “selecionar sujeito” no evento Adobe MAX Japan, e é exatamente o que indica ser. Embora o Photoshop já tenha uma grande variedade de ferramentas de seleção, essa é a primeira que poderá circundar indivíduos com um clique.

É claro que não é nada perfeito. Até mesmo nos exemplos da Adobe, você pode ver áreas onde a IA erra a mão em volta de pequenos elementos ou bordas estranhas – algo que lembra usar o modo retrato em um smartphone.

Ainda assim, a ferramenta é apenas um ponto de partida – que te economizará bastante tempo de ficar usando a caneta ou a ferramenta de laço. A empresa não disse quando o recurso será implantado, se limitou a dizer que será uma atualização futura para o Photoshop CC, mas que futuro será!

Traduzido do site TheNextWeb.

A internet alterou os significados de “Verdade” e “Confiança”

Quando crianças, sempre nos dizem para evitar estranhos. Hoje, no entanto, nos sentimos confortáveis em entrar no carro deles pelo Uber ou 99pop, ou de ficar na casa deles pelo Airbnb. Ao passo que nosso entusiasmo em confiar no próximo cresceu, ele diminuiu em relação às instituições, de bancos a governos à mídia. Por que isso está acontecendo, e o que tem a ver com a onipresença da tecnologia?

Esse é o assunto de um novo livro chamando Who Can You Trust? How Technology Brought Us Together – and Why It Could Drive Us Apart (“Em quem você pode confiar? Como a tecnologia nos uniu – e por que ela pode nos afastar”, em tradução livre), publicado em 14 de novembro pela PublicAffairs. Sua autora, Rachel Botsman, é uma palestrante visitante da Escola Saïd de Administração da Universidade de Oxford, e uma das maiores experts em confiança do mundo. Ela recentemente conversou com o site Futurism sobre o que aprendeu a respeito da confiança, por que essa mudança é diferente de outras no passado, e como evitaremos um futuro distópico.

E entrevista foi editada levemente em busca de maior claridade e brevidade.

Pergunta: De onde veio a inspiração para o livro? Você começa falando da crise financeira de 2008, mas tenho a sensação de que essa foi só a ponta do iceberg em termos da desconfiança em instituições.

Rachel Botsman: Em 2009, publiquei meu primeiro livro, What’s Mine is Yours (“O que é meu é seu”, tradução livre), sobre a economia do compartilhamento. A parte que sempre me fascinou foi como a tecnologia possibilitava a confiança entre completos desconhecidos na internet para fazer ideias que deveriam ser consideradas arriscadas, como compartilhar uma casa ou uma carona, se tornassem difundidas. E então imergi na busca por compreender como a confiança na era digital realmente funciona. Através dessa pesquisa, descobri que meu interesse era muito mais amplo – queria entender como colocamos nossa fé nas coisas, o que influencia onde colocamos essa fé, e o que acontece quando nossa confiança é enfraquecida em sistemas como o financeiro ou o político. Então, comecei a me perguntar se a atual crise de confiança em instituições e a alta da tecnologia facilitando a mesma entre estranhos estavam conectadas de alguma forma.

Isso levou ao que considero ser a ideia central desse livro: que a confiança está indo de instituições para indivíduos. Senti que isso era um livro importante e atual porque já estamos vendo as consequências profundas dessa mudança de confiança, da influência na eleição presidencial americana ao Brexit no Reino Unido, de algoritmos aos bots.

P: A confiança está sendo perdida ou simplesmente trocando de lugar?

R: Não gosto dessa narrativa de que a confiança está em crise. Na verdade, é perigosa porque só serve para amplificar o ciclo de desconfiança. Confiança é como energia – não é destruída, muda de forma. Você precisa de confiança na sociedade para as pessoas colaborarem, fazerem transações – até mesmo para sair de casa. Uma sociedade não pode sobreviver, e definitivamente não pode prosperar sem confiança. Por um longe tempo na história, a confiança fluiu para cima até os CEOs, estudiosos, acadêmicos, economistas e reguladores. Agora isso está sendo invertido – a confiança está fluindo para os lados, entre indivíduos, “amigos,” colegas e estranhos. Há muita confiança por aí, só está sendo depositada em locais e pessoas diferentes.

Também é falso dizer que precisamos de mais confiança. Claro, podemos ter confiança demais nas pessoas erradas, nas coisas erradas. Podemos ceder nossa confiança facilmente demais.

