Aparentemente, há um nome para a geração que nasceu entre os anos 70 e 80

Não são millenials e nem a geração X.

Todos ouvimos sobre os millenials, e a geração que veio antes, conhecida como Geração X. Enquanto a maior parte das descrições marcam diferenças gritantes entre as duas, alguns também percebem que as pessoas nascidas na janela dos anos 1977 e 1985 não parecem se encaixar em nenhuma das categorias.

Escrevendo para o Business Insider, Marleen Stollen e Gisella Wolf explicam a questão da seguinte forma:

“Os anos de nossos nascimentos caem entre duas grandes gerações. Tivemos que fazer a ponte da divisão entre uma infância analógica e outra digital, e somos lembrados disso dia após dia. Vivemos com um pé na Geração X e outro na Geração Y [também conhecidos como millenials]. É uma posição desconfortável de se fazer parte, e não gostamos disso.”

Fonte: Adobe

Se não é Geração X ou Geração Y… Então o quê?

“Xennial” é outra forma de chamar essa microgeração, e que parece estar ganhando força (xennial sendo uma combinação de Geração X e millenial). Uma rápida pesquisa no Google pelo termo já retorna 318.000 resultados.

“Ame ou odeie, ‘xennial‘ é melhor do que ‘velho millenial‘, certo?” — Merriam Webster (NT: dicionário americano do inglês)

A escritora Sarah Stankorb consagrou o termo em 2014, em um artigo da revista Good que tinha o título “Pessoas razoáveis discordam sobre a geração pós-X, pré-millenial,” na qual ela argumenta que sua microgeração “nasceu no crepúsculo” entre “os na-rua-a-noite-inteira da Geração X e os millenials ensolarados-otimistas-de-alguma-forma.” Enquanto isso, o co-autor de seu artigo, Jeb Oelbaum, compartilhou uma visão definitivamente menos ensolarada da microgeração, escrevendo: “Não somos o futuro; não importamos mais demograficamente, e ainda não nos tornamos o estabelecimento… Nós, xennials, somos uma galera triste, cínica e para baixo. Ou talvez seja só eu.”

Nem todos concordam nas características que definem um xennial, nem concordam nos anos que compreendem essa microgeração, com algumas fontes dizendo que o mais correto seria defini-los como aqueles nascidos entre 1977 e 1983.

De forma parecida, há debates acerca de quais anos de nascimento definem a geração millenial. Um artigo do Atlantic sobre o assunto considerou como os anos de 1982-2004. Outros, como a Nielsen, a empresa gigantesca de coleção de dados, definem os millenials como aqueles nascidos entre 1977-1995, com aqueles nascidos após 1995 sendo da Geração Z.

Se você perguntar aos nascidos nos fins dos anos 1970 e em meados dos anos 1980 se acham que são millenials, a resposta é que provavelmente não. Mas não se sentem exatamente como Geração X, também. O que define um xennial?

Ao passo que os anos de nascimento da geração xennial ficam abertos ao debate, o detalhe definitivo que parece chegar a um consenso é que xennials se sentem perdidos entre dois mundos. E as diferenças entre eles e seus colegas mais velhos ou mais novos ficam visíveis em suas formas de ser pais, suas visões políticas e, talvez de forma mais declarada, suas interações com a tecnologia.

Créditos: Sean Gallup / Getty Images

As pessoas nascidas durante esse período de tempo em específico não cresceram em um mundo onde a internet e os celulares sempre estiveram lá, como os millenials que vieram logo depois. Os xennials conseguem se lembrar perfeitamente de quando essas tecnologias emergiram.

Mas, ao contrário dos mais velhos da Geração X, os xennials se adaptaram à nova tecnologia mais rapidamente. Por exemplo, embora os xennials não tenham crescido com as mídias sociais, agora as usam com quase tanta facilidade quanto aqueles que sempre as tiveram lá.

Créditos: Sol Grundy / Flickr

“Enquanto crescíamos, a tecnologia amadureceu paralelamente,” escrevem as autoras do Business Insider. “Tivemos tempo para nos acostumar e ainda éramos jovens o suficiente para nos sentirmos familiares.”

As autoras também explicam que, comparados aos da Geração X, que viveram com a Guerra Fria, e millenials, que viveram durante a guerra do Afeganistão, os xennials chegaram à maturidade durante um tempo relativamente pacífico do mundo.

E aí, qual a sua opinião? Você é da Geração X, Y ou Z? Existe uma geração Z?

Fonte: Getty Images

Traduzido do site SimpleMost.

É possível que o radicalismo venha de fora?

Nesta semana, o The New York Times publicou uma notícia informando que o Facebook fará uma atualização com uma ferramenta que permitirá que os usuários descubram se foram vítimas de propaganda política falsa criada e compartilhada por agentes russos com o objetivo de desestabilizar e radicalizar os discursos durante as eleições presidenciais dos EUA.

Segundo a publicação, 29 milhões de americanos viram conteúdo falso publicado por russos no Facebook diretamente na timeline, 126 milhões de pessoas viram conteúdo compartilhado e 150 milhões de pessoas foram expostas às informações quando o Instagram é considerado. Isso significa que quase metade da população total americana visualizou de alguma forma notícias falsas criadas por uma nação do outro lado do mundo.

