A Fossa das Marianas é um dos lugares mais fundos do planeta, atingindo a profundidade de 11.034 metros. Com tanta pressão e pouquíssima iluminação nesse local no meio do Oceano Pacífico, não é de admirar que muitos animais estranhos e inimagináveis povoem a região. Vamos conhecer alguns deles?
#1 Polvo Dumbo (Dumbo Octopus)
Este polvo fofinho tem orelhas parecidas com a do personagem da Disney e pode chegar a medir até 30cm. Ele pode parecer frágil, mas aguenta pressões a até 3900 m de profundidade. Ao contrário do polvo que costumamos imaginar quando se fala do animal, seus tentáculos são todos ligados, o que nos remete a um guarda-chuva. Ao invés de mastigar e comer suas presas como os outros polvos, esta espécie come tudo de uma vez!
#2 Peixe-dragão das Profundezas (Deep-sea Dragonfish)
Se o primeiro animal dessa lista é até um pouco fofinho, o segundo já é o completo oposto. O peixe-dragão das profundezas pode ser encontrado a até 1.800 m de profundidade. O bichão tem dentes gigantescos e uma pele gosmenta e sem escamas que parece a de uma enguia. Para se guiar no escuro, o peixe conta com bioluminescência feita por produtos químicos produzidos internamente! A iluminação serve para atrair seus colegas ou se camuflar. Embaixo da boca, uma barbatana serve para confundir outros peixes a acharem que encontraram um banquete, para então se tornarem lanche do monstrengo.
#3 Peixe Olho-de-barril (Barreleye Fish)
A escuridão de lugares muito fundos realmente é um problema que deve ser vencido pelos animais que quiserem ter sucesso em se manter vivos. Este peixe, com uma cabeça transparente que acredita-se ser dessa forma para aumentar a iluminação por perto, tem grandes olhos no formato de barris que sempre olham para cima, a fim de ver a silhueta de suas presas.
O peixe já é conhecido pelos humanos desde 1939, mas por muito tempo não foi possível analisá-lo, pois trazê-lo para a superfície destruia os cadáveres, buscados de profundezas tão baixas quanto 760 metros. Hoje já se tem mais imagens e informações a respeito dele por conta da melhora da tencnologia de mergulho, mas ainda há muitas dúvidas sobre os aspectos reprodutivos e o ciclo de vida do animal.
#4 Benthocodon
Claro que não ia faltar uma água viva nessa lista. Embora a maior parte desses animais prefira lugares mais altos, indo parar muitas vezes em praias e redes de pescadores, esta espécie pode ser encontrada até 800 metros abaixo da superfície do mar. Apesar do nome assustador, o animal só atinge até 3 cm e se alimenta de pequenos crustáceos e minúsculos organismos unicelulares. Acredita-se que a distinta parte vermelha de seu corpo seja dessa forma para esconder a bioluminescência de alguns dos animais que consome, para que a espécie se proteja e não seja detectada por predadores.
#5 Peixe-pescador Demônio do Mar (Seadevil Anglerfish)
Talvez o mais famoso dos animais das profundezas graças à sua feiúra, o Peixe-pescador não podia ficar de fora desta lista. Seus olhos opacos e dentes afiadíssimos provavelmente já foram a causa dos pesadelos de algunas crianças. No entanto, não são nem muito grandes: as fêmeas podem chegar a até 20 cm, e os machos, meros 2,5 cm.
Mas se você achou a aparência desse peixe a parte mais estranha, espera até ouvir sobre a reprodução: o macho funde-se à fêmea, e seus olhos, dentes e barbatanas desaparecem juntamente a alguns órgãos internos, e em determinado momento os dois animais tornam-se um só. O que sobra do macho é essencialmente um banco de esperma usado pela fêmea para fertilizar seus ovos no momento oportuno.
A antena no topo da cabeça serve para atrair as presas até seus dentes afiados, que são capazes de devorar animais maiores do que o próprio peixe.
#6 Tubarão Goblin (Goblin Shark)
Definitivamente o mais feio de todos os tubarões, esse narigudo pode descer profundidades de mais de 900 metros, indo mais fundo à medida que envelhecem, e ao invés da cor acinzentada comum em seus primos, sua coloração é roseada. Se nadasse por aí em profundidades menores, ele seria mais um risco para pernas e braços de surfistas: pode chegar a medir até 5,5 m. Como uma fêmea grávida jamais foi encontrada para estudo, não se sabe como é a reprodução destes animais.
#7 Peixe-machadinha das Profundezas (Deep-sea Hatchetfish)
Se de frente este peixe parece um rosto assustado, de lado ele parece de fato com o nome. Com mais de 40 espécies, o pequeno peixe de 15 cm pode ser encontrado de diversas formas e chegar a profundidades de até 1.500 m apesar do corpo magrinho. Nesse tamaninho também cabe esperteza biológica: seu poder de bioluminescência é usado para contra-balancear a luminosidade vinda da superfície para esconder sua silhueta e dificultar que animais abaixo vejam-no com facilidade.
#8 Tubarão-franzino (Frilled Shark)
O segundo tubarão a integrar a lista, o franzino chega a se parecer uma enguia, tendo um corpo fino, alongado, e uma cabeça jurássica que não se parece com nada do que encontramos em águas mais rasas. A genética deste tubarão remonta de ancestrais de até 80 milhões de anos atrás. Seu corpo de até 1,8 metro é repleto de brânquias franzidas através do corpo, o que dá nome à espécie, e o tubarão tem 20 fileiras de dentes no formato de tridentes. Além disso, gostam de estar sempre em profundidades maiores que 1.200 m. Quase sempre que o corpo desse tubarão é trazido à superfície para estudo, sua morte se dá quase que imediatamente devido à diferença de pressão, e por isso pouco foi estudado sobre o animal.
Por um tempo acreditou-se que esta espécie operava como as enguias para atacar, mas observando-se o arranjo dos órgãos internos do bichão, chegaram à conclusão de que o mais provável é que seu ataque seja parecido ao de uma cobra.
#9 Polvo Telescópio (Telescope Octopus)
Este polvo gosta de pegar carona com as correntes marítimas a mais de 2.000 metros abaixo da superfície do mar, e ao invés de ficar deitado, faz essa viagem esticado na vertical, teoricamente para dificultar sua localização para predadores mais abaixo. Se você o visse pessoalmente, provavelmente acharia que ficou delirante com a pressão, porque o animal é tão claro que é quase transparente, e entre cada um dos 8 tentáculos há uma ligação bem fina que dá um ar fantasmagórico à espécie.
Os olhos que dão nome à coisa podem rotacionar e são saltados para dar o máximo de visão periférica ao polvo, e para que assim ele seja capaz de perceber presas e predadores.
#10 Verme Zumbi (Zombie Worm)
O nome assustador não é o único; também chamado de verme do osso e osedax, o verme zumbi pode comer até mesmo os ossos de baleias, usando de ácidos para perfurá-los e chegar ao interior, e de bactérias simbióticas (que atuam em conjunto com ele) para quebrar o osso em proteínas e nutrientes que ele possa consumir. O que parecem ser galhinhos que saem do verme servem para capturar oxigênio.
Assim como entre os peixes-pescadores, as fêmeas são maiores (5 cm) e os machos muito menores. Com corpos microscópicos, eles formam “haréns” no corpo da fêmea que, com o tempo, vão se movimentando até os óvulos e causam a fecundação.
Com essa coleção de animais mal batendo os 2.000 metros de profundidade, não fica difícil imaginar de que temos todo um mundo ainda a ser explorado nas maiores profundezas da Terra. É difícil imaginar como a vida sempre encontra um caminho mesmo em casos tão extremos, e me enche de curiosidade saber que pouco ainda foi visto. Provavelmente nunca teremos um verdadeiro contato com esses animais, praticamente alienígenas à nossa superfície, pois se tornariam apenas frações do que são no habitat natural.
E aí, gostou de ver essa lista? Sugira um assunto!
Se você nasceu nos anos 90, provavelmente passou boa parte do seu tempo online em fóruns de discussão sobre os mais diversos assuntos de que gostava. Havia o Grimmauld Place, um fórum brasileiro enorme sobre Harry Potter, os fóruns de Jogos do portal UOL que até hoje veem certo movimento, entre outros milhares de temas. Com o tempo, os fóruns foram perdendo um pouco a popularidade e as pessoas passaram a consumir e discutir mais pelo Facebook, usando dos grupos do site e das páginas.
No entanto, fora do Brasil existe um site que incorporou a magia dos fóruns e a adaptou para um consumo mais rápido e ordenado, de acordo com o caminho por onde caminhou a internet. Este site se chama Reddit.
PS: Caso você não saiba inglês, a lista de subreddits em português encontrados está no final do post!
Temas infinitos
No Reddit, praticamente tudo que você imaginar provavelmente já tem um subreddit. Assim são chamados os subgrupos que agrupam os interesses dos usuários, que reúnem textos, imagens, vídeos e animações sobre o interesse em questão. Há um subreddit para cachorros, para músicas, marcas, jogos, seriados. Você pode passar o dia conversando com outras pessoas sobre os episódios dos Simpsons ou comentar notícias de vários lugares diferentes do mundo no /r/worldnews.
