Tem vários motivos. Um deles é que no início a gente fica motivado, parece que estamos aprendendo muitas coisas rapidamente, mas depois de um tempo começamos a perceber que nos esquecemos de algumas palavras, começamos a tropeçar com alguns conceitos, e parece que tudo que aprendemos não serve de nada, porque não conseguimos colocar o que acumulamos até ali para funcionar.
Muita gente também tem insegurança ou é perfeccionista demais, o que atrapalha e muito no aprendizado da pronúncia dos idiomas. Sem falar, você não pratica, e sua pronúncia não fica boa, seu cérebro não se acostuma a formar e processar frases rapidamente. É necessário falar, falar e falar, mesmo que se esteja falando errado, mesmo que o vocabulário ainda seja insuficiente.
Todo aluno aprende em um ritmo diferente, e tem várias formas diferentes de aprender. Pode ser com a repetição, com o estudo tradicional, conversando com nativos… entre inúmeros outros métodos. Nem todos servem para um determinado aluno, e isso pode ser frustrante e desencorajador.
Em alguns casos, o problema é simplesmente a falta de sintonia entre o professor e o aluno. Pode ser um sotaque que não agrada ou não serve ao aluno, e por isso ele pensa em procurar outra pessoa. Pode também ser o ritmo das aulas, ou o foco dos exercícios, enfim, muitas vezes algo simplesmente não encaixa.
Falei sobre o principal, mas várias coisas podem levar uma pessoa a abandonar o aprendizado de uma língua. Nisso esse ensino é como qualquer outro, afinal, e os motivos não fogem tanto assim dos que fazem as pessoas desistirem de cursos na faculdade ou de aprender novos hobbies.
Eu realmente insisto para aqueles que já desistiram que tentem de novo, se esforcem, lutem contra a vontade de faltar na aula, porque com certeza o que você já aprendeu está guardado em algum lugar da sua cabeça, pode ser aproveitado e expandido, e nunca é tarde demais. Aprender uma nova língua ajuda o cérebro a se exercitar e abre um novo mundo na sua vida.
Eu fiz intercâmbio de julho de 2008 a junho de 2009 em Boulder, no Colorado, EUA. Quando cheguei, tentei achar todas as matérias que tinha no Brasil para poder transferir meus créditos quando voltasse, mas a Biologia tinha problemas de horário com outras matérias e acabei fazendo AP Environmental Science, ou seja, Ciência Ambiental avançada.
Essa era minha aula preferida com meu professor preferido. Eu gostava de tudo que ele ensinava, dos laboratórios, das pesquisas e dos trabalhos de campo, e adorava ainda mais o tanto que as aulas eram dinâmicas. Gostava do modelo de educação, totalmente diferente da coisa formulaica e rígida que existia nas minhas escolas no Brasil. Também ajudava que ele era lindo!
Enfim, não tem nada a ver com meu crush adolescente essa história, eu só achava ele bonito mesmo. O que aconteceu foi que um dia ele chegou bem estressado, com a cara fechada e falando rápido. Devia ter tido um dia bem ruim. Eu não lembro exatamente o que aconteceu, mas teve uma hora que ele disse alguma coisa bem irritado, tentei interpelar, e ele me mandou ficar quieto para continuar dando a matéria. E mandei:
— Why are you so pissed off? (Por que você está tão puto?)
Eu fiz cinco anos de inglês antes de viajar, cheguei lá capaz de conversar com todo mundo, sabia ler de tudo e conseguia até fazer discursos. Só que meu inglês é conversacional, ou seja, eu aprendi muito bem a ouvir, falar, ler e escrever de forma natural, sem formalismos e gramática. Até hoje não sei direito o que significa a diferença entre “Simple Past” e “Past Perfect”.
Para mim, “pissed off” era informal, mas não ofensivo. Eu usava direto com a minha família (a que me hospedava) e com meus amigos. Mas com o professor, pegou mal. Bem mal. Ele, que já estava estressado, fechou a cara mais ainda e não olhou mais para mim. Lembro que disse algumas coisas sobre detenção e que estava decepcionado. Eu não entendi na hora, e ninguém queria me explicar.
