Por que tanta gente odeia o Bolsonaro e seus seguidores?

Bolsonaro é um político que gosta de agradar uma maioria, só que a maioria dele é só a que ele inventou. Tem um segmento do país que gosta muito dele: pessoas que querem ter mais liberdade para portar armas (e as empresas que as fabricam), pessoas que não concordam que o país seja laico, mas cristão (e que as outras religiões não tenham direitos garantidos), que homossexuais e transexuais não tenham os mesmos direitos que as outras pessoas (porque na cabeça dele são doentes que não contribuem para o país), e que negros pobres estão nessa situação porque são incompetentes (e não porque a sociedade os empurrou para isso após o fim da escravidão). Ele considera que as mulheres devam ficar em casa e caladas quando sofrerem abusos e agressões. Além disso tudo, ele considera que todos os nordestinos são pessoas vagabundas que só dependem de assistencialismo e não produzem para o país.

Bolsonaro chama governadores do Nordeste de ”Paraíba”; gestores reagem

A questão é que os LGBT, os negros, os pobres, os nordestinos, as mulheres e as pessoas de religiões minoritárias são, sim, minorias, mas somadas elas se tornam uma maioria. Lembremos que Bolsonaro venceu as eleições no segundo turno com 55,13% dos votos válidos. Do total de votos, 21,3% não compareceu às urnas e 9,57% dos votos foram nulos ou brancos, ou seja, quando ele venceu, apenas 38,11% dos brasileiros votaram nele. Os outros 61,89% não o queriam como presidente ou não eram necessariamente apoiadores.

Após 7 meses, Damares não gastou um centavo com Casa da Mulher Brasileira | Exame

Existem pessoas que não querem que a Amazônia seja desmatada desenfreadamente, sem regulamentos ou Reservas Florestais. Os índios, que também são brasileiros, com RG e CPF, também são eleitores e estão sendo ativamente caçados e mortos por apoiadores de Bolsonaro. O presidente deu as costas para eles, então obviamente os índios têm todo direito de odiá-lo.

Com Bolsonaro, fazendas foram certificadas de maneira irregular em terras indígenas na Amazônia

Existem pessoas que não querem ser agredidas fisicamente por se relacionarem com pessoas do mesmo sexo, e essas pessoas também querem que se tornem leis os direitos à adoção e ao casamento, bem como a proibição da LGBTfobia para que esses ataques acabem. Todas essas coisas foram garantidas, mas ainda não são leis. Bolsonaro incentiva pessoas que vão contra os direitos desse grupo e virou as costas para eles, então obviamente os gays, lésbicas e transexuais têm todo direito de odiá-lo.

“Ter filho gay é falta de porrada”, diz Bolsonaro

Existem pessoas que buscam a igualdade entre diferentes etnias e religiões, e para isso há a lei contra a intolerância religiosa e as cotas universitárias para negros e estudantes das escolas públicas. Essas pessoas querem as mesmas chances de sucesso do que os ricos, que têm acesso às escolas particulares e estão tendo aulas online agora para assistir no computador enquanto filhos de faxineiras ficam sozinhos em casa com apenas um celular para estudar. Bolsonaro não concorda com cotas e acha que essas crianças devem ficar na classe social onde estão, portanto os pobres têm todo direito de odiá-lo.

Bolsonaro promete reduzir cotas para universidades e concursos

Se eu continuar dando exemplos aqui, vai ficar grande. Acho que quem quiser entender, já pegou a dica.

Por que tanta gente odeia Bolsonaro? Porque ele virou as costas para a maioria dos brasileiros, achando que todos seriam minorias isoladas, e se tornou um presidente para apenas aqueles que concordam com ele. Porque ele espalha notícias falsas e agride diversos grupos de brasileiros sem consequências. Porque ele está desrespeitando os outros poderes políticos e sendo oligárquico com seus filhos e com a aparelhagem do Rio de Janeiro.

Bolsonaro diz que menção à interferência na PF é sobre segurança familiar

Além de tudo isso, também fica difícil não odiar o Bolsonaro quando você tem um familiar que morreu de Covid-19 enquanto ele fica repetindo “cloroquina” e saindo por aí sem máscara. Por enquanto, isso não é o caso de todo mundo, mas pela tendência da doença, logo seremos todos um desses brasileiros. Muitos policiais já deixaram de apoiá-lo porque correm muito risco na profissão e já perderam colegas para a doença. Dessa forma, até dentro dos poucos grupos que restam ao presidente como apoiadores, alguns já começam a ficar bambos.

