De onde surgiu o clichê das pessoas que usam magia em filmes e histórias sangrarem pelo nariz?

Leia minha resposta original no Quora.

É amplamente documentado o sangramento do nariz quando o corpo humano está sob pressão física extrema, como ao levantar peso. Isso acontece graças ao aumento rápido da pressão sanguínea, que estoura alguns pequenos capilares.

(Assista a partir do 9:10)

Também não é incomum que esses atletas (pense em um peso de mais de 180 kg) percam o controle da bexiga ou do reto enquanto exercem o esforço.

Então, esse é um caso em que uma deixa visual simples de ser executada para o esforço intenso seja uma espécie de exagero da realidade que se aplica bem na ficção. Afinal, se supormos que os poderes psíquicos envolvem um imenso esforço mental, provavelmente precisariam de mais irrigação sanguínea e pressão no cérebro, o que acarretaria em um sangramento no nariz.

Como o cigarro vicia uma pessoa?

Leia minha resposta original no Quora.

Nosso cérebro produz uma substância chamada dopamina, um neurotransmissor, ou seja, algo que ajuda a fazer as ligações entre os neurônios no nosso cérebro. Ela é conhecida pela sensação de bem estar, calma… Enfim, é uma das substâncias mais importantes para nosso sentimento de “recompensa”. Quando você termina um trabalho custoso, mas que vai te trazer bons resultados, e você se sente satisfeito(a) consigo mesmo(a), seu cérebro fica cheio de dopamina.

A nicotina é algo que a gente não produz, mas consome. Não só com os cigarros, mas eles são o maior fornecedor dessa substância. E, convenientemente, a nicotina tem um efeito parecido com a dopamina.

Então, o que acontece quando a gente fuma? Nosso cérebro já produz dopamina normalmente, mas quando você traga um cigarro, além dela vem a nicotina para fazer as mesmas ligações. Quando alguém começa a fumar, isso é ótimo, porque além da nicotina entrar no cérebro, também liberamos mais dopamina por estarmos satisfeitos de saber que o cigarro vai trazer mais satisfação. Dopamina extra + nicotina? Beleza!

Com o tempo, o cérebro entende que, como tem a nicotina fazendo o trabalho, ele não precisa mais produzir tanta dopamina. Os níveis vão caindo, e a satisfação de fumar também diminui. Precisamos fumar mais e mais pra nicotina cobrir o buraco que está se formando com a falta de dopamina. Sem o cigarro, ficamos irritadiços, de mau humor, desmotivados.

Daí, o vício.

Por isso é também tão difícil de largar. Já conheceu alguém que está começando a parar de fumar? É uma pessoa sem paciência, irritada, nervosa e com vontade de recair a qualquer momento. As primeiras semanas são terríveis.

Mas ainda bem que somos um animal que se adapta muito fácil, e com mais de um mês, os níveis de produção de dopamina vão voltando ao normal e o cérebro começa a se reprogramar. Com um ano, para a maior parte dos ex-fumantes, o cigarro se torna apenas uma lembrança.

Mas, como muitos vícios, a vontadezinha sempre vai estar lá. É necessário disciplina para se manter longe da droga, e você sempre vai se lembrar da sensação gostosa que ela te conferia.

O ideal é nunca começar, porque isso sempre vai deixar uma marca na sua vida. E olha que o tabaco é dos mais “tranquilos”. Basta perguntar para um ex-usuário do crack ou da heroína o que ele(a) precisa aguentar todo dia. As ideias, pensamentos e vontades. É foda, com o perdão da palavra.

Assinado: um fumante de cigarro de palha.

Novo órgão humano descoberto, e ele pode estar ajudando a espalhar câncer no corpo!

Texto original: Jessica Hamzelou

Uma rede de canais cheias de fluido recentemente descoberta no corpo humano pode ser um órgão nunca antes conhecido, e parece ajudar a transportar células cancerígenas pelo corpo.

A descoberta foi feita sem querer, a partir de endoscopias de rotina – um procedimento que envolve inserir uma pequena câmera no trato gastrointestinal das pessoas. Novas formas de abordar o exame permitem que os médicos usem esse procedimento para dar uma espiada microscópica no tecido dentro do intestino também, com alguns resultados surpreendentes.

Uma equipe esperava encontrar o duto biliar rodeado por um tecido duro e denso. Ao invés disso, viram padrões estranhos e inexplicáveis, e levaram suas descobertas até Neil Theise, um patologista da Escola de Medicina da Universidade de Nova York.

Amortecedores de impacto

Quando Theise usou o mesmo dispositivo de endomicroscopia para analisar a pele de seu próprio nariz, viu um resultado parecido. Investigações mais aprofundadas de outros órgãos sugerem que estes padrões são feitos por um determinado fluido que se move através de canais em todos os cantos do corpo.

Theise sugere que todo tecido no corpo possa estar cercado por uma rede destes canais, que essencialmente formam um órgão. A equipe estima que o órgão contenha cerca de um quinto do volume total de fluido no corpo humano. “Achamos que agem como amortecedores de impacto,” diz Theise.

