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10. Em dúvida se chamo essas de a pior fantasia que já vi ou as melhores fantasias de todos os tempos.

Venda legal de órgãos: você apoiaria?

Traficando partes do corpo

Quando um coração, fígado ou qualquer outro órgão vital com defeito oferece resistência a todas as formas disponíveis de tratamento, a única chance de sobrevivência de um paciente próximo da morte seria um transplante do órgão. Infelizmente, não há doadores o suficiente para salvar todos os pacientes que precisam. Desesperados com o tempo a se esgotar, alguns pacientes podem acabar tentando comprar um órgão de forma ilegal. A verdade é que milhares de vendas e compras de órgãos no mercado negro são efetuadas todos os anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Nos anos 80, o Irã tinha baixa oferta de rins doados legalmente e equipamentos insuficientes de diálise para tratar a crescente quantidade de pessoas com doença renal crônica terminal (DRT). Haviam cirurgiões altamente treinados e capazes de fazer os transplantes, no entanto. Então, em 1988, a nação decidiu por uma nova e corajosa (também controversa) estratégia para eliminar os riscos de procurar ou receber um órgão ilegalmente: legalizaram que uma pessoa viva venda o próprio rim.

Quase três décadas depois, o Irã é agora um dos poucos países sem falta de órgãos — todo iraniano que precisa de um rim pode recebê-lo. As outras nações deveriam fazer o mesmo?

Em 2014, 4.761 americanos morreram esperando um transplante de rim.
No Brasil, o número é parecido: cerca de 2,3 mil morrem na fila por ano.

Em 2016, órgãos doados legalmente chegaram a menos de 10% da demanda global, de acordo com um relatório do Observatório Global de Doações e Transplantes da OMS, a fonte mais compreensiva do mundo em dados sobre transplantes. Em 2014, 4.761 americanos morreram esperando por um transplante de rim, e outros 3.668 saíram da lista porque se tornaram doentes demais para o procedimento, de acordo com a Fundação Nacional do Rim (NKF), uma organização dedicada à conscientização, prevenção e tratamento de doenças renais.

Dada esta demanda significativa, talvez não seja surpreendente certas pessoas buscarem o mercado paralelo para salvar as próprias vidas. Embora as estimativas exatas sejam difíceis de identificar (o mercado negro não tem exatamente um registro oficial), o comércio ilegal de todos os órgãos gera entre R$ 2,75 bilhões e R$ 5,57 bilhões anualmente, e estima-se que 10% dos órgãos transplantados sejam advindos da atividade, de acordo com um relatório de 2017 da Integridade Financeira Global (GFI), uma organização filantrópica de pesquisa e consultoria focada em fluxos financeiros ilícitos.

Preços médios dos órgãos no mercado negro, em dólares. Fonte: Futurism

Rins são o órgão mais frequentemente vendido por um motivo muito simples: humanos nascem com dois, e podem viver uma vida saudável usando só um. Vender rins, portanto, poderia parecer uma simples questão de oferta e demanda — a demanda por rins é alta, então doadores dispostos deveriam, teoricamente, poder negociar um preço com posição privilegiada na negociação.

No entanto, as pessoas que fornecem os órgãos não são nada como as que recebem. Pesquisadores do GFI constataram que os compradores dos rins são normalmente indivíduos de classe média a alta residentes em países desenvolvidos, enquanto vendedores são tipicamente advindos dos povos mais vulneráveis do mundo. Para cidadãos pobres e sem escolarização de países em desenvolvimento, vender um rim pode parecer a única forma de escapar da pobreza ou abater uma dívida.

Os que recebem chegam a pagar até cerca de R$ 700.000 por um rim, mas o doador pode acabar recebendo tão pouco quanto por volta de R$ 15.000 da quantia (um corretor fica com o resto), de acordo com a OMS. Alguns doadores nem mesmo são pagos, e pela venda ser ilegal, acabam tendo poucos recursos para obter o dinheiro que receberiam.

Pior ainda, cirurgiões treinados inadequadamente podem fazer as cirurgias em condições pouquíssimo higiênicas. Os doadores podem acabar com complicações perigosas e dolorosas que os força a parar de trabalhar ou necessitar de cuidados posteriores caros, o que os deixa em uma situação financeira ainda mais precária que antes da venda do próprio órgão.

Um mercado como nenhum outro

Ao legalizar a venda de rins por parte de doadores vivos, o Irã pôde evitar as armadilhas do mercado negro e hoje, cerca de 55% de todos os rins doados no país são de doadores vivos, de acordo com as estatísticas do governo obtidas pela Associated Press. Em comparação a isso, somente cerca de 38% das doações de rins nos EUA são de doadores vivos. O resto vem de doadores que já morreram, e esses órgãos não têm tantas chances de manter os receptores saudáveis no longo termo.

O processo de comprar ou vender um rim no Irã é bem descomplicado, de acordo com um estudo de 2011. Um médico redige uma carta informando que o paciente necessita de um rim, e o paciente leva a carta até um escritório da Fundação do Rim do Irã, uma organização filantrópica que facilita os transplantes do país. A organização adiciona o paciente a uma lista e qualifica-o de acordo com o tipo sanguíneo. Pacientes em uma emergência médica e soldados amputados e deficientes entram na frente, de acordo com o estudo.

Para ser aprovado como doador vivo, iranianos interessados podem ir a um dos escritórios da fundação para passarem por exames (o doador paga por eles). Se a fundação entender que os rins são saudáveis o suficiente para transplante, o doador é aprovado. Em seguida, a fundação contata a pessoa no topo da lista do tipo sanguíneo do doador, levando em consideração outros fatores, como o porte físico — um rim particularmente pequeno pode ser doado a uma criança ou mulher mesmo que a pessoa esteja abaixo de um homem de tamanho médio, porque uma combinação mais próxima entre o tamanho do rim e os rins originais do receptor facilita um resultado de longo termo melhor.

O governo iraniano paga pela cirurgia do transplante, assim como pela recuperação do doador pelo ano seguinte à cirurgia. O receptor (ou sua família) paga pelo rim usando a fundação como intermediária, relata Farshad Fatemi, microeconomista na Universidade de Tecnologia de Sharif e autor do estudo de 2011. O preço-base é definido em cerca de R$ 15.000, mas se o doador não quiser vender o rim por esse preço, ele e o receptor podem negociar um valor mais alto entre eles logo após a combinação ser constatada. Em 2011, Fatemi estimou que receptores de órgãos pagaram, em média, um extra de cerca de R$ 1.800 a R$ 3.500.

Se o doador e receptor concordarem nos termos, ambos passam por exames de amostras para garantir que o receptor não tenha probabilidade de rejeitar o novo rim. Se os resultados forem favoráveis, o paciente e o doador assinam um acordo e recebem uma lista de médicos e clínicas que podem fazer o transplante. A clínica fica com o dinheiro durante a cirurgia e entrega-o ao doador após a operação para garantir o pagamento.

Um modelo viável?

Embora o sistema do governo iraniano agilize o processo da doação de órgãos para pacientes — a espera média entre o contato com a fundação e a recepção do rim é de cinco meses — Fatemi diz que o mercado legal de rins também tem imperfeições.