Confiança é como energia – não é destruída, muda de forma. – Rachel Botsman

P: Instituições, claramente, são feitas de pessoas, e por isso é meio engraçado que estamos menos dispostos a confiar nessas instituições. Onde esse desacerto acontece?

R: Acho que é uma questão de escala, uma sensação de que organizações e instituições além de uma determinada escala perdem sua humanidade. Também é um problema quando as pessoas dentro da organização sentem como se estivessem servindo ao sistema ao invés das pessoas. Um grande problema de confiança se instala quando o sistema se torna tão grande que não há como as intenções da organização, não importa o quão bons sejam seus empregados ou a cultura, estarem alinhadas aos usuários ou consumidores. Você vê isso na indústria bancária — mesmo que um banco em particular seja generoso, tenha uma boa cultura de trabalho e empregados competentes, é muito difícil que consumidores olhem para aquele banco com lucros inimagináveis e digam, “Ah, vejo que suas intenções estão alinhadas às minhas.”

P: Tomei nota de suas menções de programas de TV, romances e filmes distópicos. Há algo sobre esse momento que faça a distopia parecer particularmente relevante?

R: Você precisa ver minhas recomendações do Netflix! Estamos atualmente vivenciando um vácuo de confiança que surge quando nossa confiança em fatos e na verdade é continuamente questionada. Um vácuo de confiança é criado, e isso é perigoso. O vácuo é preenchido por pessoas com planos próprios, vendendo a si mesmos com maestria como anti-estabelecimento, e dizendo seja qual for a mentira que agrade às sensibilidades anti-elitistas atualmente sentidas pelas pessoas. O crescimento do “anti-político” — de Nigel Farage a Donald Trump — é um indicador de que a maior mudança de confiança vista em uma geração está acontecendo. Em um vácuo, nos tornamos mais suscetíveis e vulneráveis a teorias da conspiração, a vozes diferentes que sabem como falar com os sentimentos das pessoas ao invés de fatos, a essa nova e tóxica forma de transparência. Aqueles que coçam a cabeça porque o mais qualificado candidato da história perdeu [uma eleição] estão ignorando uma crescente desconfiança das elites, a inversão da influência e um crescimento ceticismo a respeito de tudo — da validade das notícias a uma profunda suspeita de sistemas políticos estabelecidos. Acho que as pessoas estão tentando entender a distopia que estamos vivendo.

P: O que torna esse momento diferente de outros momentos de desconfiança que tivemos no passado?

R: É claro, no passado tivemos grandes crises de confiança, como Watergate ou o escândalo do Estudo de Tuskegee. No entanto, há duas coisas que estão acontecendo que tornam este momento único. Para começar, há uma queda histórica de confiança em todas as grandes instituições, incluindo caridades e organizações religiosas. Se tornou sistêmico que as pessoas estejam perdendo a fé no estabelecimento e na elite. É como um vírus que está se espalhando, e rapidamente.

O segundo ponto óbvio é que a tecnologia amplifica nossos medos, frequentemente sem base alguma. As redes sociais “armam” a desinformação ao criar incêndios digitais que espalham ódio e ansiedade em relação às instituições. Também é muito mais difícil manter más ações escondidas ou encobrir ações com teatros de Relações Públicas. Tome como exemplo o fenômeno Weinstein que está acontecendo agora — isso ilustra a rapidez com que um incidente se torna uma crise social e, então, um movimento.

P: Conte-me um pouco sobre o sistema de crédito social chinês. Antes de ler o trecho daquele capítulo do seu livro no Wired UK, eu nunca tinha ouvido falar disso. Qual a sua opinião geral?
Nota do tradutor: há um texto bem compreensivo do The New York Times sobre esse assunto traduzido aqui no site. Clique aqui para ler.

R: O governo chinês tem suas pontuações sociais de cidadãos (SCS) que são voluntárias agora, mas serão obrigatórias após 2020. E há empresas na China, como a Tencent e a Alibaba, que têm seus próprios mecanismos de pontuação, mas são diferentes da forma que vemos as pontuações de crédito. Há uma distinção importante entre sistemas de pontuação do governo e de empresas.

O ponto interessante a se observar é como o governo posicionou a pontuação de cidadãos — a base lógica econômica por trás dela, como os mecanismos de recompensas foram a primeira parte apresentada, e então as penas que seguirão depois. Por exemplo, mais cedo este ano, mais de 6 milhões de chineses foram banidos de pegar voos. Além disso, a pontuação de cidadãos chineses será rankeada publicamente entre toda a população e usada para determinar a possibilidade de conseguir uma hipoteca ou um emprego, onde os filhos poderão ir à escola — ou mesmo a chance de conseguir um encontro. É obediência transformada em jogo.