Alcance impressionante
Agora você já deve estar entendendo melhor o que o site faz, mas também deve estar se perguntando o porquê do Reddit ser considerado a porta de entrada na internet. Bem, isso se dá graças à possibilidade de qualquer usuário criar seu subreddit. Por exemplo, se você gostaria de conversar com outras pessoas de Belo Horizonte sobre a cidade, compartilhar uma foto bonita que tirou da praça, reclamar de uma obra ou marcar um encontro com outras pessoas que usam o site, mas descobre que não existe um subreddit para BH, basta criar um. Isso deu espaço para que pessoas do mundo inteiro pudessem compartilhar dos menores aos maiores interesses, e deu completa abertura para a criatividade dos mesmos de encontrar interesses diferentes que unem pessoas com gostos parecidos.
A possibilidade de ser o próprio criador de uma comunidade, a versatilidade de mídia permitida e a variedade das criações dos usuários foi atraindo cada vez mais pessoas para as discussões do site, o que tornou sua visibilidade gigantesca. Qualquer meme, vídeo ou conteúdo que você vê sendo postado no Facebook provavelmente apareceu primeiro no Reddit. Por isso todos que querem as novidades fresquinhas, sejam elas o último vídeo engraçado ou a última notícia sobre a Síria, acabam conferindo o que está rolando por lá. Para juntar todos os interesses e fazer um ranking dinâmico das coisas populares na internet atualmente, o site criou o subreddit /r/all, que mistura tudo. Mas se você for um usuário, pode se tornar seguidor de cada subreddit e, assim, ir criando uma lista pessoal que vai unir todos os subgrupos em uma só timeline. Sim, como o Facebook. Só que, ao invés de também ter coisas que não te interessam e que você não quer ver, a timeline do Reddit te faz um periódico especialmente para o que você resolveu seguir. E ao invés do conteúdo ser limitado a seus amigos, está aberto para todas as pessoas que também seguem e postam no subreddit em questão.
Assim, o Reddit passa a ser muito mais amplo do que qualquer outra rede social, permitindo novamente na internet atual que tenhamos interações com desconhecidos e possamos nos aproximar deles a partir de coisas em comum.
De tudo MESMO
Não são só subreddits com assuntos tranquilos que existem, mas vocês já devem ter imaginado isso quando ficaram sabendo que qualquer um pode fazer a sua criação. No sub /r/ladybonersgonewild, por exemplo, homens podem publicar nudes de si mesmos para que as mulheres e homens gays do site comentem suas opiniões, ao passo que o /r/watchpeopledie mostra aos seguidores vídeos pelo mundo inteiro de pessoas morrendo das mais variadas formas. Há também o /r/letsnotmeet, com histórias macabras de encontros com pessoas tenebrosas na vida real que aconteceram com os outros redditors, nome dado aos usuários do site.
Onde há liberdade, há polêmica
Com a possibilidade de tudo ser discutido em seu nicho, o Reddit abriu espaço para alguns casos inusitados e outros vergonhosos. O extinto subreddit chamado /r/coontown mostrava pessoas negras agindo de forma inconsequente ou fazendo algo que seria considerado burrice, e os usuários caçoavam e eram abertamente racistas. Outro que seguia o mesmo estilo era o /r/fatpeoplehate, que mostrava exemplos de por que os gordos eram um problema, preguiçosos entre outras acusações e zoações. O Reddit teve que tomar atitude e vetar certos discursos e congregações, o que resultou em muitos usuários preocupados com a liberdade de expressão, assim como os próprios preconceitusos, a migrarem para o site clone chamado Voat.
Entre acusar erroneamente uma pessoa de ser o responsável pela bomba da corrida de Boston e receber acusações de beneficiar certos moderadores e subreddits mais influentes (o /r/politics, por exemplo, tem mais de 3 milhões de redditors), o Reddit já passou por várias situações complicadas.
Após extensa investigação por vários usuários do Reddit, Sunil Tripathi foi indicado como o autor do ataque terrorista em Boston. Descobriu-se posteriormente que ele havia desaparecido e estava morto, e as acusações causaram muitos problemas e tristeza para a família do garoto.
Onde há união, há esperança
O Reddit se tornou também um espaço onde as pessoas podem se proteger e se unir, e muitas minorias usam a plataforma para fazer novos amigos, discutir a situação da sociedade, criar movimentos ou simplesmente se divertir. Há o /r/MensLib, subreddit voltado a discutir de forma igualitária as questões, problemas e situações masculinas e também há o /r/TwoXChromosomes, para mulheres e assuntos femininos em geral. Um dos maiores grupos para homossexuais é o /r/gaybros, mas se você quiser falar com todo mundo da classe, também tem o /r/lgbt. Existem também subreddits de países (sim, inclusive o /r/brasil!) e também de regiões, como o /r/europe.
Por que nunca ouvi falar nesse site?
Apesar do Reddit contar com mais de 250 milhões de contas (70 milhões delas ativas), ter mais de 50 mil comunidades vivas e acima de 8 bilhões de visualizações de página por mês, não temos muita notícia do Reddit no Brasil. O motivo se dá pela maior parte do conteúdo do site estar em inglês, idioma dominado pelos que mais frequentam o site, americanos. Vê-se nos fóruns de discussão muitos usuários europeus por mais deles falarem inglês, e infelizmente a presença brasileira acaba sendo menor pela barreira linguística. Os últimos anos, no entanto, têm visto um crescimento cada vez maior de redditors brasileiros e tópicos em português.
Pontuando o conteúdo
Para que as melhores informações e conteúdo sobre cada assunto sejam mais facilmente acessados e vistos, o Reddit conta com um sistema de pontuação que se chama karma. A partir de upvotes (votos para cima) e downvotes (votos para baixo), os usuários têm o poder de pontuar positiva ou negativamente tanto os links e textos publicados por outros redditors como também os comentários das discussões. Isso tem o poder de dar destaque ou enterrar algo postado, o que permite que a própria comunidade controle a qualidade de si e qual a forma que irão conduzir as discussões acerca do assunto. Grandes subreddits acabam sendo mais difíceis para se conseguir uma postagem no alto, ao passo que os downvotes ajudam a impedir que coisas irrelevantes, comentários rudes ou fora de tópico não tomem espaço dos leitores.
Projetos interessantes
Além de todo esse universo de conteúdo e subgrupos, alguns projetos interessantíssimos também surgem a partir do Reddit. Já há muitos anos o site promove um amigo oculto global através do site RedditGifts, e os usuários que participam podem compartilhar os presentes que ganharam e deixar agradecimentos a partir do subreddit /r/SecretSanta, com o nome do jogo. Já participei, enviando um presente para uma mulher dos EUA e um rapaz da Suécia, e gosto de participar todos os anos!
Em 2017, também, no dia 1 de Abril como uma piada o site abriu o /r/place, um subreddit onde cada usuário podia pintar um pixel de um mural de 1000×1000 pixels com a cor que quisesse a cada cinco minutos. Em pouco tempo milhões de pessoas no mundo inteiro juntaram-se para tentar fazer suas imagens e mostrar seus interesses e bandeiras no mural, resultando em uma peça incrível com expressões de vários lugares do mundo. Tem até uma bandeirinha do Brasil!
E em português?
Como dito mais cedo, muito do Reddit não é acessado por brasileiros por muitos não saberem o inglês. Infelizmente muito do conteúdo acaba sendo perdido por não se dominar o idioma. No entanto, com o aumento do acesso no Brasil e mais interesse dos internautas, a comunidade brasileira e em português vem crescendo. Com um maior número de usuários lusófonos e mais pessoas para discutirem diversos assuntos, esses subreddits tendem a crescer tanto em tamanho quanto em variedade. Abaixo, uma lista de vários dos subreddits em existência onde a língua falada é o português.
E então, o que achou? Sente falta, assim como eu, de quando a internet tinha lugares para conhecermos coisas novas? A timeline do seu Facebook está começando a enjoar ou ficar repetitiva, ou você gostaria de ouvir novas opiniões? Sente falta de conversar sobre algo que você gosta muito, mas não tem tantos amigos que gostem também? Talvez você encontre um pouco de diversão e um novo universo de pessoas e aprendizados com o Reddit!
O mundo de hoje parece estar cada vez mais dividido, com discursos radicais se espalhando por todos os lados, tanto aqui no Brasil quanto nos EUA e na Europa. Mas já vimos isso acontecer uma vez antes, durante a Segunda Guerra Mundial. Este vídeo feito pelo Departamento de Guerra dos EUA em 1943 infelizmente recupera sua relevância e nos mostra que devemos ter empatia, mesmo quando os alvos são os outros.