Depois da aula, quando ele saiu (sem falar com ninguém direito — o dia devia ter sido ruim mesmo!), eu perguntei para uma colega e ela me explicou que isso não é um termo que pode ser usado com figuras de autoridade. Entendi e caiu a ficha.
Corri na sala dele para pedir desculpas… No dia, ele não aceitou muito bem, acho que ficou achando que eu estava usando justificativa esfarrapada para voltar atrás no que falei. Mas acho que depois entendeu.
Acabou que no fim do meu período lá, ficamos amigos e eu conheci a família dele, fomos na casa dele deixar um bolo e agradecer pelo ano ótimo que tivemos… Ele conheceu minha irmã e minha avó, que foram visitar. Só ficou a situação meio boba para trás! 🙂
Pensei um pouquinho aqui, me coloquei no lugar dos portugueses e decidi por duas hipóteses. Creio que alguns portugueses tenham a resposta em uma, e outros em outra. Espero que a 2 seja a mais popular!
Hipótese 1
Preciosismo… Na minha faculdade de Letras lemos vários autores portugueses: Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco… Todos excelentes e muito bem comentados.
É difícil? Às vezes, especialmente se o autor é de muito tempo atrás. Depois de umas duas páginas, dá para começar a acostumar com as pequenas diferenças e, aliás, começa a ficar até prazeroso ao invés de irritante. É refrescante ver uma variação da língua, observar as sutilezas e os pequenos detalhes diferentes. Até a emoção é descrita de forma diferente.
Não sei por que os portugueses não gostam de fazer a mesma coisa. Só toleram os autores clássicos e consagrados do Brasil. Na minha opinião, eles que saem perdendo.
Hipótese 2
Eu prefiro assistir uma série em inglês no áudio original. Se for um inglês que eu não tenho costume de ouvir, como o irlandês ou o australiano, assisto com legenda em inglês. Se alguém estiver comigo, vejo com legenda em português. O original é sempre melhor.
É a mesma coisa com livros. Ler as palavras do autor, originais, do jeitinho que ele pensou e escreveu, sempre é melhor do que ler uma tradução. Tem tradutores muito bons que conseguem trazer para outra língua algo extremamente próximo das obras originais, mas nunca vai ser a mesma coisa.
Já que os portugueses falam inglês muito bem e aprendem desde cedo, fica fácil para eles acessar a escrita em inglês. E, assim, com certeza vai ser melhor ler o original.
Seria por essa prioridade: Original -> Português de Portugal -> Português do Brasil.
É o que mais faz sentido para mim. Tomara que eu esteja certo 🙂
Agora, se a obra original for, por exemplo, em finlandês, e o português preferir comprar a versão traduzida para o inglês antes de comprar a em português do Brasil, aí a hipótese 1 está correta e dá vontade de mandar aquele emoji virando os olhos para cima… heheh
Porque quando estamos traduzindo, o cérebro se confunde e começa a traçar paralelos na língua que está sendo lida e analisada.
Por
exemplo, hoje, durante o almoço, eu queria dizer para a minha vó que
uma situação era absurda, inaceitável. Eu estava traduzindo um livro do
inglês há pouco tempo antes, então ficou surgindo na minha cabeça a
palavra preposterous, que traduz diretamente para absurdo. Mas eu queria uma intensidade maior do que absurdo, e por isso fiquei tentando traduzir o preposterous. Acabei inventando uma palavra: prepóstero. Não existe em português. Minha vó não entendeu.
Isso
acontece o tempo todo, com expressões e palavras. A expressão faz
sentido pra gente em inglês, ou outro idioma, e quando colocamos no
português ela continua fazendo sentido, porque estamos tão envolvidos na
língua sendo traduzida que a expressão em português parece ser comum.
Só depois de revisarmos, com a cabeça fresca e de volta ao português
pleno, que percebemos o tanto que a tradução ficou esquisita.
Isso
pode ser mitigado (aí, outra coisa que a gente usa pouco no português,
mas que no inglês é usado toda hora e influencia no meu raciocínio!) com
a revisão. Aliás, mais de uma revisão. O ideal é que você mesmo(a)
revise sua tradução umas duas vezes, e depois passe para outra pessoa
revisar de novo. Isso sim configura uma tradução profissional.