Esse órgão provavelmente nunca foi visto antes porque abordagens comuns de processar e visualizar o tecido humano causa a drenagem dos canais, e as fibras de colágeno que formam a estrutura dessa rede colapsam sobre si mesmas. Isso faria os canais parecerem uma parede dura de tecido protetor denso, ao invés de um amortecimento cheio de fluido.

Transporte cancerígeno

Mas assim como a proteção dos órgãos, a rede pode ajudar a espalhar o câncer. Quando a equipe de Theise examinou as amostras tiradas de pessoas com cânceres invasivos, encontraram evidências de que células cancerígenas que conseguiam sair de seus tecidos originais poderiam conseguir entrar nesses canais, posteriormente sendo levadas diretamente ao sistema linfático. “Depois que entram, é como se estivessem em um tobogã,” diz Theise. “Temos uma nova janela no mecanismo da propagação do tumor.”

Theise e seus colegas agora estão investigando se uma análise do fluido nesses canais recém-descobertos podem levar a diagnósticos mais rápidos de cânceres. Também acham que o órgão possa estar envolvido com outros problemas, incluindo o edema, uma rara doença do fígado, e outras doenças inflamatórias.

Referência acadêmica: Scientific Reports, DOI: 10.1038/s41598-018-23062-6

Traduzido do site NewScientist.

Atualização: o órgão já foi batizado em inglês de “interstitium,” o que provavelmente vai se traduzir para “interstício” em nosso idioma.

Vacina para o HIV será testada em milhares de pessoas

Resumo:

Dois grandes testes contra o HIV foram lançados na África. Um é para testar uma nova vacina da Johnson & Johnson, enquanto a outra é para uma droga injetável da ViiV Healthcare criada para tratar o HIV.

Tratando e prevenindo o HIV

Mais de 70 milhões de pessoas foram diagnosticadas com HIV desde o início dos anos 80, e o vírus já tomou a vida de mais de 35 milhões. Alguns podem argumentar que o pior já passou, mas o HIV ainda é uma sentença de morte para muitas pessoas ao redor do mundo. Até que nós encontremos uma cura ou, no mínimo, um tratamento melhor e opções de prevenção da doença, ela continuará ceifando vidas.

Agora, dois novos estudos sendo lançados na África — onde a HIV/AIDS já foi a maior causa de morte — podem resultar no avanço que precisamos.

A Johnson & Johnson colaborou com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA e com a Fundação Bill & Melinda Gates em uma vacina que combina dois compostos e será testada em 2.600 mulheres do sul da África nos próximos três anos. A primeira dose da vacina contra o HIV fortalece o sistema imune, ao passo que a segunda impulsiona a resposta do corpo. A vacina combina proteínas de diversas variações do HIV para criar um “mosaico” que irá, com sorte, ser capaz de prevenir a infecção por qualquer variação do vírus.

“Estamos progredindo,” diz Paul Stoffels, Diretor Científico da J&J, à Reuters, antes de explicar que espera que sua vacina contra o HIV possa atingir sucesso acima de 50%. “Esta é a meta,” diz Stoffels. “Com sorte, iremos além.”

Em novembro de 2016, outro teste de uma vacina contra o HIV, HVTN 702, foi lançado na África do Sul, e de acordo com a Reuters, esta é a primeira vez em mais de uma década que duas vacinas contra o HIV são testadas simultaneamente.

Além do estudo da vacina da J&J, um teste da ViiV Healthcare também foi lançado na África sub-saariana. O estudo envolverá 3.200 mulheres, que receberão injeções da droga experimental cabotegravir da ViiV a cada dois meses para testar sua eficácia no tratamento do HIV. A iniciativa da ViiV também está recebendo fundos do NIH e da Fundação de Gates, e espera-se que seja concluída em maio de 2022.

Desenvolvimentos promissores

Cientistas e pesquisadores têm feito progresso firme nos tratamentos do HIV, com 2017 tendo mostrado a maior promessa até agora.

No ano passado, cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps descobriram uma “cura funcional” que foi testada com sucesso em ratos, enquanto o NIH conduziu um estudo com um anticorpo que pode matar 99% das variações do HIV. Uma droga usada para tratar o câncer poderia se tornar o novo tratatamento da doença, e a edição de genes pelo CRISPR tem sido usada para aumentar a resistência contra o HIV em animais.

Kristen Lanphear, gerente nas Iniciativas de Saúde Comunitárias na Trillium Health, disse que estes dois novos estudos africanos são significativos porque “um grama de prevenção vale um quilo da cura.” Cada novo método de prevenir infecções por HIV poderia resultar em milhões de pessoas vivendo vidas normais e saudáveis.

“Ambos estes desenvolvimentos são potenciais novas ferramentas muito animadoras na caixa da prevenção,” disse Lanphear. “Embora a cura continue apenas uma possibilidade, a prevenção é uma forma alcançável de realmente acabar com a epidemia do HIV. Quanto mais ferramentas tivermos para usar, mais rápido chegaremos a esta meta.”

O HIV é imprevisível — o vírus não afeta a todos da mesma forma, pode se tornar resistente a drogas anteriormente eficazes, e o que funciona contra uma variação pode não funcionar contra a outra. Adicionalmente, muitos tratamentos existentes devem ser usados continuamente para serem eficazes. Felizmente, Lanphear prevê que a vacina da J&J e a droga da ViiV têm potencial para evitar alguns destes problemas.

