Por que alguns pais decidem pedir permissão para entrar no quarto de seus filhos?

Leia minha resposta original no Quora.

Porque o entendimento de privacidade é fundamental para a formação de um ser humano, e porque todos os seres humanos fazem algumas atividades que requerem privacidade e respeito a ela.

Obviamente, o primeiro motivo é a masturbação. Tanto mulheres quanto homens se masturbam, e agora que chegamos em um ponto mais sólido de igualdade entre os sexos, não se deve esperar mais a masturbação de um homem do que de uma mulher, então, a menos que os pais queiram passar por uma experiência bem desagradável de flagrarem a intimidade dos filhos em momento inoportuno, não deveriam simplesmente sair empurrando a porta.

Além disso, existem leituras, pinturas e concentrações que são quebradas por interrupções, e isso é irritante para qualquer pessoa. Está na lista de inúmeros itens que geram ressentimento. Ser incomodado enquanto se estuda é extremamente desagradável.

Pais que decidem controlar o acesso aos quartos dos filhos criam filhos neuróticos e inseguros, que nunca se sentem realmente sozinhos e criam uma vontade nada saudável de esconder suas intimidades. Isso se traduz pra vida, e de forma negativa.

Não acho que essa seja uma pergunta que exija muitos parágrafos, a privacidade mínima e básica é motivo o suficiente para você bater na porta. Por favor!

Nova droga mata o vírus da gripe em 24 horas

A temporada de gripe deste ano é a mais severa já vista em muitos anos. No futuro, poderemos ser capazes de evitar que o vírus se espalhe de pessoa a pessoa usando um medicamento que age rapidamente.

Tem se falado que a temporada de gripe deste ano está sendo a mais espalhada já registrada, causando mais de 17.000 hospitalizações desde outubro de 2017, de acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Agora, uma fabricante de remédios japonesa alega ter desenvolvido uma pílula capaz de matar o vírus em apenas um dia.

Pacientes americanos e japoneses que fizeram parte dos testes feitos recentemente da pílula da Shionogi & Co parecem ter eliminado o vírus de seus corpos em cerca de 24 horas. A título de comparação, o popular Tamiflu, produzido pelo grupo Roche, costuma levar três vezes mais tempo.

O composto da Shionogi e o Tamiflu levam por volta do mesmo tempo para conter os sintomas da gripe, mas o novo remédio fornece alívio mais rapidamente. Além disso, segundo seus criadores, é necessária apenas uma dose para ser eficaz, ao passo que o Tamiflu deve ser tomado duas vezes ao dia, por 5 dias.

A empresa japonesa usou seu remédio anti-HIV de base para produzir uma droga diferente das outras medicações contra a gripe. O vírus age sequestrando células humanas e forçando-as a produzir material viral ao invés de proteínas, o que normalmente espalharia o vírus pelo corpo.

Enquanto tratamentos atualmente disponíveis impeçam o vírus de sair da célula infectada e se espalhar, o método da Shionogi evita que o material viral seja até mesmo produzido.

Pesquisas de métodos para lutar contra o vírus influenza normalmente se concentram em melhorar as vacinas existentes ao invés de desenvolver novos tratamentos. No entanto, este projeto poderia ser um passo chave na luta contra a gripe, já que que matar o vírus o mais rápido possível poderia reduzir o risco de indivíduos infectados espalharem a doença.

De acordo com o Wall Street Journal, a Shionogi diz que as autoridades regulatórias de drogas no Japão estão agilizando a aprovação do medicamento, e a empresa poderia ter permissão para seguir adiante ainda em março deste ano. Uma inscrição para aprovação nos EUA será feita no meio do ano, embora uma resposta não seja esperada até 2019.

Traduzido do site Futurism.

Energia renovável armazenada em… sal fundido?

Resumo:

Companhias de energia renovável como a SolarReserve querem provar que sal fundido podem auxiliar a geração de energia solar a qualquer hora do dia. O potencial está lá, mas o preço da geração e a importância do armazenamento de energia precisam ser discutidos.

Produzindo energia com sal fundido

Além das gerações solar e eólica, empresas de geração de energia renovável também estão investigando o uso do sal para a geração — sal fundido, para ser mais preciso. A SolarReserve é apenas uma de várias empresas tentando provar que o sal fundido pode gerar eletricidade com tanta eficiência quanto o Sol e o vento.