Claro
que, se você estiver perguntando sobre o Quora em específico, tem outro
motivo bem grave: o Google Tradutor. Não sei se tem gente querendo se
fazer de mais safa, esperta, ou se querem legitimamente ajudar, ou se
acham que ninguém percebe, mas tem muita gente por aqui fingindo que
sabe inglês e tentando traduzir texto usando o Google, e isso
simplesmente não dá certo.
Estou
dizendo que o Google Tradutor é ruim? Não. Que um dia ele não possa ser
suficiente para traduções do Quora? Também não, ninguém sabe até onde
vai a habilidade da Inteligência Artificial nos próximos anos. Mas, por
enquanto, isso não é suficiente, e acaba atrapalhando a todos.
Fico
me perguntando se tem gente recebendo nas traduções para fazer essa
barbeiragem, ou sei lá. Não entendo a motivação dessa galera.
Mas
taí. Nossa cabeça não divide tão bem assim as línguas. Não são como
pastas independentes que você acessa em um arquivo. Elas se entrelaçam, e
os sinônimos também. Às vezes, sabemos na ponta da língua o termo para
uma coisa em um idioma secundário, mas não lembramos como dizê-lo no
nosso.
Estou desde
15h da tarde tentando lembrar o nome em português para a moldura em
volta da porta, mas tenho completamente claro na minha cabeça que, em
inglês, se chama doorframe.
Esses dias, me peguei debatendo com um americano em um fórum do Reddit. O tópico falava sobre famílias portuguesas nos Estados Unidos, e um dos sub-tópicos sendo discutidos falava de coisas especiais do português e de Portugal, até que alguém finalmente bateu naquela tecla que muitos já devem ter visto por aí: que “saudade” ou “saudades” é uma das palavras mais poéticas do nosso idioma, com seu significado de sentir falta de forma nostálgica, carinhosa, especial. Mas é mesmo tão especial assim?
Pessoalmente, acredito que não. No inglês, usamos o verbo to miss para indicar que sentimos falta de algo ou alguém. Uma situação, um colega que não vemos há muito tempo, um objeto que tínhamos e não temos mais ou um local que já visitamos. Quando eu emprego esta expressão para me referir à falta que sinto, o sentimento que tenho dentro de mim é exatamente igual ao que sinto quando digo que estou com saudades dos meus amigos no Rio de Janeiro ou nos EUA, ou que tenho saudades das travessuras de infância que fazia ao morar no Pará.
Da mesma forma, a expressão sentir falta também traduz o mesmo sentimento que a saudade. Eu sinto muita falta dos meus colegas de faculdade de Ouro Preto e das festas a que íamos juntos, assim como sinto saudades de passar um tempo com meus pais. Dentro de mim, essa vontade nostálgica de revisitar o passado é idêntica utilizando as duas formas de expressá-la. Não há um peso maior em uma e nem em outra.
O rapaz com quem eu debatia no Reddit então disse que “saudades” tem um significado cultural mais forte e especial que o simples “sentir falta”, ou missing do inglês. Teria algo que mistura o amor com a nostalgia, o carinho com a tristeza de não ter mais lá, que além de fazer falta, estaria também sendo algo que você sentisse um desejo, uma ânsia. Beleza, muito bonito e poético. De fato, as saudades mais fortes e profundas que sentimos misturam essas sensações com mais intensidade, e às vezes as saudades até chegam a doer. Mas isso não pode ser traduzido? É, de fato, uma palavra única? Continuo sem me convencer.
Afinal, esse sentido duplo de carinho e tristeza pode ser traduzido no to miss, e depende muito mais do contexto do que da cultura ou da palavra. Da mesma forma que posso deitar em uma rede e falar com um amigo, olhando para o céu, “Ahh, que saudades da infância!” com um aperto no coração e um sorriso triste, também posso me recostar em uma poltrona na varanda de uma casa no Arizona e falar com um parente, “Ohh, how I miss those days!” sentindo a mesma dorzinha no peito e a nostalgia gostosa de tempos passados. O to miss não tem menos peso, o que passa a ter mais peso em nossas saudades são as saudades que estamos sentindo.