Uma das notícias falsas da eleição americana. Yoko Ono dizendo, “Eu tive um caso com Hillary Clinton nos anos 70.” Fonte: Heavy.com

O termo fake news entrou em cena desde então, com a ascensão de milhares de sites ao redor do mundo com a única função de criar notícias falsas, inflamatórias ou exageradas, com o objetivo de enganar, confundir ou radicalizar as pessoas comuns. Aliada a essa força do mal, indivíduos no WhatsApp criam absurdos e desinformações para compartilhar com familiares e amigos, um lugar onde as pessoas se tornam muito mais suscetíveis ao problema.

WhatsApp é mais alarmante no Brasil por contar com uma socialização que envolve pessoas acostumadas e desacostumadas a usar a internet. Dentro de grupos familiares, uma história bem escrita compartilhada com negritos e emojis por um sobrinho apoiador do Bolsonaro ganha mais confiança e simpatia dos tios e avós pelo fato de o sobrinho estar compartilhando, e dentro daquele ambiente familiar. Com incentivo de levar a mensagem adiante como se fosse uma verdade que precisa ser exposta ao mundo, à modelo das antigas correntes de e-mail e Orkut, esse modelo de desinformação tem causado grandes transtornos, como mentiras contadas sobre Jean Wyllys, o programa de televisão que será encabeçado por Pabllo Vittar, a exposição Queermuseu de Porto Alegre e, para não dizer que o problema só está em opiniões de direita, os “fatos” inflamatórios sobre figuras queridas dos conservadores brasileiros, Alexandre Frota e Jair Bolsonaro.

Uma das obras causadoras de polêmica da exposição Queermuseu. Crianças podem ser gays? A resposta óbvia é que sim, mas alguns setores não aceitaram. Fonte: JornaLivre

O que nos leva ao título: será que as origens de tudo isso são mesmo os próprios brasileiros? Segundo artigo com várias estatísticas publicadas pelo El País Brasil, nossa nação já não é tão conservadora assim. Mais de 70% dos brasileiros hoje aprovam não só o casamento entre pessoas do mesmo sexo como também a adoção. A voz e a luta contra o racismo e desigualdade entre os sexos também ganhou e continua ganhando muita força, tanto entre os jovens quanto entre os mais velhos, que têm mais dificuldade em aceitar grandes mudanças na sociedade. As regras estão mudando sobre o que é ou não aceitável nas conversas cotidianas. O brasileiro está se aproximando rapidamente do que é o ocidental, especialmente com o advento da internet.

Não é novidade alguma que exista um setor conservador na sociedade, em qualquer sociedade afinal, especialmente na classe média. Ultimamente se tornaram mais audíveis e escandalosos com os casos que todos já conhecem, mas não aumentavam em volume até que pessoas jovens começaram a se enxergar em discursos radicalizados e preconceituosos, com o viés de que isso os tornaria pessoas mais respeitáveis e “de bem.” Páginas como o “Orgulho de Ser Hétero” dão cabo a isso e insistem aos influenciados que ser preconceituoso com mulheres e homossexuais fará deles homens mais masculinos e completos. Qualquer análise maior sobre as postagens lá dispostas mostra o contrário. Dos comportamentos imaturos dos seguidores ao conjunto raso de ideias que cultivam ao preconceito injustificado contra o gênero com o qual se relacionam.

O discurso típico do masculino exagerado, onde as obrigações e direitos de cada um no relacionamento são aparentemente diferentes. Fonte: Orgulho de ser Hetero / Facebook

Mas e se tudo isso nem foi gerado aqui? Até o ano de 2014, era raro ver organizações e grupos que difundiam o preconceito e a segregação na rede. As pessoas pareciam todas estar conversando sobre assuntos que mereciam ser discutidos, e o nível dos debates e das questões estava crescendo. Com essa onda, muito melhorou no funcionamento da sociedade e no respeito em geral, tanto falando de religião como de orientações ou gênero. O brasileiro se tornou mais informado na política e nos seus direitos. Agora a coisa parece estar se desenrolando.

Facebook se comprometeu a contar para os americanos o que eles viram de falso, fabricado pelos russos. Mas o Facebook também sabe que as fake news e as radicalizações estão acontecendo por aqui. Só que ninguém fez a pergunta, ninguém suspeitou de nada, e eles não têm obrigação de contar. Quem criou? Por quê? Será que não existem interesses e mãos ocultas por trás de formadores inflamados de opinião, como o MBL, onde um negro defende o fim de direitos de seus pares? O que garante que os próprios EUA, a Rússia ou vizinhos interessados em determinadas riquezas brasileiras não possam ter interferido nas nossas opiniões políticas, conduções no Congresso e no Senado, nas eleições? Quem garante que isso não possa acontecer no ano que vem? Quais precauções o Facebook de fato tomaria nesse caso?

O ápice da esquizofrenia ideológica pode simplesmente ter sido importado. Casos e falas parecidos foram vistos nas eleições dos EUA. Fonte: MBL

É hora de começarmos a nos questionar: fomos nós que criamos nossos radicais conservadores, que hoje gritam e esperneiam tentando fazer o brasileiro de verdade acreditar que eles são a maioria ou o retorno da sanidade? Ou será que é uma massa influenciável da nossa população sendo manipulada em prol de um objetivo oculto?

De toda forma, se você estiver aflito(a) (como eu também estava), fique um pouco mais tranquilo(a). A porcentagem de brasileiros que se deixam levar por essas ideologias extremistas e segregacionistas é relativamente pequena, a maior parte de nós continua sã. Que façamos nossos votos refletirem isso em 2018.