Alguns conteúdos na internet se espalham tanto e tão rápido que têm números de acessos insanos e são conhecidos por pessoas de todos os países e idades. Aqui nesse post, mostrarei quais são os vídeos mais populares do YouTube, tanto no mundo inteiro quanto no Brasil, e um pouco da história de seu sucesso. Por seu alto valor de replays, ou seja, possibilidade de ser visto várias vezes pelas mesmas pessoas e em locais diferentes, músicas e vídeos infantis dominam a lista tanto aqui quanto lá fora.
O hit do cantor portorriquenho Luis Fonsi tomou o mundo de assalto, tornando-se o vídeo mais rápido a atingir 2 bilhões e 2,5 bilhões de visualizações, o vídeo mais visto do ano de 2017 em mais de 40 países e o vídeo com mais curtidas da história.
O artista tem 39 anos, é portorriquenho e canta desde 1998, o que são 19 anos de carreira. Ele já é famoso há muitos anos em vários países latinos, já atuou em uma novela mexicana chamada Corazones al límite e já produziu 8 álbuns durante sua trajetória. O vídeo possui hoje 3.193.913.689 visualizações, sendo que destas, mais de 219 milhões foram visualizações brasileiras. Daria para toda a população nacional ter assistido à música ao menos uma vez! Mas lembremos que muitas dessas foram pessoas assistindo de novo.
Despacito é o único vídeo que ocupa a mesma posição tanto no ranking do Brasil quanto do mundo.
Enquanto Wiz Khalifa é responsável por entrar no hall de vídeos que arremataram mais de 3 bilhões de visualizações (quase metade da população mundial, se as visualizações fossem únicas), aqui no Brasil o desenho animado Galinha Pintadinha comprova o sucesso de sua fórmula, tendo atingido atualmente 450.316.359, ou seja, quase duas vezes toda a população do Brasil. Nem mesmo se juntássemos todos os falantes de português do mundo (270 milhões) alcançaria-se essa cifra. As criancinhas realmente gostam de Pintinho Amarelinho! E quem aí nunca ouviu?
É impossível não se lembrar da febre que foi Gangnam Style (2012). Hoje com mais de 2,9 bilhões de visualizações, já não ouvimos tanto o hino do artista sul-coreano, mas em seu ápice praticamente todas as pessoas que conhecíamos sabiam fazer a dancinha. Foi um dos primeiros vídeos em que tomou-se nota do alto alcance e poder de viralização da internet. Hoje, qualquer pessoa no mundo reconhece este artista, que apesar de uma febre em seu auge, somente chegou a este patamar com duas de suas músicas, a que integra este ranking e Gentleman, que hoje tem mais de 1,1 bilhão de visualizações no site de streaming.
Não foi só no Brasil que Justin Bieber fez sucesso! Só parece que o brasileiro é um fã um pouquinho mais ávido do que o resto do mundo. Para a humanidade, a música Sorry (2016) ocupa o quarto lugar, conquistando com um divertido vídeoclipe integrado somente por mulheres. Juntar excelentes dançarinas a uma música contagiante e um ritmo que fica na cabeça parece ser uma fórmula de sucesso! A música Sorry permaneceu na Billboard por impressionantes 42 semanas, ou 9 meses. Uma das músicas ouvidas por mais tempo consecutivo da história! Hoje, havendo declarado que procurará se reformar e voltar à religião e a se estabilizar, talvez o artista não apareça mais nessa lista.
No Brasil, uma lágrima discreta escorre nos olhos daqueles que já tiveram que deixar de lado o orgulho e ver partir alguém que se ama para os braços de outra pessoa. Henrique e Juliano dominam o YouTube quando o assunto é sertanejo, e ocupam o quarto lugar dos vídeos mais assistidos do país.
Chamado por aí de novo Michael Jackson, Bruno Mars entra na lista global com o hit meteórico Uptown Funk (2015), uma música animada e positiva com um clipe que empolga. O artista acabou se tornando um dos mais conhecidos nos últimos anos, com aparições em programas como o Saturday Night Live e muitos lançamentos que alcançaram grande sucesso. Apesar da música ser autoria de Mark Ronson (que também tem sua fama própria, já tendo atingido mais de 7,7 milhões de visualizações com a música Bang Bang Bang), os últimos acertos de Mars acabaram apontando os holofotes para ele. E viva o pop!
Já por nossas terras, mostra-se a apreciação pelo que é produto aqui dentro. A superestrela do sertanejo universitário Luan Santana já foi assistido no YouTube nada menos do que 157 milhões de vezes, o que deixa claro que o gênero musical veio para ficar, e que continuamos sendo um país de apaixonados.
Enquanto nossas crianças estão viciadas em Galinha Pintadinha, lá fora a figura da vez é Masha, a protagonista de um desenho animado infantil russo. Apesar de ter sido criado lá do outro lado do mundo, no país da vodka, o vídeo é assistido pela garotada do mundo inteiro, inclusive pelos brasileiros! Uma troca de entretenimento global realmente impressionante.
Por aqui o amor à música brasileira continua sendo evidenciado com a quinta posição sendo ocupada pelas mais de 135 milhões de visualizações ao vídeo de Show das Poderosas (2013), da Anitta! Tendo feito uma linda apresentação nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 e lançado várias músicas viciantes e memoráveis nos últimos anos, a artista se consagrou no mercado musical nacional e caminha para mais reconhecimento no mundo inteiro, tendo feito uma parceria com Iggy Azalea para a música Switch (6.032.898 ????????????????) que a levou a fazer uma aparição no programa de auditório de Jimmy Fallon e agora com os sucessos que vão além de nossas fronteiras como Sua Cara (88.853.413 ????????????????), parceria com Major Lazer e a drag queen brasileira Pabllo Vittar, e Paradinha (128.844.174 ???????????????? ), sua primeira música cantada em espanhol e filmada em um supermercado de Nova York. Show das Poderosas inclusive foi a música escolhida para a incrível dança de uma vaca (!) em um supermercado no México!
Emplacando hits como Bad Blood (1.099.378.957 ????????????????), Blank Space (2.129.596.718 ????????????????) e You Belong With Me (741.712.004 ????????????????), Taylor Swift não é nenhuma estranha para altíssimas taxas de visualizações no YouTube. Com estes feitos, a artista demonstra que quando se é talentoso o sucesso sempre é alcançado, mesmo sem aceitar por muito tempo entrar em serviços como o Spotify, que são usados por centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Talvez, inclusive, a falta dessa disponibilidade tenha feito mais pessoas recorrerem ao YouTube para poder curtir as músicas da cantora.
Os brasileiros mostram o poder da globalização e do pop sul-coreano ao darem a sétima posição para o cantor PSY, que é o primeiro vídeo a se repetir nesta lista.
Sabendo que o espanhol é a terceira língua mais falada do mundo, não é de se espantar que mais uma música no idioma componha a lista mundial de vídeos mais visualizados. Na lista, o ocupante do oitavo lugar é o espanhol Enrique Iglesias, que rompeu a barreira linguística em todos os cantos do planeta com o hit Bailando, sucesso de 2014.
Já entre nosso povo a queridinha da vez é Katy Perry, cantora pop que começou seu sucesso com hits como I Kissed a Girl (126.612.194 ????????????????) e Hot N Cold (687.425.182 ????????????????). A artista retornou o amor aos brasileiros com um vídeoclipe especial da música Swish Swish Bish (47.221.747 ????????????????) com ninguém menos que a rainha dos memes da internet brasileira, Gretchen.
Além de ser uma das melhores músicas do Maroon 5, Sugar (2015) conquista o nono lugar pelo muito bem pensado vídeoclipe, que mostra a história de um casamento que termina em uma surpresa: a banda de Adam Levine aparecendo para fazer os convidados dançarem! Contou-se, depois de um certo mistério planejado, que todo vídeo havia sido roteirizado, o que já era a desconfiança de muitos dos que assistiram. Ainda assim, a ideia foi bem legal e alavancou as visualizações da música.
Talvez um dos vídeos mais vistos de um artista brasileiro, Michel Teló fez história com Ai Se Eu Te Pego (2011), um hit extremamente contagiante que tocou em festas e boates de todo mundo! Ainda hoje o artista faz muito sucesso e é figurinha repetida na televisão e plataformas de entretenimento. Não é qualquer um que tem gente na Europa cantando o refrão até hoje!
Katy Perry se torna a terceira artista a aparecer mais de uma vez nesse ranking ao contagiar o mundo com Roar (2013), um hino sobre a força da mulher em tempos onde isso precisa ser enaltecido. Com um vídeo divertido e uma pegada criativa, a libertação feminina alcança uma nova altura ao fincar no décimo lugar do placar mundial esse sucesso do pop da artista californiana.
Já em Pindorama continuamos cultivando nosso amor pelo sertanejo ao entregar a décima posição para o megasucesso Domingo de Manhã (2014), de Marcos & Bellutti, que foi além das fronteiras do sudeste para embalar o Brasil inteiro nesse gênero musical. Tamanho alcance serve para mostrar aos que não agradam do estilo que muita gente discorda e adora colocar suas baladas preferidas no repeat.
E aí, gostaram da lista? Sugiram outros tipos de rankings e comparações que vocês gostariam de ver por aqui!
