Na ilha japonesa de Koshima, existia uma tribo de macacos macaca. Era o começo dos anos 50, e um grupo de cientistas havia chegado à ilha para estudar essas curiosas criaturas.
Um dia, uma jovem macaca fêmea chamada Imo (a palavra japonesa para batata) decidiu começar a mergulhar suas batatas doces em um rio próximo antes de comê-las. Seu motivo era simples, e perfeitamente razoável: ela viu areia nas batatas e quis lavá-las. No entanto, nenhum dos macacos mais velhos e maduros haviam pensado em fazer isso antes – eles simplesmente empurravam a areia com as mãos.
Os irmãos e irmãs de Imo viram-na executando esse ritual nada familiar de limpeza. Sendo macacos, eles começaram a imitar sua ação, mergulhando suas próprias batatas no rio. Logo, sua mãe também seguiu a tendência. Evidentemente, essa família de macacos havia descoberto a maravilha de comer batatas limpas.
O que os cientistas observaram pelos próximos anos foi uma mudança dramática no comportamento de consumo de batatas por toda a ilha. A prática de lavar as batatas se espalhou rapidamente por toda a colônia de macacas, e em uma década, todo macaco com plenas faculdades mentais da ilha estava lavando batatas.
Mas não foi a técnica de lavar batatas que os macacos haviam aprendido. Em algum momento, durante aqueles anos de compartilhamento de conhecimento macaco-a-macaco, Imo descobriu um segundo truque para tornar seu consumo de batatas mais prazeroso – mergulhando suas batatas no oceano ao invés do rio, a água salgada temperava a batata e a deixava mais saborosa. Depois de cada mordida, ela mergulhava o pedaço exposto da batata no oceano novamente para melhorar o sabor. Esse hábito se espalhou tão rapidamente quanto o primeiro na comunidade de macacos.
Essas práticas de lavar batatas e mergulhar a comida foram propagadas por várias gerações. Até hoje, embora nenhum dos macacos originais esteja mais vivo, os macacos de Koshima podem degustar batatas limpas e com um sabor diferenciado.
Quando você conhece um tópico muito bem, pode dizer que o conhece como a palma da sua mão. Mas quão bem você realmente conhece essa mão? Ou o resto do seu corpo, já que entramos no assunto?
As pessoas têm uma tendência a compartilhar desinformações que, com o tempo, podem ser entendidas como fato. O corpo humano não é exceçã. Se você acredita que o álcool aquece o corpo (não tem como), ou que recém-nascidos não sentem dor (eles sentem), esse é o resultado de lendas urbanas e contos da carochinha que foram repetidos tantas vezes que nem pensamos em duvidar da veracidade.
Hoje, no entanto, fatos falsos sobre a saúde e o corpo humano se espalham na velocidade da internet, e as consequências podem ser desastrosas. Algo que parece tão inocente quanto postar um artigo nas redes sociais pode ter grandes resultados, e é nosso dever ao resto da sociedade ajudar a fazer com que a verdade prevaleça sobre a ficção.
Felizmente, pesquisas científicas nos permitem verificar certas alegações. Quando se trata da saúde e do corpo humano, às vezes saber a verdade pode salvar vidas.
Aqui estão oito ditos populares errados sobre o corpo humano, desmentidos pela ciência.
#1: Suas impressões digitais são completamente únicas
Por mais de um século, impressões digitais assumiram um grande papel nas investigações forenses. Tudo começou com o cientista e médico escocês Henry Faulds, que em 1888 escreveu um artigo afirmando que cada um tinha um conjunto completamente único de impressões digitais. Agora, uma só impressão no lugar errado pode ser o suficiente para uma condenação criminal. No entanto, não temos como provar comprovadamente que cada uma de nossas coleções de espirais, loopings e arcos é única (o que seria ter a digital de cada pessoa que já existiu e compará-las).