Então fica aí. Sem nem falarmos de esquerda ou do PT, sem nem precisar ser alguém intitulado esquerdista, se focarmos APENAS nas grandes contribuições de Jair Messias Bolsonaro, sobram motivos para não gostar dele.

Por que não aproveitar a crise política brasileira para criar um país do Sul — SC, PR e RS?

Esta é uma postagem adaptada de um comentário feito em uma resposta para uma pergunta parecida no Quora. Você pode acessar a pergunta original e o comentário clicando neste link.

Apesar do argumento de que os estados do Sul do país possuem IDH mais elevado e menos crimes, isso não significa que a região seja mais desenvolvida socialmente ou economicamente. Ela é completamente dependente (e devedora) do restante do país, em especial a região Sudeste.

O IDH da Venezuela era maior que o do Brasil por várias décadas. O da Argentina também é. IDH não é um índice que sobe para nunca mais descer. O IDH de Santa Catarina é muito alto, e vários dos medidores do estado são ótimos, mas isso não significa que ele seja autossuficiente.

Sem a infraestrutura e diversidade econômica do Brasil como um país único, Santa Catarina não teria condições de manter a atual qualidade de vida. A economia seria muito mais volátil, de acordo com os poucos commodities que o estado concentra, e simplesmente não daria para manter o “país”.

Na Europa, os países se formaram por questões culturais próximas e idiomas, em muitos casos. Isso funcionou por lá. No caso da África, por exemplo, seria absolutamente impossível. Pelo fato de falarmos português, termos uma história comum de descoberta e desenvolvimento, sermos completamente integrados economicamente e socialmente (televisão, jornais, empresas…), não vejo força no argumento de que somos diferentes demais para sermos todos brasileiros.

Para que Santa Catarina ou o Sul, como um todo, pudessem se tornar um país estável e promissor sem o resto de nós, seria necessário que os cidadãos e governo iniciassem megaconstruções em diferentes frentes para ampliar significativamente a diversidade econômica da região e criar uma insfraestrutura independente capaz de dialogar com todos os vizinhos de forma eficiente sem os muitos acessos ao novo Brasil (Santos, Salvador, São Luís…), sem zonas industriais absolutamente vitais (São Paulo, Belo Horizonte, Manaus), sem o fornecimento do alimento provido pela zona rural do Centro-Oeste/Sudeste (São Paulo, Mato Grosso, M. G. do Sul), enfim…

Creio que sejamos similares o suficiente para compartilhar uma nação e que, juntos, podemos mais. Também acho que é uma energia muito mais bem gasta contribuir para que o Brasil inteiro dê certo do que para tentar conseguir algum dia uma secessão. Eu não tenho como garantir que isso jamais acontecerá na História, mas tenho 99,9999999% de certeza de que não acontecerá em nossas vidas.

Estabilidade econômica deveria ser pre-requisito para ter filhos?

Leia minha resposta original no Quora.

Como seriam punidos os casais que engravidassem por acidente ou ignorando a lei? Aborto? Adoção forçada? Multas (que piorariam a situação)?

Como seriam definidos os valores? Propriedades? Salários? Um salário conjunto de São Paulo seria equivalente ao de João Pessoa?

E se a lei passasse a ser abusada para que minorias étnicas fossem subjugadas? Como seria o controle?

Como a renda é definida? Se os pais não têm, mas os avós sim, vale ou não vale? Tendo amigos no cartório, na justiça ou na política, algumas exigências seriam ignoradas?

A renda define a quantidade de filhos?

Várias perguntas, poucas respostas… Eu tenho só um palpite: não seria mais barato ensinar a Educação Sexual nas escolas, prevenindo filhos indesejados, casamentos indesejados, doenças sexualmente transmissíveis (que custam caro ao governo também) e garantindo o maior sucesso acadêmico e profissional dos jovens?

O aborto não é permitido ou visto com bons olhos em algumas religiões, mas será que permiti-lo para aqueles que NÃO seguem essas religiões não poderia ajudar a garantir o futuro de alguns brasileiros e brasileiras?

Vejo soluções melhores do que confiar no governo para ditar quantos filhos as pessoas podem ter, e sob quais condições.

Onde fica a diferença entre celebrar uma cultura e apropriar-se dela?

Leia minha resposta original no Quora.