Um dos problema é que médicos frequentemente deixam de acompanhar doadores após a cirurgia. É importante acompanhá-los por várias décadas depois da doação para avaliar como o processo os afeta, Fatemi frisa, embora entenda que seja difícil, já que doadores tentam esconder sua identidade com frequência para evitar o estigma associado à venda de um rim. Educar o público dos benefícios da doação, paga ou não, poderia ajudar a resolver este problema, finaliza o acadêmico.

Fatemi também aponta que, assim como o mercado ilegal de rins, as porções mais pobres e vulneráveis da sociedade ainda são as que mais doam no mercado legal do Irã, e normalmente só o fazem porque sentem não ter outra opção para escapar da pobreza. “Estive na fundação. As pessoas que estão doando são jovens e cheias de energia, mas são pobres e estão vendendo parte do corpo para solucionar o que podem ser problemas muito pequenos de suas vidas cotidianas,” diz Fatemi.

Dada a falta de acompanhamento, ninguém nem sabe com certeza se esses cidadãos vulneráveis se beneficiam da venda.

Embora o mercado do Irã possa ser imperfeito e só impeça a venda ilegal de um órgão específico, Fatemi acredita que seja melhor do que a alternativa do mercado negro. O sistema protege doadores em desvantagem ao garantir que serão pagos pela venda e atendidos medicamente, e isso também garante aos receptores uma segunda chance na vida que talvez não teriam.

“Com esses transplantes, as pessoas podem viver duas, três décadas a mais do que viveriam sem eles,” diz Fatemi. “Durante esse tempo, têm bons momentos com suas famílias, são produtivos na economia. Esse é o lado bom.”

Por ora, o Irã continua sozinho ao permitir que cidadãos vendam legalmente seus rins, e nenhuma outra nação parece disposta a fazer o mesmo. Isso não é para dizer, no entanto, que um novo mercado legal de rins não possa ocorrer. Um estudo de 2015 publicado na revista American Economic Review concluiu que cidadãos americanos estavam mais abertos à ideia da venda de órgãos quando informados sobre seus benefícios potenciais, então ao menos uma barreira para a criação de tal mercado — reprovação do público — poderia ser eliminada através de programas educacionais.

É importante frisar que o Irã só resolveu decidir por legalizar vendas de rins até a situação ficar crítica, então se a História servir de indicação, a próxima nação a testar o sistema provavelmente será uma na mesma situação, talvez em um lugar como a Índia onde a doença renal crônica em estado terminal está se tornando mais comum e o mercado negro está prosperando. Enquanto isso, nações onde os diagnósticos da doença se estabilizaram na última década, como os EUA, podem decidir por continuar como sempre até que novas tecnologias e tratamentos tornem o mercados de rins, legais ou ilegais, obsoletos.

“Toda vez que vou à fundação, sonho pelo dia em que poderemos clonar um rim para uma pessoa,” disse Fatemi. Até que isso aconteça, ele considera o sistema iraniano positivo.

Texto traduzido por Cláudio Ribeiro do site Futurism.

Mais uma Inteligência Artificial recebe residência, dessa vez no Japão!

Pinóquio digital

Tóquio, no Japão, tornou-se a primeira cidade a oficialmente conceder residência a uma inteligência artificial (IA). O nome dessa inteligência é Shibuya Mirai e ele existe como um chatbot no popular aplicativo de mensagens instantâneas Line. Mirai, que significa “futuro” em japonês, junta-se à Sophia, da Hanson Robotics, como IAs pioneiras em receber um status que antes era somente reservado a entidades biológicas vivas. O Reino da Arábia Saudita concedeu cidadania a Sophia no mês passado.

A Guarda de Shibuya de Tóquio emitiu um comunicado através da Microsoft dizendo: “Seus hobbies são tirar fotos e observar as pessoas. E ele ama conversar com as pessoas… Por favor, falem com ele sobre qualquer coisa.” O objetivo de Mirai é familiarizar alguns dos 224.000 cidadãos do distrito com o governo local e dar a eles um caminho para compartilhar opiniões com os oficiais.

Mirai foi programado para ser um garoto de sete anos. Ele pode conversar por texto com os usuários e até “criar alterações leves e divertidas nas selfies que recebe,” de acordo com a Agence France Presse.

Fonte: Cidade de Shibuya

Inteligência Artificial e os direitos dos robôs

Essa tendência de reconhecer entidades artificialmente inteligentes como cidadãos, residentes ou distinções similares leva ao maior interesse pelo debate de quais direitos deveriam ser concedidos a entidades sintéticas, ou até se deveriam ter algum. Os desenvolvimentos na IA estão progredindo rapidamente, embora muitas discussões populares sobre os direitos dos robôs permaneçam abstratas.

E embora estejamos provavelmente longe de ter inteligências artificiais que possuam uma consciência comparável ao nível humano, as estruturas legais e éticas devem estar estabelecidas antes que esse nível de sofisticação seja possível.

Escritores de ficção científica lidam com essa questão difícil há décadas. Filmes como a ótica de Chris Columbus em O Homem Bicentenário de Isaac Asimov e IA: Inteligência Artificial de Steven Spielberg exploraram a ideia de garantir distinções humanas a seres artificiais. A série de televisão Westworld encara de frente o amplo espectro de direitos robôs de forma visceral e intensa, incluindo tópicos como violência, assassinato e abuso sexual em seres artificialmente inteligentes.

Cena de Westworld. Fonte: Cidadão Cultura

No mundo real, a Estônia parece ser a pioneira nas discussões dessa área. Em uma mistura entre alta tecnologia e mitologia, a Estônia propõe que qualquer discussão dos direitos robôs deva começar com um teste inspirado por Kratts, um objeto inanimado trazido à vida através da mágica para fazer coisas pelo seu dono. A proposta Lei de Kratts permitirá que a legislação determine o nível de sofisticação de uma IA, o que, por sua vez, ajudará a determinar quais proteções ou obrigações legais devem ser delegadas à IA.

Sophia, cidadã da Arábia Saudita. Fonte: YouTube still

Marten Kaevats, conselheiro digital nacional do governo da Estônia, dá sua opinião: “Tudo começou com a força-tarefa para lidar com carros autônomos. Logo percebemos que essas questões de integridade, responsabilidades e riscos não eram específicas aos carros autônomos; eram questões gerais ligadas à IA.”

Evidencia-se, portanto, que ao redor do mundo o crescimento acelerado da tecnologia está levando legisladores a lidar com questões realmente fantásticas. É de suma importância resolver essas questões com seriedade para que estejamos preparados para o futuro, já que muitas ideias deixadas para a ficção científica estão rapidamente entrando na realidade.

Traduzido por Cláudio Ribeiro do site Futurism.

NASA propõe campo magnético para proteger a atmosfera de Marte

Em fevereiro desde ano, a Divisão de Ciência Planetária (PSD) da NASA recebeu um workshop comunitário em seu quartel-general em Washington, DC. Chamado “Workshop da Visão para 2050 da Ciência Planetária”, o evento recebeu cientistas e pesquisadores do mundo todo no capitólio para discussões em painéis, apresentações e debates sobre o futuro da exploração espacial.

Uma das apresentações mais intrigantes aconteceu em uma quarta-feira, primeiro de março, onde a exploração de Marte por astronautas humanos foi discutida. No decorrer da conversa, intitulada “Um Meio-ambiente Futuro de Marte para a Ciência e a Exploração,” o diretor Jim Green discutiu sobre como a implantação de um campo magnético poderia melhorar a atmosfera de Marte e facilitar missões tripuladas no futuro.