Pode me chamar de cético, mas não há nada de especial na palavra “saudades” além do fato de que o português é a única língua com uma palavra só para o sentimento. Nos outros idiomas vemos verbos e expressões. A danada, sentimos todos igualzinho.
Este texto é uma tradução da postagem do usuário /u/ComfyRug no subreddit /r/truecreepyPMs, no Reddit. Como o papo é extremamente relevante e traz uma nova perspectiva sobre relacionamentos em chats online e muitas vezes na vida real, como o WhatsApp e as mensagens do Facebook, resolvi trazer para cá e compartilhar com todos. Te faz pensar sobre o assédio que as mulheres sofrem e as coisas que elas acabam tendo que ouvir.
Como devem perceber pelo título, eu passei o dia fingindo ser uma mulher gostosa no aplicativo de mensagens Kik. Pergunta óbvia: por quê? Não sei, na verdade. Você só sabe de fato o que experimenta e acho que eu estava curioso. Visito muito esse subreddit e me perguntava, sinceramente, “onde essas pessoas acham esses malucos”. Depois deste experimento, a resposta passou a ser um genérico “online”. Vamos debater o que aprendi.
Homens amam seus pintos e querem precisam que você olhe para eles
Eu sabia que entrando nessa eu seria bombardeado por diversos pênis de todo canto do mundo, mas a quantidade com que me deparei foi impressionante. Abaixo estão só os que parei para tirar uma screenshot, mas literalmente cada palavra desse parágrafo poderia linkar para um cara diferente. Um foi gentil o suficiente de me mandar três. Todas as fotos de pintos diferentes. Acho que o motivo por trás da foto do pinto é que, na cabeça deles, se uma garota mandasse uma foto da periquita para um cara aleatório, ele amaria isso, então por que não retornar o favor?
Você pode se safar com o que quiser quando é gostosa
E com o que quiser mesmo. Obviamente as imagens não refletem minhas opiniões, eu só queria ver até onde poderia ir. Conversei com ele por muito tempo e ele claramente não era racista, islamofóbico ou anti-semita, ele só fingiu que conversava comigo. Na verdade, ele não foi o único. Eu fingi ser incrivelmente estúpido, conspiracionista e alguém com problemas genuinamente psicológicos. Eles não assimilaram nada que eu dizia, eu falava com eles e eles só assentiam na esperança de que se concordassem o suficiente com minhas ideias idiotas, seriam premiados com nudes.
Finalmente me tornei popular, e foi divertido no começo
Postei meu usuário no Kikfriends, falei que era do sexo feminino e buscava homens e mulheres para conversar. Não tive que esperar muito. Imediatamente, meu celular estava explodindo com mais pessoas querendo conversar comigo do que eu podia responder. Eu diria que nesse um dia (bem, cerca de 12 horas) recebi mais de 300 mensagens. As estatísticas no Kikfriends dizem que tive 848 visualizações até escrever esse texto.
Agora, sou um cara bem no meio do caminho. Não sou incrivelmente atraente, sou bem introvertido e só lido com um pequeno grupo de amigos. Não fui popular na escola, nem excluído. Mas hoje me ensinou o que ser popular significa e, para ser sincero, é ótimo. Parecia que todos queriam sair comigo, que dizerem que me conheciam era algum tipo de conquista. Eu nunca tive isso antes e me deixei levar, mas quando você percebe o por quê de serem legais com você, a mágica meio que acaba. Eu fui de “olhe para mim, venha falar comigo” para querer ser evitado. Eu sabia que todas as pessoas que me enviavam mensagens tinham um propósito e isso acaba com a gente. Eu não era mais uma pessoa. É difícil explicar, mas dado o conteúdo deste subreddit, tenho certeza de que já estão familiarizados (as).