P: Você fez a conexão a uma sociedade ocidental, como temos versões de um sistema como esse embora não tão extremas. Te parece provável que esse tipo de coisa se torne mais comum em outros sistemas e outros governos?

R: Sim, a parte mais difícil de entender o capículo sobre pontuação de confiança é que há uma tendência a observar esse sistema através de uma lente ocidental, fazer um julgamento rápido e concluir, “Bem, isso nunca aconteceria conosco. Só na China…” Mas hoje é na China, amanhã pode ser em um lugar próximo de você. Quando você investiga e analisa o nível de vigilância acontecendo no Ocidente, dos governos às empresas, e o quanto sabem sobre nós, é assombroso. Estamos sendo julgados e analisados de toda maneira imaginável, e nos sentiríamos extremamente desconfortáveis se soubéssemos. Veja a reação que tivemos quando descobrimos que a Agência Nacional de Segurança (NSA, EUA) estava escutando e coletando informações de cidadãos comuns. Os chineses poderiam argumentar que o sistema deles pelo menos é transparente. Ao menos as pessoas sabem que estão sendo avaliadas.

O que é inevitável é que nossa identidade e nossos comportamentos se tornarão um recurso. Acho que a pergunta é: quem será dono dos danos? Com sorte, chegaremos a um ponto onde seremos nós, como indivíduos, para que assim tenhamos maior controle sobre como os dados são usados e vendidos, e para que possamos usar isso em nosso benefício, ao contrário de uma empresa de tecnologia como o Google, Amazon ou Facebook ou, pior ainda, o governo tendo esse tipo de controle sobre nossas vidas.

Estamos sendo julgados e analisados de toda maneira imaginável, e nos sentiríamos extremamente desconfortáveis se soubéssemos. – Rachel Botsman

P: Você menciona rastreios e vigilância. É certamente algo que é muito mencionado no livro, e algo em que muitos de nós temos pensado. Qual a relação entre confiança e vigilância?

R: Bem, vigilância não é algo particularmente bom quando relacionado à confiança. Pense em um relacionamento interpessoal. Se um parceiro está lendo suas mensagens ou conferindo sua localização a todo momento, é um relacionamento de baixa confiança! Defino confiança como “um bom relacionamento com o desconhecido.” Se você confia na vigilância, deve haver fé de que os rastreios e dados capturados estão sendo usados para seu benefício. A parte complicada é a caixa preta quando você não sabe o que está havendo com sua informação, e não confia no sistema ou na entidade que gerencia os dados. É por isso que frequentemente ouvimos o pedido, “precisamos de mais transparência.” Mas quando precisamos que as coisas sejam transparentes, desistimos da confiança.

P: Onde se encaixa a inteligência artificial nessa mudança maior à confiança distribuída?

R: Falamos da confiança mudando de instituições para indivíduos. O indivíduo pode ser um ser humano, ou pode ser um robô com inteligência artificial. Será cada vez mais difícil poder dizer se você está interagindo com um ser humano ou um algoritmo. Decidir quem é confiável, receber a informação correta, e ler os “sinais de confiança” certos já são tarefas difíceis com outros humanos. Pense na última vez que te passaram a perna. Mas quando começamos a terceirizar nossa confiança aos algoritmos, como confiar em suas intenções? E quando o algoritmo ou o robô toma uma decisão por você com a qual você não concorda, a quem você culpará?

Capa do livro de Rachel Botsman.

P: O que está entre nosso presente a possibilidade desse futuro distópico que você insinuou? O que poderia prevenir que tudo fosse abaixo?

R: Empresas de tecnologia entrarão em uma nova era de prestação de contas. A ideia de que similares ao Uber, Facebook e Amazon estão imunes de serem regulamentados, taxados e complacentes, de que são apenas esses caminhos disruptivos para conectar pessoas e recursos, acho que esses dias acabaram. Haverá uma onda vasta de regulamentação que olhará para as responsabilidades das plataformas de reduzir o risco de coisas ruins acontecerem, e também na forma que respondem ao que der errado.

Algumas instituições usarão esse período de mudança como oportunidade — provando à sociedade de que precisamos de instituições, de que apresentam normas, regras e sistemas, e que podem ser confiáveis. Estamos vendo isso com o New York Times; teve seu melhor ano em assinaturas pagas. Mas instituições não podem apenas dizer, “Você deve confiar em nós.” Precisam demonstrar que são confiáveis, que podemos acreditar em seus sistemas.