“É impossível provar que não há duas iguais,” diz Mike Silverman, regulador de ciência forense no Reino unido ao The Telegraph. “É improvável, mas ganhar na loteria também é, e tem gente fazendo isso toda semana.”
Podem haver consequências sérias se a maioria acreditar que a análise de digitais é infalível. Em 2005, Simon Cole, criminologista na Universidade da Califórnia em Irvine, publicou um estudo detalhando os 22 casos conhecidos de erros com impressões digitais na história do sistema legal americano. Ele frisou a necessidade de lidar com esses equívocos antes que mais pessoas inocentes acabarem acusadas ou até mesmo condenadas de crimes que não cometeram.
#2: Enrolar a língua é genético
Em 1940, o geneticista Alfred Sturtevant publicou um artigo alegando que a genética determina sua capacidade de enrolar a língua — pais que tinham essa habilidade provavelmente teriam filhos que também poderiam.
Apenas 12 anos depois, o geneticista Philip Matlock desprovou essa conclusão com um estudo dele próprio. Quando comeparou 33 pares de gêmeos idênticos, percebeu que sete desses pares continuam um gêmeo que podia enrolar a língua enquanto o outro não. Já que os genes de gêmeos idênticos são os mesmos, claramente a genética não foi o fato decisivo para enrolar a língua.
Ainda assim, a crença errada persiste 65 anos depois da publicação do estudo de Matlock. E embora não ameace a vida, esse mal entendido pode causar um estresse desnecessário. Como o biólogo evolutivo John McDonald disse à PBS, ele recebeu e-mails de crianças preocupadas de não serem filhas de seus pais porque não tinham a mesma habilidade.
#3: Você tem cinco sentidos
As crianças frequentemente aprendem que têm cinco sentidos — visão, audição, paladar, tato e olfato. Esse é um “fato” que se originou do trabalho do filósofo grego Aristóteles, escrito por volta de 350 a. C.
No entanto, você na verdade tem mais que cinco sentidos. Muitos mais. Na verdade, cientistas nem têm certeza de quantos mais — as estimativas vão de 22 a 33. Alguns desses outros sentidos incluem equilibriocepção (senso de equilíbrio), termocepção (senso de temperatura), nocicepção (sensação de dor), e cinestesia (senso de movimento — NT: Não confundir com sinestesia, condição em que o portador confunde um ou mais sentidos).
Embora nenhum desses sentidos adicionais incluam a habilidade de nos comunicarmos com os mortos, alguns são absolutamente essenciais à vida. Por exemplo, nosso sentido de sede ajuda nosso corpo a ter níveis apropriados de hidratação, e pessoas que não têm esse sentido — uma condição rara chamada adipsia — podem ficar severamente desidratadas e até morrer.
#4: Unhas e cabelo continuam crescendo após a morte
Nossos corpos fazem muitas coisas esquisitas depois que morremos, mas não continuam produzindo unhas e cabelo. Para fazer isso, nosso corpo precisaria produzir novas células — algo que não é possível após a morte.
Esse mal entendido mórbido aparece desde, pelo menos, 1929, quando o escritor Erich Remarque o imortalizou em seu romance “Nada de Novo no Front.” Na verdade, o mal entendido existe graças a uma ilusão de ótica. Embora nossas unhas e cabelo não continuem a crescer depois que damos nosso último suspiro, nossa pele “encolhe” ao passo que se desidrata. Com a retração da pele, as unhas e cabelo ficam mais expostos e, portanto, pode parecer que cresceram.
Por sorte, não é provável que errar nesse fato cause muito prejuízo — além do potencial de causar pesadelos na mente de crianças ou exacerbar tanatofobia, é claro.
#5: Nunca devemos acordar sonâmbulos
Embora cerca de 7% da população seja sonâmbula em algum período de suas vidas, ninguém sabe ao certo o que causa o sonambulismo. O que fazer ao encontrar um pedestre sonolento por aí também é fonte de confusão, graças a um mal entendido muito antigo.
