A nova inovação é neutralizar o celular – e “desmudar” o mundo!

No final do semestre passado, no saguão branco e reluzente do Madison Square Garden, atendentes uniformizados foram designados a checkpoints de segurança para tornar milhares de smartphones inúteis. Chris Rock estava fazendo seu 10º show em uma turnê internacional de 12 cidades, e a cada parada, cada convidado era obrigado a passar pela entrada, confirmar que seu celular estava em vibracall ou silencioso, e então entregá-lo a um segurança que o colocava em uma bolsa cinza inviolável de neopreno — fazendo com que o aparelho ficasse totalmente inacessível. O homem de terno à minha frente na fila, claramente vindo direto do trabalho, tinha dois celulares, cada um dos quais precisou de sua própria bolsinha. O garoto atrás de mim lamentou que não poderia transmitir sua noite no Snapchat. A amiga que eu tinha vindo encontrar não estava em lugar nenhum, e depois de colocar meu celular na bolsa, não podia mandar mensagem para perguntar onde ela estava. Finalmente a encontrei perto da escada rolante. “Isso foi estranhamente assustador,” ela disse, rindo.

Com celular… // Créditos: NBC News

O show começaria em 45 minutos. Ainda haviam assentos para encontrar, visitas ao banheiro para fazer, garrafas de água para comprar. E por todo o saguão, as mãos por todo lado estavam inquietas. Era como se todos os 5.500 de nós tivéssemos sido reduzidos, pela simples e repentina desativação dos nossos celulares, em uma sala cheia de viciados sem sua droga.

Passávamos manteiga de cacau sem necessidade, rasgávamos nossos lencinhos, estalávamos os dedos. Os realmente desesperados poderiam se aliviar em uma “zona do telefone” com divisória do lado de fora do auditório, onde um funcionário destravaria a bolsa enquanto você ficasse no local do tamanho de um banheiro. “Preciso avisar à minha esposa que não tem sinal aqui,” disse um homem a seu amigo antes de entrar. Uma mulher passou rindo: “É como uma área de fumantes! Olha para todos esses viciados.” Enquanto isso, os que resistiam à tentação de usar seus aparelhos 5 minutos após terem guardado, reclamavam que não sabiam a hora.

…e sem celular. // Créditos: Yondr

Yondr, uma empresa de São Francisco com 17 empregados e sem investimento de capital de risco, foi responsável pela restrição aos celulares. Suas pequenas bolsas de tecido, que fecham com um cadeado patenteado que só pode ser aberto com um dispositivo da própria Yondr, têm sido usadas em shows de Alicia Keys, Childish Gambino e Guns N’ Roses, e em apresentações de comediantes como Rock, Dave Chappelle e Ali Wong, que não querem seus materiais vazados no YouTube ou seus públicos distraídos pelo Instagram. São usadas em hospitais e centros de reabilitação para reforçar a conformidade com as leis de privacidade na saúde, em centrais de atendimento para proteger informações sigilosas de clientes, em igrejas para focar a atenção no Todo-poderoso, e em cortes para evitar a intimidação de testemunhas. São usadas em mais de 600 escolas públicas dos EUA para forçar as crianças, enfim, a olhar para o quadro, e não para as telas. O engenhoso e descomplicado pedaço de pano só tem uma função: limitar o uso de smartphones onde as pessoas no comando não o quiserem, o que é ótimo se significa que artistas podem se expressar livremente ou que nós podemos ir ao médico sem medo de estar sendo gravados. Mas quando significa sufocar a expressão em lugares onde smartphones se tornam cada vez mais a nossa melhor chance de documentar abusos, crimes crônicos, e contar ao mundo o que vemos, o objeto toma uma dimensão diferente, e mais obscura. “O smartphone é muitas coisas,” diz Jay Stanley, analista de políticas sênior da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU). “Uma forma de invasão da privacidade” — algo do qual precisamos nos proteger — “mas também um instrumento da liberdade de expressão.”