Você aprende a odiar apelidos BEM RÁPIDO
Eu nunca fui de chamar a namorada de querida, gatinha, fofura ou o que for. Não me desce bem. É como quando os professores tentam ser legais, é muito óbvio que é forçado. Nunca tive um problema com apelidos, isso que quero dizer, só não os utilizava. No entanto, agora eu os detesto. Eu usava um nome no meu perfil para ser mais fácil falar comigo. Usei o nome Mônica. A quantidade de vezes que fui chamado de “sexy”, “linda”, “babe”, “querida” ou o pior de todos, “bb” (VOCÊ ESTÁ ECONOMIZANDO DUAS LETRAS, NÃO FACILITA EM NADA) eu já perdi a conta. Realmente começou a me incomodar mais do que deveria. O que apelidos como “linda” e “sexy” representam para mim agora são só palavras que mostram as intenções dos caras, que você não é uma pessoa, sim um corpo onde eles querem fazer sexo. Um receptáculo para a semente. Literalmente, só isso. Isso não é nada de novo, mas é um tema recorrente.
Você se torna grosso por necessidade
Não sou uma pessoa brava. Não sou uma pessoa má. Não consigo machucar os outros. Hoje foi diferente. Os casos abaixo podem não soar muito ruins para você, mas eu nunca fui tão diretamente horrível para uma pessoa antes disso, e me senti muito mal. Mas acredite ou não, era a única forma de fazê-lo parar de falar comigo. Sem o contexto, eu pareço ser grosso sem necessidade, mas o que você não vê é que ele disse que era minha culpa que os caras estavam mandando fotos do pinto (mais sobre isso a seguir) e estava sendo muito chauvinista. Eu falei que não queria falar com ele porque tínhamos opiniões distintas mas ele continuava aparecendo e perguntando se já fiquei com uma garota e se elas são “mais gentis” que os caras, perguntava o tamanho do meu sutiã e se já fiz anal. Eu dizia “por favor, pare de falar comigo”, ele parava por cinco minutos e voltava com “qual o maior pau que você já transou?”. A foto é de quando ele deve ter ficado sem falar comigo por uma meia hora para aparecer de repente falando de como o pai dele o estava irritando ou algo assim. Estava ficando demais. Eu odiaria ser grosso assim além desse experimento.
É culpa minha que os caras me tratam assim (e é o que eu quero)
Comecei isso para provar a mim mesmo que não era tão ruim quanto parecia. Eu estava errado. Realmente queria conversar com as pessoas e esperava que ser mulher seria uma mera formalidade. Não estava querendo fotos de pinto e homens me chamando de puta para tirar foto da tela e dizer “ha, homens são uns babacas”. A foto que escolhi foi do que eu considero atraente, e admito que tinha um pouco de decote, mas não era muito e não era o foco da foto. Só estava lá. Então, quando eu recebia coisas como as abaixo, me irritava para caramba. De novo e de novo uns caras apareciam dizendo “Desculpe”, eu perguntava “Por quê?”, para ler que iriam me mandar fotos porque meus peitos estão à vista. Vai à merda. Além disso, significa que se há um decote na sala os homens se tornam incapazes de tratar mulheres como seres humanos? Porque foi isso que aprendi hoje. Era minha culpa. Porra, a menina da foto que usei deve ter sido estuprada umas cinco vezes no dia que ela usou aquela blusa.
♀ – Se for sobre meu corpo, não
♂ – lol
♂ – Não é exatamente sobre seu corpo
♀ – A resposta provavelmente é não, você não pode perguntar
♂ – Por que está mostrando os peitos desse jeito, não é para chamar a atenção?
Você conhece gente para conversar, mas é difícil escapar do fato de que querem te ver pelada
Conheci uns caras que deu para conversar, tive papos divertidos e foi ótimo. Mas então o abaixo acontecia. Era péssimo, muito péssimo. Eu não tenho palavras para isso. Conheci o outro lado da “friend zone”. Eu era a garota com o amigo homem que queria namorá-la e oh, que pena, o garoto realmente quer namorar a garota mas ela só quer ser amiga dele e que pena para o cara. Foda-se o cara, que ele tome no cu. Eu não estava flertando. Eu era eu, fingindo ser do sexo feminino. Eu falei do time de futebol para que torcia (vamos lá, Barça!), os jogos que eu gostava de jogar, as séries que assistia. Eu não estava piscando os olhos e dizendo “você será o Jamie para minha Cercei? hihi” mas o assunto sexo sempre chegava e era sempre inevitável. Eu dispensava como se não tivesse lido nada e continuava, como ele. Então o assunto voltava de novo e de novo. Depois que você estabelece que não conversará sobre sexo ou nudes, eles se entediam e, na maioria das vezes, te deixam sabendo.