“Nenhuma ferramenta isolada será o suficiente para fazer o trabalho, porque nenhuma ferramenta funciona para toda pessoa e todo país,” disse Lanphear. “Ambos estes desenvolvimentos tiram um pouco da variabilidade da equação – confiam menos em ação contínua (tomar uma medicação diária ou usar camisinhas consistentemente, por exemplo) e permitem um comprometimento episódico ou de só uma vez pela saúde.”

Ambos os testes, da vacina contra o HIV e o de tratamento, só estão começando, então não saberemos por algum tempo qual a viabilidade. Ainda assim, valerão a espera se puderem salvar vidas e nos ajudar a acabar com o HIV de uma vez por todas.

Traduzido do site Futurism com fontes da Reuters e do CDC.

Rússia finalmente admite nuvem de radiação sobre a Europa

Resumo:

Depois de meses negando, a Rússia confirmou a detecção de níveis mais altos que o normal de um isótopo radioativo sobre a maior parte da Europa em setembro de 2017. Essa confirmação vem depois do relatório do Instituto Nacional Francês de Proteção da Radiação e Segurança Nuclear (IRNS) sobre o incidente, publicado no início de novembro.

Foi confirmado

Em setembro de 2017, várias agências de monitoramento detectaram uma quantidade incomum de radiação sobre a maior parte da Europa. Vários países europeus sugeriram que a fonte dessa nuvem de radiação poderia ser a Rússia. Enquanto isso, autoridades russas negaram até mesmo a detecção da nuvem — até agora.

Em 21 de novembro, a agência de serviços meteorológicos russa corroborou os achados do Instituto Nacional Francês de Proteção da Radiação e Segurança Nuclear (IRNS), uma das primeiras agências de monitoramento a perceber os níveis elevados de rutênio-106, o isótopo radioativo do raro metal pesado rutênio.

Dia 9 de novembro, o IRNS disse que havia detectado rutênio-106 sobre a França de 27 de setembro a 13 de outubro em níveis de poucos milliBecquerels por metro cúbico de ar. As medidas apontaram para uma fonte em potencial da nuvem de radiação, algum lugar entre o Volga e os Urais, um rio russo e uma cadeia de montanhas, respectivamente.

Fonte: IRSN

A Roshydromet confirmou “contaminação extremamente alta,” detectando níveis de rutênio-106 1.000 vezes maiores do que em amostras comuns examinadas por duas estações meteorológicas na região sul das montanhas Urais. Isso é consistente com os achados franceses.

No entanto, Maxim Yakovenko, diretor da Roshydromet, disse que o país não era o responsável pela nuvem de radiação. “Os dados publicados não são suficientes para estabelecer a fonte da poluição,” comentou ele em um comunicado, de acordo com o The New York Times.

Enquanto isso, a Rosatom, corporação estatal responsável pela indústria nuclear da Rússia, disse que a radiação não veio de nenhuma de suas instalações, relata o Associated Press.

Motivo para se preocupar?

Então, os europeus deveriam estar preocupados que níveis mais altos do que o normal de isótopos radioativos têm flutuado pelo continente?

De acordo com o IRNS, a resposta é “Não.” Em seu relatório, apontam que os níveis de rutênio-106 detectado na Europa “não oferecem consequências à saúde humana e ao meio-ambiente.” Desde 13 de outubro, não detectaram mais traços do isótopo sobre a França.

Malcolm Sperrin, diretor do departamento de Física Médica e Engenharia Clínica dos hospitais da Universidade de Oxford, disse em um comentário compartilhado pelo Science Media Centre que é importante contextualizar a situação.

“O rutênio é muito raro, o que sugere que sua presença foi causada por um evento de algum tipo. Dito isto, a abundância natural é tão baixa que até mesmo um fator de 900 acima de níveis naturais ainda é muito pouco,” disse ele.

O professor de física nuclear Paddy Regan, da Universidade de Surrey, compartilha do otimismo em seu próprio comentário ao Science Media Centre.

“Os níveis não são particularmente altos, e o fato de que o decaimento […] do isótopo parece ter sido medido isoladamente ao invés de junto ao coquetel padrão de assinaturas de outros fragmentos de fissão sugere um vazamento de uma planta de combustível/reprocessamento ou em algum lugar onde estejam separando [o rutênio], possivelmente para materiais médicos de radiofarmacêuticos/diagnósticos,” diz ele.

Se algo é motivo para preocupação, pode ser a hesitação das autoridades russas em confirmar e compartilhar informações sobre a radiação. O país manteve os detalhes do terceiro pior acidente nuclear do mundo, o desastre de Kyshtym, em segredo por quase duas décadas, e tal sigilo de quaisquer futuros incidentes nucleares podem prejudicar os esforços em proteger uma população de um risco em potencial.

Traduzido do site Futurism.

Molécula sintética poderia resolver o problema de superbactérias

Resumo:

Na luta contra superbactérias, pesquisadores descobriram uma forma de prevenir que genes que carregam resistência a antibióticos se espalhem. A equipe já está trabalhando em desenvolver inibidores para serem usados em um cenário clínico.