Conheci Graham Dugoni, fundador do Yondr, enquanto tomávamos alguns drinks em Williamsburg, Brooklyn. Ele estaria em Nova York por dois dias, encontrando-se com vendedores, clientes e parceiros de negócios para discutir como e por que deveriam usar o Yondr. “Todo mundo entende muito intuitivamente,” diz ele. “Nossa dependência dos celulares não é tão intelectual. É muito mais uma coisa corporal, então sempre esteve claro para mim que qualquer solução que houvesse para este problema deveria ser, por si mesma, física e tangível.”

Créditos: Veloxity.us

Este problema. É um que todos temos. Checar o Instagram 897 vezes por dia. Atualizar o Twitter e nem ler o que aparece. Sentir nossos telefones vibrando, imaginando que um estranho bacana veio nos oferecer o emprego dos sonhos, e depois nos odiarmos por sermos tão ingênuos. “Se você usa um dispositivo o tempo todo, ele vai afetar seu sistema nervoso e afetar seus padrões de pensamento e interação social. É somente uma checagem de impulsos que precisamos, eu acho,” diz Dugoni. Ele vê isso como uma época nova e desajeitada da humanidade onde podemos todos precisar de um pouco de ajuda para sermos nossa melhor versão. “Em nossa sociedade moderna atomizada e hiperconectada,” diz ele, “entrar em um espaço livre de celulares fornece a fundação da atenção continuada, diálogo e liberdade de expressão.”

Dugoni, que tem 31 anos e projeta a confiança física de um atleta de esportes radicais, tem um celular flip e afirma que não lê as notícias. “Eu sou muito seletivo quanto às coisas que recebo,” ele me conta. “Tenho um palpite de que a raça humana não esteja preparada para os estímulos visuais e auditivos atuais.” E desde a fundação do Yondr em 2014, ele considerou sua responsabilidade tentar nos trazer de volta a um tempo onde os celulares não eram tudo e em todo lugar. Ele quer que des-mudemos o mundo. “Vejo isso como um movimento,” diz ele. “De verdade.”

Dugoni cresceu em Portland, Oregon, estudou Ciência Política na Universidade Duke, e jogou futebol profissional na Noruega até que um ferimento o forçou a sair do campo direto para as finanças. Aos 24, ele se mudou para Atlanta, onde trabalhou infeliz para uma firma de investimento médio, e pela primeira vez na sua vida passava 8 horas por dia em frente a uma mesa. Posteriormente, Dugoni se mudou para a Bay Area e passou alguns meses trabalhando em várias startups, mas também odiava isso. Em 2012, em um festival de música em São Francisco, ele testemunhou dois estranhos filmando um bêbado dançando sem se importar; eles então postaram o vídeo no YouTube. Chocado, Dugoni começou a pensar sobre como poderia ter prevenido esses estranhos de fazer de um momento particular de alguém um espetáculo público. Uma ferramenta, talvez, para criar um espaço livre de telefones.

Ele passou o próximo ano e meio pesquisando opções, lendo sobre sociologia, fenomenologia e filosofia da tecnologia. E em 2014, depois de fazer experimentos com diferentes conceitos, incluindo um escaninho que guardaria celulares individualmente, ele se decidiu por uma bolsa que deixaria as pessoas guardarem seus celulares sem poder usá-los. Pelos próximos seis meses, ele passou noites avaliando materiais do Alibaba, o conglomerado de e-comércio, e falando no telefone com fornecedores chineses de tecidos e plásticos. Ele então ficava na mesa de sua cozinha até a alta madrugada criando pequenas luvas parecidas com mangas de capa de chuva e colocando celulares dentro delas. Depois de 10 protótipos, ele criou uma versão que trancava e destrancava facilmente. Ele tinha esse produto, e juntou US$ 100.000 (R$ 320.000) com ajuda da família, amigos, investidores-anjo e sua própria poupança para fabricar e comercializar a bolsa.