P: Como você acha que essa mudança maior da confiança nos moldará daqui para a frente? Em como moldará nossa forma de gastar dinheiro e viver nossas vidas?

R: É muito fácil culpar as instituições, mas precisamos reconhecer que, como indivíduos, temos a responsabilidade de pensar sobre onde depositaremos nossa confiança e com quem. Com muita frequência, deixamos que a conveniência fique acima da confiança. Por exemplo, se queremos uma mídia jornalística de alta qualidade e com checagem de fatos, deveríamos pagar por ela, e não obter nossas notícias diretamente do Facebook. Somos todos culpados disso. Eu estava conversando com alguém outro dia que dizia o quanto odiava o Uber, de como era “Uma empresa diabólica,” e educadamente perguntei se o aplicativo estava no aparelho dele. “Bem, ainda não tive o tempo de apagar e baixar o Lyft,” ele respondeu na defensiva. Levaria um minuto [fazer isso]. É como o cidadão que reclama do resultado de uma eleição sem ter votado. Então, minha esperança é de que usemos nossa revolta de forma produtiva. Temos mais poder do que imaginamos com essa mudança da confiança, com ela parecendo tão grande e fora de controle.

P: Então, qual a resposta ao título do seu livro? Em quem pode-se confiar?

R: É uma pergunta complicada. Depende do contexto; você pode confiar nas pessoas para fazer certas coisas em certas situações. Com isso, quero dizer que pode confiar no Trump para twittar algo ridículo na madrugada, mas não para negociar com a Coreia do Norte. Você pode confiar em mim para ensinar ou escrever um artigo, mas não deveria entrar em um carro comigo porque sou péssima motorista. Quando estamos falando de confiança, precisamos muito falar sobre o contexto. Espero que, depois de ler meu livro, as pessoas estejam melhor equipadas para dar uma “pausa de confiança,” para se perguntar: essa pessoa, produto, empresa ou informação são merecedores da minha confiança?

Entrevista traduzida do site Futurism.

Robôs tirarão empregos, mas criarão novos; confira quais!

Os robôs estão atrás de nossos empregos. Já ouvimos isso antes, e em níveis variados, é verdade. O grupo de consultoria administrativa Cognizant prevê em seu livro “What to do when machines do everything” (O que fazer quando as máquinas fizerem tudo, tradução livre) que nos próximos 10 a 15 anos, 12% dos empregos nos EUA serão substituídos pela automação.

No entanto, nem tudo está perdido. O grupo também prevê que haverão 21 milhões de novos empregos criados como resultado direto de novas tecnologias. Para mitigar um pouco do medo e ajudar no preparo para o futuro, a organização pensou em 21 empregos que acreditam que irão surgir nos próximos anos.

Fonte: Getty Images

 

“Queríamos tentar fazer o alerta de que há algo grande e profundo acontecendo,” disse Ben Pring, vice-presidente e diretor do Centro para o Futuro do Trabalho da Cognizant. “Se você estiver prestando atenção, há tempo o suficiente para lidar com isso agora,” adicionou ele.

Escritas para descrições de trabalho hipotéticas de departamentos de RH do futuro, algumas das funções no texto requerem bastante imaginação, mas outras só precisam de um pequeno pulo da nossa realidade atual.

Confira as listagens de trabalho do futuro e fique à frente escolhendo sua carreira pós-robôs:

Fonte: Data Detective Reuters / Ilya Naymushin

Detetive de Dados

Esses profissionais analisarão os dados de dispositivos conectados à internet, malha de rede, capacidades neurais etc., para fornecer as análises à empresas e organizações com focos baseados em dados. Essa profissão não é difícil de se imaginar. As empresas já gastam tempo e dinheiro mergulhando nos dados das pessoas para vender produtos específicos a eles. Os detetives de dados do futuro darão um passo a mais, filtrando dados do Amazon Alexa de alguém ou um dispositivo Nest para servi-los “melhor”.

Fonte: Flickr / Paul Kelly

Andador/Falador

Esse trabalho é para um futuro quando, graças à biotecnologia, as pessoas estiverem vivendo mais que nunca, e houver uma população muito maior de cidadãos idosos do que hoje. E todos esses idosos precisarão de alguém para conversar. Esse trabalho seria exatamente o que parece: andar com idosos que precisam de companhia e alguém para ouvi-los falar sobre seus netos, os velhos tempos, etc.