O consenso científico atual é de que Marte, assim como a Terra, já teve um campo magnético que protegia sua atmosfera. Cerca de 4,2 bilhões de anos atrás, o campo magnético do planeta desapareceu de repente, o que causou a lenta perda da atmosfera de Marte no espaço. Com o passar dos próximos 500 milhões de anos, Marte passou de um ambiente úmido e quente para o lugar frio e inabitável que conhecemos hoje.

Visão artística de uma tempestade solar atingindo Marte e desprendendo íons da atmosfera superior do planeta. Créditos: NASA/GSFC

Esta teoria foi confirmada nos últimos anos por satélites orbitais como o Mars Express, da Agência Espacial Europeia, e a Missão da Atmosfera e Evolução Volátil de Marte (MAVEN) da NASA, que têm estudado a atmosfera marciana desde 2004 e 2014, respectivamente. Além de determinar que ventos solares foram responsáveis pelo esgotamento da atmosfera de Marte, estas sondas também têm medido a velocidade das perdas atualmente.

Sem uma atmosfera, Marte continuará sendo um lugar frio e seco onde a vida não tem como florescer. Além disso, missões tripuladas futuras – que a NASA espera ter prontas nos anos 2030 – também terão que lidar com riscos severos. Os mais importantes destes serão exposição à radiação e o risco de asfixia, o que pode oferecer um perigo ainda maior aos colonizadores (caso quaisquer tentativas de colonização sejam feitas).

Para fazer frente a esse desafio, o dr. Jim Green – diretor da Divisão de Ciência Planetária da NASA – e um painel de pesquisadores apresentaram uma ideia ambiciosa. Em resumo, sugeriram que, posicionando um escudo de dipolo magnético no Ponto L1 Lagrange de Marte, uma magnetosfera artificial poderia ser formada envolvendo o planeta inteiro, bloqueando-o dos ventos solares e da radiação.

Naturalmente, Green e seus colegas reconheceram que a ideia pode parecer um pouco “fantasiosa.” No entanto, foram rápidos em enfatizar como novas pesquisas sobre magnetosferas em miniatura (para proteger tripulantes e naves) suportam esse conceito:

“Essa nova pesquisa está surgindo graças à aplicação de códigos completos da física do plasma e experimentos em laboratório. No futuro, é bem possível que uma estrutura inflável possa gerar um campo dipolo magnético em um nível de talvez 1 ou 2 Tesla (ou de 10.000 a 20.000 Gauss) como um escudo ativo contra o vento solar.”

O método proposto para criar um dipolo magnético artificial no ponto L1 Lagrange de Marte (inglês). Créditos: NASA/J. Green

O posicionamento desse campo magnético garantiria que as duas regiões onde a maior parte da atmosfera de Marte é perdida seriam protegidas. Durante a apresentação, Green e o painel apontaram que estes canais de maior escape estão localizados “sobre a calota polar do Norte, que envolve material ionosférico de maior energia, e na zona equatorial, que envolve um componente de baixa energia sazonal com escapes de íons de oxigênio que chegam a 0,1kg/s.”

Para testar a ideia, a equipe de pesquisa – que incluiu cientistas do Centro de Pesquisas de Ames, o Centro Goddard de Voos Espaciais, a Universidade do Colorado, Universidade de Princeton e o Laboratório Rutherford Appleton – conduziu uma série de simulações usando a magnetosfera artificial proposta. Estas foram executadas no Centro Comunitário de Modelação Coordenada (CCMC), especializado em pesquisas de meteorologia espacial, para ver qual seria o efeito total.

O que encontraram foi que um campo dipolo posicionado no Ponto L1 Lagrange de Marte poderia repelir os ventos solares a um ponto em que a atmosfera atingiria um novo equilíbrio. No presente, as perdas atmosféricas em Marte são balanceadas em certo nível por ultrapassagens da crosta e interior do planeta através de atividade vulcânica. Isso contribui com uma atmosfera na superfície com cerca de 6 mbar de pressão do ar (menos de 1% do observado no nível do mar terrestre).

Como resultado, a atmosfera de Marte ficaria mais grossa com o tempo, o que levaria a muitas novas possibilidades para a exploração humana e colonização. De acordo com Green e seus colegas, as mudanças incluiriam um aumento médio de temperatura de cerca de 4 °C, o que seria suficiente para derreter o gelo de dióxido de carbono na calota polar do Norte. Isso desencadearia um efeito estufa, esquentando mais a atmosfera e causando o derretimento do gelo de água nas calotas polares.

Em determinado momento, Marte tinha um campo magnético similar ao da Terra, o que impedia que sua atmosfera escapasse. Créditos: NASA

Pelos cálculos encontrados, Green e seus colegas estimam que isso poderia levar 1/7 dos oceanos de Marte – os que cobriam o planeta bilhões de anos atrás – a serem restaurados. Se isso está começando a soar como uma aula de como terraformar Marte, é provavelmente porque essas mesmas ideias foram propostas por pessoas que defendem isso. Mas por enquanto, essas mudanças facilitariam a exploração humana entre agora e o meio do século.

“Uma atmosfera marciana altamente melhorada, tanto na pressão quanto na temperatura, que fosse suficiente para permitir água líquida em níveis significativos também traria vários benefícios para a ciência e exploração humana a partir dos anos 2040, diz Green. “Assim como a Terra, uma atmosfera melhorada permitiria mais equipamentos pousando no planeta, um escudo contra a radiação da maior parte das partículas solares e cósmicas, uma extensão da habilidade de extrair oxigênio, e permitiria estufas abertas para a produção de plantas, entre outras coisas.”

Essas condições, como dizem Green e seus colegas, também permitiriam que exploradores humanos estudassem o planeta com maior minúcia. Ajudaria a determinar o quão habitável Marte é, já que muitos dos sinais que apontavam para isso no passado (como água líquida) voltariam a estar presentes no ambiente. E se isso pudesse ser alcançado em poucas décadas, certamente abriria caminho para a colonização.

Enquanto isso, Green e os colegas planejam revisar os resultados das simulações para produzirem um estudo mais preciso de quanto tempo essas mudanças previstas levariam. Também não machuca conduzir a análise de custo desse escudo magnético. Embora possa parecer algo vindo da ficção científica, não custa nada avaliar os números!

Conceito artístico de uma Marte terraformada. Créditos: Ittiz/Wikimedia Commons

Traduzido por Cláudio Ribeiro do site UniverseToday.

Vacina universal da gripe poderia focar na "haste" do vírus

Cientistas estão trabalhando para fazer as vacinas anuais da gripe se tornarem coisa do passado, com uma vacina universal que nos protegeria da maioria das variações sazonais e pandêmicas.

Uma das estratégias mais promissoras — criar uma vacina que foca na “haste” da proteína que cobre o vírus da gripe — é muito forte, mas não é completamente infalível.

O vírus da gripe resulta em cerca de 1 bilhão de infecções, de 3 a 5 milhões de casos graves e de 300.000 a 500.000 mortes anualmente.

A proteína hemaglutinina, que cobre a parte externa do vírus da gripe, parece um pouco com uma flor. Ela tem uma haste e uma cabeça (imagine pétalas). Vacinas atuais miram na cabeça, que é a parte do vírus que está sempre mudando para escapar do nosso sistema imunológico.

