A tecnologia costumava ser para os ricos. Agora eles pagam para evitá-la.

O que estamos vendo agora é a ‘luxurificação’ do contato humano.

Toque humano

Milton Pedraza é um especialista em como os ricos gastam seu dinheiro.

O CEO e fundador da Luxury Institute, uma firma de consultoria de artigos e serviços de luxo, recentemente contou ao The New York Times que uma das maiores commodities entre os megarricos atualmente não é uma motocicleta voadora ou um iate de R$ 20 milhões: é o contato humano.

“O que estamos vendo agora é a luxurificação do contato humano”, disse Pedraza ao jornal — e essa tendência pode ampliar a lacuna entre os ricos e os pobres.

Saindo fora

Quando os computadores pessoais começaram a chegar ao mercado nos anos 80, eles eram caros, e nem tão necessários para navegar o mundo. Então, no começo, as únicas pessoas que os tinham eram aquelas com uma renda disponível significativa.

Nas décadas desde então, os PCs e a enxurrada de dispositivos que surgiram deles se tornaram muito mais baratos, o que significa que o tempo na frente da tela passou de algo que todos queriam para algo que agora ninguém pode evitar — a não ser que se tenha muito dinheiro, de toda forma.

De acordo com o NYTimes, enquanto escolas públicas cortam gastos transferindo as aulas para telas de laptop ao invés de usarem instrutores de carne e osso — chegando a até mesmo ignorar protestos dos pais — os cidadãos mais ricos do Vale do Silício pagam para mandar suas crianças para escolas particulares que prometem uma “educação praticamente livre de telas”.

Enquanto isso, os pais da classe trabalhadora dos alunos da escola pública estão se vendo forçados a um estado de disponibilidade 24h por dia, 7 dias por semana, para seus empregadores graças aos seus smartphones. Esses empregadores, em contraste à tendência, têm o “direito de desconectar”, graças às suas posições hierárquicas no ambiente de trabalho.

E quanto àquela renda disponível que antes era gasta na tecnologia mais recente, os ricos agora estão preferindo gastar em jantares e viagens, de acordo com Pedraza.

“Agora a educação, empreendimentos da saúde, todos estão começando a estudar como tornar as experiências mais humanas”, disse ele ao NYTimes. “O humano é muito importante agora.”

Altamente suspeito

O problema potencial dessa transição está no impacto desconhecido do tempo de tela para a saúde humana, particularmente no que tange ao desenvolvimento dos cérebros das crianças.

Um estudo recente encontrou mudanças físicas nos cérebros de crianças que passaram mais tempo em frente às telas, assim como uma conexão entre o tempo de tela e pontuações mais baixas em testes de raciocínio e linguagem. Se isso for confirmado em estudos adicionais, poderia significar que as crianças das classes médias e baixas passando mais tempo em frente às telas poderiam ter uma desvantagem educacional ou até cognitiva se comparadas aos seus semelhantes mais ricos.

Até agora, no entanto, os pesquisadores ainda precisam confirmar que a troca do contato humano por telas é prejudicial, mas o fato de que as elites do Vale do Silício — cujas vidas dependem em manter os olhos das pessoas nas telas — estejam dispostas a pagar caro para garantir que seus filhos não fiquem grudados a seus dispositivos… Não é algo que inspira muita confiança.

O artigo original foi escrito em inglês por Kristin Houser no site Futurism.

Será o fim do Facebook? Logo ali depois do horizonte?

O Facebook caiu em 15,47% nas ações da BM&FBovespa e 14,97% na NASDAQ desde o início de março e se o FTD (Federal Trade Commission) dos EUA resolverem multar esta rede social por todas as infrações de privacidade (mais de 50 milhões) no valor estipulado de US$ 40.000 (R$ 133.200), o que pode muito bem ocorrer – a Cambridge Analytica teve acesso e repercutiu dados de usuários que nunca aceitaram seu compartilhamento da forma que sucedeu – isso significa uma cobrança de cerca de US$ 2 trilhões, ou em tupiniquim, R$ 6,6 trilhões.
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Ou seja, se o FTC decidir que sim, em um médio prazo não haverá mais o Facebook. Isso inevitavelmente vai gerar uma nova organização na internet, em que os usuários procurarão redes sociais diferentes para se aglomerar.
 
Se alguma empresa fizer da forma certa e conseguir chamar os maiores “influencers” das mídias sociais antes das outras, pode ser que tenhamos outra rede social global como o Facebook tem sido até hoje. Caso contrário, pode acontecer, como na época do Orkut no Brasil e MySpace nos EUA, cada país com sua rede social preferida.
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Isso me deixou pensativo o dia inteiro, sobre o que poderia vir para substituir uma rede social tão completa e se teríamos uma desglobalização da informação disseminada na internet. Hoje, posso usar o Facebook para ver notícias, imagens, músicas e vídeos de meus amigos americanos e de sites que acompanho de lá, bem como atualizações dos meus amigos europeus. Futuramente, pode ser que eu precise me registrar em outros serviços caso queira continuar a acompanhar estas pessoas.
 
Isso repercutiria em milhões de áreas de comentários de blogs e sites mundo afora, na conectividade a certos serviços (como o perfil do Facebook no Spotify), entre outras questões importantes. Afetaria as propagandas e a forma que vemos as notícias.
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Claro que isso tudo se a FTC realmente decidir por acabar com o Facebook. Acredito que, para uma empresa de tamanha importância e alcance, provavelmente um acordo há de ser feito. Por outro lado, pensar em um futuro com outra organização “mandando” na internet é um exercício interessante.
 
Lembram-se dos fóruns? Dos chats? Dos guestbooks? Do MSN? Será que voltariam? Será que redes como o Twitter tentariam abraçar mais funções para aproveitar os usuários que já têm? Já pararam para pensar que também se iriam, a menos que vendidos, o Instagram e o WhatsApp? O SnapChat com certeza gostaria da notícia, recebendo de volta seus clientes fãs de fotos temporárias e se salvando de uma crise financeira que tem só se agravado com recentes escorregões de relações públicas.
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Como eram os “guestbooks” de outrora.

 
Esses últimos dias são um momento importante para refletir sobre o tamanho do Facebook na internet, no mundo e na sua vida. Até onde ele já te influenciou, tudo que já aprendeu por ele, e onde você estaria no mundo online se ainda usássemos o Orkut ou se redes sociais nem fossem utilizadas.