Em 2015, a empresa deu início às operações da instalação de energia solar Crescent Dunes, de 110 megawatts, no estado do Nevada. Junto a ela, a capacidade de armazenamento de 1.100 MWh e a habilidade de abastecer 75.000 casas do estado. Projetos parecidos de energia solar concentrada (ESC) estão planejados para o sul da Austrália, África, Chile e outros países ao redor do mundo.

Veja bem: ao contrário da energia solar e eólica, que podem reduzir a necessidade do uso de combustíveis fósseis quando o Sol está brilhando ou quando está ventando forte, instalações que utilizam o sal fundido podem operar a qualquer hora do dia e armazenar energia por até 10 horas. Essa forma de geração é bem simples: os raios de Sol concentrados em uma torre por um campo de espelhos esquentam o sal fundido dentro da torre a temperaturas de até 540 °C, e então ele pode ser usado para gerar vapor e girar uma turbina.

Instalações de sal fundido também são mais baratas. De acordo com a Inside Climate News, a planta de Crescent Dunes pode gerar energia a R$ 0,20 por kilowatt/hora. Se o relatório recente da Agência Internacional da Energia Renovável (IRENA) serve de referência, os preços devem cair mais ainda.

A necessidade do armazenamento de energia

Mesmo pelas suas próprias projeções, no entanto, a SolarReserve está aquém de seu potencial. A planta de Crescent Dunes deveria gerar 500.000 KWh de eletricidade por ano, mas a Inside Climate News relata que ainda não conseguiram bater a meta.

Enquanto isso, a empresa espanhola de engenharia Sener tem dois projetos com sal fundido em andamento em Ouarzazate, Marrocos. O preço dos dois projetos ainda não é baixo o suficiente, mas a queda de preços esperada poderia colocar a empresa em uma posição privilegiada para levar adiante seus projetos de ESC. Até o Google tem planos de armazenar energia renovável em sal fundido, mas ainda precisa testar seu próprio sistema para avaliar a viabilidade comercial.

Projeto Redstone da SolarReserve, na África. Créditos: SolarReserve

Antes que as ESCs com sal fundido realmente possam começar a traçar a rota da energia solar 24h, oficiais de utilidades e legisladores energéticos precisam entender a importante do armazenamento de energia, e quando a energia renovável é mais necessária. Kevin Smith, presidente da Solar Reserve, contou ao Inside Climate News que as empresas de utilidades americanas “só queriam killowatts/hora. Eles não queriam saber quando os teriam.” Em outras palavras, estavam menos preocupados com a hora do dia que a energia renovável estaria disponível para uso.

Smith prossegue explicando que as coisas estão mudando, com lugares como a Califórnia tendo um excesso de energia renovável sendo gerado durante certas horas do dia. Isso é algo que só pode ser tratado quando o diálogo com os oficiais passar a focar no que fazer com esse excesso, e o que fazer com suas redes de distribuição de forma geral.

“Acredito que agora seja o renascimento do mercado de ESC. E é tudo sobre armazenamento,” diz Smith.

Texto traduzido do site Futurism.

Cientistas querem criar um universo… e na verdade poderiam

Resumo

Cientistas estão discutindo seriamente a possibilidade de criar um novo universo no laboratório. É uma discussão na maior parte filosófica, mas cada vez mais cientistas concordam que poderia ser possível algum dia.

Físicos não são frequentemente repreendidos por usarem um humor mais ácido em seus textos acadêmicos, mas em 1991 foi exatamente isso que aconteceu ao cosmólogo Andrei Linde na Universidade de Stanford. Ele havia enviado um artigo-resumo entitulado “Conceito Básico da Criação de um Universo” (tradução livre) à revista Nuclear Physics B. Nesta dissertação, ele apontou para a possibilidade de criar um universo em laboratório: um novo cosmos inteiro que poderia um dia evoluir suas próprias estrelas, planetas e vida inteligente. Perto do fim do texto, Linde fez uma sugestão aparentemente irreverente de que nosso próprio universo poderia ter sido montado por um “físico hacker” alienígena. A mesa que julgou a tese fez objeção à sua “piada de mal gosto”; pessoas religiosas poderiam se ofender que cientistas tivessem o objetivo de roubar o feito de criador do universo das mãos de Deus, preocuparam-se. Linde mudou o título da tese e o resumo, mas manteve-se firme em apontar que nosso universo poderia ter sido feito por um cientista alienígena. “Não tenho tanta certeza de que isso seja só uma piada,” ele me disse.