PS: O ranking brasileiro foi feito com base na listagem feita pela revista Exame, da Abril, para o ano de 2016. É possível que alguns vídeos tenham alcançado e/ou superado alguns dos que foram publicados aqui, mas por não haverem dados mais recentes confiáveis, os nomes publicados pela revista foram mantidos.
Larguei o curso de Engenharia Metalúrgica. Pensei em escrever alguns textões no Facebook depois de um desabafo sobre a ansiedade debilitadora que me sacudiu e acabou me levando a tomar essa decisão, daí pensei em escrever outros tantos textões sobre as várias coisas que passaram pela minha cabeça e pelas opiniões que ouvi nos últimos dias. Achei mais adequado escrever aqui, sozinho, porque afinal de contas textão no Facebook sobre a faculdade é algo mais reservado a formaturas.
Acho importante, como processo, uma lista de questões.
Você pode se arrepender depois.
Sim, eu posso. Já estou arrependido de muitas coisas. Uma delas é de ter passado esses dois anos e meio fazendo um curso que não tinha certeza no início e deveria ter entendido que não era para mim muito antes. Teria economizado muito dinheiro e esperança dos meus pais. Aliás, o arrependimento mora aí, em não só usar de suas ajudas e recursos por tanto tempo sem retorno como também em ter mais arrependimento de estar desistindo por conta da falta de apoio financeiro do que por estar desistindo da Engenharia em si. Que tipo de pessoa eu sou?
Não tome decisões precipitadas.
Parece, mesmo, à superfície. Em uma semana eu estava “bem”, na outra já estava conversando com meus pais, abandonando as aulas e informando os amigos próximos. Bipolaridade? Nem de longe. No início do ano, quem quisesse ouvir teria percebido que as coisas já não estavam mil maravilhas. Esforços em vão, falta de interesse, auto-sabotagem, insegurança e um ambiente absolutamente inóspito. Fiquei entusiasmado com a vida e com o esforço só quando estava afastado da real obrigação de desempenhar. Talvez também com os exercícios regulares na academia. O entusiasmo se esgotou em pouco tempo e deu espaço aos velhos amigos depressão, estresse, frustração, desgaste. Vontade de beber o tempo todo para anestesiar. Foi ótimo. Foi horrível. Finalmente a decisão precipitada foi tomada!
É pelo lugar ou pelo curso?
É pelos dois. Não suporto mais a falta de sorrisos nas pessoas ao cumprimentar as outras por aqui. Não suporto mais o jogo de popularidade entre as repúblicas. Não suporto mais essa vontade exagerada dos caras de se provarem homens. Não tenho mais paciência – talvez nem idade – para essas bebedeiras sem verdadeiro propósito, a superficialidade das relações e dos eventos, para as brincadeiras de mau gosto. Não vejo com bons olhos a segregação da cidade e entre os alunos. Mas também não estou fascinado pela Metalurgia e nunca tive certeza se me daria bem nesse ambiente de trabalho. Agora nem preciso mais ter.
E vai fazer o quê agora?
A resposta é óbvia. Trabalhar. A solução já não é tão óbvia assim. Estou morrendo de medo, mas pelo menos agora estou com medo das coisas certas. Não do que meus pais vão achar das minhas notas ou meu progresso do curso, não tenho medo de ser maltratado ou expulso de algum lugar por ser gay ou ter comportamentos afins, nem de quanto tempo falta para formar, nem se meus professores me levam a sério ou não, nem medo de ter que pedir mais dinheiro pros meus pais porque acabou. Tenho um medo: não achar um emprego, ou ganhar muito pouco. Meus esforços e buscas e concentração agora devem ser nisso. Sanado este problema, pretendo e espero por uma relativa plenitude. É o que busco há anos e sinto que estou à beira dela.
Não vai sentir saudades?
A primeira vontade de chorar veio hoje, ao ter uma lembrança de uma situação boba com uma amiga que nem tenho há tanto tempo. Quando outras saudades maiores de pessoas mais próximas começarem a bater, acompanhadas de memórias deliciosas distribuidas em centenas de dias incríveis, sei que vou sofrer um bom bocado. Talvez nunca sinta falta de tanta gente tão intensamente como quando não estiver mais aqui. E sim, continua valendo a pena desistir.
Achei que ia render mais conversas comigo mesmo, mas até que não. Já me acalmou novamente fazer pouca reflexão. A triste constatação da vez é saber que daqui para frente só o meu dinheiro é meu, e que não dá para ligar para mamãe dizendo que a mesada terminou e que preciso de mais umas centenas. Se acabar, acabou. Se precisar, não tem. Nada de presentes ou viagens. 24, logo mais 25 anos de idade onde dependerei de mim. Difícil, assustador, porém absolutamente necessário.
Disclaimer: esse texto foi feito por um homem para outros homens homossexuais. Deixo isso claro para justificar que, baseado em minhas experiências e vivências, só tenho propriedade para falar em nome desse grupo. Não é intenção excluir ou desamparar outros membros da sigla LGBT, e acredito que muito do conteúdo se aplica a outros 🙂
Quantas vezes você, gay assumido, já se deparou com essa sugestão? Seja de um parente próximo ou distante, de um amigo preocupado ou de um(a) professor(a) com quem você tem confiança, imagino que pelo menos uma vez essa mensagem já tenha sido direcionada até você. E por que ela é tão incômoda, por que não parece descer bem, por que parece ser contra-intuitiva? Para todos aqueles que se importam e gostariam de entender, vou fazer uma tentativa de explicar aqui por que eu, como homossexual e assumido em todas as esferas, acabo por me expor – aos olhos de alguns – e pretendo continuar a prática.
Vamos começar com a definição de assumido, que acho que é muito importante para que essa discussão seja até mesmo iniciada. Alguns veem esse ato como algo desnecessário, já que nossa sexualidade se resume aos nossos relacionamentos pessoais e nossas atividades sexuais. Mas será mesmo? Não somos como se fossemos diferentes de todos os outros, fazemos as mesmas coisas divertidas como uma caminhada no parque e montando um unu em todos os lugares. Um pequeno exercício que podemos fazer sobre isso é imaginar quais são todas as coisas em que somos a norma. Que não se entenda essa palavra como “normal”, devo deixar claro. Mas o que é mais frequente se ver na sociedade em que vivemos e como reagimos quando somos diferenciados? Deixamos claros em que aspectos somos diferentes ou fingimos ser sempre iguais a todos?
Exemplo 1: o encontro
Pessoa 1: Hummmm… Estou morrendo de fome.
P2: Eu também! Podíamos pedir algo para dois, não é mesmo?
P1: Ótimo, é bom que economizamos! Que tal essa picanha? Serve duas pessoas!
P1 é uma pessoa vegatariana. Você acha que:
a) Ela deveria esconder esse fato para não constrangir o interlocutor, e comer mesmo assim?
b) Ela deveria deixar claro que é vegetariana, e oferecer dois pratos ou um que sirva aos dois?
Exemplo 2: a noitada
Você é um adolescente. Todos os seus amigos estão bebendo em uma festa com você, mas você não gosta e não pretende beber.
Amigo 1: Cara, o que tem tomar uma cerveja? Não vai te matar.
A2: Pois é, que frescura. Pelo menos hoje, já que você está com a gente!
A3: Faz esse drama todo, nunca deve ter nem experimentado pra poder falar alguma coisa.
Você:
a) Cede à pressão e começa a beber, mesmo sabendo que já experimentou e não gosta;
b) Deixa claro que você não gosta do hábito e segue aproveitando a festa.
Eu imagino que a maior parte das pessoas não precise de mais exemplos.
Realmente, à primeira vista, não parece ser realmente algo que todos devam saber. Se eu namoro um rapaz, não faz diferença nenhuma para meu chefe ou meu colega de trabalho que eu namore com ele, e nossa amizade e relações de trabalho não mudarão em nada comigo assumindo. A menos que eu sinta uma enorme vontade de contar pra todo mundo, não tem por que tocar no assunto, certo? Errado. Afinal, devemos nos lembrar que nenhum caso na vida é algo que envolve somente um âmbito, e dentro do trabalho entra a questão social. Os amigos de escritório vão falar de mulher, criar grupos no WhatsApp, chamar para puteiros e conversar sobre namoradas e a guerra dos sexos. Se você não quiser participar do grupo de putaria do WhatsApp, vão querer saber por quê. E, na maior parte das vezes, é muito melhor falar que você é gay – felizmente a maior parte das pessoas no dia de hoje respeitam essa resposta – do que evadir responder e se manter no armário. Isso pode gerar zoações, mais questionamentos e acho até provável que uma leve antipatia pela sua aparente aversão de socializar. Também é muito melhor falar a verdade do que mentir – como contando que você namora – porque cedo ou tarde essa mentira vai ser colocada em teste, e o trabalho para mantê-la vai ser muito maior. Além de toda a situação ser extremamente desagradável.
