Nosso cérebro produz uma substância chamada dopamina, um neurotransmissor, ou seja, algo que ajuda a fazer as ligações entre os neurônios no nosso cérebro. Ela é conhecida pela sensação de bem estar, calma… Enfim, é uma das substâncias mais importantes para nosso sentimento de “recompensa”. Quando você termina um trabalho custoso, mas que vai te trazer bons resultados, e você se sente satisfeito(a) consigo mesmo(a), seu cérebro fica cheio de dopamina.
A nicotina é algo que a gente não produz, mas consome. Não só com os cigarros, mas eles são o maior fornecedor dessa substância. E, convenientemente, a nicotina tem um efeito parecido com a dopamina.
Então, o que acontece quando a gente fuma? Nosso cérebro já produz dopamina normalmente, mas quando você traga um cigarro, além dela vem a nicotina para fazer as mesmas ligações. Quando alguém começa a fumar, isso é ótimo, porque além da nicotina entrar no cérebro, também liberamos mais dopamina por estarmos satisfeitos de saber que o cigarro vai trazer mais satisfação. Dopamina extra + nicotina? Beleza!
Com o tempo, o cérebro entende que, como tem a nicotina fazendo o trabalho, ele não precisa mais produzir tanta dopamina. Os níveis vão caindo, e a satisfação de fumar também diminui. Precisamos fumar mais e mais pra nicotina cobrir o buraco que está se formando com a falta de dopamina. Sem o cigarro, ficamos irritadiços, de mau humor, desmotivados.
Daí, o vício.
Por isso é também tão difícil de largar. Já conheceu alguém que está começando a parar de fumar? É uma pessoa sem paciência, irritada, nervosa e com vontade de recair a qualquer momento. As primeiras semanas são terríveis.
Mas ainda bem que somos um animal que se adapta muito fácil, e com mais de um mês, os níveis de produção de dopamina vão voltando ao normal e o cérebro começa a se reprogramar. Com um ano, para a maior parte dos ex-fumantes, o cigarro se torna apenas uma lembrança.
Mas, como muitos vícios, a vontadezinha sempre vai estar lá. É necessário disciplina para se manter longe da droga, e você sempre vai se lembrar da sensação gostosa que ela te conferia.
O ideal é nunca começar, porque isso sempre vai deixar uma marca na sua vida. E olha que o tabaco é dos mais “tranquilos”. Basta perguntar para um ex-usuário do crack ou da heroína o que ele(a) precisa aguentar todo dia. As ideias, pensamentos e vontades. É foda, com o perdão da palavra.
Um novo estudo que monitorou a atividade cerebral de crianças sugere que a ansiedade social seja relacionada à preocupação de errar. A pesquisa, publicada na revista da American Academy of Child & Adolescent Psychiatry (Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente), fornece um maior entendimento nos mecanismos neurológicos que atuam sob os sintomas da ansiedade social.
“Estou interessado em entender melhor a ansiedade social e como ela se desenvolve por vários motivos,” diz o autor George Buzzell, da Universidade de Maryland.
“Antes de qualquer coisa, a ansiedade social é um distúrbio debilitante que afeta muitos indivíduos, e precisamos entender melhor esse distúrbio se quisermos ajudar essas pessoas. Eu mesmo lutei contra a ansiedade social por quase duas décadas, e sinto que tive grande sucesso em superá-la; quero entender melhor o distúrbio para que possa ajudar outras pessoas a encontrarem a ajuda que preciso e superá-la também.”
O estudo examinou 107 crianças de 12 anos que deram sinais de um temperamento do início da infância conhecido como inibição comportamental quando eram mais novas. Os pesquisadores usaram um eletroencefalograma para monitorar a atividade elétrica cerebral das crianças enquanto elas faziam um teste psicológico que mede a habilidade do participante de focar em informações enquanto bloqueiam certas distrações.
As crianças completaram o teste, conhecido como tarefa do desistente (flanker test), duas vezes. Uma vez depois de serem informados de que estavam sendo observados, e outra depois de serem informados de que ficariam sozinhos.
Observando os tempos de resposta após errar e um padrão particular de atividade cerebral conhecido como “Negatividade Relacionada ao Erro”, Buzzell e seus colegas puderam observar que a ansiedade social e a inibição comportamental são ligadas a uma hipersensibilidade ao erro em situações onde se é observado.
“Um dos mecanismos através dos quais a ansiedade social se manifesta é o foco excessivo na autoimagem e nos erros perceptíveis em situações sociais. Para indivíduos com ansiedade social, esse foco excessivo nos erros perceptíveis distrai/detrai o indivíduo da interação social em andamento,” diz Buzzell.
Mas o estudo tem algumas limitações.
“Primeiro que, embora sejamos capazes de avaliar o temperamento de uma criança no início da vida antes do desenvolvimento de sintomas da ansiedade social na adolescência, outras medidas neurocomportamentais foram avaliadas quando os adolescentes já mostravam sinais de ansiedade social,” explica Buzzell. “Uma abordagem melhor seria de também avaliar as medidas neurocomportamentais antes do surgimento de sintomas da ansiedade social para que realmente identificássemos um mecanismo que dá origem a ela.