Um quarto de século depois e a noção de criar um universo – ou “cosmogênese”, como eu chamo – parece menos cômica que nunca. Viajei pelo mundo conversando com físicos que levam o conceito a sério, e que até mesmo projetaram diretrizes rasas de como a humanidade poderia um dia chegar lá. A mesa de Linde poderia estar certa em se preocupar, mas estavam fazendo as perguntas erradas. A questão não é quem se ofenderia com a cosmogênese, mas o que aconteceria se fosse realmente possível. Como iríamos lidar com as implicações teológicas? Que responsabilidades morais viriam com humanos falhos assumindo o papel de criadores cósmicos?

Físicos teóricos se agarraram por anos com perguntas parecidas, como parte de suas considerações sobre como nosso universo começou. Nos anos 80, o cosmólogo Alex Vilenkin da Universidade de Tufts, em Massachusetts, desenvolveu um mecanismo através do qual as leis da mecânica quântica poderiam ter gerado um universo em expansão de um estado em que não havia tempo, nem espaço e nem matéria. Há um princípio estabelecido na teoria quântica de que pares de partículas podem surgir temporariamente de um espaço vazio de forma espontânea. Vilenkin foi ainda além dessa noção, argumentando que regras quânticas também poderiam permitir que uma bolha minúscula do próprio espaço estourasse na existência a partir do nada, com o ímpeto de então inflar-se a escalas astronômicas. Nosso cosmos poderia, portanto, ter sido arrotado à existência através, somente, das leis da Física. Para Vilenkin, este resultado pôs um fim à questão do que veio antes do Big Bang: nada. Muitos cosmólogos estão em paz com a ideia de um universo sem um evento inicial, divino ou de qualquer outra origem.

Do outro lado do espectro filosófico, conheci Don Page, um físico e cristão evangélico da Universidade de Alberta, no Canadá, conhecido por sua colaboração primordial com Stephen Hawking no estudo da natureza dos buracos negros. Para Page, o ponto pertinente é que Deus criou o universo ex nihilo – do nada absoluto. Contrastando com isso, o tipo de cosmogênese envisionado por Linde precisaria que físicos cozinhassem seu cosmos em um laboratório altamente tecnológico, usando um primo muito mais poderoso do Grande Colisor de Hádrons próximo a Genebra. Também seria necessária uma partícula seminal chamada “monópolo” (que existe hipoteticamente de acordo com alguns modelos da Física, mas ainda precisa ser encontrada).

A ideia é que se pudéssemos concentrar energia suficiente a um monópolo, ele começaria a inchar. Ao invés de crescer em tamanho dentro do nosso universo, o monópolo em expansão encurvaria o espaço-tempo dentro do acelerador para criar um minúsculo buraco de minhoca que levaria a uma região separada do espaço. De dentro de nosso laboratório, poderíamos ver só a entrada do buraco; pareceria ser, para nós, um mini-buraco negro, tão pequeno que seria totalmente inofensivo. Mas se pudéssemos viajar através dele, passaríamos por um portal até um universo recém-nascido em rápida expansão que nós mesmos haveríamos criado (um vídeo ilustrando este processo fornece alguns dados a mais).

Não temos motivos para acreditar que os hackers mais avançados da Física poderiam criar um cosmos a partir de absolutamente nada, argumenta Page. O conceito de Linde da cosmogênese, audaz como for, ainda é fundamentalmente técnico. Page, portanto, vê pouca ameaça à sua fé. Nesta primeira questão, afinal, a cosmogênese não necessariamente alienaria os pontos de vista teológicos existentes.