Prevenção da transferência

A resistência a antibióticos em bactérias, que inclui tanto as comuns quanto as chamadas superbactérias, é um problema sério e mundialmente conhecido. Na verdade, a Organização das Nações Unidas elevaram a questão a nível crítico há quase um ano, e a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que o problema está se agravando rapidamente.

Há inúmeras possíveis respostas à resistência a antibióticos, e pesquisadores da Universidade de Montreal (UdeM) no Canadá podem ter encontrado mais uma solução em potencial. Em um estudo publicado na revista Scientific Reports no início de Novembro, essa equipe de pesquisadores do departamento de Bioquímica e Medicina Molecular da UdeM exploraram um método que poderia bloquear a transferência de genes resistentes aos antibióticos.

Os pesquisadores focaram em impedir um mecanismo que permite que genes resistentes a antibióticos sejam codificados nos plasmídeos — fragmentos de DNA que podem carregar genes que codificam as proteínas que tornam a bactéria resistente. Concretamente, encontraram os pontos de ligação exatos para essas proteínas, que são essenciais na transferência de plasmídeos. Isso permitiu que eles desenvolvessem moléculas químicas mais potentes que reduzem a transferência de plasmídeos carregando genes resistentes aos antibióticos.

“A ideia é ser capaz de encontrar o ‘ponto fraco’ em uma proteína, torná-lo alvo e ‘cutucá-lo’ para que a proteína não possa funcionar,” diz Christian Baron, vice-reitor da área de pesquisa e desenvolvimento da faculdade de Medicina da UdeM, em um comunicado de imprensa. “Outros plasmídeos têm proteínas parecidas, alguns tem proteínas diferentes, mas acho que o valor do nosso estudo no TraE é que, sabendo a estrutura molecular dessas proteínas, podemos criar métodos para impedir seu funcionamento.”

Uma proteína mortal

Os efeitos de bactérias resistentes a antibióticos são bem auto-explicativos. Antibióticos continuam sendo uma peça vital da medicina moderna, e quando se tornarem ineficazes, o que nos restará serão superbactérias causadoras de doenças que são muito mais difíceis de tratar e controlar. Antibióticos também são usados como tratamento profilático durante cirurgias e terapias contra o câncer.

De acordo com um relatório de uma comissão especial criada no Reino Unido em 2014 e chamada Revisão da Resistência Antimicrobial, bactérias resistentes à remédios poderiam ceifar a vida de cerca de 10 milhões de pessoas até 2050. Não é muito difícil imaginar, já que bactérias resistentes aos antibióticos infectam 2 milhões de pessoas por ano somente nos EUA, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), e ao menos 23.000 desses casos são fatais. Adicionalmente, a OMS relata que há cerca de 480.000 casos de tuberculose com resistência a múltiplas drogas no mundo a cada ano.

Em resumo, a resistência a antibióticos é um problema que precisamos resolver o mais cedo possível, começando por agora. Felizmente, há diversos grupos trabalhando nessa questão, e com uma variedade de estratégias. Alguns estão usando a edição genética do CRISPR para desenvolver nanorrobôs sintéticos que focam especificamente em bactérias resistentes, e há esforços sendo feitos para criar “super-enzimas” que batalhem com as superbactérias. Enquanto isso outras pessoas, como os pesquisadores da UdeM, estão focados em compreender melhor o funcionamento das bactérias para desenvolver métodos que as deixem mais suscetíveis aos antibióticos.

O CDC já investiu mais de US$ 14 milhões (R$ 45 milhões) para financiar pesquisas sobre a resistência a antibióticos, e em breve devemos ver esses esforços se tornando frutíferos. Isso levará tempo, obviamente, mas poderia ajudar a acelerar o passo da criação de novos remédios. Como Baron disse, “as pessoas devem ter esperança. A ciência trará novas ideias e novas soluções para este problema. Há uma grande mobilização acontecendo no mundo agora a respeito dessa questão. Não diria que me sinto a salvo, mas é nítido que estamos tendo progresso.”

Traduzido do site Futurism.

Oito “fatos” sobre o ser humano que a ciência desmentiu!

Fato ou ficção?

Quando você conhece um tópico muito bem, pode dizer que o conhece como a palma da sua mão. Mas quão bem você realmente conhece essa mão? Ou o resto do seu corpo, já que entramos no assunto?

As pessoas têm uma tendência a compartilhar desinformações que, com o tempo, podem ser entendidas como fato. O corpo humano não é exceçã. Se você acredita que o álcool aquece o corpo (não tem como), ou que recém-nascidos não sentem dor (eles sentem), esse é o resultado de lendas urbanas e contos da carochinha que foram repetidos tantas vezes que nem pensamos em duvidar da veracidade.

Hoje, no entanto, fatos falsos sobre a saúde e o corpo humano se espalham na velocidade da internet, e as consequências podem ser desastrosas. Algo que parece tão inocente quanto postar um artigo nas redes sociais pode ter grandes resultados, e é nosso dever ao resto da sociedade ajudar a fazer com que a verdade prevaleça sobre a ficção.

Felizmente, pesquisas científicas nos permitem verificar certas alegações. Quando se trata da saúde e do corpo humano, às vezes saber a verdade pode salvar vidas.