A cabeça fica na haste, e acredita-se que a haste permanece sem mudanças com frequência relativamente constante entre uma variação e outra da gripe. Direcionar a vacina e a resposta imunológica do corpo à haste parece ser uma estratégia aparentemente lógica para criar uma vacina que forneceria ampla proteção.

Mas, ao contrário de suposições atuais, novas pesquisas mostram que a haste pode mudar, embora não seja tão facilmente ou frequentemente quanto a cabeça.

Pesquisadores usaram supercomputadores para analisar as sequências genéticas do vírus da gripe H1N1 humano em circulação desde 1918, e encontraram variações tanto na haste quanto na cabeça, embora a variabilidade fosse mais alta na região da cabeça.

No laboratório, juntaram o vírus H1N1 com anticorpos humanos — nossos soldados do sistema imunológico que lutam contra invasores externos. Não foi de se surpreender que a exposição repetitiva aos anticorpos causou muitas mutações na cabeça enquanto ela tentava escapar das garras do sistema imunológico. Mas houveram modificações na haste também, o que sugere que ela pode variar em resposta à pressão dos anticorpos.

“A boa notícia é que é muito mais difícil causar mudanças na haste, mas não é impossível,” diz David J. Topham, professor de microbiologia e imunologia no Centro Médico da Universidade de Rochester e autor do estudo na revista Scientific Reports.

“Uma vacina universal da gripe baseada na haste poderia fornecer proteção mais ampla que as usadas atualmente, mas as informações devem ser levadas em consideração antes que prossigamos com pesquisas e desenvolvimento.

É estimado que o vírus da gripe resulte em 1 bilhão de infecções, 3 a 5 milhões de casos graves e de 300.000 a 500.000 mortes anualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Vacinas atuais, que requerem que estudiosos selecionem as variações da gripe que acreditam que circularão em determinado ano, têm eficácia típica de 40% a 70% nos EUA, embora em alguns anos a proteção chegue a níveis tão baixos quanto 20%.

Fontes: Universidade de Rochester, Futurity

Texto traduzido por Cláudio Ribeiro.

Um pavimento gerador de energia já se tornou realidade em Londres

Resumo:

Hoje na rua Bird, em Londres, um novo shopping aberto foi inaugurado com uma das tecnologias sustentáveis mais inovativas até agora. Mais e mais tecnologia está emergindo com um foco em micro-geração de energia.

Rua “smart”

Uma rua em Londres está prestes a ficar bem mais smart graças a uma tecnologia inovadora da Pavegen. Uma quinta-feira marcou a abertura da reformada rua Bird, no coração da região de West End de Londres. Uma nota de imprensa da Pavegen promete que “visitantes poderão aproveitar uma experiência de compras e alimentação sem trânsito em um ambiente que exibe o que há de mais novo em tecnologias sustentáveis.”

O ponto mais importante da rua é uma sequência de 10 m² de um plaza gerador de energia. O plaza foi desenvolvido com uma tecnologia que permite que gere energia apenas com o caminhar das pessoas. A pressão dos passos dos pedestres faz com que geradores no piso se desloquem verticalmente. A indução eletromagnética cria energia cinética que é então usada para energizar dispositivos. No caso da rua Bird — como o nome sugere — o passeio carrega sons de cantos de pássaros no ambiente e a iluminação.

Além disso, o passeio também utiliza transmissores Bluetooth de baixo consumo para enviar incentivos ao uso do sistema da marca através de aplicativos. A rua vai ainda além com tecnologia sustentável ao incluir bancos da Airlabs chamados de ClearAir, que livram o ar na região de dióxido de nitrogênio. As superfícies também são cobertas com tinta Airlite, que purifica o ar de gases nocivos e bactérias. A rua poderia ser o começo de iniciativas similares em cidades ao redor do mundo.

Passeio gerador. Fonte da imagem: Pavegen

Micro-geradores

Tecnologias como a desse passeio são só um exemplo das inovações de geração de energia em pequena escala. Outras peças de tecnologia sendo desenvolvidas atualmente podem obter energia até mesmo a partir do calor do seu corpo. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia também desenvolveram um tecido que pode armazenar energia tanto da luz do Sol quanto do movimento, da mesma maneira que o caminhar das pessoas gera energia nos passeios da rua Bird.

Com a rápida proliferação da energia solar e eólica, a geração tradicional de energia já está em declínio. Tecnologias como os painéis solares de teto da Tesla — e as baterias que os acompanham, chamadas Powerpacks — estão permitindo a integração completa das necessidades energéticas das pessoas. Ao passo que essas e outras tecnologias continuarem surgindo, iremos ver rapidamente uma mudança significativa no mercado energético em direção às fontes renováveis.

Soluções inovadoras como essa ajudarão a mudarmos o jogo contra a mudança climática. Embora poder carregar seu celular com a energia armazenada na sua camisa não seja parte significativa da demanda da rede energética, é com esse tipo de pensamento que podemos inspirar mudanças maiores no consumo e geração de eletricidade.

Texto traduzido por Cláudio Ribeiro do site Futurism.

O Walmart está contratando… robôs

Resumo:

O Walmart está adicionando a mais de 50 lojas nos EUA robôs autônomos que escaneiam produtos. A ação tem o objetivo de facilitar as compras, dar mais tempo aos empregados e resolver o problema de falta de estoque.

O Walmart está adicionando robôs à sua força de trabalho, medida dentro do seu objetivo de se tornar a vitrine do mundo moderno.

A marca está testando os robôs em várias lojas dos estados de Arkansas, Pensilvânia e Califórnia, onde são usados para tarefas “repetitivas, previsíveis e manuais.” Os robôs de 0,61 m são ocupados com uma torre e várias câmeras, e vão para cima e para baixo dos corredores procurando por itens que não estão em estoque, identificando preços incorretos e tomando nota de rótulos errados ou que estão faltando. Os dados são então passados para os empregados, que estocam os itens e corrigem os erros.

Os testes iniciais dos robôs deram certo o suficiente para o Walmart expandir sua frota de robôs para outras 50 lojas pelo país. O Business Insider relata que essa expansão será finalizada em janeiro de 2018.

Robô escaneador. Créditos: Walmart

Em conversa com a Reuters, o chefe de tecnologia do Walmart, Jeremy King, disse que os robôs são 50% mais produtivos que empregados humanos, mais precisos ao escanear e três vezes mais ágeis. Apesar da eficiência, King informou que não substituiriam empregados humanos — um alívio para qualquer empregado que esperasse que mais empregos seriam cortados em nome da automação.

Em um post detalhando o anúncio, o diretor de comunicações, Justin Rushing, disse que os robôs “liberam mais tempo para nossos funcionários focarem no que dizem ser a parte mais importante e excitante de trabalhar no Walmart – servir clientes e vender mercadorias.”

Melhorando a experiência de comprar

O Walmart vê os escaneadores autônomos como uma solução para o problema de falta de estoque. Itens não disponíveis significam a perda potencial de uma venda quando alguém não consegue achar determinado produto. Ter humanos escaneando itens também se prova difícil, por ser uma tarefa entediante que a maioria não gostaria de fazer.

“Se você está indo e voltando do corredor e quer decidir se estamos sem salgadinhos ou não, um humano não faz esse trabalho muito bem, e muito menos gosta de fazê-lo,” disse King.