Créditos: Andy Scales

Analista de Cidades Inteligentes

Para manter cidades inteligentes, os dados precisam “fluir” de forma eficiente pelas cidades. Nas cidades do futuro, dados coletados por milhões de sensores manterão os serviços como energia e tratamento de esgoto em funcionamento. A cidade também coletaria dados biológicos, dados dos cidadãos e dos ativos. Se um sensor do rastreamento biológico na rede da cidade estragar, o analista da cidade precisa estar lá para consertá-lo.

Fonte: Microsoft HoloLens

Construtor de Jornada de Realidade Aumentada

Construtores de jornadas de realidade aumentada serão “pioneiros na economia da experiência.” Assim como Shakespeare fez décadas atrás, um construtor de jornadas irá criar a nova geração de experiências no entretenimento. Esse artista será responsável por escrever, arquitetar e construir experiências de realidade aumentada no momento para as “viagens” de um cliente na RA.

Créditos: REUTERS / Fabrizio Bensch

Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Inteligência Artificial

Este trabalho seria para alguém em uma hipotética empresa de serviços computacionais gerida por inteligência artificial. Na descrição do trabalho a Cognizant descreve, “ainda há uma coisa que as IAs não podem fazer, e não poderão pelo futuro previsivel – vender a si mesmas.” Essa pessoa será seu vendedor clássico, mas para serviços computacionais de IAs.

Fonte: Shutterstock

Conselheiro de Comprometimento Fitness

Infelizmente, já somos uma população obesa. O Fitbit e outros programas de análise de atividades ajudam, mas não chegam ao ponto de poder responsabilizar seus usuários da importância de manter a saúde. Futuros clientes fitness concordarão usar um rastreador de atividades enquanto um conselheiro de comprometimento fitness os manterá motivados e em busca de mais saúde.

Créditos: AP Photo / Rich Pedroncelli

Técnico de Saúde Assistido por IA

Este trabalho existirá em um mundo onde, graças à IA, a saúde “estará disponível em larga escala e a par da demanda de todos.” Pacientes não irão ao médico, técnicos de saúde assistidos por IAs aparecerão na porta e usar o software melhorado por IA para fazer diagnósticos. Fazer cirurgias com a ajuda de uma IA será até mesmo parte do trabalho, sem necessidade de um diploma de Medicina.

Créditos: Sarah Jacobs

Corretor Pessoal de Dados

No futuro, as pessoas ganharão dinheiro de todos os dados pessoais que gerarem. O Facebook não poderá mais vender os dados de alguém à Amazon, será dos indivíduos para vender e obter lucro. Um corretor pessoal de dados monitora e revende os dados pessoais do cliente nas novíssimas bolsas de dados para garantir que recebam o benefício merecido.

Créditos: AP / Eric Risberg

Controlador de Rodovias

Veículos autônomos e drones de entrega mudaram fundamentalmente a forma que nossos espaços aéreos e rodoviários são regulados. Um controlador de rodovias será necessário para direcionar e gerenciar as estradas e espaços aéreos para garantir que tudo está sendo gerido de forma eficiente e eficaz.

Créditos: Kevork Djansezian / Reuters

Costureiro(a) Digital

Este emprego será para a empresa hipotética que inventará um dispositivo chamado “Cubículo Sensorial.” O dispositivo poderia coletar os dados de um cliente para ajustes perfeitos para o corpo – garantindo uma taxa de devoluções menor. O(a) costureiro(a) digital será responsável por levar o cubículo aos clientes, reunir os dados de medidas e vender roupas perfeitamente ajustadas.

Créditos: Flickr / dullhunk

Oficial de Diversidade Genética

Ser um Empregador com Iguais Oportunidades vai ganhar um novo significado. Ao invés de garantir que têm um grupo de empregados com origens étnicas, sociológicas e de gênero variados, os empregadores terão que garantir que seus trabalhadores são uma boa mistura entre pessoas que não foram geneticamente melhoradas e aquelas que não foram.

Créditos: AP Photo / Itsuo Inouye

IT por Encomenda

Praticamente o Uber do TI. O foco do trabalho dessa pessoa seria combinar as operações omitidas do TI de uma empresa à estratégia do local de trabalho com o objetivo final de criar uma plataforma automatizada de self-service de TI. As responsabilidades do trabalho incluiriam liderar um grupo de direcionamento de TI omitido, promover hackatonas de inovação e educar os empregados sobre os benefícios do shadow-IT.