Aqui estão oito ditos populares errados sobre o corpo humano, desmentidos pela ciência.

#1: Suas impressões digitais são completamente únicas

Por mais de um século, impressões digitais assumiram um grande papel nas investigações forenses. Tudo começou com o cientista e médico escocês Henry Faulds, que em 1888 escreveu um artigo afirmando que cada um tinha um conjunto completamente único de impressões digitais. Agora, uma só impressão no lugar errado pode ser o suficiente para uma condenação criminal. No entanto, não temos como provar comprovadamente que cada uma de nossas coleções de espirais, loopings e arcos é única (o que seria ter a digital de cada pessoa que já existiu e compará-las).

“É impossível provar que não há duas iguais,” diz Mike Silverman, regulador de ciência forense no Reino unido ao The Telegraph. “É improvável, mas ganhar na loteria também é, e tem gente fazendo isso toda semana.”

Podem haver consequências sérias se a maioria acreditar que a análise de digitais é infalível. Em 2005, Simon Cole, criminologista na Universidade da Califórnia em Irvine, publicou um estudo detalhando os 22 casos conhecidos de erros com impressões digitais na história do sistema legal americano. Ele frisou a necessidade de lidar com esses equívocos antes que mais pessoas inocentes acabarem acusadas ou até mesmo condenadas de crimes que não cometeram.

#2: Enrolar a língua é genético

Em 1940, o geneticista Alfred Sturtevant publicou um artigo alegando que a genética determina sua capacidade de enrolar a língua — pais que tinham essa habilidade provavelmente teriam filhos que também poderiam.

Apenas 12 anos depois, o geneticista Philip Matlock desprovou essa conclusão com um estudo dele próprio. Quando comeparou 33 pares de gêmeos idênticos, percebeu que sete desses pares continuam um gêmeo que podia enrolar a língua enquanto o outro não. Já que os genes de gêmeos idênticos são os mesmos, claramente a genética não foi o fato decisivo para enrolar a língua.

Ainda assim, a crença errada persiste 65 anos depois da publicação do estudo de Matlock. E embora não ameace a vida, esse mal entendido pode causar um estresse desnecessário. Como o biólogo evolutivo John McDonald disse à PBS, ele recebeu e-mails de crianças preocupadas de não serem filhas de seus pais porque não tinham a mesma habilidade.

Créditos: Gideon Tsang / Flickr

#3: Você tem cinco sentidos

As crianças frequentemente aprendem que têm cinco sentidos — visão, audição, paladar, tato e olfato. Esse é um “fato” que se originou do trabalho do filósofo grego Aristóteles, escrito por volta de 350 a. C.

No entanto, você na verdade tem mais que cinco sentidos. Muitos mais. Na verdade, cientistas nem têm certeza de quantos mais — as estimativas vão de 22 a 33. Alguns desses outros sentidos incluem equilibriocepção (senso de equilíbrio), termocepção (senso de temperatura), nocicepção (sensação de dor), e cinestesia (senso de movimento — NT: Não confundir com sinestesia, condição em que o portador confunde um ou mais sentidos).

Embora nenhum desses sentidos adicionais incluam a habilidade de nos comunicarmos com os mortos, alguns são absolutamente essenciais à vida. Por exemplo, nosso sentido de sede ajuda nosso corpo a ter níveis apropriados de hidratação, e pessoas que não têm esse sentido — uma condição rara chamada adipsia — podem ficar severamente desidratadas e até morrer.

#4: Unhas e cabelo continuam crescendo após a morte

Nossos corpos fazem muitas coisas esquisitas depois que morremos, mas não continuam produzindo unhas e cabelo. Para fazer isso, nosso corpo precisaria produzir novas células — algo que não é possível após a morte.

Esse mal entendido mórbido aparece desde, pelo menos, 1929, quando o escritor Erich Remarque o imortalizou em seu romance “Nada de Novo no Front.” Na verdade, o mal entendido existe graças a uma ilusão de ótica. Embora nossas unhas e cabelo não continuem a crescer depois que damos nosso último suspiro, nossa pele “encolhe” ao passo que se desidrata. Com a retração da pele, as unhas e cabelo ficam mais expostos e, portanto, pode parecer que cresceram.

Por sorte, não é provável que errar nesse fato cause muito prejuízo — além do potencial de causar pesadelos na mente de crianças ou exacerbar tanatofobia, é claro.

Fonte: Manhhai / Flickr

#5: Nunca devemos acordar sonâmbulos

Embora cerca de 7% da população seja sonâmbula em algum período de suas vidas, ninguém sabe ao certo o que causa o sonambulismo. O que fazer ao encontrar um pedestre sonolento por aí também é fonte de confusão, graças a um mal entendido muito antigo.

Mark Pressman, psicólogo e especialista do sono do Hospital Lankenau na Pensilvânia, disse à Live Science que a crença de que é perigoso acordar um sonâmbulo começou em tempos antigos, quando as pessoas costumavam acreditar que a alma deixa o corpo enquanto dormimos. Acordar um sonâmbulo, portanto, sentenciaria um dorminhoco a uma existência desalmada. As supostas consequências de acordar um sonâmbulo evoluíram desde então — alguns dizem que pode induzir a um infarto, ou levar o sonâmbulo a um estado permanente de insanidade.