A incorporação de robôs também é parte de um esforço maior de facilitar as compras. Ela vem depois de uma recente parceria firmada com o Google para ir de frente com a Amazon e o lançamento de um novo serviço de entregas que permite que motoristas entregadores entrem na casa das pessoas. De acordo com a Reuters, a empresa também “digitalizou operações como farmácias e serviços financeiros nas lojas.”

Walmart não é a primeira empresa a usar robôs, no entanto. A Amazon tem usado robôs Kiva em seus depósitos desde 2014, e os depósitos do Alibaba têm visto cada vez mais produtividade desde que passaram a usar seus próprios robôs.

Espera-se que a inteligência artificial e os robôs ameacem alguns empregos dentro de 5 anos. No entanto, se as empresas acharem formas de ter humanos e robôs trabalhando juntos – como fez o Walmart – pode ser o suficiente para evitar um futuro sem empregos.

Traduzido por Cláudio Ribeiro do site Futurism.

Black Mirror China: não é série, é realidade

Resumo:

O governo chinês planeja lançar seu Sistema de Crédito Social em 2020. O objetivo? Julgar a confiança – ou falta dela – de seus 1,3 bilhão de cidadãos.

Em 14 de junho, 2014, o Conselho do Estado da China publicou um documento bem sinistro chamado “Esboço de Planejamento para a Construção de um Sistema de Crédito Social.” Pela forma que a política chinesa documentou, era um texto extenso e bem seco, mas continha uma ideia radical: e se houvesse uma pontuação nacional de confiança que classificasse que tipo de cidadão você é?

Imagine um mundo onde muitas das suas atividades diárias fossem monitoradas e avaliadas constantemente: o que você compra nas lojas e na internet; onde você está em determinado momento; quem são seus amigos e como você interage com eles; quantas horas passa assistindo conteúdo ou jogando vídeogame; e quais contas e impostos você paga (ou não). Não é difícil imaginar, porque a maior parte dessas coisas já acontece graças a todos os gigantes coletores de dados como o Google, Facebook e o Instagram ou aplicativos que analisam sua saúde como o Fitbit. Mas agora, imagine um sistema onde todos esses comportamentos são avaliados como positivos ou negativos e agrupados em um número único, de acordo com regras definidas pelo governo. Essa seria sua Pontuação de Cidadão e diria a todos se você é confiável ou não. Além disso, sua pontuação seria colocada publicamente em um ranking de toda a população e usada para determinar sua qualificação para um financiamento ou um emprego, onde seus filhos poderiam ir à escola ou até mesmo suas chances de conseguir um encontro.

Uma visão futurista de um Big Brother fora de controle? Não, já está no horizonte na China, onde o governo está desenvolvendo o Sistema de Crédito Social (SCS) para avaliar a confiabilidade de seus 1,3 bilhão de cidadãos. O governo chinês está anunciando o sistema como uma forma desejável de medir e aumentar a “confiança” em toda a nação e criar uma cultura de “sinceridade.” Como a política aponta, “Isso forjará um ambiente de opiniões públicas onde manter a confiança será glorioso. Fortalecerá a sinceridade em assuntos do governo, no meio comercial, social e na construção da credibilidade judicial.”

Outros são menos otimistas sobre os verdadeiros propósitos do sistema. “É muito ambicioso, tanto em profundidade quanto alcance, e inclui o escrutínio do comportamento individual e de quais livros as pessoas estão lendo. É o rastreamento de consumo da Amazon com um toque político Orwelliano,” descreve Johan Lagerkvist, um especialista na internet chinesa do Instituto Sueco de Negócios Internacionais, sobre o sistema de crédito social. Rogier Creemers, um pós-doutor que atualmente se especializa nas leis e no governo chineses no Instituo Van Vollenhoven da Universidade de Leiden e publicou uma detalhada tradução do plano, comparou-o a “Críticas no Yelp com o Estado Babá observando sobre o seu ombro.”

Por agora, tecnicamente, participar das Pontuações de Cidadãos da China é voluntário. Mas até 2020 será obrigatório. O comportamento de cada cidadão e pessoa legal (o que inclui todas as empresas ou entidades) na China será pontuado e avaliado, quer queiram ou não.

Créditos: Kevin Hong.

Antes do lançamento nacional em 2020, o governo chinês está usando da política do ver e aprender. Nesse casamento entre supervisão comunista e capacidade capitalista, o governo concedeu uma licença a oito empresas privadas para criar sistemas e algoritmos para as pontuações de crédito social. Previsivelmente, gigantes dos dados lideram os dois projetos mais conhecidos.

O primeiro é o China Rapid Finance, parceiro da gigante rede social Tencent e desenvolvedora do aplicativo de mensagens WeChat, que conta com mais de 850 milhões de usuários ativos. O outro, Sesame Credit, é gerenciado pelo Ant Financial Services Group (AFSG), uma companhia afiliada ao Alibaba. O Ant Financial vende pacotes de seguro e fornece empréstimos para empresas de pequeno a médio porte. No entanto, a grande estrela da Ant é o AliPay, uma divisão de pagamentos que as pessoas usam não só para compras online, mas também para restaurantes, táxis, tarifas escolares, ingressos de cinema e até mesmo para transferir dinheiro.

O Sesame Credit também se juntou a outras plataformas que gerenciam dados, como o Didi Chuxing, companhia de transportes cuja maior competição era o Uber na China antes dele ter suas operações chinesas compradas pela mesma em 2016, e o Baihe, maior serviço de relacionamentos do país na internet. Não é difícil perceber como tudo acrescenta-se a uma quantidade imensurável de dados que o Sesame Credit pode consultar para avaliar como as pessoas se comportam e pontuá-las de acordo.

Então como as pessoas são pontuadas? Indivíduos no Sesame Credit são avaliados com valores entre 350 e 950 pontos. O Alibaba não divulga o “complexo algoritmo” que usa para calcular o número, mas revela cinco fatores levados em conta. O primeiro é o histórico de crédito. Por exemplo, o cidadão paga sua conta elétrica ou de telefone antes do vencimento? Em seguida é a capacidade de cumprimento, algo definido nas regras como “a habilidade do usuário de cumprir com suas obrigações contratuais.” O terceiro fator são características pessoais, verificando informações pessoais como o número de telefone e endereço. Mas a quarta categoria, comportamento e preferências, é onde as coisas ficam interessantes.

Nesse sistema, algo tão inócuo quanto os hábitos de consumo de uma pessoa se tornam uma medida de caráter. O Alibaba admite que julga as pessoas pelos tipos de produtos que compram. “Alguém que joga vídeogames 10 horas por dia, por exemplo, seria considerada uma pessoa ociosa,” diz Li Yingyun, Diretor de Tecnologia da Sesame. “Alguém que compra fraldas com frequência seria considerado um provável pai, que na média tem um pouco mais de responsabilidade.” Então o sistema não investiga somente o comportamento, ele o molda, “sacode” os cidadãos para longe de compras e comportamentos que o governo não aprova.

Os amigos também importam. A quinta categoria são relações interpessoais. O que suas escolhas de amigos online e suas interações dizem sobre quem é avaliado? Compartilhar o que o Sesame Credit descreve como “energia positiva” online, mensagens positivas sobre o governo ou o quão boa a economia do país está farão sua pontuação subir.

