Chernobil destinada a se tornar unidade de produção de energia solar

Resumo:

A firma ucraniana Rodina Energy Group e o grupo de energia limpa alemão Enerparc AG estão conduzindo o desenvolvimento de uma nova unidade de produção de energia solar que será construída nas áreas abandonadas de Chernobil. A construção da estrutura que produzirá 1 megawatt começará em dezembro.

Uma Chernobil melhor

Em 1986, um reator nuclear com defeito liberou energia radioativa o suficiente para evacuar centenas de pessoas da cidade de Chernobil. O local do reator nuclear e a área em volta estão abandonados desde então, mas há planos de torná-los em uma unidade de produção de energia solar. No futuro, Chernobil pode ser conhecida por fornecer energia solar ao invés de radiação.

Como relatado pela Bloomberg, a firma ucraniana de engenharia Rodina Energy Group Ltd. e a empresa de energia limpa alemã Enerparc AG anunciaram um projeto conjunto que construirá uma geradora de 1 megawatt na cidade abandonada. Espera-se que a construção da “fazenda” solar custe US$ 1,2 milhão (R$ 3,9 milhões), a iniciar-se agora em dezembro.

“Pouco a pouco, queremos otimizar a zona de Cherbobil,” Evgeny Variagin, chefe-executivo da Rodina, disse à Bloomberg. “Não deveria ser um buraco negro no meio da Ucrânia. Nosso projeto fica a 100 metros do reator.”

Chernobil hoje. Fonte: Newsday

Da radiação à energia solar

O projeto da “fazenda” solar de Chernobil é o mais recente passo dos planos de ambas as empresas — assim como do governo ucraniano — de usar o local abandonado para a produção energética sustentável, o que inclui planos de desenvolver mais 99 megawatts de capacidade solar de produção. As empresas firmaram um contrato em 2016 que irá requerer que o governo ucraniano pague 15 centavos de euro (R$ 0,58) por kilowatt-hora de eletricidade gerada a partir da região até 2030, um preço que a Bloomberg estima ser quase 40% mais alto que o preço padrão de energia solar na Europa.

Na mudança em andamento para a energia limpa, a decisão da Ucrânia de utilizar os 2600 km² que Chernobil tem a ofercer é inteligente, embora não menos ambiciosa que os esforços de outros países como a China, País de Gales e o Reino Unido. Vai dar muito mais trabalho para deixar de usar combustíveis fósseis completamente, mas se os desenvolvimentos como o acima são indicativo de algo, é só questão de tempo até que a maior parte da nossa energia seja renovável.

Traduzido do site Futurism.

Rússia finalmente admite nuvem de radiação sobre a Europa

Resumo:

Depois de meses negando, a Rússia confirmou a detecção de níveis mais altos que o normal de um isótopo radioativo sobre a maior parte da Europa em setembro de 2017. Essa confirmação vem depois do relatório do Instituto Nacional Francês de Proteção da Radiação e Segurança Nuclear (IRNS) sobre o incidente, publicado no início de novembro.

Foi confirmado

Em setembro de 2017, várias agências de monitoramento detectaram uma quantidade incomum de radiação sobre a maior parte da Europa. Vários países europeus sugeriram que a fonte dessa nuvem de radiação poderia ser a Rússia. Enquanto isso, autoridades russas negaram até mesmo a detecção da nuvem — até agora.

Em 21 de novembro, a agência de serviços meteorológicos russa corroborou os achados do Instituto Nacional Francês de Proteção da Radiação e Segurança Nuclear (IRNS), uma das primeiras agências de monitoramento a perceber os níveis elevados de rutênio-106, o isótopo radioativo do raro metal pesado rutênio.

Dia 9 de novembro, o IRNS disse que havia detectado rutênio-106 sobre a França de 27 de setembro a 13 de outubro em níveis de poucos milliBecquerels por metro cúbico de ar. As medidas apontaram para uma fonte em potencial da nuvem de radiação, algum lugar entre o Volga e os Urais, um rio russo e uma cadeia de montanhas, respectivamente.

Fonte: IRSN

A Roshydromet confirmou “contaminação extremamente alta,” detectando níveis de rutênio-106 1.000 vezes maiores do que em amostras comuns examinadas por duas estações meteorológicas na região sul das montanhas Urais. Isso é consistente com os achados franceses.

No entanto, Maxim Yakovenko, diretor da Roshydromet, disse que o país não era o responsável pela nuvem de radiação. “Os dados publicados não são suficientes para estabelecer a fonte da poluição,” comentou ele em um comunicado, de acordo com o The New York Times.

Enquanto isso, a Rosatom, corporação estatal responsável pela indústria nuclear da Rússia, disse que a radiação não veio de nenhuma de suas instalações, relata o Associated Press.

Motivo para se preocupar?

Então, os europeus deveriam estar preocupados que níveis mais altos do que o normal de isótopos radioativos têm flutuado pelo continente?

De acordo com o IRNS, a resposta é “Não.” Em seu relatório, apontam que os níveis de rutênio-106 detectado na Europa “não oferecem consequências à saúde humana e ao meio-ambiente.” Desde 13 de outubro, não detectaram mais traços do isótopo sobre a França.

Malcolm Sperrin, diretor do departamento de Física Médica e Engenharia Clínica dos hospitais da Universidade de Oxford, disse em um comentário compartilhado pelo Science Media Centre que é importante contextualizar a situação.

“O rutênio é muito raro, o que sugere que sua presença foi causada por um evento de algum tipo. Dito isto, a abundância natural é tão baixa que até mesmo um fator de 900 acima de níveis naturais ainda é muito pouco,” disse ele.

O professor de física nuclear Paddy Regan, da Universidade de Surrey, compartilha do otimismo em seu próprio comentário ao Science Media Centre.

“Os níveis não são particularmente altos, e o fato de que o decaimento […] do isótopo parece ter sido medido isoladamente ao invés de junto ao coquetel padrão de assinaturas de outros fragmentos de fissão sugere um vazamento de uma planta de combustível/reprocessamento ou em algum lugar onde estejam separando [o rutênio], possivelmente para materiais médicos de radiofarmacêuticos/diagnósticos,” diz ele.

Se algo é motivo para preocupação, pode ser a hesitação das autoridades russas em confirmar e compartilhar informações sobre a radiação. O país manteve os detalhes do terceiro pior acidente nuclear do mundo, o desastre de Kyshtym, em segredo por quase duas décadas, e tal sigilo de quaisquer futuros incidentes nucleares podem prejudicar os esforços em proteger uma população de um risco em potencial.

Traduzido do site Futurism.