Pessoalmente, vejo dessa forma: se uma pessoa viajou para a África e comprou uma dashiki porque achou belo e gostaria de exaltar a cultura africana — avisando para outras pessoas de onde aquilo vem, por que é do jeito que é e onde foi comprado — enxergo como uma celebração. Da mesma forma, pode-se ir ao México e comprar um sombrero ou levar uma calça de capoeira do Brasil para fora e todos os usos serem uma forma de exaltar a cultura dos locais de origem.

O que eu considero apropriação cultural é o que a Kim Kardashian tentou fazer. Ela lançou uma linha de espartilhos e roupas que emagrecem a figura feminina. Até aí, tudo bem. Mas qual o nome do produto? Kimono!

Não satisfeita em tentar usar o nome de uma das roupas mais tradicionais do Japão, ela ainda tentou patentear o nome. Os japoneses, entrevistados por um canal de YouTube, acharam graça e ridículo que uma ocidental fosse tentar fazer algo do tipo, mas não se importaram muito. Já outras pessoas, que realmente monitoram o que seria considerado apropriação cultural, criticaram muito a ideia da Kim.

Eu, pessoalmente, considero isso uma palhaçada.

Outro ponto de vista sobre a apropriação cultural é a percepção por algumas pessoas de que certos estilos e atributos de culturas minoritárias sejam somente considerados bacanas quando pessoas brancas as fazem virar moda.

É por isso que, quando você pesquisava “afros bonitos” no Google, a maior parte dos resultados era de mulheres bonitas fazendo tranças, e ao pesquisar “afros feios”, só apareciam mulheres negras usando os mesmos estilos.

Felizmente, com a onda de valorização dos cabelos negros e vários penteados se popularizando, essa realidade mudou. Infelizmente, em inglês a diferença ainda é evidente (basta buscar por “pretty braids” / “ugly braids” e você verá esse efeito).

Pode realmente machucar uma pessoa quando ela vê parte da cultura de seu povo recebendo elogios apenas quando é reproduzida por pessoas que não fazem parte dela, enquanto você é visto(a) como alguém que enfeia a mesma cultura. Passa a mensagem de que seu povo não merece atenção ou respeito.

A história por trás de Gay Bob, primeiro boneco fora do armário!

Ele foi lançado nos anos 70, para a comemoração e revolta de muitos.

“É outra evidência do desespero que a companha homossexual alcançou em seu esforço para inserir o estilo de vida homossexual, que é um estilo de morte, entre o povo americano.”

Um grupo de pressão chamado Proteja as Crianças Americanas fez essa declaração em 1978 — sobre um boneco.

Naquele ano, o lançamento de Gay Bob, considerado o primeiro boneco assumidamente gay do mundo, causou um pequeno furor. Consumidores enfurecidos reclamavam que um brinquedo com uma história de vida homossexual levaria a outros bonecos “nojentos” como “Priscilla a Prostituta” e “Danny o Traficante de Maconha.” A Esquire premiou o Gay Bob com o “Prêmio de Caráter Dúbio.” E organizações anti-gays por todos os Estados Unidos vociferaram.

Gay Bob, que deveria parecer uma mistura de Robert Redford e Paul Newman, era loiro, com uma camisa de flanela, jeans apertadas e uma orelha furada. O boneco trazia às organizações anti-gays muito a temer; intrínseco a ele havia a celebração da identidade gay, evidenciada pelo discurdo programado de Gay Bob. “Pessoas gays,” dizia Bob, “não são diferentes dos heterossexuais… Se todos ‘saíssem de seus armários,’ não haveriam pessoas tão raivosas, frustradas e assustadas.”

De forma atrevista, a caixa em que Gay Bob era embalado vinha no formato de um armário, para que quando ele saísse de lá, estivesse literalmente saindo do armário. Gay Bob explicava: “Não é fácil ser sincero sobre quem você é — na verdade, leva muita coragem… Mas lembre-se, se Gay Bob teve a coragem de sair do armário, você também pode ter.”