Embora Pressman diga que acordar um sonâmbulo não causa danos, também pode não ser fácil. Deixar a jornada de um sonâmbulo continuar sem interrupções claramente não é uma opção, já que poderia ter consequências devastadoras — sabe-se que sonâmbulos já se machucaram ou até morreram nesse estado meio-acordado. A melhor atitude é, portanto, guiar o sonâmbulo de volta para a cama.

#6: Se engolir goma de mascar, levam sete anos para a digestão

Se você acredita na lenda, o chiclete que você engoliu em 2010 ainda está no seu corpo; seu trato digestivo ainda está trabalhando nessa massa grudenta. Embora seja impossível apontar precisamente a origem desse mito, desmenti-lo é relativamente fácil.

O chiclete é borrachudo porque contém uma base de borracha sintética que não é digestível. Mas isso não significa que chiclete engolido não completa a jornada no trato digestivo. Como Rodger Liddle, um gastroenterologista da Escola de Medicina da Universidade Duke, diz à Scientific American, o corpo humano é capaz de levar adiante objetos com o tamanho de até uma moeda de R$ 1, então um pedaço de chiclete não deve apresentar problemas.

Se você engolisse vários chicletes em um curto espaço de tempo, no entanto, poderia acabar com uma massa grande demais para passar. A partir desse ponto, pode ser que precise de um médico para remover tudo manualmente — em 1998, o gastroenterologista pediátrico David Milov publicou um estudo apontando três casos desse tipo em crianças, e o trabalho para solucioná-lo não parece muito agradável.

#7: A maior parte do calor do seu corpo escapa pela cabeça

Esse mal entendido não é tão antigo quanto os outros, e acredita-se que tenha (de certa forma) origens científicas.

Os pesquisadores de serviços de saúde Rachel Vreeman e Aaron Carroll disseram ao The Guardian que esse mito provavelmente tem raízes nos anos 50, quando o exército dos EUA conduziu um estudo para determinar como o tempo frio afetava os soldados. Segundo a lenda, vestiram voluntários com uniformes de sobrevivência ártica e observaram como seus corpos reagiram a temperaturas abaixo de 0 ℃. Os militares concluíram que os voluntários perderam a maior parte do calor na cabeça, aparentemente ignorando o fato de que a cabeça era a única parte do corpo que não estava protegida dos elementos.

Duas décadas depois, um manual de sobrevivência do exército incorporou esse achado, frisando a importância de cobrir a cabeça em casos de exposição ao tempo frio para evitar perder “de 40% a 45% do calor coportal.” Um mito nasceu.

Como disseram Vreeman e Carroll ao The Guardian, nenhuma parte do corpo tem impacto maior do que outra quando o assunto é retenção de calor. Um estudo de 2008 feito pela pesquisadora Thea Pretorius, da Escola de Cinesiologia da Universidade da Colúmbia Britânica, confirma essa afirmação. Nesse estudo, oito pessoas passaram 45 minutos na água a 17 ℃. Alguns participantes tinham as cabeças submersas enquanto outros ficaram com a cabeça para fora. Os com a cabeça submersa perderam 11% a mais de calor. Pelo fato da cabeça representar 7% da área exposta do corpo, não parece muito mais importante que qualquer outra para reter o calor.

Créditos: StockSnap / Pixabay

#8: Algumas pessoas têm juntas duplas

Você provavelmente já viu alguém puxando o dedão até o pulso ou dobrando a perna para frente até o joelho. Talvez você mesmo(a) possa fazer essas coisas. De toda forma, sabe que a maior parte não consegue, o que perpetua o mito de que as pessoas podem nascer com juntas duplas.

No fim das contas, esse mal entendido se resume a uma questão linguística. Ninguém nasce com juntas extras, mas alguns nascem com juntas extra-flexíveis. Essa condição é chamada de hipermobilidade ou frouxidão das juntas, e afeta cerca de 10% a 25% da população.

A hipermobilidade é tipicamente causada por ossos com formatos anormais ou ligamentos frouxos, como diz Michael Habib, anatomista e paleontologista de vertebrados da USC, à BBC. E embora possa ser útil a dançarinos, contorcionistas ou dublês, a condição tem pouco impacto para o resto da população, fora garantir um truque bacana para se fazer em festas.

Fonte: Pinterest

Texto traduzido do site Futurism.

Venda legal de órgãos: você apoiaria?

Traficando partes do corpo

Quando um coração, fígado ou qualquer outro órgão vital com defeito oferece resistência a todas as formas disponíveis de tratamento, a única chance de sobrevivência de um paciente próximo da morte seria um transplante do órgão. Infelizmente, não há doadores o suficiente para salvar todos os pacientes que precisam. Desesperados com o tempo a se esgotar, alguns pacientes podem acabar tentando comprar um órgão de forma ilegal. A verdade é que milhares de vendas e compras de órgãos no mercado negro são efetuadas todos os anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Nos anos 80, o Irã tinha baixa oferta de rins doados legalmente e equipamentos insuficientes de diálise para tratar a crescente quantidade de pessoas com doença renal crônica terminal (DRT). Haviam cirurgiões altamente treinados e capazes de fazer os transplantes, no entanto. Então, em 1988, a nação decidiu por uma nova e corajosa (também controversa) estratégia para eliminar os riscos de procurar ou receber um órgão ilegalmente: legalizaram que uma pessoa viva venda o próprio rim.