Figura artística ilustrando o conceito de um universo “bolha” alternativo onde nosso universo (esquerda) não é o único. Alguns cientistas acreditam que universos-bolha podem surgir a qualquer momento, e ocasionalmente cutucam o nosso. NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (IPAC)

Considerando o problema por outra ótica, comecei a me perguntar: quais são as implicações de humanos ao menos considerarem a possibilidade de um dia criar um universo que seria habitado por vida inteligente? Como discuto em meu livro A Big Bang in a Little Room (2017) (“Um Big Bang em um Pequeno Cômodo”, tradução livre), teorias atuais sugerem que, ao passo que criarmos um novo universo, teríamos pouca capacidade de controlar sua evolução ou potencial sofrimento de qualquer um de seus residentes. Isso não faria de nós deuses irresponsáveis e negligentes? Propus a questão a Eduardo Guendelman, físico na Universidade Ben Gurion de Israel, e que foi um dos arquitetos do modelo da cosmogênese nos anos 80. Hoje, Guendelman está focado em pesquisas que poderiam trazer a criação de mini-universos a conceitos práticos. Me surpreendi ao constatar que as questões morais não causavam desconforto algum a ele. Guendelman compara cientistas que ponderam suas responsabilidades ao criar um mini-universo com pais tentando decidir se vão ou não ter filhos, sabendo que inevitavelmente os introduzirão a uma vida cheia de dor, assim como alegria.

Outros físicos ficam mais preocupados. Nobuyuki Sakai da Universidade Yamaguchi, Japão, um dos teóricos que propôs que um monópolo poderia servir como semente de um mini-universo, admite que a cosmogênese é uma questão nebulosa com a qual deveríamos nos “preocupar” como sociedade no futuro. Mas se absteve de quaisquer preocupações éticas hoje. Embora ele esteja fazendo cálculos que poderiam permitir a cosmogênese, aponta que serão décadas até que um experimento de tal tipo possa realmente ser feito. Preocupações éticas podem esperar.

Muitos dos físicos que contatei ficaram relutantes em desenvolver questões tão potencialmente filosóficas. Então me dirigi a um filósofo, Anders Sandberg da Universidade de Oxford, que contempla as implicações morais de criar vida consciente artificial em simulações de computador. Ele argumenta que a proliferação da vida inteligente, independente da forma, pode ser vista como algo que tem valor inerente a ela. Nesse caso a cosmogênse pode ser, na verdade, uma obrigação moral.

Revendo as inúmeras conversas que tive com cientistas e filósofos sobre estas questões, concluí que os editores da Nuclear Physics B fizeram um desserviço tanto à Física quanto à Teologia. Seu pequeno ato de censura só serviu para pausar uma discussão importante. O verdadeiro perigo está em fomentar um ar de hostilidade entre os dois lados, deixando cientistas com medo de falar honestamente sobre as consequências éticas e religiosas de seus trabalhos por preocuparem-se com a repreensão profissional ou com a ridicularização.

Não criaremos mini-universos tão cedo, mas cientistas em todas as áreas de pesquisa devem se sentir capazes de articular livremente as implicações de seus trabalhos sem medo de ofender. A cosmogênese é um exemplo extremo que testa esse princípio. Questões éticas paralelas estão em pauta nas propostas de mais curto-prazo de criar inteligências artificiais ou desenvolver novos tipos de armas, por exemplo. Como Sandberg coloca, embora seja compreensível que cientistas se acanhem perante a filosofia, com medo de serem considerados estranhos por irem além de suas zonas de conforto, o resultado indesejado é que muitos ficam quietos sobre coisas que realmente importam.

Ao deixar o escritório de Linde em Stanford, depois de passarmos o dia papeando sobre a natureza de Deus, o cosmos e mini-universos, ele apontou para minhas anotações e comentou, pesarosamente: “Se você quiser destruir minha reputação, acho que tem material o suficiente.” Este sentimento foi ecoado por certo número de cientistas que conheci, tendo eles se identificado como ateus, agnósticos, religiosos ou nenhum dos três. A ironia é que se eles se sentissem permitidos a compartilhar seus pensamentos uns com os outros tão abertamente quanto se sentiram comigo, saberiam que não estavam sós entre seus colegas ao ponderar sobre algumas das grandes questões do nosso ser.

Zeeya Merali

Traduzido por Cláudio Ribeiro. Texto original retirado do site Aeon.