E na faculdade? Bom, aí que eu acho que se assumir é realmente vital. Devo deixar claro que não considero que sair do armário seja uma declaração pública no grupo do Facebook do campus para que todos os estudantes saibam quem você é e com quem se relaciona, mas sim para os amigos. Para começar, toda e qualquer impressão que a sociedade faz sobre um grupo de pessoas começa a partir de estereótipos que criam a partir de representantes observáveis daquele grupo. Sem ninguém para saberem que é gay, não saberão como é ser gay, ou criarão suposições baseadas em um ou outro únicos exemplos. A melhor imagem que podemos causar sobre nossa sexualidade – e o tanto que somos diversos – parte de nós mesmos, e é essa a arma mais poderosa para mudar a percepção da homossexualidade e gerar empatia entre as pessoas. Isso independe de comportamento (feminino ou masculino), inclusive. Sendo boas pessoas e sendo vistos como homossexuais, melhoramos a imagem coletiva como um todo.
Outro ponto extremamente importante a respeito da faculdade são os relacionamentos em si. Meus pais se conheceram aos vinte e poucos anos enquanto cursavam a UFMG. Através de amigos de amigos, festas, acampamentos e aproximações, ficaram juntos, se casaram e criaram a minha família. Mas se não fosse possível, por algum motivo, que meu pai se declarasse para a minha mãe, ou que pudessem se beijar, ou que mesmo se sentissem confortáveis com a relação, qual seria a chance que realmente teriam? Se fosse a norma para todas as mulheres serem lésbicas, meu pai arriscaria chamar minha mãe para sair se ela não dissesse ser heterossexual?
Estar assumido em um ambiente, especialmente no universitário, onde nossa única obrigação é sermos bons estudantes – ao contrário de agradar a chefes ou colegas – é a melhor e maior oportunidade para que conheçamos pessoas com quem podemos nos relacionar. É assim que grandes namoros começam muitas das vezes, com e entre amigos. E sem que as pessoas saibam ao menos do que gostamos, fica muito difícil que nos aproximemos de alguém, ou que se aproximem de nós. Estar no armário, nesse caso, é garantir que todas as pessoas que se aproximem sejam do sexo oposto enquanto se busca alguém do mesmo sexo, com bastante dificuldade e dúvidas no caminho. Claro que hoje em dia existem aplicativos que auxiliam nessa questão, mas todos nós sabemos que nenhum é muito eficiente para apresentar pessoas que buscam um relacionamento, como as boates e bares gays já evidenciam há muito tempo.
Outro excelente ponto – e nesse caso eu chamaria de vantagem – a favor de ser um gay assumido se refere às pessoas à nossa volta. Muitas vezes estamos cercados de pessoas que não são verdadeiros amigos e não pensam realmente no nosso total bem estar. Sei o tanto que é desagradável ter que ouvir certos comentários ou zoações – viadagem é o que mais me irrita ultimamente – e não poder dizer nada, ou pior, ter que rir junto. Quando somos assumidos, quem se importa no mínimo fará um esforço para evitar tais comportamentos, e quem se incomoda com a sua existência simplesmente não estará em uma roda de conversa com você.
A faculdade é, acima de tudo, um local de aprendizado e crescimento, seja pessoal, acadêmico ou profissional. E, se temos tempo além das notas para deixarmos uma impressão e coibirmos o preconceito, acredito que esteja em nosso melhor interesse contribuir para essa troca. Não estou dizendo, em momento algum desse texto, que quem se sente desconfortável em estar exposto deva sair do armário mesmo assim só para agradar todos os outros gays, o que quero dizer é que o impacto que causamos nas pessoas ao nosso redor definitivamente vai contribuir para que essas pessoas aceitem outros como nós em outros locais e situações, e vai ajudá-los a entender que somos o mesmo homo sapiens sapiens, e que como deveria ser, nossa sexualidade não faz diferença no caráter que temos ou ao amor que destinamos aos que nos são próximos. Ser gay em um ambiente significa criar aliados, ter aliados significa envergonhar aqueles que atacam e, acima de tudo, significa sentir-se seguro.
Para finalizar, uma mensagem para a minha tia que inspirou esse texto: Tia, sei que você diz isso por ter medo que eu me machuque ou sofra constrangimentos ao afirmar que sou gay, sei que você me alerta para o meu “bem”, mas você precisa entender que o meu bem também inclui poder viver livremente, que as pessoas saibam com quem me relaciono sem isso ser algo incômodo ou desnecessário numa conversa – afinal homens discutem o tempo todo sobre loiras e morenas -, inclui demonstrações de afeto e inclui não me sentir censurado ou ofendido em conversas cotidianas. Acima de tudo, você tem que entender que o meu bem inclui ter alguém pra chamar de “meu bem”, e com as pessoas sabendo que “tipo” estou procurando, essa busca se torna muito mais fácil.
Vale lembrar: muitos dos que estão por aí na verdade usam a frase do título não pelo bem daqueles que amam, e sim simplesmente para tentar impedir que tenha-se que conviver com gays ou admitir que nós existimos por todos os lados. É pedir que nós fiquemos incomodados e ocultos para que eles não se incomodem. Deixo esse lembrete para sempre refletirem: quem deveria estar incomodado nos dias de hoje? 😉
Hoje tenho um computador que é muito bom, e tenho conseguido atropelar pedestres em Grand Theft Auto V e conhecer a incrível história de Dragon Age: Inquisition e The Witcher 3. Mas na maior parte da minha vida, os computadores que eu tinha não costumavam rodar muita coisa e eu tinha que me contentar em jogar as novidades da década anterior. Isso me deixou acostumado a não exigir tanto dos jogos em questão gráfica e de inovação, e focar mais na jogabilidade e na história.
Por isso, mesmo tendo uma máquina mais potente hoje, muitos dos jogos que mais gosto são mais simples, e ainda assim conseguem ser dos mais divertidos. Resolvi fazer essa lista de alguns exemplos que tomam meu tempo e me divertem bastante.
1. Inside
Lançado em Junho de 2016, o jogo começa sem te contar absolutamente nada da história. Seu personagem, um garoto perdido em um lugar que parece ser uma floresta, começa a vencer obstáculos e desafios para continuar sua jornada, enquanto é perseguido por um grupo não identificado. Com o passar do tempo, a história vai sutilmente sendo contada para o jogador, alguns desafios vão ficando mais difíceis e extensos, mas nunca se tornando irritantes ou complicados demais para o jogador casual. Gráficos simples porém polidos, e alguns momentos de susto te aguardam.
2. Super Meat Boy
Já muito conhecido, o jogo foi lançado no fim de 2010 e conta com um personagem carismático feito de… bem… carne, como o nome indica. Rastros de sangue seguem os caminhos do boneco que tem que passar por fases que lembram os desafios de Super Mario Bros. Wii e outros jogos de plataforma, mas com caminhos definitivamente mais desafiadores. É um jogo rápido e muito bem feito, sem consumir muito da memória do seu PC.
3. Fez
Consagrado na indústria de jogos indie (independentes de grandes estúdios de jogos), Fez é um jogo em 2D que na verdade conta com uma terceira dimensão. Usando alguns comandos do jogo, a perspectiva da tela pode mudar e revelar segredos, novos caminhos e formas diferentes de atravessar as fases. A história também vai se desenvolvendo aos poucos e é impossível não criar um certo afeto pelo personagem principal e pelos divertidos diálogos dos outros bonequinhos encontrados pelo caminho.
4. Portal/Portal 2
Uma das melhores franquias já lançadas, Portal é um jogo com gráficos bonitos que não exige muito da máquina, e oferece configurações gráficas para qualquer computador. Ainda assim, a jogabilidade é excelente e esse é um grande exemplo de um jogo que “envelheceu bem”. As fases são repletas de desafios onde o jogador precisa criar portais entre um lugar e outro do mapa para chegar à próxima etapa. A história por trás do que está acontecendo também é interessante e divertida.
5. Minecraft
Mais um jogo indie que deu imensamente certo, Minecraft deu origem a bichos de pelúcia, invadiu os celulares e video-games e está na boca do povo desde então. Além de oferecer várias formas diferentes de jogar, dá completa liberdade à criatividade e ainda permite uma satisfatória interação com outros jogadores do mundo inteiro em diversos servidores que podem servir para tudo – desde batalhas a construções monumentais. Se você gostava de Lego na infância, com certeza vai gostar desse jogo também.
6. Civilization V
Toda a franquia dos jogos Civilization (Civ para os íntimos) é muito boa, mas a última iteração conseguiu se superar. Com gráficos simples porém polidos, se você gosta de War com certeza vai gostar desse jogo. São horas de planejamento, prioridades e decisões que mudarão o foco e as maiores habilidades do seu povo. Com o tempo você começa a se sentir cada vez mais identificado com o seu reino e fica torcendo para que tudo realmente dê certo e que seus soldados consigam conquistar os impérios e reinos vizinhos.
7. Hotline Miami
Se você, como eu, nasceu na década de 90, deve se lembrar dos jogos onde a câmera parecia vir do céu. Nesse jogo de tiro, o importante é basicamente matar todo mundo e seguir em frente. A trilha sonora é maravilhosa e o jogo pode rodar em praticamente qualquer computador. Se você está se sentindo nostálgico, ou simplesmente gosta de ver NPCs sangrando, esse é o seu jogo.