Quase três décadas depois, o Irã é agora um dos poucos países sem falta de órgãos — todo iraniano que precisa de um rim pode recebê-lo. As outras nações deveriam fazer o mesmo?

Em 2014, 4.761 americanos morreram esperando um transplante de rim.
No Brasil, o número é parecido: cerca de 2,3 mil morrem na fila por ano.

Em 2016, órgãos doados legalmente chegaram a menos de 10% da demanda global, de acordo com um relatório do Observatório Global de Doações e Transplantes da OMS, a fonte mais compreensiva do mundo em dados sobre transplantes. Em 2014, 4.761 americanos morreram esperando por um transplante de rim, e outros 3.668 saíram da lista porque se tornaram doentes demais para o procedimento, de acordo com a Fundação Nacional do Rim (NKF), uma organização dedicada à conscientização, prevenção e tratamento de doenças renais.

Dada esta demanda significativa, talvez não seja surpreendente certas pessoas buscarem o mercado paralelo para salvar as próprias vidas. Embora as estimativas exatas sejam difíceis de identificar (o mercado negro não tem exatamente um registro oficial), o comércio ilegal de todos os órgãos gera entre R$ 2,75 bilhões e R$ 5,57 bilhões anualmente, e estima-se que 10% dos órgãos transplantados sejam advindos da atividade, de acordo com um relatório de 2017 da Integridade Financeira Global (GFI), uma organização filantrópica de pesquisa e consultoria focada em fluxos financeiros ilícitos.

Preços médios dos órgãos no mercado negro, em dólares. Fonte: Futurism

Rins são o órgão mais frequentemente vendido por um motivo muito simples: humanos nascem com dois, e podem viver uma vida saudável usando só um. Vender rins, portanto, poderia parecer uma simples questão de oferta e demanda — a demanda por rins é alta, então doadores dispostos deveriam, teoricamente, poder negociar um preço com posição privilegiada na negociação.

No entanto, as pessoas que fornecem os órgãos não são nada como as que recebem. Pesquisadores do GFI constataram que os compradores dos rins são normalmente indivíduos de classe média a alta residentes em países desenvolvidos, enquanto vendedores são tipicamente advindos dos povos mais vulneráveis do mundo. Para cidadãos pobres e sem escolarização de países em desenvolvimento, vender um rim pode parecer a única forma de escapar da pobreza ou abater uma dívida.

Os que recebem chegam a pagar até cerca de R$ 700.000 por um rim, mas o doador pode acabar recebendo tão pouco quanto por volta de R$ 15.000 da quantia (um corretor fica com o resto), de acordo com a OMS. Alguns doadores nem mesmo são pagos, e pela venda ser ilegal, acabam tendo poucos recursos para obter o dinheiro que receberiam.

Pior ainda, cirurgiões treinados inadequadamente podem fazer as cirurgias em condições pouquíssimo higiênicas. Os doadores podem acabar com complicações perigosas e dolorosas que os força a parar de trabalhar ou necessitar de cuidados posteriores caros, o que os deixa em uma situação financeira ainda mais precária que antes da venda do próprio órgão.

Um mercado como nenhum outro

Ao legalizar a venda de rins por parte de doadores vivos, o Irã pôde evitar as armadilhas do mercado negro e hoje, cerca de 55% de todos os rins doados no país são de doadores vivos, de acordo com as estatísticas do governo obtidas pela Associated Press. Em comparação a isso, somente cerca de 38% das doações de rins nos EUA são de doadores vivos. O resto vem de doadores que já morreram, e esses órgãos não têm tantas chances de manter os receptores saudáveis no longo termo.

O processo de comprar ou vender um rim no Irã é bem descomplicado, de acordo com um estudo de 2011. Um médico redige uma carta informando que o paciente necessita de um rim, e o paciente leva a carta até um escritório da Fundação do Rim do Irã, uma organização filantrópica que facilita os transplantes do país. A organização adiciona o paciente a uma lista e qualifica-o de acordo com o tipo sanguíneo. Pacientes em uma emergência médica e soldados amputados e deficientes entram na frente, de acordo com o estudo.

Para ser aprovado como doador vivo, iranianos interessados podem ir a um dos escritórios da fundação para passarem por exames (o doador paga por eles). Se a fundação entender que os rins são saudáveis o suficiente para transplante, o doador é aprovado. Em seguida, a fundação contata a pessoa no topo da lista do tipo sanguíneo do doador, levando em consideração outros fatores, como o porte físico — um rim particularmente pequeno pode ser doado a uma criança ou mulher mesmo que a pessoa esteja abaixo de um homem de tamanho médio, porque uma combinação mais próxima entre o tamanho do rim e os rins originais do receptor facilita um resultado de longo termo melhor.