“Saia do armário com Gay Bob, o primeiro boneco gay para todos. Ele senta… Ele se levanta… Ele fica em qualquer posição… e já que ele é anatomicamente correto, ele pode até mesmo brincar consigo mesmo sem ficar cego. Gay Bob é grandão com 33 cm (Uau!) e feito de plástico (ou plastique, se você for elegante)… Ele vem vestido em uma camisa de flanela mucho macha, jeans azuis que abrem com um zíper de qualidade para relevar suas partes íntimas, botas e (naturalmente!) um brinco. Ele mora em um armário e tem seu próprio livro de histórias/catálogo de moda. Barbie e Ken… Deem licença. GAY BOB CHEGOU! Por US$ 19,50 você pode ter um GAY BOB. Ou tenha estilo e mande US$ 35 para levar dois bonecos. Para residentes em Nova York e com os impostos apropriados. Enviado em embalagem de papel pardo. Revendedores bem-vindos. Sinto muito, querido, não pode pagar na entrega. Compras em dinheiro são enviadas no mesmo dia. Cheques em torno de 3 a 4 semanas. Agora é a hora de mandar o GAY BOB para todos na sua lista de Natal para: FORA DO ARMÁRIO, LTDA.” Propaganda em uma revista de 1978 para o boneco Gay Bob. Joe Wolf/CC BY-ND 2.0

A mensagem positiva não foi por acidente. O criador do boneco, Harvey Rosenberg, ex-executivo publicitário que desenvolvou campanhas de marketing para várias empresas, queria que o Gay Bob “libertasse” os homens dos “papéis sexuais tradicionais.” Ele criou o boneco logo depois de uma série de choques sacudirem sua vida: em rápida sucessão, seu casamento acabou e sua mãe se tornou extremamente doente. Ele decidiu que seus próximos projetos teriam que ser de grande significado pessoal.

Embora o Gay Bob fosse certamente divertido — o boneco foi feito para ser anatomicamente correto, e ativistas proeminentes como Bruce Voeller disseram aos repórteres que as pessoas deviam “encarar [o boneco] de forma leve e aproveitar” — as intenções de Rosenberg pareciam ser sinceras. Quando perguntando sobre por que gastaria US$ 10.000 de seu dinheiro na produção de Gay Bob, ele respondeu, “tínhamos algo a aprender do movimento gay, assim como tivemos do movimento dos direitos dos negros e das mulheres, e isso é ter a coragem de se erguer e dizer ‘Eu tenho direito se ser quem sou.'”

Quando o Gay Bob chegou às lojas em 1978, esse direito de ser gay e igual estava mais uma vez sob ataque, especialmente por Anita Bryant, uma cantora e bem conhecida embaixadora de marcas que mobilizou a oposição contra uma lei de Dade County, na Flórida, que proibia a discriminação por conta da orientação sexual. Focando no impacto em escolas públicas, Bryant dizia que a existência de professores LGBT ameaçaria o bem-estar dos estudantes locais. “Homosexuais recrutarão nossas crianças,” ela alertou. “Usarão dinheiro, drogas, álcool, qualquer coisa para tomar o que querem.” Em junho de 1977, ela conseguiu que a lei fosse extinguida, e sua cruzada anti-gays — que ganhou grande atenção da mídia — inspirou movimentos parecidos em Minnesota, Oregon, Kansas e na Califórnia.

Gay Bob, que vendeu 2.000 cópias nos primeiros dois meses, apareceu no auge dessas batalhas políticas. Não era um grande destaque por conta própria, mas serviu como um divertido troféu — e sinal de mudanças — para aqueles lutando contra Bryant.

Inicialmente vendido atavés de propagandas de encomenda de correio em revistas com temática gay, o Gay Bob logo se expandiu para lojinhas de Nova York e São Francisco. Rosenberg até o promoveu para grandes redes de departamento, uma das quais até gostou da ideia (mas acabou não fechando negócio). E, no fim das contas, os consumidores que temiam a introdução de bonecos mais “nojentos” estavam parcialmente corretos — Rosenberg logo deu ao Gay Bob uma família, com os irmãos Marty Macho, Eddie Executivo, Al Ansioso, Steve Hétero (que vivia nos subúrbios e usava ternos azuis) e as irmãs Fran da Moda, Libby Liberta e Nelly Nervosa.

Traduzido do site AtlasObscura.

Aceitação dos LGBT cai nos EUA, segundo nova edição de estudo

O relatório anual “Acelerando a Aceitação”, feito pelo GLAAD, mostra uma queda alarmante da aceitação dos LGBT.

Um novo estudo indicou uma queda alarmante na aceitação dos LGBT nos Estados Unidos.

A GLAAD anunciou seu quarto relatório anual, chamado “Acelerando a Aceitação, ontem (25/01), relevando o declínio da aceitação desde 2016.

O relatório questionou mais de 2.000 adultos, 1.897 dos quais heterossexuais, pela internet entre 16 e 20 de novembro de 2017.

De acordo com o estudo, houve um aumento na quantidade de americanos que se sentem “muito” ou “relativamente” desconfortáveis em várias situações com pessoas LGBT.