Graham Dugoni passou por 10 protótipos antes de aperfeiçoar o encaixe e funcionalidade do Yondr. Foto: Maria Lokke

Desde o começo, produtores de shows entenderam o atrativo da bolsa, e canais de entretenimento se tornaram os primeiros clientes do Yondr. Isso mudou em 2016, quando Joseph Evers, administrador da corte do condado da Filadélfia, foi assistir uma apresentação de comédia no Cassino Valley Forge. Quando o segurança pediu por seu celular, colocou-o dentro de uma bolsa e a trancou, Evers percebeu que poderia solucionar um grande problema nos julgamentos. Naquele tempo, ele estava tendo dificuldades com intimidações a testemunhas: as pessoas estavam indo a audiências e postando fotos dos procedimentos nas redes sociais. “Já tentamos coletar os celulares, mas era um pesadelo,” ele me conta. “Levava tempo demais, e aconteciam muitos danos [aos aparelhos] pelos quais tínhamos que pagar.” O Yondr parecia ser a solução óbvia. Alguns dias depois, ele entrou em contato com a empresa, e um funcionário atravessou o país com algumas amostras. Evers os apresentou ao conselho administrativo das cortes da Filadélfia, e todos concordaram imediatamente e unanimemente. Agora, em um dia qualquer, cerca de 2.000 bolsas Yondr são usadas nas cortes da Filadélfia.

No início, segundo Evers, havia preocupação de que as pessoas iriam estranhar o processo, mas não foi o caso. “Não tem muito drama,” diz ele. “As pessoas entram na fila e fazem o que têmq ue fazer.” Evers diz que a corte tem visto uma “mudança dramática” no número de reclamções de postagens nas redes sociais identificando testemunhas e oficiais infiltrados. “A procuradoria e a polícia são os que mais saem ganhando,” diz ele. Renunciar ao telefone “é um pequeno preço a pagar pela segurança.”

Michael Richards, comediante conhecido por Seinfeld. Créditos: Biography.com

Adam Schwartz não tem tanta certeza. Advogado dos funcionários na Electronic Frontier Foundation, uma ONG baseada em São Francisco devotada a defender as liberdades civis no mundo digital, Schwartz me escreveu por e-mail que a organização está “preocupada com tecnologias que incapacitam, mesmo que temporariamente, todas as coisas benéficas que uma pessoa pode fazer com o smartphone.” Quando liguei para pedir que ele elaborasse, ele citou um vídeo, feito por um estudante da Carolina do Sul em 2015, mostrando um oficial da polícia jogando o corpo contra uma estudante negra do sexo feminino por perturbar a paz da aula. Ele me lembrou da gravação cheia de codinomes do comediante Michael Richards em 2006 que levaram ao debate sobre o uso de insultos raciais na comédia. Ele também falou da preocupação de que seus próprios filhos adolescentes deveriam ter acesso aos celulares para ligar 190 caso um atirador aparecesse na escola.

A tecnologia inverteu as estruturas tradicionais de poder com agilidade sem precedentes, e o controle de quase qualquer situação está gradualmente indo para as mãos (literalmente) daquele que está gravando. Nossos telefones nos tornaram em ciborges socialmente conectados, aumentando o significado da visão, da fala e da audição; tirando nossa habilidade de usar esses dispositivos, podemos estar comprometendo algo que não só está se tornando essencial para nós, mas sobre nós. “Há dez anos, muitas poucas pessoas andaram por aí com uma câmera ou gravadora, e poderia-se dizer facilmente que o Yondr está meramente restaurando o status quo,” diz Schwartz. “Mas a questão é, estamos melhores hoje, agora que qualquer um pode registrar maus feitos instantaneamente?”

Movimento Black Lives Matter.