“A segunda maior limitação é a de que nossa medida de “preocupação com o erro” é baseada somente em tempos de reação, e é uma medida bem crua; atualmente, estamos empregando análises mais sofisticadas para capturar de forma melhor toda a série de processos neurais que antecedem e resultam dos erros; esperamos publicar os resultados dessas novas análises em breve.
“Embora eu seja o que está falando agora, esse foi realmente um esforço em conjunto, envolvendo muitas pessoas brilhantes (que estão listadas como autores no manuscrito). Fico muito grato a todos os meus coautores pelos seus trabalhos nesse projeto com o passar dos anos e suas sugestões, especialmente o investigador principal deste projeto, Dr. Nathan A. Fox,” Buzzell adiciona.
“Além disso, todos nós estamos extremamente gratos a todas as famílias que participaram nessa pesquisa, já que ela não teria sido possível sem a participação e comprometimento delas. Também estamos muito gratos ao financiamento generoso que o projeto recebeu com o passar dos anos.
Cientistas alegam que o mapeamento cerebral poderia ser uma ferramenta vital na prevenção contra o suicídio, graças a uma nova pesquisa que sugere que o aprendizado de máquinas poderia identificar aqueles em risco de tirar a própria vida.
Quase 800.000 pessoas morrem por suicídio a cada ano, e a não ser que avisem antes aos amigos, família ou a um terapeuta, essas mortes são muito difíceis de se prever – embora pesquisadores digam que sinais biológicos existem, submersos nos padrões ocultos da atividade cerebral.
“Nosso último trabalho é único no sentido de que identifica alterações conceituais que estão associadas à ideia do suicídio e ao comportamento,” explica o psicólogo Marcel Just, da Universidade Carnegie Mellon.
“Isso nos abre uma janela para o cérebro e para a mente, iluminando a forma como indivíduos suicidas pensam no suicídio e nos conceitos relacionados às suas emoções.”
Em pesquisas anteriores, Just e sua equipe usaram modelos computacionais para mapear como o cérebro processa pensamentos complexos, sejam estes coisas como conceitos científicos ou combinações embaralhadas de ideias que representam a ação humana.
Agora, os pesquisadores usaram as mesmas técnicas para tentar isolar como as tendências suicidas podem se parecer na atividade elétrica do cérebro, procurando por assinaturas neurais que indicam respostas emocionais como tristeza, vergonha, raiva e orgulho.
Os pesquisadores recrutaram 34 jovens – 17 pacientes com tendências suicidas (com cerca de metade já tendo tentado se matar anteriormente) com 17 pessoas neurotípicas – e fez os participantes passaram pelo mapeamento cerebral em uma máquina de ultrassom.
Durante os mapeamentos, apresentaram aos indivíduos 10 palavras relacionadas ao suicídio (como ‘desespero,’ ‘desesperança’ e ‘sem vida’) junto com 10 palavras positivas (como ‘sem preocupações’) e 10 negativas (como ‘problema’).
Da atividade cerebral registrada e respostas emocionais que indicaram, os pesquisadores isolaram seis termos – ‘morte,’ ‘crueldade,’ ‘problema,’ ‘sem preocupações,’ ‘bom’ e ‘elogio’ – e cinco áreas do cérebro que mais claramente distinguiam os que pensavam em suicídio dos que tinham a atividade cerebral padrão.
Usando este subconjunto dos dados, um algoritmo de aprendizado por máquina que estudou as respostas cerebrais pôde identificar pacientes suicidas e padrão corretamente 91% das vezes: reconheceu 15 dos 17 pacientes como parte do grupo suicida e 16 dos 17 indivíduos saudáveis como parte do grupo padrão.
Em um experimento separado, onde o algoritmo foi treinado exclusivamente sobre os 17 participantes do grupo suicida, o software foi capaz de distinguir entre pacientes que já tentaram o suicídio e os que não tentaram, acertando em 94% dos casos.
A equipe percebeu que as respostas aos termos ‘morte,’ ‘sem vida’ e ‘sem preocupações’, em especial, foram as mais precisas.
“Mais testes com essa abordagem e um número maior de pessoas determinará sua validade e habilidade em prever comportamentos suicidas futuros, e isso poderia dar aos profissionais do futuro uma forma de identificar, monitorar e talvez intervir no pensamento alterado e frequentemente distorcido que muitas vezes caracteriza indivíduos seriamente suicidas,” diz o pesquisador-sênior David Brent, da Universidade de Pittsburgh.
Mas quanto ao discurso de aplicações intervencionistas, outros especialistas têm dúvidas consideráveis.
Além do pequeno grupo de participantes examinados no estudo – cujos pesquisadores admitem ser uma limitação da credibilidade do estudo até agora – faltas tecnológicas com esse tipo de teste poderiam impedir que ele identifique de forma prática aqueles em risco de tirar a própria vida.