O relatório revelou que 30% dos adultos questionados disseram que se sentiriam “desconfortáveis” se descobrissem que um parente é LGBT, uma alta de 3% de 2016.

Enquanto isso, 31% ficariam desconfortáveis se seus filhos fossem ensinados por alguém LGBT, e outros 31% ficariam desconfortáveis com um médico LGBT.

Os resultados mostraram que 27% ficariam desconfortáveis vendo a foto de casamento de um colega de trabalho LGBT, e 37% disseram que não gostariam de descobrir que seus filhos tiveram uma aula sobre a história dos LGBT na escola.

O relatório também revelou que 55% dos adultos LGBT já sofreram alguma discriminação por conta da orientação sexual ou identidade de gênero, uma alta de 11% do ano passado.

O GLAAD frisou que essa não foi a primeira vez que o relatório apresentou queda na aceitação dos LGBT.

Sarah Kate Ellis, presidente e CEO da GLAAD, disse: “Por décadas, ao passo que mais e mais pessoas LGBTQ saíram do armário, se tornaram visíveis, e surgiram com todos os estilos de vida, pessoas heterossexuais se tornaram mais confortáveis.”

“Neste ano, mias adultos heterossexuais nos EUA relataram se sentir desconfortáveis sabendo que um parente, médico ou professor próximos são LGBT. No entanto, 79% dos adultos heterossexuais americanos continuam a concordar com a frase ‘Eu apoio direitos iguais para a comunidade LGBT.'”

Ela também diz: “Pessoas LGBTQ e aliados serem visíveis e vocais não só farão acabar esse retrocesso, como também levarão adiante a marcha pela aceitação em todos os cantos do mundo.”

O relatório saiu dias depois de um estudo apontar que 600.000 LGBTs americanos passaram por terapia de conversão durante a juventude, e um estudo da Coalização Nacional de Programas Anti-violência também apontar que houve uma alta enorme no número de homicídios contra LGBT+ no último ano.

É possível que o radicalismo venha de fora?

Nesta semana, o The New York Times publicou uma notícia informando que o Facebook fará uma atualização com uma ferramenta que permitirá que os usuários descubram se foram vítimas de propaganda política falsa criada e compartilhada por agentes russos com o objetivo de desestabilizar e radicalizar os discursos durante as eleições presidenciais dos EUA.

Segundo a publicação, 29 milhões de americanos viram conteúdo falso publicado por russos no Facebook diretamente na timeline, 126 milhões de pessoas viram conteúdo compartilhado e 150 milhões de pessoas foram expostas às informações quando o Instagram é considerado. Isso significa que quase metade da população total americana visualizou de alguma forma notícias falsas criadas por uma nação do outro lado do mundo.

Uma das notícias falsas da eleição americana. Yoko Ono dizendo, “Eu tive um caso com Hillary Clinton nos anos 70.” Fonte: Heavy.com

O termo fake news entrou em cena desde então, com a ascensão de milhares de sites ao redor do mundo com a única função de criar notícias falsas, inflamatórias ou exageradas, com o objetivo de enganar, confundir ou radicalizar as pessoas comuns. Aliada a essa força do mal, indivíduos no WhatsApp criam absurdos e desinformações para compartilhar com familiares e amigos, um lugar onde as pessoas se tornam muito mais suscetíveis ao problema.

WhatsApp é mais alarmante no Brasil por contar com uma socialização que envolve pessoas acostumadas e desacostumadas a usar a internet. Dentro de grupos familiares, uma história bem escrita compartilhada com negritos e emojis por um sobrinho apoiador do Bolsonaro ganha mais confiança e simpatia dos tios e avós pelo fato de o sobrinho estar compartilhando, e dentro daquele ambiente familiar. Com incentivo de levar a mensagem adiante como se fosse uma verdade que precisa ser exposta ao mundo, à modelo das antigas correntes de e-mail e Orkut, esse modelo de desinformação tem causado grandes transtornos, como mentiras contadas sobre Jean Wyllys, o programa de televisão que será encabeçado por Pabllo Vittar, a exposição Queermuseu de Porto Alegre e, para não dizer que o problema só está em opiniões de direita, os “fatos” inflamatórios sobre figuras queridas dos conservadores brasileiros, Alexandre Frota e Jair Bolsonaro.