Créditos: Reuters / David Gray

Coach de Bem-estar Financeiro

Em um mundo onde o dólar físico já terá acabado e pagamentos por bitcoin e micro-empréstimos prevalecerem, há muito potencial para o “vazamento de dinheiro.” E as estruturas tarifárias desse novo sistema são muito complicadas para leigos entenderem. Coaches de bem-estar financeiro estarão lá para ajudar o fulano a manter o controle de todas as suas transações digitais e aproveitar ao máximo suas finanças.

Créditos: Drew Angerer / Getty Images

Curador Pessoal de Memórias

As pessoas estão vivendo mais do que nunca, mas avanços na memória e outras questões da saúde ligadas às atividades cerebrais não estão acompanhando. Um curador de memórias será responsável por trabalhar com pacientes para criar mundos virtuais que eles poderão habitar. Essas “experiências” serão populadas com simulações realistas de seus passados. Por exemplo, a sala de estar da casa que tiveram na infância. Curadores também serão responsáveis por gerenciar uma “declaração adiantada de memória” que detalhará as experiências que os pacientes vão querer depois que a memória começar a falhar.

Créditos: Noah Berger / REUTERS

Xerpa de Loja Virtual

No futuro, as vendas serão somente online, e quando um cliente quiser comprar, por exemplo, um sofá, entrarão em contato por vídeo com um xerpa (condutor) virtual. O xerpa conduzirá o cliente por armazéns gigantescos somente com sofás para ajudá-los a encontrar exatamente o que procuram.

Fonte: Ohlone College

Diretor de Portfólio Genômico

Graças à análise de DNA e à edição genética do CRISPR, humanos terão novas necessidades na saúde, e empresas de biotecnologia terão a capacidade de criar quantidades enormes de novas drogas para alcançar essa demanda. O diretor de portfólio será um executivo de alto nível com a tarefa de criar uma estratégia de venda dessas drogas às pessoas.

Créditos: YouTube / iPhone-Fan

Gente de Equipes Homem-Máquina

De acordo com a Cognizant, o futuro do trabalho dependerã do quão bem humanos e máquinas conseguirão colaborar. O gerente de equipes será responsável por descobrir quais são os pontos fortes da máquina e do trabalhador, combinando-os em uma equipe ultra-produtiva.

Créditos: Oli Scarff / Getty Images

Oficial-chefe de Trust

No futuro, investidores estarão mais conectados e cientes do que nunca, e organizações não terão escolha fora oferecer extrema transparência. no entanto, transações secretas de criptomoedas vão prevalecer, e as suspeitas estarão por todo lado. O Oficial de Confiança será responsável por aliviar as suspeitas e provar aos investidores que a empresa em que estão investindo está operando com toda integridade.

Créditos: Erik Lucero / UCSB

Analista de Aprendizado de Máquinas Quânticas

Este é um trabalho para um tipo totalmente diferente de analista. A pessoa com esse trabalho será responsável por combinar informações de processamento quântico com o aprendizado de inteligência artificial para obter soluções melhores e mais rápidas de problemas administrativos do mundo real. A meta final é construir sistemas de inteligência que podem aprender com os dados.

Fonte: Argonne National Laboratory / Flickr

Mestre de Computação de Ponta

Este trabalho é para uma empresa imaginária do Fortune 500 (nota do tradutor: 500 maiores empresas do mundo) que percebeu que sua infraestrutura de internet das coisas está aquém do potencial. O “Mestre” de Ponta seria responsável por reestruturar a infraestrutura atual da internet para um formato descentralizado que utilize computação de ponta. Isso será necessário para uma corporação futura que precise de mais espaço e capacidade de processamento para os grandes volumes de dados.

Fonte: Thomson Reuters

Oficial de Ética

Este é um trabalho para quando grandes empresas decidirem que querem tomar decisões baseando-se no que é ético, e não lucrativo. O oficial de ética “manterá o valor ético” da empresa certificando-se que gastos indiretos batem com os ganhos dos acionistas. Por exemplo, se os acionistas de uma empresa decidirem que querem priorizar um trabalho humanizado, o oficial de ética terá a função de passar por todas as fábricas e monitorar as condições de trabalho em cada nível.

Texto traduzido do jornal BusinessInsider.

Harry Potter chegará à realidade aumentada!

Resumo:

A empresa responsável pelo jogo mega-popular (por pouco tempo) Pokémon Go! anunciou que o próximo jogo utilizará o universo de Harry Potter. Detalhes do que os jogadores podem esperar e quando poderão jogar são esparsos.