Mark Pressman, psicólogo e especialista do sono do Hospital Lankenau na Pensilvânia, disse à Live Science que a crença de que é perigoso acordar um sonâmbulo começou em tempos antigos, quando as pessoas costumavam acreditar que a alma deixa o corpo enquanto dormimos. Acordar um sonâmbulo, portanto, sentenciaria um dorminhoco a uma existência desalmada. As supostas consequências de acordar um sonâmbulo evoluíram desde então — alguns dizem que pode induzir a um infarto, ou levar o sonâmbulo a um estado permanente de insanidade.
Embora Pressman diga que acordar um sonâmbulo não causa danos, também pode não ser fácil. Deixar a jornada de um sonâmbulo continuar sem interrupções claramente não é uma opção, já que poderia ter consequências devastadoras — sabe-se que sonâmbulos já se machucaram ou até morreram nesse estado meio-acordado. A melhor atitude é, portanto, guiar o sonâmbulo de volta para a cama.
#6: Se engolir goma de mascar, levam sete anos para a digestão
Se você acredita na lenda, o chiclete que você engoliu em 2010 ainda está no seu corpo; seu trato digestivo ainda está trabalhando nessa massa grudenta. Embora seja impossível apontar precisamente a origem desse mito, desmenti-lo é relativamente fácil.
O chiclete é borrachudo porque contém uma base de borracha sintética que não é digestível. Mas isso não significa que chiclete engolido não completa a jornada no trato digestivo. Como Rodger Liddle, um gastroenterologista da Escola de Medicina da Universidade Duke, diz à Scientific American, o corpo humano é capaz de levar adiante objetos com o tamanho de até uma moeda de R$ 1, então um pedaço de chiclete não deve apresentar problemas.
Se você engolisse vários chicletes em um curto espaço de tempo, no entanto, poderia acabar com uma massa grande demais para passar. A partir desse ponto, pode ser que precise de um médico para remover tudo manualmente — em 1998, o gastroenterologista pediátrico David Milov publicou um estudo apontando três casos desse tipo em crianças, e o trabalho para solucioná-lo não parece muito agradável.
#7: A maior parte do calor do seu corpo escapa pela cabeça
Esse mal entendido não é tão antigo quanto os outros, e acredita-se que tenha (de certa forma) origens científicas.
Os pesquisadores de serviços de saúde Rachel Vreeman e Aaron Carroll disseram ao The Guardian que esse mito provavelmente tem raízes nos anos 50, quando o exército dos EUA conduziu um estudo para determinar como o tempo frio afetava os soldados. Segundo a lenda, vestiram voluntários com uniformes de sobrevivência ártica e observaram como seus corpos reagiram a temperaturas abaixo de 0 ℃. Os militares concluíram que os voluntários perderam a maior parte do calor na cabeça, aparentemente ignorando o fato de que a cabeça era a única parte do corpo que não estava protegida dos elementos.
Duas décadas depois, um manual de sobrevivência do exército incorporou esse achado, frisando a importância de cobrir a cabeça em casos de exposição ao tempo frio para evitar perder “de 40% a 45% do calor coportal.” Um mito nasceu.
Como disseram Vreeman e Carroll ao The Guardian, nenhuma parte do corpo tem impacto maior do que outra quando o assunto é retenção de calor. Um estudo de 2008 feito pela pesquisadora Thea Pretorius, da Escola de Cinesiologia da Universidade da Colúmbia Britânica, confirma essa afirmação. Nesse estudo, oito pessoas passaram 45 minutos na água a 17 ℃. Alguns participantes tinham as cabeças submersas enquanto outros ficaram com a cabeça para fora. Os com a cabeça submersa perderam 11% a mais de calor. Pelo fato da cabeça representar 7% da área exposta do corpo, não parece muito mais importante que qualquer outra para reter o calor.