Uma das obras causadoras de polêmica da exposição Queermuseu. Crianças podem ser gays? A resposta óbvia é que sim, mas alguns setores não aceitaram. Fonte: JornaLivre

O que nos leva ao título: será que as origens de tudo isso são mesmo os próprios brasileiros? Segundo artigo com várias estatísticas publicadas pelo El País Brasil, nossa nação já não é tão conservadora assim. Mais de 70% dos brasileiros hoje aprovam não só o casamento entre pessoas do mesmo sexo como também a adoção. A voz e a luta contra o racismo e desigualdade entre os sexos também ganhou e continua ganhando muita força, tanto entre os jovens quanto entre os mais velhos, que têm mais dificuldade em aceitar grandes mudanças na sociedade. As regras estão mudando sobre o que é ou não aceitável nas conversas cotidianas. O brasileiro está se aproximando rapidamente do que é o ocidental, especialmente com o advento da internet.

Não é novidade alguma que exista um setor conservador na sociedade, em qualquer sociedade afinal, especialmente na classe média. Ultimamente se tornaram mais audíveis e escandalosos com os casos que todos já conhecem, mas não aumentavam em volume até que pessoas jovens começaram a se enxergar em discursos radicalizados e preconceituosos, com o viés de que isso os tornaria pessoas mais respeitáveis e “de bem.” Páginas como o “Orgulho de Ser Hétero” dão cabo a isso e insistem aos influenciados que ser preconceituoso com mulheres e homossexuais fará deles homens mais masculinos e completos. Qualquer análise maior sobre as postagens lá dispostas mostra o contrário. Dos comportamentos imaturos dos seguidores ao conjunto raso de ideias que cultivam ao preconceito injustificado contra o gênero com o qual se relacionam.

O discurso típico do masculino exagerado, onde as obrigações e direitos de cada um no relacionamento são aparentemente diferentes. Fonte: Orgulho de ser Hetero / Facebook

Mas e se tudo isso nem foi gerado aqui? Até o ano de 2014, era raro ver organizações e grupos que difundiam o preconceito e a segregação na rede. As pessoas pareciam todas estar conversando sobre assuntos que mereciam ser discutidos, e o nível dos debates e das questões estava crescendo. Com essa onda, muito melhorou no funcionamento da sociedade e no respeito em geral, tanto falando de religião como de orientações ou gênero. O brasileiro se tornou mais informado na política e nos seus direitos. Agora a coisa parece estar se desenrolando.

Facebook se comprometeu a contar para os americanos o que eles viram de falso, fabricado pelos russos. Mas o Facebook também sabe que as fake news e as radicalizações estão acontecendo por aqui. Só que ninguém fez a pergunta, ninguém suspeitou de nada, e eles não têm obrigação de contar. Quem criou? Por quê? Será que não existem interesses e mãos ocultas por trás de formadores inflamados de opinião, como o MBL, onde um negro defende o fim de direitos de seus pares? O que garante que os próprios EUA, a Rússia ou vizinhos interessados em determinadas riquezas brasileiras não possam ter interferido nas nossas opiniões políticas, conduções no Congresso e no Senado, nas eleições? Quem garante que isso não possa acontecer no ano que vem? Quais precauções o Facebook de fato tomaria nesse caso?

O ápice da esquizofrenia ideológica pode simplesmente ter sido importado. Casos e falas parecidos foram vistos nas eleições dos EUA. Fonte: MBL

É hora de começarmos a nos questionar: fomos nós que criamos nossos radicais conservadores, que hoje gritam e esperneiam tentando fazer o brasileiro de verdade acreditar que eles são a maioria ou o retorno da sanidade? Ou será que é uma massa influenciável da nossa população sendo manipulada em prol de um objetivo oculto?

De toda forma, se você estiver aflito(a) (como eu também estava), fique um pouco mais tranquilo(a). A porcentagem de brasileiros que se deixam levar por essas ideologias extremistas e segregacionistas é relativamente pequena, a maior parte de nós continua sã. Que façamos nossos votos refletirem isso em 2018.

A Voz do Ódio (1943): O que fazer quando se ouve um discurso fascista?

O mundo de hoje parece estar cada vez mais dividido, com discursos radicais se espalhando por todos os lados, tanto aqui no Brasil quanto nos EUA e na Europa. Mas já vimos isso acontecer uma vez antes, durante a Segunda Guerra Mundial. Este vídeo feito pelo Departamento de Guerra dos EUA em 1943 infelizmente recupera sua relevância e nos mostra que devemos ter empatia, mesmo quando os alvos são os outros.

Veja o vídeo legendado abaixo.