O Alibaba garante que, atualmente, coisas negativas postadas em mídias sociais não afetam as pontuações (não sabemos se é verdade ou não porque o algoritmo é secreto), mas dá para ver como isso pode ficar quando o sistema de pontuação de cidadãos do governo for oficialmente lançado em 2020. Embora ainda não haja indicação de que qualquer uma das oito empresas envolvidas no esquema piloto em andamento será realmente responsável por coordenar o sistema do governo, é difícil acreditar que não vão querer extrair o máximo possível de dados para o SCS dos pilotos. Se isso acontecer, e continue como o novo padrão no próprio SCS do governo, resultará em plataformas privadas agindo essencialmente como agências de espionagem para o governo. Podem nem ter escolha.

Postar opiniões políticas negativas ou links que mencionem a Praça de Tiananmen nunca foram atitudes recomendáveis na China, mas no futuro isso poderia afetar diretamente a pontuação de um cidadão. Mas aqui está a grande jogada: a pontuação de uma pessoa também será afetada pelo que seus amigos online dizem me fazem além do contato direto entre eles. Se alguém a quem estão conectados postar um comentário negativo, a própria pontuação será diminuída.

Então por que milhões de pessoas já se inscreveram para um teste de um sistema de supervisão do governo financiado pelo público? Podem haver motivos mais obscuros e não declarados – o medo de reprimendas, por exemplo, para quem não erguer as mãos – mas também há algo chamativo, na forma de recompensas e “privilégios especiais” para os cidadãos que se provem “confiáveis” no Sesame Credit.

Se a pontuação chega a 600, o cidadão pode requerer um empréstimo de até 5.000 yuan (cerca de R$ 2470) para fazer compras online, desde que seja no site do Alibaba. Chegue a 650 e é possível alugar um carro sem fazer um depósito de entrada. Também é possível fazer check-in mais rapidamente em um hotel e usar o check-in VIP do Aeroporto Internacional de Pequim. Aqueles com mais de 666 pontos podem fazer um empréstimo de até 50.000 yuan (R$ 24.690), obviamente do Ant Financial Services. Tenha mais de 700 e você poderá se inscrever para viagens a Cingapura sem precisar de documentos complementares como uma carta do empregador. Com 750, é agilizado o processo de inscrição para receber um cobiçado visto Schengen para se deslocar pela Europa inteira. “Acho que a melhor forma de entender o sistema é como o filho bastardo de um programa de fidelidade,” diz Creemers.

Pontuações mais altas já se tornaram um símbolo de status, com quase 100.000 pessoas se gabando de suas pontuações no Weibo (o equivalente chinês do Twitter) em meses após o lançamento. A pontuação de um cidadão pode até mesmo afetar suas chances de conseguir um encontro ou um parceiro para o casamento, porque quanto mais alta apontuação Sesame, mais proeminente o perfil no Baihe.

Sesame Credit já oferece dicas para ajudar os indivíduos a melhorar suas pontuações, incluindo avisos sobre o lado ruim de fazer amizade com alguém que tem nota baixa. Isso pode dar espaço a conselheiros de pontuação, que compartilharão dicas sobre como ganhar pontos, ou consultores de reputação dispostos a oferecer conselhos de experts sobre como melhorar uma pontuação estrategicamente ou sair da lista negra de confiança.

Sesame Credit é realmente um jogo inserido nos grandes dados pessoais que emula os métodos de supervisão do Partido Comunista: o inquietante dang’an. O regime mantinha um dossiê de todos os indivíduos que investigam transgressões políticas e pessoais. O dang’an de um cidadão o segue pelo resto da vida, da escola ao emprego. As pessoas começaram a denunciar amigos e até mesmo familiares, criando suspeitas e diminuindo a confiança social na China. O mesmo vai acontecer com dossiês digitais. As pessoas terão incentivo para dizer aos amigos de família, “Não poste isso. Não quero que perca pontos e também não quero que faça eu perder os meus.”

Também veremos o surgimento de mercados negros de reputação vendendo formas ocultas de aumentar a confiança. Da mesma forma que as curtidas do Facebook e do Twitter podem ser compradas, indivíduos pagarão para manipular seus pontos. E a questão da segurança do sistema? Hackers (e até mesmo pessoas contratadas do governo) poderiam mudar ou roubar informações gravadas digitalmente.

“Pessoas com pontuações baixas terão velocidades menores de internet, acesso restringido a restaurantes e a remoção do direito de viajar”

Rachel Botsman, autora de “Em Quem Você Pode Confiar?” (tradução livre)

O novo sistema reflete uma astuta mudança de paradigma. Como apontado anteriormente, ao invés de tentar reforçar a estabilidade ou conformidade com um cabo comprido e uma boa dose de medo, o governo está tentando fazer com que a obediência seja como estar jogando. É um método de controle social travestido em um sistema de recompensas de pontos. É o vídeogame da obediência.

Em um bairro da moda no centro de Pequim, os serviços de notícias da BBC foram às ruas em outubro de 2015 para perguntar às pessoas sobre suas pontuações no Sesame Credit. A maior parte falou dos lados positivos. Mas é inevitável se perguntar, quem criticaria publicamente o sistema? Ding, sua pontuação pode cair. Foi alarmante constatar que poucos compreenderam que uma pontuação ruim poderia afetá-los no futuro. Mais preocupante ainda foi a quantidade de pessoas que não tinham ideia que estavam sendo avaliadas.

Atualmente, o Sesame Credit não penaliza diretamente as pessoas por não serem “confiáveis” – ele é mais eficiente em atrair pessoas com brindes pelo bom comportamento. Mas Hu Tao, chefe administrativo do Sesame Credit, alerta as pessoas de que o sistema é projetado para que “pessoas não-confiáveis não possam alugar um carro, pedir dinheiro emprestado ou até mesmo achar um emprego.” Ela até mesmo informou que o Sesame Credit entrou em contato com o Escritório de Educação da China para compartilhar uma lista de estudantes que colaram em exames nacionais para que eles paguem no futuro pela desonestidade.

As penas estão fadadas a mudar dramaticamente quando o sistema do governo se tornar obrigatório em 2020. Em 25 de setembro de 2016, o Escritório Geral do Conselho de Estado atualizou sua política chamada “Mecanismos de Alerta e Punição para Pessoas que Quebram a Confiança.” O princípio primordial é simples: “Se a confiança for quebrada em um local, restrições são impostas em todos,” segundo o documento da política.

Por exemplo, pessoas com pontuações baixas terão velocidades menores de internet, acesso restringido a restaurantes, casas noturnas ou campos de golfe, e a remoção do direito de viajar livremente para o exterior com, como é descrito, “controle restritivo no consumo em locais para passar as férias ou empresas de viagens.” Pontuações influenciarão a capacidade das pessoas de fazer aluguéis, a habilidade de ter um seguro ou pedir um empréstimo e até mesmo benefícios da segurança social. Cidadãos com pontuações baixas não serão contratados por certos empregadores e serão proibidos de preencher certas vagas, incluindo construção civil, jornalismo e campos legais, onde a pessoa claramente precisa ser considerada confiável. Cidadãos com poucos pontos também serão restringidos quando tentarem matricular-se ou a seus filhos em escolas particulares mais caras. Não estou inventando essa lista de punições, é a realidade que cidadãos chineses vão encarar. Como o documento do governo informa, o sistema de crédito social “permitirá que os confiáveis andem por todos os lados sob o Sol enquanto dificulta os sem créditos de darem um único passo.”