#8: Algumas pessoas têm juntas duplas
Você provavelmente já viu alguém puxando o dedão até o pulso ou dobrando a perna para frente até o joelho. Talvez você mesmo(a) possa fazer essas coisas. De toda forma, sabe que a maior parte não consegue, o que perpetua o mito de que as pessoas podem nascer com juntas duplas.
No fim das contas, esse mal entendido se resume a uma questão linguística. Ninguém nasce com juntas extras, mas alguns nascem com juntas extra-flexíveis. Essa condição é chamada de hipermobilidade ou frouxidão das juntas, e afeta cerca de 10% a 25% da população.
A hipermobilidade é tipicamente causada por ossos com formatos anormais ou ligamentos frouxos, como diz Michael Habib, anatomista e paleontologista de vertebrados da USC, à BBC. E embora possa ser útil a dançarinos, contorcionistas ou dublês, a condição tem pouco impacto para o resto da população, fora garantir um truque bacana para se fazer em festas.
Hoje na rua Bird, em Londres, um novo shopping aberto foi inaugurado com uma das tecnologias sustentáveis mais inovativas até agora. Mais e mais tecnologia está emergindo com um foco em micro-geração de energia.
Rua “smart”
Uma rua em Londres está prestes a ficar bem mais smart graças a uma tecnologia inovadora da Pavegen. Uma quinta-feira marcou a abertura da reformada rua Bird, no coração da região de West End de Londres. Uma nota de imprensa da Pavegen promete que “visitantes poderão aproveitar uma experiência de compras e alimentação sem trânsito em um ambiente que exibe o que há de mais novo em tecnologias sustentáveis.”
O ponto mais importante da rua é uma sequência de 10 m² de um plaza gerador de energia. O plaza foi desenvolvido com uma tecnologia que permite que gere energia apenas com o caminhar das pessoas. A pressão dos passos dos pedestres faz com que geradores no piso se desloquem verticalmente. A indução eletromagnética cria energia cinética que é então usada para energizar dispositivos. No caso da rua Bird — como o nome sugere — o passeio carrega sons de cantos de pássaros no ambiente e a iluminação.
Além disso, o passeio também utiliza transmissores Bluetooth de baixo consumo para enviar incentivos ao uso do sistema da marca através de aplicativos. A rua vai ainda além com tecnologia sustentável ao incluir bancos da Airlabs chamados de ClearAir, que livram o ar na região de dióxido de nitrogênio. As superfícies também são cobertas com tinta Airlite, que purifica o ar de gases nocivos e bactérias. A rua poderia ser o começo de iniciativas similares em cidades ao redor do mundo.
Micro-geradores
Tecnologias como a desse passeio são só um exemplo das inovações de geração de energia em pequena escala. Outras peças de tecnologia sendo desenvolvidas atualmente podem obter energia até mesmo a partir do calor do seu corpo. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia também desenvolveram um tecido que pode armazenar energia tanto da luz do Sol quanto do movimento, da mesma maneira que o caminhar das pessoas gera energia nos passeios da rua Bird.
Com a rápida proliferação da energia solar e eólica, a geração tradicional de energia já está em declínio. Tecnologias como os painéis solares de teto da Tesla — e as baterias que os acompanham, chamadas Powerpacks — estão permitindo a integração completa das necessidades energéticas das pessoas. Ao passo que essas e outras tecnologias continuarem surgindo, iremos ver rapidamente uma mudança significativa no mercado energético em direção às fontes renováveis.
Soluções inovadoras como essa ajudarão a mudarmos o jogo contra a mudança climática. Embora poder carregar seu celular com a energia armazenada na sua camisa não seja parte significativa da demanda da rede energética, é com esse tipo de pensamento que podemos inspirar mudanças maiores no consumo e geração de eletricidade.
Texto traduzido por Cláudio Ribeiro do site Futurism.