8. FTL
Não tenho muito o que dizer sobre FTL: é leve, é divertido, é criativo, desafiador e simplesmente te faz pensar, a cada tentativa, “Só vou jogar mais essa.” Cuidado para não viciar.
https://www.youtube.com/watch?v=hLEYrP1pO9I
9. Mark of the Ninja
Ao invés de sair simplesmente atacando tudo e todos com uma arma ou uma espada, que tal ser um ninja sorrateiro e pegar todos os inimigos de surpresa em fases lineares que muitas vezes podem parecer um grande labirinto? Mark of the Ninja é imensamente divertido e, mesmo com suas mecânicas diferenciadas, nos leva de volta aos tempos em que muitos jogos simplesmente nos indicavam com uma setinha que já matamos todos os inimgos daquela área e podemos seguir em frente. Só tome cuidado para não ser pego.
10. The Binding of Isaac: Rebirth
Atravesse salas, atualize suas armas, destrua monstros, colete itens, destranque portas e siga em frente na história desse personagem cativante. Mas cuidado, você só pode morrer uma vez. O jogo original consumia bastante memória por algum motivo, mas o remake foi feito mais leve e traz vários novos conteúdos que garantem muito mais diversão.
Espero que tenham gostado dessa lista, se tiverem sugestões basta comentar e quem sabe não edito para incluir novos títulos 🙂 como disse, continuo adorando jogos mais leves que concentram mais em jogabilidade e história para garantir a diversão dos fãs.
Nem sempre criamos antagonismo na nossa vida por atitudes erradas. Às vezes, o simples ato de se impor e dar a devida atenção a determinadas situações pode criar animosidades fortes e inesperadas. Achamos que dizer o óbvio sempre vai ser fácil e que a maior parte das pessoas vão concordar, mas eu havia me esquecido que a minha posição na sociedade ainda provoca ódio irracional, incompreensão e uma repulsa gratuita. Mesmo na primeira geração que às vezes parece – ou se finge – sem tantos preconceitos.
Parte 1: o Arauto do que todos odeiam, mas não vivem sem
Tudo começou a com a criação do Spotted (calma, não vou narrar dois anos de história, é só um contexto). A página antiga estava às traças e não parecia que retornaria à vida. Imaginei à época que o antigo criador já havia se formado e não se deu ao trabalho de passar o trabalho para a frente, mas depois do tanto que vi, filtrei e postei, acredito que talvez ele simplesmente tenha se cansado, mesmo. Há algo de especialmente tóxico na UFOP: o silêncio. E é por isso que a minha é a única universidade no Brasil que não se interessou pelo Spotted a não ser que os envios fossem verdadeiramente anônimos, através de um formulário que nada registra. Quando testamos não usá-lo, a página praticamente morreu. Poucos tinham coragem de realmente admitir suas palavras, mesmo quando elas eram de carinho. Algo especial, com certeza, mas infelizmente meus esforços de encontrar algo de positivo nesse especial falharam.
Com os dois anos, vieram muitas mensagens terríveis. Contra o feminismo, contra as mulheres em geral, contra as minorias, contra até mesmo os negros. Vieram mensagens tirando republicanos do armário, realmente para machucar essas pessoas, e nós tivemos que esconder. Inclusive, uma das pessoas que mais me antagoniza hoje em dia, mesmo tendo tantas opiniões alinhadas à minha, foi uma das que “salvamos”. Ele não admite até hoje ser gay, e sempre respeitarei isso, só gostaria que ele enxergasse que não tem lógica nenhuma ter tanta antipatia por mim. Evitei que o mal fosse feito a ele, mais de uma vez. Houveram também exposições de mulheres que haviam engravidado e decidido por abortar, ameaças de violência e retaliações em inúmeros casos, e, por fim, as incontáveis denúncias de estupro, abuso e homofobia nas repúblicas e na faculdade. Muitas destas nunca foram postadas (ou foram editadas) porque as mensagens vinham anônimas e não tínhamos como confirmar os fatos. Como alguns dos que me acusam costumam apontar o dedo e dizer que não temos critério, é importante deixar isso muito claro: houve tanto critério que, se não houvesse, a página já teria caído há muito tempo – e eu estaria respondendo a algum processo.
Vamos agora ao desfecho. Em época de eleição do DCE, duas chapas concorriam. Uma a de sempre, com uma nova maquiagem mas o mesmo modus operandi: pouca ação, viés republicano, um DCE turvo e sem presença amplamente criticado pela faculdade. Era, no entanto, a opção confortável. Conhecida. Segura. Afinal de contas, já dependíamos só dos Centros Acadêmicos neste ponto. A outra chapa era a de esquerda, com base em Mariana, aproximação política e engajamento. Improvável que ganhasse, mas neste ano, com muitos já cansados da ineficiência da chapa de sempre, começaram a trocar suas intenções de voto. Depois de pequenas intrigas e acusações jogadas para todos os lados, veio a facada final: um estudante de Direito integrante da chapa “de sempre” foi denunciado na página.
O conteúdo da postagem era simples, a acusação de que o rapaz era misógino, racista e homofóbico. Como comprovação, três exemplos de postagens feitas por ele no Facebook através dos anos. Uma contra as cotas (e com argumentos questionáveis), outra tirando sarro dos gays (que até hoje ele insiste em não ser capaz de compreender – talvez por afetações próprias, suspeito), e por fim uma mensagem desmerecendo as mulheres. Junto à mensagem, uma pergunta simples: “Essa é a representação que você quer no DCE?” Enquanto a denúncia chegava à nossa planilha, a chapa desse estudante de Direito veiculava um vídeo onde vários membros – incluindo ele – prometiam maior luta pelas minorias da faculdade e direitos dos transexuais. Achei estranho. Como aquele cara que fazia tal promessa por vídeo para a comunidade acadêmica poderia ter feito tais comentários?
Pus-me a pesquisar a página do Facebook desse estudante e encontrei cada uma das postagens. Ele de fato já as havia postado. Veio, então, a dúvida: postar ou não a denúncia? Era véspera de eleição, a repercussão ia ser enorme, isso ia ser decisivo no resultado de quem seria eleito. Mas ele havia feito as postagens, os estudantes mereciam saber. As postagens eram antigas, será que ele ainda era daquele jeito? (descobre-se posteriormente que sim, ele continua sendo um grande babaca que esconde a verdadeira essência para ser tolerado em seu prédio) Resolvi postar. Não compactuava com aquele comportamento e aquelas opiniões e achei no direito de todos saberem antes de votarem. Ele mentiu no vídeo, no fim das contas.
Como previsto, a postagem repercutiu imensamente na internet, atingindo, se não me engano, cerca de 16 mil leituras individuais. Para se ter noção desse valor, estimo que a UFOP inteira (os três campi) tenha em torno de 14 mil alunos. O alcance foi maior do que a comunidade acadêmica. A chapa do estudante de Direito perdeu. Ele passou a ter que enfrentar olhares acusadores no prédio em que estudava, foi atormentado e questionado, deveu explicações. Considerou que tal exposição pudesse ser um dano moral, uma difamação. Mas no fim das contas, como ele mesmo deve ter se lembrado, ele havia de fato dito o que havia dito, e deixado tudo registrado. Erro de principiante online. Aqui se faz, aqui se paga. Históricos são importantes.
Na época da denúncia, o rapaz ameaçou processar a página e ficou bastante angustiado. Procurei por ele pessoalmente (leia-se: com meu perfil pessoal) para discutir as implicações do que havia sido postado e oferecer qualquer ajuda possível. Como eu não podia identificar o autor do texto, o rapaz escolheu por me culpar. Como deve ser evidenciado, no entanto, há aqui três culpas:
Ele fez as postagens;
Um terceiro fez a denúncia;
Eu, moderador, avaliando que a denúncia era real, fiz a postagem.
Sumarizando o ocorrido, fiz o meu trabalho como administrador da página. Somente.
O rapaz desistiu do processo, sumiu da minha vida, dei o assunto por finalizado e segui com a minha vida e administração do Spotted. Como eu gosto de listinhas, vou deixar aqui também claro qual a funçào exata e minha intenção com a criação da página, para interesse de todos:
Ajudar pessoas que se gostam a se encontrarem e poderem se relacionar;
Apresentar novas pessoas umas às outras;
Fazer as pessoas rirem;
Servir de utilidade pública com informações de eventos, reuniões e oportunidades universitárias;
Divulgação de opiniões dos estudantes e embates que pudessem influenciar nossa convivência diária nos campi;
Alimentar o diálogo entre homens e mulheres e auxiliar a voz de minorias.
Pensei nisso porque essas eram as funções do Spotted que me inspirou (e ainda inspira, por todo o carinho e paz que reinam por lá), o da UNIRIO. Não era, como alguns gostam de teorizar e supor, causar discórdia, ódio entre alunos, animosidade ou desmoralizar certas pessoas. Até porque a maior parte das pessoas desmoralizadas eu nem mesmo conheço. E, reforço, não fiz mais do que o meu trabalho. Os denunciados que foram a público realmente foram responsáveis por suas atitudes.