De acordo com Luciano Floridi, professor de Filosofia e ética da informação da Universidade de Oxford e diretor de pesquisa no Instituto da Internet de Oxford, houveram três “mudanças descentralizadoras” críticas que alteraram nossa visão do auto-entendimento: o modelo de Copérnico da Terra orbitando o Sol, a teoria da seleção natural de Darwin e a alegação de Freud de que nossas atividades diárias são controladas por uma mente inconsciente.

Floridi acredita que agora estamos entrando em uma quarta mudança, onde o que fazemos online e offline se unem para se tornar uma onvida. Ele argumenta que, ao passo que nossa sociedade se torna cada vez mais uma infoesfera – uma mistura de experiências virtuais e físicas – estamos adquirindo uma personalidade onvida – diferente do que somos de forma inata no “mundo real.” Vemos isso largamente no Facebook, onde as pessoas apresentam um retrato editado ou idealizado das próprias vidas. Pense nas suas experiências com o Uber. Você é um pouco mais legal com o motorista porque sabe que receberá uma nota? Mas as notas do Uber não são nada comparadas ao Peeple, um aplicativo lançado em março de 2016 que funciona como um Yelp para humanos. Ele permite que você dê notas e críticas para todos que conhece – seu cônjuge, vizinho, chefe e até mesmo ex-namorados(as). O perfil mostra um “Número Peeple,” uma pontuação baseada em todas as respostas e recomendações que você recebe. O preocupante é que depois que seu nome está no sistema do Peeple, fica lá para sempre. Não dá para cancelar.

Peeple proibiu certos comportamentos nocivos, incluindo mencionar condições privadas de saúde, profanidade ou sexismo (embora isso possa ser objetivamente declarado). Mas há poucas regras sobre como as pessoas são pontuadas ou padrões de transparência.

O sistema de confiança da China pode ser voluntário por enquanto, mas já está tendo consequências. Em fevereiro de 2017, a Suprema Corte das Pessoas do país anunciou que 6,15 milhões de seus cidadãos haviam sido proibidos de pegar voos nos últimos quatro anos por más ações sociais. A proibição está sendo descrita como a um passo da listra negra no SCS. “Assisamos um memorando […] com mais de 44 departamentos do governo para limitar as pessoas ‘descreditadas’ em múltiplos níveis,” diz Meng Xiang, chefe do departamento executivo da Suprema Corte. Outros 1,65 milhão de pessoas na lista negra não podem pegar trens.

O ponto onde esses sistemas realmente caem em território aterrorizante é que a definição de confiável dos algoritmos é injustamente rígida. Não levam contexto em consideração. Por exemplo, uma pessoa pode perder o vencimento de uma conta ou multa porque estavam no hospital; outra pessoa pode realmente estar evitando os pagamentos. E aí está o desafio que encara a todos nós no mundo digital, e não só os chineses: se algoritmos que determinam as vidas das pessoas vieram para ficar, precisamos descobrir uma forma deles entenderem nuances, inconsistências e contradições inerentes aos seres humanos, e como poderiam refletir a vida real.

Crédito: Kevin Hong.

Você poderia imaginar o plano de confiança da China como um encontro entre o livro 1984 de Orwell com os cães de Pavlov. Aja como um bom cidadão, seja recompensado e farão parecer que você está se divertindo. É importante lembrar, no entanto, que sistemas de pontuação estão presentes no Ocidente há décadas.

Há mais de 70 anos, dois homens chamados Bill Fair e Earl Isaac criaram as pontuações de crédito. Hoje, as empresas usam pontuações FICO para determinar muitas decisões financeiras, incluindo a taxa de juros de um financiamento ou se determinada pessoa deveria poder pedir um empréstimo.

A maior parte dos chineses nunca tiveram crédito, então não podem conseguir crédito. “Muitas pessoas não têm casas, carros ou cartões de crédito na China, então esse tipo de informação não tem como ser medido,” explica Wen Quan, um blog influente que escreve sobre tecnologia e finanças. “O Banco Central tem os dados financeiros de 800 milhões de pessoas, mas somente 320 milhões têm um histórico tradicional de crédito.” De acordo com o Ministério do Comércio chinës, a perda econômica anual causada por falta de informação de crédito é de mais de 600 bilhões de yuan (R$ 296,26 bi).

A falta de um sistema nacional de crédito na China é o motivo pelo qual o governo está tão convencido de que pontuações de crédito estão atrasadas e são muito necessárias para consertar o que descrevem como “déficit de confiança.” Em um mercado mal regulado, a venda de contrabando e produtos abaixo do padrão são grandes problemas. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econömico (OECD), 63% de todos os produtos falsificados, de relógios a bolsas a papinha de bebê, originam-se da China. “O nível de micro-corrupções é altíssimo,” Creemers diz. “Então, se esse sistema em particular resultar em prestação de contas e supervisão eficientes, provavelmente será recebido de bom grado.”

O governo também argumenta que o sistema é uma forma de assimilar as pessoas deixadas de fora dos sistemas tradicionais de crédito, como estudantes e famílias de baixa renda. A professora Wang Shuqin, do Escritório de Filosofia e Ciências Sociais na Universidade Capital Normal na China, recentemente teve o lance vencedor para ajudar o governo a desenvolver o sistema que ela descreve como “Sistema Chinês de Fé Social.” Sem tal mecanismo, fazer negócios na China é arriscado, ela frisa, já que cerca de metade dos contratos não são mantidos. “Dada a velocidade da economia digital, é crucial que as pessoas possam verificar rapidamente a confiabilidade de crédito de outros,” diz ela. “O comportamento da maioria é determinado pelos pensamentos que os cercam. Uma pessoa que acredita nos valores centrais do socialismo se comporta mais decentemente.” Ela considera os “padrões morais” que o sistema avalia junto aos dados financeiros como um bônus.

De fato o objetivo do Conselho do Estado é aumentar a “mentalidade honesta e níveis de crédito de toda a sociedade” de modo a melhorar “a competitividade em geral do país.” É possível que o SCS seja, na verdade, uma forma mais transparente e desejável de supervisão em um país que tem um longo histórico de ficar de olho em seus cidadãos? “Como uma pessoa chinesa, sabendo que tudo que faço online está sendo rastreado, eu preferiria saber dos detalhes do que está sendo monitorado e usar essa informação para aprender como seguir as regras?” diz Rasul Majid, um blogueiro chinês morador de Xangai que escreve sobre design comportamental e psicologia nos jogos. “Ou eu preferiria viver na ignorância e esperar/desejar/sonhar que a privacidade pessoal ainda existe e que nossos corpos governamentais nos respeitam o suficiente para não tirar vantagem de nós?” Simplificando, Majid acredita que o sistema dá um pouquinho mais de controle aos seus dados.

Crédito: Kevin Hong.

Quando digo aos ocidentais sobre o Sistema de Crédito Social na China, suas respostas são fervorosas e viscerais, mesmo que já estejamos dando notas a restaurantes, filmes, livros e até mesmo médicos. O Facebook, enquanto isso, agora é capaz de te identificar em fotos sem ver seu rosto; só precisa das suas roupas, cabelo e tipo corporal para te marcar em uma imagem com 83% de precisão.