Apesar de toda a reclamação que fazemos como indivíduos — sobre companhias rudes para o jantar que olham o celular a cada mordida, ou nossa própria inabilidade de sentar com calma e ler romances sem ficar impacientes — quase ninguém disputaria que smartphones ajudaram a catalisar alguns dos movimentos sociais mais importantes dos últimos anos. Black Lives Matter, Occupy Wall Street, a luta contra o assédio sexual em campi universitários: todos foram facilitados, ao menos parcialmente, pelas gravações capturadas e distribuídas via smartphones e redes sociais. Já vimos tentativas de impedir esta nova expressão democratizada, e são frequentemente desafiadas legalmente — depois que manifestantes alegaram que departamentos da polícia estavam usando bloqueadores de sinal para interceptar transmissões de seus celulares, a Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos EUA lançaram um comunicado em 2014 chamando a prática de ilegal, exceto se autorizada especialmente por agentes federais. O Yondr é uma empresa privada, não o Estado, e ninguém abriu uma ação contra a empresa ou seus clientes. Mas Gene Policinski, Diretor de Operações do Newseum Institute e do Institute’s First Ammendment Center, acha que a tecnologia que desativa smartphones será “litigada de novo e de novo.” Dispositivos que restringem o uso de aparelhos como o as bolsas Yondr parecem inócuos, diz ele, “mas representam algo que poderia se tornar potencialmente perigoso.” Por meio de uma hipotética: e se os cidadãos precisassem colocar seus celulares em bolsas Yondr ou algo como elas antes de ir a uma reunião pública do conselho municipal? Isso poderia ser feito em nome da segurança, é claro, mas com um efeito potencial de silenciamento enorme.

E que se esqueça hipotéticas; até mesmo nos tipos de situações para que as bolsas Yondr foram pensadas originalmente, as aplicações potenciais são problemáticas. E se houvessem bolsas Yondr na apresentação de Hannibal Buress, quando ele contou uma piada amplamente creditada por dar início à atrasada derrubada de Bill Cosby? E o que interpretar do fato de que, após sete meses da piada sobre Cosby, Buress pulou de cabeça na ideia do Yondr e começou a impedir sua plateia de gravar suas apresentações?

Jay Stanley, da ACLU, compreende a simplicidade e a elegância do método do Yondr, mas preocupa-se que essa própria simplicidade — a escorregada sem fricção do celular para dentro da bolsa, a velocidade aparente da bolsa — poderia levar alguém a acreditar que não estão realmente abrindo mão de nada. Dugoni reconhece as preocupações: “O equilíbrio entre privacidade e transparência não é simples, e a vigilância e habilidade de gravar outras pessoas na esfera pública criam um dilema unicamente moderno.”

Ainda assim, ele acha que ganhamos mais do que perdemos ao restringir o uso de celulares: “Qual é a etiqueta dos smartphones?”, ele pergunta. “Você costumava poder fumar em um avião, e agora não pode fumar nem na rua, dependendo do lugar.” Dugoni acredita que a legislação restringente de celulares em certos locais públicos também é inevitável. “Já existem bares livre de telefones,” diz ele, referindo-se a estabelecimentos que bloqueiam o sinal de celular para encorajar a sociabilidade. “E vamos ter que determinar onde celulares podem ser usados ao responder uma questão radicalmente nova: o que significa ser humano em um mundo com um smartphone no bolso?”

Ao fim da apresentação de Chris Rock, fomos todos direcionados para fora do local. Seguranças estavam próximos à saída para abrir as bolsas. Reunidos a nossos telefones, apertávamos a tela desesperadamente, enquanto nos esbarrávamos e rolávamos os olhos. Eu recebi alguns e-mails do trabalho, mas nada urgente. Meu amigo havia mandado uma mensagem, perguntando quando eu chegaria em casa. Só algumas horas haviam se passado. Mas pareciam ter sido 10.

Texto escrito por Alice Gregory e traduzido do site WIRED.