Parte 2: a lista interna sem autor
Mais de um semestre depois do incidente com o estudante nervosinho do Direito, neste fim de período veio uma ideia à minha cabeça: existia um grupo de estudantes da UFOP que era fechado e secreto, onde a maior parte dos estudantes LGBT estavam cadastrados como membros e se auxiliavam das mais diversas maneiras. Um amigo me perguntava sobre onde seria possível morar, quais as melhores opções, se a homofobia era um fator. Como sempre acontece nessa época de matrículas, outras pessoas também me procuraram por conta do texto que fiz quando entrei na faculdade. Já tenho como costume sugerir alguns lugares e alertar sobre os riscos de batalhar em outros, mas não sabia de todas as possibilidades e, percebendo que algumas repúblicas estão se tornando mais tolerantes, achei que seria útil que essas repúblicas já pudessem aumentar a convivência com a comunidade LGBT da universidade. Por que não fazer uma lista? E assim a lista foi sugerida.
A lista era dividida em duas partes, a de lugares não recomendados (onde os LGBT provavelmente não seriam bem aceitos em festas e/ou não seriam aceitos como moradores, OU lugares onde já houveram relatos de assédio a mulheres) e a de lugares recomendados (onde já haviam moradores LGBT, onde havia intenção de passar a ter, ou mesmo onde esse grupo era bem recebido em festas e onde as mulheres do grupo se sentiam seguras). Ela começou com dois nomes de repúblicas negativas e dois nomes de repúblicas positivas, todos incluídos por mim por experiências próprias. O resto da lista, um trabalho colaborativo dentro do grupo, foi incrementada pelas sugestões dos membros, como sempre fora a intenção. Editei a postagem a cada novo comentário, retirando, trocando de lugar ou adicionando novos nomes. Em pouco tempo, as duas listas estavam extensas e compreendiam muitos lugares onde os LGBT seriam aceitos ou não. Um serviço de utilidade pública estava criado para calouros perdidos e até mesmo veteranos que estavam procurando por novas casas ou festas para frequentar.
No cair da noite, duas coisas aconteceram em sucessão: as edições na lista esfriaram e um membro do grupo enviou-a para o Spotted explicando sua função e exibindo a compilação para toda a comunidade acadêmica. Enquanto isso, outro membro do grupo tirou uma foto da postagem e enviou para alguns universitários. Um rapaz preocupado de uma das repúblicas listadas negativamente me procurou para esclarecimentos, acreditando que a lista havia sido criada inteiramente por mim. Tive que explicar a ele e a seu colega de casa sobre o engano, e inclusive coloquei-o em contato com quem havia sugerido que a república fosse para a lista. Comecei a me preocupar que aquela imagem com o meu nome encabeçando a lista estivesse se espalhando, e deixei claro na postagem do Spotted que só fiz o trabalho de compilação. Alguns entenderam. Outros, nem tanto. Daí já ganhei meu primeiro inimigo: o que dizia que EU havia feito a postagem no Spotted e depois havia me exposto para ganhar curtidas ou parabéns. Como os mais próximos bem sabem, a última coisa que eu busco é ser reconhecido por pessoas que nunca cumprimentei na faculdade. Onde eu puder fazer o trabalho anônimo, é o caminho que preferirei. Nota-se inclusive pela minha predisposição a administrar o Spotted.
Passado um dia, a discussão continuava acesa, muitas postagens no próprio Spotted se referiam à lista postada anteriormente, e recebi meu próximo inimigo: o que ameaçou toda a comunidade LGBT da cidade de agressão física por conta do tanto que essa comunidade passara a irritar. Chega a ser cômica tal postura. Uma lista feita pelos LGBT para os LGBT poderem se ajudar internamente passou a ser vista como um ataque declarado aos heterossexuais. O inimigo anuncia um GRUPO de pessoas dispostas a machucar como retaliação. Para colocar uma comunidade que ele via como “soltinha demais” em seu devido lugar. Aqui, no interior de Minas, isso significa dentro do armário, forçando heterossexualidade, devidamente casado mas que chifra com o mesmo sexo nas viagens a negócios. É assim que sempre foi em Ouro Preto e, indubitavelmente, alguns estudantes que ainda emulam seus pais acreditam que é para o que devemos voltar. Felizmente esse é um caminho sem volta, a que me disponho sacrificar para que possamos continuar a segui-lo.
Parte 3: a vingança do falso oprimido
Visto o descontrole de informações, fadiga mental e, francamente, medo que eu sentia, resolvi finalmente me aposentar da administração do Spotted. Foram 2 anos bem vividos, mas com muitas frustrações e mensagens descabidas. Eu estava cansado de ser acusado de parcialidade mesmo que tivesse que postar com careta algumas mensagens absurdas. Estava cansado de receber mensagens horríveis citando meu nome vindas de falsos amigos que sabiam da minha identidade e me odiavam secretamente (o terceiro inimigo). Já não dava conta de ter que fazer decisões morais de linhas tortas que muitas vezes acabavam em mais discussão e culpabilização da moderação, como se fôssemos diretamente responsáveis pelas coisas que os próprios estudantes pensavam e escreviam. Estava cansado de me sentir no meio da linha de fogo, e fiz uma despedida respeitosa e amável para aquele trabalho e para os que gostavam de acompanhar a página.
O estudante de Direito, no entanto, não estava terminado. Com a notícia de minha saída, nervoso durante todo o dia preparando sua ação, ele chegou em casa e me expôs como administrador na própria postagem de despedida, colando uma print screen que não só me identificava como o dono aquele tempo todo como também expunha um blefe que eu havia feito para afastar a ameaça aos LGBT, uma das atitudes mais mesquinhas e mal intencionadas que já tive o desprazer de presenciar. Eu havia dito que levaria os endereços IP das mensagens ameaçadoras à delegacia, mas sem poder coletar IPs. E o estudante pegou exatamente essa parte da nossa conversa para me expor, abrindo o caminho, portanto, para os possíveis agressores de atuar sem medo. Se existe algo de vil e frio feito em toda essa história, acho que essa atitude ganha o prêmio.
Acreditando estar correto em suas atitudes e opiniões a meu respeito, o estudante de Direito teceu textos onde se punha realmente como um salvador dos falsamente acusados (mesmo que ele fosse o único) e me pintou como um terrível vilão destruidor de vidas. Era tão óbvia a falsa moral de sua narrativa que a atenção foi pequena. Ainda assim, a maior parte das pessoas acabou sabendo que era eu por trás da página, e obviamente isso causaria uma reação.
Com a exposição, chegamos ao meu último inimigo.
Parte 4: joguem-no na fogueira!
Eu nunca fui uma pessoa calada na internet. Já discuti com amigos de amigos, com os próprios contatos do Facebook, em comentários do G1 a notícias publicadas em páginas como o “Orgulho de Ser Hetero”. Já conversei sem medo e com paciência com todo tipo de pessoa conservadora ou que ia contra as minhas propostas. Não finjo que ganho todas as discussões, mas pelo menos sempre acreditei que fiz minha parte. E sempre gostei disso sobre mim. Disso, sempre tive orgulho. E, independentemente de ser ou não dono do Spotted, todos os inúmeros comentários que fiz sobre diversos assuntos ali naquela página teriam sido feitos da mesma forma, porque não consigo engolir opiniões mal formadas ou sem empatia. Assim sendo, é natural que já tivesse conquistado a antipatia de alguns. Felizmente a maior parte, por não ter contra-argumento, se bastava em dizer que meus comentários eram retardados, ou irritantes, ou incoerentes. Por saber que nenhum dos três eram verdade, nunca me incomodei.
Quando descobriram que eu era o dono do Spotted, no entanto, a coisa mudou um pouco de figura. Alguns passaram a me ver verdadeiramente como alguém que buscou causar o mal, ou terminar relacionamentos, expor pessoas, denunciar sem provas. Acharam que essa era uma intenção real que eu tinha ao moderar a página com os colegas que recrutei. Acharam que nós postávamos somente aquilo que queríamos para tentar maquiar a percepção da opinião coletiva universitária. Como se eu fosse um canal Globo. Bom, para tranquilidade da nação (e da minha própria consciência), se tem um esforço que eu realmente fiz durante todo esse tempo foi de ser o mais imparcial possível. Como falei acima, até fazendo careta eu postava quando ninguém era ofendido. Fato é que muitas vezes me acusavam de parcialidade porque um certo espectro não conseguia evitar ofender para se expressar. E essas postagens eram cortadas.
Com essa nova percepção sobre que tipo de pessoa eu seria, um pessoal começou a me antagonizar de verdade. Rumores péssimos e que acabaram com o meu dia (felizmente o dia passou e eu já relevei), incitações de violência, ofensas gratuitas… Coisas que eu infelizmente até suspeito terem vindo de alguns LGBT – sei que não agrado a todos. Não sou alinhado a todos. Nunca serei. Faz parte. Get over it…
Parte 5: desfecho?