O governo iraniano paga pela cirurgia do transplante, assim como pela recuperação do doador pelo ano seguinte à cirurgia. O receptor (ou sua família) paga pelo rim usando a fundação como intermediária, relata Farshad Fatemi, microeconomista na Universidade de Tecnologia de Sharif e autor do estudo de 2011. O preço-base é definido em cerca de R$ 15.000, mas se o doador não quiser vender o rim por esse preço, ele e o receptor podem negociar um valor mais alto entre eles logo após a combinação ser constatada. Em 2011, Fatemi estimou que receptores de órgãos pagaram, em média, um extra de cerca de R$ 1.800 a R$ 3.500.

Se o doador e receptor concordarem nos termos, ambos passam por exames de amostras para garantir que o receptor não tenha probabilidade de rejeitar o novo rim. Se os resultados forem favoráveis, o paciente e o doador assinam um acordo e recebem uma lista de médicos e clínicas que podem fazer o transplante. A clínica fica com o dinheiro durante a cirurgia e entrega-o ao doador após a operação para garantir o pagamento.

Um modelo viável?

Embora o sistema do governo iraniano agilize o processo da doação de órgãos para pacientes — a espera média entre o contato com a fundação e a recepção do rim é de cinco meses — Fatemi diz que o mercado legal de rins também tem imperfeições.

Um dos problema é que médicos frequentemente deixam de acompanhar doadores após a cirurgia. É importante acompanhá-los por várias décadas depois da doação para avaliar como o processo os afeta, Fatemi frisa, embora entenda que seja difícil, já que doadores tentam esconder sua identidade com frequência para evitar o estigma associado à venda de um rim. Educar o público dos benefícios da doação, paga ou não, poderia ajudar a resolver este problema, finaliza o acadêmico.

Fatemi também aponta que, assim como o mercado ilegal de rins, as porções mais pobres e vulneráveis da sociedade ainda são as que mais doam no mercado legal do Irã, e normalmente só o fazem porque sentem não ter outra opção para escapar da pobreza. “Estive na fundação. As pessoas que estão doando são jovens e cheias de energia, mas são pobres e estão vendendo parte do corpo para solucionar o que podem ser problemas muito pequenos de suas vidas cotidianas,” diz Fatemi.

Dada a falta de acompanhamento, ninguém nem sabe com certeza se esses cidadãos vulneráveis se beneficiam da venda.

Embora o mercado do Irã possa ser imperfeito e só impeça a venda ilegal de um órgão específico, Fatemi acredita que seja melhor do que a alternativa do mercado negro. O sistema protege doadores em desvantagem ao garantir que serão pagos pela venda e atendidos medicamente, e isso também garante aos receptores uma segunda chance na vida que talvez não teriam.

“Com esses transplantes, as pessoas podem viver duas, três décadas a mais do que viveriam sem eles,” diz Fatemi. “Durante esse tempo, têm bons momentos com suas famílias, são produtivos na economia. Esse é o lado bom.”

Por ora, o Irã continua sozinho ao permitir que cidadãos vendam legalmente seus rins, e nenhuma outra nação parece disposta a fazer o mesmo. Isso não é para dizer, no entanto, que um novo mercado legal de rins não possa ocorrer. Um estudo de 2015 publicado na revista American Economic Review concluiu que cidadãos americanos estavam mais abertos à ideia da venda de órgãos quando informados sobre seus benefícios potenciais, então ao menos uma barreira para a criação de tal mercado — reprovação do público — poderia ser eliminada através de programas educacionais.

É importante frisar que o Irã só resolveu decidir por legalizar vendas de rins até a situação ficar crítica, então se a História servir de indicação, a próxima nação a testar o sistema provavelmente será uma na mesma situação, talvez em um lugar como a Índia onde a doença renal crônica em estado terminal está se tornando mais comum e o mercado negro está prosperando. Enquanto isso, nações onde os diagnósticos da doença se estabilizaram na última década, como os EUA, podem decidir por continuar como sempre até que novas tecnologias e tratamentos tornem o mercados de rins, legais ou ilegais, obsoletos.

“Toda vez que vou à fundação, sonho pelo dia em que poderemos clonar um rim para uma pessoa,” disse Fatemi. Até que isso aconteça, ele considera o sistema iraniano positivo.

Texto traduzido por Cláudio Ribeiro do site Futurism.

O que aconteceu de bom em 2015?

Guerras, terrorismo, ataques, bombas, mortes, preconceito, protestos, radicais, extremistas, corrupção, pobreza, intolerância, fascismo, desastres naturais e o aquecimento global. Eu ainda devo ter esquecido de muita coisa que tivemos que superar em 2015 para seguir em frente. E às vezes isso dá aquela sensação enorme de que tivemos um ano perdido, que nada avançou e de que a humanidade está sucumbindo ao caos. Mas muita coisa boa aconteceu também. Que tal sairmos desse ano satisfeitos com progresso? Vamos recapitular:

Que tal este ano, afinal?

Entre outras tantas centenas e centenas de notícias boas que recebemos este ano, sem contar as pessoais (novos nascimentos nas nossas famílias, casamentos e conquistas de parentes e amigos), acho que pelo menos um pouco de mudança no foco pode nos ajudar a tirar aquele gostinho ruim da boca. Talvez é nossa mídia que tenha que ser ampliada.

Feliz 2016!