Accio! seu telefone e prepare-se para retornar ao mundo cheio de nostalgia da realidade aumentada. Niantic, a desenvolvedora do jogo de RA popular por uma fagulha de tempo Pokémon Go!, anunciou a nova aventura que criarão e será baseada no aclamado universo de Harry Potter. O jogo se chamará Harry Potter: Wizards Unite (Bruxos, se unam).

Um comunicado da Niantic diz, “Jogadores aprenderão feitiços, explorarão suas regiões no mundo real e suas cidades para descobrir e lutar contra bestas lendárias e unir-se a outros jogadores para derrotar inimigos poderosos.”

Créditos: Niantic / Warner Bros. Interactive

Uma imagem com a logo do jogo foi liberada, embora registros do jogo em si ainda estejam por vir. Como um pequeno teaser, o comunicado promete que “Harry Potter: Wizards Unite terá ao dispor todos os recursos da Plataforma Niantic enquanto, ao mesmo tempo, fornecerá uma oportunidade aos jogadores de serem pioneiros na utilização de toda uma nova tecnologia e mecânica de gameplay.

A empresa também não especifica quando aspirantes da Grifinória, Sonserina, Corvinal ou Lufa-Lufa terão a chance de pular os sete anos de formação na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

No ápice da popularidade de Pokémon Go!, o jogo teve cerca de 45 milhões de jogadores ao dia e lucrou mais de US$ 1,2 bilhão (R$ 3,9 bilhões) em vendas, de acordo com a BBC.

Texto traduzido do site Futurism.

Melhores imagens do dia: 23/11

1. Jogo de palavras alemão


Entschuldigung. Zusammen. Rindfleischetikettierungsüberwachungsaufgabenübertragungsgesetz.

2. Rei Leão pocket


3. As manhãs e como meu despertador me trata


E olha que tenho o privilégio de só ter que acordar às 9:00.

4. O cão da ilusão de ótica


Cadê? Aaaa… chou?

5. Cuidado ao pedir um Uber depois das cervejinhas


– Bebi demais para voltar a pé, vou chamar um carro aqui.
– Mas Ronaldo…
– Sério, cara, relaxa. Vai ser baratinho.
– Ronaldo, é que…
– Tá vindo já, falou, cara!

6. Sebastian, cadê seu irmão?


“Não vejo há horas…”

7. Quando você perceber…


Pânico.

8. Se desenhos tivessem lógica


Ainda bem que não precisam.

9. Essas lojas chinesas estão incríveis!


Olha esses descontos! Se a alfândega não pegar, vai ter sido negoção!

10. 3… 2… 1…


“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!! QUEM FOI O FDP?”

É possível que o radicalismo venha de fora?

Nesta semana, o The New York Times publicou uma notícia informando que o Facebook fará uma atualização com uma ferramenta que permitirá que os usuários descubram se foram vítimas de propaganda política falsa criada e compartilhada por agentes russos com o objetivo de desestabilizar e radicalizar os discursos durante as eleições presidenciais dos EUA.

Segundo a publicação, 29 milhões de americanos viram conteúdo falso publicado por russos no Facebook diretamente na timeline, 126 milhões de pessoas viram conteúdo compartilhado e 150 milhões de pessoas foram expostas às informações quando o Instagram é considerado. Isso significa que quase metade da população total americana visualizou de alguma forma notícias falsas criadas por uma nação do outro lado do mundo.

Uma das notícias falsas da eleição americana. Yoko Ono dizendo, “Eu tive um caso com Hillary Clinton nos anos 70.” Fonte: Heavy.com

O termo fake news entrou em cena desde então, com a ascensão de milhares de sites ao redor do mundo com a única função de criar notícias falsas, inflamatórias ou exageradas, com o objetivo de enganar, confundir ou radicalizar as pessoas comuns. Aliada a essa força do mal, indivíduos no WhatsApp criam absurdos e desinformações para compartilhar com familiares e amigos, um lugar onde as pessoas se tornam muito mais suscetíveis ao problema.

WhatsApp é mais alarmante no Brasil por contar com uma socialização que envolve pessoas acostumadas e desacostumadas a usar a internet. Dentro de grupos familiares, uma história bem escrita compartilhada com negritos e emojis por um sobrinho apoiador do Bolsonaro ganha mais confiança e simpatia dos tios e avós pelo fato de o sobrinho estar compartilhando, e dentro daquele ambiente familiar. Com incentivo de levar a mensagem adiante como se fosse uma verdade que precisa ser exposta ao mundo, à modelo das antigas correntes de e-mail e Orkut, esse modelo de desinformação tem causado grandes transtornos, como mentiras contadas sobre Jean Wyllys, o programa de televisão que será encabeçado por Pabllo Vittar, a exposição Queermuseu de Porto Alegre e, para não dizer que o problema só está em opiniões de direita, os “fatos” inflamatórios sobre figuras queridas dos conservadores brasileiros, Alexandre Frota e Jair Bolsonaro.