Homens têm suas fantasias e você não tem escolha de participar ou não
Eu fingi ser uma mãe de primeira viagem procurando um cara para me suportar. Fingi ter pouca formação, ser racista e infiel. Na primeira vez que fiz a personagem, o cara mordeu a isca. Disse que cuidaria de mim, me mandaria dinheiro, a coisa toda. Então ele começou a me chamar de piranha, vagabunda, me mandou fotos do pinto me dizendo “Você ama isso, sua puta nojenta.” Até esse ponto, nada do que eu havia dito o faria crer que eu me excitava com humilhação. Nadinha. Nada. Eu parei de encenar e perguntei o que diabos ele estava fazendo. A resposta dele foi “Achei que era o que você queria.” Foi óbvio que esse era o fetiche dele e que eu tinha que participar. Ele nem foi o único. Conversei com outro cara que queria que eu fingisse que ele era minúsculo e que eu ia esmagá-lo (?). Não sei o que ele queria. Não estou ridicularizando tal fetiche, e se é o que você gosta, ótimo, mas eu nem conheço. Enfim, o ponto é que esses fetiches foram forçados em mim e não se importaram com minha perspectiva. Combina com o tema recorrente de que não sou humano para eles. Sou uma foto no celular que poderia ser um jogo bem desenvolvido. Diga as coisas na ordem correta e você ganha!
Homens fingem ser mulheres (COMO OUSAM)
O que quero dizer é que incontáveis vezes uma mulher me mandou uma mensagem e depois tentou arrumar uma foto minha. “Poderia ser uma lésbica”, foi o que te ouvi dizer? Errado. Era muito óbvio que as fotos que estavam mandado eram roubadas de algum site. Cada vez que diziam que iam me mandar uma foto “delas”, vinha de algum álbum (Eu não estava pedindo por fotos, eles que insistiam que se mandassem algo, eu deveria mandar também). Longe de ser algo nível “Onze Homens e um Segredo”. Acho que eles genuinamente acreditam que mulheres ficam peladas entre si o tempo todo. Que os vestiários são como aquela cena de “Não é Mais um Besteirol Americano”, que é claro que toda mulher já teve uma experiência lésbica. É de se admirar que realmente achem que mulheres são tão diferentes que não fazem as coisas como eles.
Dei para um cara exatamente o que ele queria e me senti mal por isso
A foto da mulher que eu usei também veio com uma foto dela pelada. Ela é uma Modelo da Página 3 meio obscura, então não se sinta mal que a foto dela pelada está por aí, porque já estava antes. Enfim… Um cara me mandou uma mensagem com a foto do pinto dele e decidi ver qual seria o resultado disso. Mandei umas outras fotos (da mulher vestida) e ele respondeu com mais nudez, então mandei a foto pelada. Depois do que imagino que foi ele ejaculando (sou hétero, mas me dediquei a isso), nós conversamos. Conversamos sobre de onde ele era, os planos dele para o futuro etc. etc. Papos profundos que imagino que contam como conversa de travesseiro? Depois de um tempo, ele começou a dizer que me amava. Pensei a mesma coisa que você deve estar pensando agora, “os caras dizem qualquer coisa para conseguirem o que querem.” Então disse isso a ele. Ele começou a me contar que nunca teve uma namorada, que é muito solitário e que eu fui a primeira pessoa a me interessar nele, que ele talvez não saiba qual a sensação de amar, mas que estava sentindo algo. Eu não sei por quê, mas isso acabou comigo. Toda vez que eu vi uma foto de um pinto eu só via esse cara por trás daquilo, alguém que não sabe se conectar com as mulheres, que é solitário e, normalmente, uma boa pessoa. Não estou defendendo os caras que saem jogando os pintos na sua nossa cara. De verdade. Eles estão errados e precisam saber disso. Mas não parecem ser exatamente horríveis, só realmente acham que isso é o que você quer, por mais ilusão que seja. Acham que isso fará que goste deles. E isso me deprime. Essas pessoas não vão ter tanta sorte com potenciais relacionamentos e não conseguirão perceber que isso é culpa deles. Culparão as mulheres e, bem, foi assim que o /r/TheRedPill/ surgiu.