O Quênia vai pagar uma mesada aos seus cidadãos

Resumo:

A caridade GiveDirectly deu início ao maior experimento de renda básica universal do mundo no Quênia. Cerca de 6.000 pessoas receberão um pagamento incondicional pelos próximos doze anos.

GiveDirectly, uma caridade que tem financiado transferências monetárias diretas a vilas pobres do leste africano desde 2008, anunciou recentemente que lançou oficialmente o maior experimento de renda básica universal (RBU) da história.

A começar em 13 de novembro, 40 vilas (cerca de 6.000 pessoas) receberão por volta de US$ 22,50 (R$ 75), sem restrições ou condições, por 12 anos. Ao mesmo tempo, outras 80 vilas receberão a mesma quantidade por somente dois anos, mais 80 receberão a soma total do período de dois anos, e 100 vilas não receberão nada.

O estudo vai produzir os dados mais compreensivos até hoje sobre o que acontece quando as pessoas recebem dinheiro em troca de nada. Ajudará a responder perguntas como: as pessoas param de trabalhar? Abrem negócios? Têm mais predisposição a gastar com drogas e álcool — ou talvez com educação?

O estudo também coletará dados de toda a comunidade para saber se a segurança financeira adicional reduz aspectos negativos da pobreza, como violência e roubos.

Créditos: SuSanA Secretariat / Flickr

“Os últimos 19 meses desde que anunciamos nossos planos de testar o RBU foram notáveis,” diz o CFO da GiveDirectly, Joe Huston, ao blog da organização. “O debate acerca da renda básica continua a ferver, dos céticos que a chamam de ‘ato sem sentido de auto-sabotagem preemptiva’ aos otimistas que a chamam de ‘o que direitos políticos e civis foram no séc. XX, só que no contexto do séc. XXI.'”

A renda básica é algo tão novo que pesquisadores ainda precisam coletar bons dados sobre o sistema no mundo desenvolvido. Outros experimentos surgiram para preencher essa lacuna.

Em Oakland, Califórnia, a encubadora de startups Y Combinator finalizou um estudo piloto no qual várias pessoas receberam de US$ 1000 a US$ 2000 (R$ 3265 a R$ 6530) por mês. A Y Combinator está se preparando para lançar um teste maior em dois estados em algum momento de 2018.

“Agora é hora de fazermos nosso trabalho, esperar e aprender,” escreve Huston. “Esperamos ter a primeira rodada de resultados em um ou dois anos, e depois será mais de uma década de aprendizado a ser seguido enquanto observamos essas comunidades.”

Texto traduzido do site Futurism.

Comentário do tradutor: a RBU não é muito discutida no Brasil apesar de ser um tópico recorrente entre grandes presidentes de empresas de tecnologia, políticos europeus e estudiosos em todos os cantos do mundo.

Para quem não está familiarizado com o assunto, a Renda Básica Universal é uma proposta de que, para sanar as maiores dificuldades e problemas da dificuldade em diferentes sociedades, haja um valor básico distribuído em igualdade para todas as pessoas de um país ou região.

A proposta é parecida com o que se foi feito no Brasil com o Bolsa Família, com o diferencial de que o valor é mais significativo e entregue a todos, independentemente da classe social.

Atualmente, nossas conversas no país têm sido mais ideológicas e nos afastamos um pouco do debate econômico e das possibilidades de solução para a desigualdade social gritante no país. Algumas faixas mais histéricas da sociedade estão confundindo o comunismo com o socialismo, os programas sociais com Cuba, etc. etc. Por isso talvez a RBU não tenha sido tópico de discussão aqui com tanta intensidade.

Trago, no entanto, o assunto à tona por ter vontade de entender quais seriam as opiniões de brasileiros. A inflação explodiria? O Estado seria capaz de bancar o investimento? A taxação sobre diferentes classes deveria mudar para possibilitar tal proposta?