“Há muitos desafios para usar esse método rotineiramente no sistema de saúde,” diz o pesquisador de mapeamento médico Derek Hill, da University College Londres.
“O tipo de escaneamento funcional do cérebro que os pesquisadores usaram só está disponível em instituições avançadas de pesquisa, e necessita de pacientes cooperativos, então não seria algo amplamente disponível para pacientes mentais no futuro próximo.”
Quanto à ilustração de como o pensamento suicida pode ser identificado por padrões discretos da atividade cerebral, críticos aceitam um pouco mais – até certo ponto.
“Sem dúvidas, há uma base biológica para alguém que vai cometer suicídio,” diz o neurocientista Blake Richards, da Universidade de Toronto, ao The Verge.
“Há uma base biológica para todos os aspectos da nossa vida mental, mas a questão é se a base biológica para essas coisas são acessíveis o suficiente pelo ultrassom para realmente desenvolver-se um teste confiável que pudesse ser usado em uma situação clínica.”
Para enfrentar esses tipos de problemas, a equipe agora está pesquisando se participantes utilizando sensores de eletroencefalografia (EEG) possuem atividades cerebrais similarmente identificáveis – usando equipamentos de monitoramento muito menores e muito mais portáteis, além de muito mais baratos que máquinas de ultrassom.
Até que futuras pesquisas sejam conduzidas, não saberemos o quão eficiente este caminho será, mas uma coisa é certa – é pesquisa importante, e quando se trata de salvar vidas do suicídio, precisamos de toda ajuda possível.
Os resultados da pesquisa estão na revista Nature Human Behavior.
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Muitos de nós têm dificuldade de ficar até mesmo algumas horas sem olhar para o celular ou acessar a internet. Agora, um estudo concluiu que o vício nesses tecnologias pode causar um desbalanço químico no cérebro.
A vida fora do equilíbrio: smartphones e etc.
Um estudo apresentado na reunião da Sociedade Radiológica da América do Norte de 2017 concluiu que jovens viciados no uso de celulares exibem um desequilíbrio na química do cérebro.
Um grupo de pesquisadores da Universidade da Coreia em Seoul conduziram o estudo, liderado pelo professor de neurorradiologia Hyung Suk Seo. Eles usaram espectroscopia de ressonância magnética para investigar a composição química de adolescentes que foram diagnosticados com um vídeo nos celulares ou na internet.
Dezenove jovens – nove homens e dez mulheres com a idade média de quinze anos e meio – foram comparados a pessoas saudáveis do mesmo gênero. Doze das pessoas no grupo receberam terapia comportamental cognitiva, baseada em um programa similar que ajuda pessoas viciadas em vídeogames.
Testes padronizados ajudaram os cientistas a determinar quão severo era o vício de cada um. Foram perguntados sobre como o uso do celular afetava suas atividades diárias, da vida social ao padrão do sono.
Os adolescentes viciados em celular e na internet tiveram pontuações mais altas em testes que analisavam a depressão, ansiedade, a severidade de insônia e a impulsividade. Estas pessoas passaram por exames de ressonância antes e depois da terapia comportamental, enquanto os pacientes saudáveis foram examinados para estabelecer uma base de controle.
O procedimento de ressonância foi feito para medir os níveis de ácido aminobutírico gama (GABA), um neurotransmissor que inibe ou retarda os sinais do cérebro, e glutamato-glutamina (Glx), que faz com que os neurônios fiquem mais eletricamente excitados. Foi determinado que a proporção do GABA em relação ao Glx em adolescentes viciados era significativamente mais alta antes da terapia do que o que foi registrado nos pacientes-controle.
Vício em tecnologia
Estatísticas publicadas pelo Centro de Pesquisa Pew indicam que 46% dos americanos alegam não poder viver sem seus celulares. Os jovens, em particular, são frequentemente acusados de estarem muito focados em seus dispositivos e em interações online – mas esse estudo pode sugerir que há um motivo médico para diminuir o uso. Há esperanças de que possa contribuir para o desenvolvimento de tratamentos voltados para essas questões.
“Os níveis mais altos de GABA e o equilíbrio perturbado entre GABA e glutamato no cortex cingulado anterior podem contribuir para nossa compreensão da patofisiologia e tratamento de vícios,” diz o Dr. Seo em um comunicado para a imprensa.
Muito GABA no cérebro tem sido relacionado a efeitos colaterais que incluem tonteira e ansiedade. O Dr. Seo acredita que esse desequilíbrio possa ter algo a ver com a perda de função em termos da habilidade da rede neural emocional e cognitiva de uma pessoa processar suas experiências.
A terapia comportamental utilizada no estudo certamente pareceu ter o efeito desejado. A proporção de GABA em relação ao Glx em pacientes sofrendo do vício foi reduzida substancialmente, ou até mesmo revertida a níveis normais nos exames de ressonância feitos após o tratamento.