Decidi parar. Desistir. Quando percebi que o próprio lado a que mais tentei fazer bem esse tempo todo não me oferecia mais apoio (e sim críticas), quando percebi que potencialmente esse mesmo lado estava ajudando a deturpar minha imagem e intenções, quando percebi que todas as atitudes foram vistas como negativas e desnecessárias, eu verdadeiramente desisti. Não quero mais fazer parte da militância de movimento nenhum e nem me expor a ter opiniões que ajudem os outros, não quero mais me machucar e não quero mais a cabeça doendo. Eu ainda respeito imensamente os grandes nomes que fizeram a diferença para os LGBT até hoje e respeitarei eternamente aqueles que morreram e se esconderam para que chegássemos à situação que estamos hoje, mas não sinto mais dívida para com estes que passaram e menos ainda com os que aqui estão. Não concordo com o rumo e nem com a posição do movimento LGBT, ou mesmo de várias discussões feministas, então pretendo me abster inteiramente – salvo quando me pegarem falando disso ou daquilo presencialmente.
O Facebook está desativado – pretendo que definitivamente, e pretendo assim seguir – e o Spotted foi delegado a outro moderador. Minhas discussões nesse blog – se alguma vier – serão amplas ou, se exclusivas ao grupo LGBT, destacadas da militância, não darei mais voz nem preferência e nem apoio ao movimento feminista, me concentrando somente em fazer a minha parte sendo uma boa pessoa.
E fica assim.
E para todos esses inimigos que colecionei, uma mensagem final: todo aquele que me destrata está perdendo a oportunidade de algo bom na própria vida. Porque incansavelmente, lutando ou não, sempre farei e agirei pelo bem. Na faculdade, na família, entre amigos ou no trabalho. E todo e qualquer ódio que me for dirigido será tratado com o mesmo sentimento que eu tenho ao evitar olhares no REMOP ao almoçar: desprezo absoluto.
Carros elétricos e híbridos têm sido vendidos nos EUA há quase dez anos e os modelos se proliferam. Se o mais comum de se ver em 2008 eram Toyota Prius nas estradas americanas, hoje a variedade (e as fatias das marcas) já é bem maior. Isso sem contar o grande sucesso que a novata Tesla Motors tem feito na gringa. O problema é que aqui no Brasil os preços seriam inviáveis. O Renault Zoe, por exemplo, é vendido na França por nada menos do que € 21.000 (R$ 92.600). Com os preços brasileiros, esse valor seria ainda maior. Aí você pode se perguntar, “Tá, mas isso não é tão caro assim. Por que não oferecer?” Bom, realmente poderia ser vendido. Mas o Brasil não tem nenhum incentivo aos carros elétricos (o governo prefere incentivar o uso do etanol em carros flex e da conversão para uso do gás natural, que te dá uma isenção daquelas no IPVA, por exemplo) e com essa grana você poderia comprar um carro flex ou movido a gasolina de luxo. O Renault Zoe é um compacto nível Gol. Compensa? Só se você gostar muito de não poluir. 80 Zoes foram vendidos no Brasil por enquanto, mas não há nem tabela de preços.
Renault Zoe
Além do problema do preço, temos a questão das alternativas. Você pode comprar o compacto elétrico da Chevrolet, por exemplo, o Chevy Spark EV, por US$ 25.900 (R$ 105.000) nos EUA. Mas aqui no Brasil, por R$ 105.000 você compra um Mini Cooper do ano novinho. Tudo bem que para os gringos, o Mini Cooper não é nada de mais, mas para o nosso mercado ele é tido como um carro de luxo. E eu não sei você, mas entre um e outro eu ainda iria pelo Mini Cooper. Sem contar que esses R$ 105.000 são o valor convertido. Sabemos que os preços no Brasil escalam bastante quando um carro chega aqui. Para isso você pode estimar que o Chevy Spark poderia chegar a preços de até R$ 200.000 no mercado brasileiro. Comprar um Mini Cooper e convertê-lo para gás natural, que também é uma alternativa que quase não polui e sai muito mais barato, com certeza parece muito mais agradável para qualquer consumidor do que comprar o carro elétrico.
Chevrolet Spark
Não há como dizer se isso é intencional por parte das fabricantes ou do governo. Eu tendo a acreditar que não. Nossos governos podem gostar bastante de gasolina, mas isso não é o suficiente para impedir ativamente que novos carros e formas de abastecimento cheguem a um país. É porque realmente não vale a pena para o consumidor. E as poucas pessoas com capacidade de comprar um carro elétrico por aqui, um nicho pequeno de pessoas que realmente são adeptas a este tipo de carro, poderiam consegui-lo importando, afinal nosso governo zerou os impostos para importação de carros elétricos (um grande indicativo de que querem, sim, que eles comecem a competir por nossas ruas e carteiras).
Resta, afinal, a dúvida: há um futuro Brasil com carros elétricos na rua? Creio que sim, e talvez não demore tanto. Mas a tecnologia vai ter que ficar mais barata primeiro, para competir com os outros modelos e modalidades. Aliás, esse é um empecilho que até mesmo lá fora impede que tantos carros elétricos sejam vistos pelas estradas. Por enquanto, o jeito vai ser ver um Tesla nas fotos da internet, mesmo. Ou visitar os EUA.
Os carros elétricos ou híbridos que você pode comprar no Brasil se tiver muita vontade (mesmo):
Já reparou que às vezes, dependendo do horário do dia, sua internet começa a ficar mais lenta ou simplesmente cai e leva umas duas horas para voltar? Percebeu que tem alguns aplicativos no seu celular que carregam as coisas mais rápido do que outros? Tem uma janela diária onde sua internet simplesmente deixa de funcionar, bem naqueles horários que provavelmente pouca gente está usando (ou seja, a lógica deveria ser ela ficar melhor)? Isso tem um nome: traffic shaping, ou para nós tupiniquins, modulação de tráfego.
A lógica é simples: se uma avenida está muito congestionada e você é um controlador de semáforos, basta fechar os sinais das vias que alimentam a avenida por mais tempo do que o comum. Os carros vão fluir e você pode abrir o sinal de novo para mais gente entrar. Aos poucos, todo mundo passa. Mas não deveria ser rápido pra todo mundo? Por que não ampliar a avenida? Fica caro. Mas não é função da cidade prover aos seus moradores de forma adequada? É. Mas o que eles fazem? Fecham os sinais por mais tempo. O traffic shaping não fica longe disso. É bem a mesma coisa, na verdade.
Grandes casos comuns da internet brasileira a que todos estamos acostumados. Mas hoje as coisas estão ficando mais inteligentes e sorrateiras, e algumas empresas começaram a diminuir a velocidade de determinados aplicativos fechando vias específicas. Foi o caso do WhatsApp sendo bloqueado tão facilmente pelas operadoras. E é o caso atual, que está chegando ao conhecimento geral, da GVT, que reduz a velocidade de acesso a alguns aplicativos que demandam muita banda, como o Snapchat.
Ok, entendi o que é Traffic Shaping. Mas o que posso fazer sobre isso?
Se você perceber que sua internet está abaixo da velocidade contratada (use o SpeedTest para descobrir, é bem fácil), que ela cai ou fica mais lenta em determinadas horas do dia religiosamente, que alguns aplicativos estão mais lentos do que deveriam ser, ou mesmo que tenham janelas de uso (como aconteceu comigo usando a NET Virtua no Maranhão), é hora de ligar reclamando. E é reclamar de quebrar o pau. Não adianta discutir. Vão te dizer que estão tendo manutenções, vão te dizer que sua rede está comprometida, vão te dizer que é normal porque a infraestrutura está passando por melhoras, eles têm infinitas desculpas. Mas se, a qualquer momento, você disser “Então vou para outra provedora se cair de novo, ok?” o milagre acontece: tudo melhora por um certo tempo.
Mas gente, é por certo tempo mesmo. Todas as suas reclamações vão funcionar se forem enfáticas porque essas desculpas são mentira. Eles estão limitando sua banda para poder vender mais acessos sem ampliar a infraestrutura. Estão limitando sua banda para fornecer mais àqueles que têm velocidades superiores à sua. É só isso. Capacidade de fornecer (e de melhorar a porcaria da rede deles com os lucros exorbitantes que ganham sendo das empresas mais caras do mundo de internet) eles têm.
O lance é não esquecer. Porque se a gente esquecer desse assunto, vai acontecer com você de novo. Em uns três, seis meses, tudo vai começar a ficar ruim outra vez porque acham que cliente é bobo, ou que não percebe. E o perigo está aí: realmente a maior parte das pessoas usa pouco a internet e não percebe, ou não se importa com os empecilhos eventuais.
Reclamem sempre (recomendo o ReclameAqui e, principalmente, ligar para a provedora que você usa) e peçam suas velocidades reais, assim a pressão em cima deles vai aumentar e essa prática (ilegal, por sinal) do traffic shaping pode vir a ficar menos comum entre as empresas brasileiras. Por enquanto é o hobby preferido delas.