Uma das obras causadoras de polêmica da exposição Queermuseu. Crianças podem ser gays? A resposta óbvia é que sim, mas alguns setores não aceitaram. Fonte: JornaLivre

O que nos leva ao título: será que as origens de tudo isso são mesmo os próprios brasileiros? Segundo artigo com várias estatísticas publicadas pelo El País Brasil, nossa nação já não é tão conservadora assim. Mais de 70% dos brasileiros hoje aprovam não só o casamento entre pessoas do mesmo sexo como também a adoção. A voz e a luta contra o racismo e desigualdade entre os sexos também ganhou e continua ganhando muita força, tanto entre os jovens quanto entre os mais velhos, que têm mais dificuldade em aceitar grandes mudanças na sociedade. As regras estão mudando sobre o que é ou não aceitável nas conversas cotidianas. O brasileiro está se aproximando rapidamente do que é o ocidental, especialmente com o advento da internet.

Não é novidade alguma que exista um setor conservador na sociedade, em qualquer sociedade afinal, especialmente na classe média. Ultimamente se tornaram mais audíveis e escandalosos com os casos que todos já conhecem, mas não aumentavam em volume até que pessoas jovens começaram a se enxergar em discursos radicalizados e preconceituosos, com o viés de que isso os tornaria pessoas mais respeitáveis e “de bem.” Páginas como o “Orgulho de Ser Hétero” dão cabo a isso e insistem aos influenciados que ser preconceituoso com mulheres e homossexuais fará deles homens mais masculinos e completos. Qualquer análise maior sobre as postagens lá dispostas mostra o contrário. Dos comportamentos imaturos dos seguidores ao conjunto raso de ideias que cultivam ao preconceito injustificado contra o gênero com o qual se relacionam.

O discurso típico do masculino exagerado, onde as obrigações e direitos de cada um no relacionamento são aparentemente diferentes. Fonte: Orgulho de ser Hetero / Facebook

Mas e se tudo isso nem foi gerado aqui? Até o ano de 2014, era raro ver organizações e grupos que difundiam o preconceito e a segregação na rede. As pessoas pareciam todas estar conversando sobre assuntos que mereciam ser discutidos, e o nível dos debates e das questões estava crescendo. Com essa onda, muito melhorou no funcionamento da sociedade e no respeito em geral, tanto falando de religião como de orientações ou gênero. O brasileiro se tornou mais informado na política e nos seus direitos. Agora a coisa parece estar se desenrolando.

Facebook se comprometeu a contar para os americanos o que eles viram de falso, fabricado pelos russos. Mas o Facebook também sabe que as fake news e as radicalizações estão acontecendo por aqui. Só que ninguém fez a pergunta, ninguém suspeitou de nada, e eles não têm obrigação de contar. Quem criou? Por quê? Será que não existem interesses e mãos ocultas por trás de formadores inflamados de opinião, como o MBL, onde um negro defende o fim de direitos de seus pares? O que garante que os próprios EUA, a Rússia ou vizinhos interessados em determinadas riquezas brasileiras não possam ter interferido nas nossas opiniões políticas, conduções no Congresso e no Senado, nas eleições? Quem garante que isso não possa acontecer no ano que vem? Quais precauções o Facebook de fato tomaria nesse caso?

O ápice da esquizofrenia ideológica pode simplesmente ter sido importado. Casos e falas parecidos foram vistos nas eleições dos EUA. Fonte: MBL

É hora de começarmos a nos questionar: fomos nós que criamos nossos radicais conservadores, que hoje gritam e esperneiam tentando fazer o brasileiro de verdade acreditar que eles são a maioria ou o retorno da sanidade? Ou será que é uma massa influenciável da nossa população sendo manipulada em prol de um objetivo oculto?

De toda forma, se você estiver aflito(a) (como eu também estava), fique um pouco mais tranquilo(a). A porcentagem de brasileiros que se deixam levar por essas ideologias extremistas e segregacionistas é relativamente pequena, a maior parte de nós continua sã. Que façamos nossos votos refletirem isso em 2018.