Para terminar com bom humor, eis uma foto de perfil de um dos caras que veio conversar comigo:
Preciso ir ver umas fotos de cachorrinhos ou algo assim agora.
Em algum lugar no seu guardarroupa, eu posso apostar que existe uma camisa com a silhueta do Che Guevara. Ele era um revolucionário, é, usava um chapéu bacana, mas por trás do design, acho que você vai acabar percebendo que não é tão simples. Che era meio homofóbico. Um pouquinho homofóbico. É, o Che era meio homofóbico.
Esse texto existe em defesa do muro, uma ode à ambivalência. Quanto mais você sabe, mais complicado é decidir de que lado ficar. Não importa muito se você não consegue descobrir onde a grama é mais verde, é capaz que em nenhum lugar. E, de toda forma, é mais fácil ver a diferença quando você fica em cima do muro.
Em algum lugar na sua casa, eu posso apostar que existe uma foto daquele hippy sorridente do Tibete – o Dalai Lama. Ele é um cara engraçado, amável, claro, cheio de citações e clipes, mas não vamos esquecer que lá no Tibete, aqueles monges interessantes costumavam ferrar com os pobres. Pois é. E a linha budista sobre nossas vidas futuras ilustram uma forma perfeita de impedir os fracos de subir enquanto ele diz que os pobres viverão de novo. Mas agora ele é rico, para ele é fácil falar.
Dividimos o mundo entre terroristas e heróis, normais e os esquisitos, os bons e pedófilos, em coisas que dão câncer, coisas que curam câncer e coisas que não causam câncer, mas que provavelmente vão causar no futuro. Dividimos o mundo para pararmos de sentir medo, entre o certo e o errado, entre o preto e o branco, entre homens de verdade e bichinhas, status quo e miséria. Queremos o mundo binário, bem binário. Mas não é tão simples.
Seu cachorro tem uma emissão de CO² maior do que um carro 4×4. Seu filho também. Talvez você deva trocá-lo por um carro elétrico, que tal?
Dividimos o mundo entre liberais e aficionados em armas, entre ateus e fanáticos, sóbrios e drogados, químico e natural, fictício e fatual, ciência e o supernatural, mas é claro que nada é tão preto e branco. Dividimos o mundo para não sentir medo.
Quanto mais você sabe, mais difícil fica decidir o que é certo, e no final não importa se dá para ver qual grama é mais verde. Provavelmente não é nenhuma.
Não é tão simples.
Essa frustração… Se você ler as notícias dos tabloides, se cometer um erro e acabar lendo algo no topo ou no meio da capa de um jornal, se ler os tabloides, ou as páginas críticas, ou os comentários de qualquer site, será fácil ficar convencido de que a raça humana está em uma missão de dividir as coisas em duas colunas muito bem separadas. .
É um preto no branco muito invasivo, tudo tem que ser do bem ou do mal, saudável ou letal, natural ou químico, sabe? As tropas no Iraque são boas, pedófilos são do mal, ignorando o fato de que alguns soldados gostam de crianças e de que alguns pedófilos têm armas, e… Sabe, se comer essa fruta ou tomar esse suco, você será milagrosamente saudável e viverá para sempre! Mas se ingerir essa toxina ou tomar essa vacina, vai ter câncer e morrerá! Ou será autista e não gostará de receber abraços. .
E então, se tudo orgânico e natural é bom, ignorando o fato de que substâncias orgânicas naturais incluem ácido, cocô e crocodilos, e se tudo químico é do mal, ignorando o fato de que tudo é químico… TUDO É QUÍMICO! .
O dia em descobrirem que tapetes de ioga são carcinogênicos vai ser o dia mais feliz da minha vida. Enfim, ao invés de ficar me irritando com isso, me senti inspirado por Bono e a forma que ele usou o Pop para atacar a pobreza e, bem… Foi um sucesso total. Imaginei que pudesse ter uma música num estilo Pop explosivo também, e sobre esse muro […] e ela é chamada “The Fence.”