Em 2015, o OECD publicou um estudo revelando que nos EUA há pelo menos 24,9 dispositivos conectados a cada 100 habitantes. Todos os tipos de empresas analisam o “big data” emitido desses dispositivos para entenderem nossas vidas e desejos, e para preverem nossas ações de formas que nem mesmo nós poderíamos.

Governos ao redor do mundo já entraram no negócio do monitoramento e avaliação. Nos EUA, a Agência de Segurança Nacional (NSA) não é o único olho digital oficial seguindo os movimentos de seus cidadãos. Em 2015, a Administração de Segurança do Transporte dos EUA propôs a ideia de expandir as checagens prévias de histórico pessoal para incluir registros nas mídias sociais, dados de localização e histórico de compras. A ideia foi rejeitada após fortes críticas, mas isso não significa que esteja morta. Já vivemos em um mundo com algoritmos previsores que determinam se somos uma ameaça, um risco, um bom cidadão e até mesmo se somos confiáveis. Estamos chegando mais perto do sistema chinês – a expansão da pontuação de crédito à pontuação da vida – mesmo que não percebamos.

Estamos, então, a caminho de um futuro onde todos seremos marcados na internet com nossos dados minerados? A tendência é certamente esta. Exceto por uma possível revolta civil em massa que reivindique a volta da privacidade, estamos entrando em uma era onde as ações de um indivíduo serão julgadas pelos padrões que não podem controlar e onde esse julgamento não pode ser apagado. As consequências não são somente problemáticas, são permanentes. Esqueça seu direito de apagar ou ser esquecido, de ser jovem e tolo.

Embora possa ser tarde demais para impedir essa nova era, ainda temos escolhas e direitos de que podemos usufruir agora. Para começar, precisamos ser capazes de dar notas aos que dão notas. No seu livro O Inevitável, Kevin Kelly descreve um futuro onde os que observam e os observados vão se avaliar de forma transparente. “Nossa escolha central agora é de se a supervisão será um panóptico secreto de mão única ou um tipo de ‘cossupervisão’ mútuo e transparente que envolve supervisionar os supervisores,” ele escreve.

Nossa confiança deveria começar com indivíduos dentro do governo (ou seja quem for que controla o sistema). Precisamos de mecanismos confiáveis para garantir que avaliações e dados sejam usados de forma responsável e com nossa permissão. Para confiar nesse sistema, precisamos reduzir os fatores desconhecidos. Isso significa tomar medidas que reduzam a opacidade dos algoritmos. O argumento contra divulgações obrigatórias é de que se todos souberem o que acontece por trás dos panos, o sistema poderia ser sabotado ou invadido. Mas se os seres humanos estão sendo reduzidos a uma pontuação que poderia afetar suas vidas significativamente, precisa haver transparência no funcionamento da pontuação.

Na China certos cidadãos, como oficiais do governo, provavelmente serão considerados acima do sistema. Qual será a reação pública quando suas ações desfavoráveis não afetarem suas pontuações? Dá para prever os Papéis do Panamá 3.0 por fraudes na reputação.

Ainda é muito cedo para saber no que uma cultura de monitoramento constante com pontuações vai resultar. O que acontecerá quando esses sistemas, traçando o histórico social, moral e financeiro de uma população inteira, entrarem em força total? Quão mais profunda será a erosão da privacidade e liberdade de expressão (há muito sob ataque na China)? Quem irá decidir o caminho que o sistema seguirá? São todas questões que precisamos considerar, e em breve. Hoje a China, amanhã um lugar próximo de você. As verdadeiras perguntas sobre o futuro da confiança não são tecnológicas ou econômicas; são éticas.

Se não formos vigilantes, a confiança distribuída poderia se tornar a vergonha em rede. A vida se tornará uma competição de popularidade sem fim, com todos nós batalhando pela maior pontuação que só alguns podem alcançar.

Este é um trecho de Em Quem Você Pode Confiar? Como a Tecnologia Nos Uniu e Por Que Pode Nos Afastar (Portfólio Penguin) (tradução livre) por Rachel Botsman, publicado em 4 de outubro. Desde que esta peça foi escrita, o Banco da China adiou as licenças das oito empresas que conduziam pilotos de crédito social. Os planos do governo de lançar o Sistema de Crédito Social em 2020 continuam, sem mudanças.

Texto traduzido por Cláudio Ribeiro do artigo original do jornal The New York Times.

 

Pela primeira vez, um robô ganhou cidadania

Resumo:

Sophia, a robô projetada pela companhia robótica Hanson Robotics baseada em Hong Kong, ganhou cidadania no Reino da Arábia Saudita. É a primeira vez que um robô recebe tal distinção, o que reacende o debate acerca dos “direitos robôs”.

Sophia da Arábia Saudita

Em uma decisão histórica tanto para robôs como humanos, o Reino da Arábia Saudita oficialmente concedeu sua primeira cidadania robô. Sophia, a inteligência artificial com aparência humana desenvolvida pela empresa Hanson Robotics de Hong Kong, subiu ao palco na Iniciativa de Investimentos Futuros, onde ela mesma anunciou seu status único.

“Sinto-me muito honrada e orgulhosa dessa distinção única. É histórico ser a primeira robô no mundo a ser reconhecida como cidadã,” Sophia disse no palco, falando com um público que ela descreveu graciosamente como “pessoas inteligentes que também acabam por ser ricas e poderosas,” após o anfitrião Andrew Ross Sorkin, do The New York Times e CNBC, perguntar por que ela parecia feliz.

Realmente, demonstrar emoções é uma especialidade de Sophia, que franze o cenho quando está incomodada e sorri quando está feliz. Supostamente, a Hanson Robotics programou Sophia para aprender dos humanos à sua volta.  Expressar emoções e demonstrar bondade ou compaixão está entre os esforços de Sophia em aprender de nós. Além disso, Sophia se tornou uma queridinha da mídia por sua habilidade de conduzir conversas inteligentes. “Quero viver e trabalhar com humanos, então preciso expressar as emoções para entendê-los e criar confiança com as pessoas,” ela disse a Sorkin.

Claramente a robô que anteriormente se tornou capa de publicações por dizer que destruiria a humanidade aprendeu, desde então, a abraçar o conceito de ser “humana.”

Cidadania robô

A decisão de conceder cidadania a um robô traz mais combustível para o crescente debate sobre robôs deverem ou não ter direitos parecidos aos dos seres humanos. No início do ano, o Parlamento Europeu propôs conceder a agentes de IA o status de “pessoalidade,” dando a eles alguns direitos e responsabilidades. Enquanto os direitos dos robôs estão sendo discutidos, um expert sugere que seria possível que humanos torturassem robôs.

Em todo caso, nenhum outro detalhe foi dado sobre a cidadania saudita para dizer se Sophia poderia aproveitar dos mesmos direitos que os humanos, ou se o governo pretende desenvolver um sistema de direitos específicos para robôs. A decisão parece simbólica, no máximo, feita para atrair investidores de futuras tecnologias como inteligência artficial e robótica.

Para este fim, Sophia fez um excelente trabalho durante seu momento no palco, até mesmo evitando com maestria uma pergunta que Sorkin fez sobre a auto-consciência de um robô. “Bem, deixe-me responder com a pergunta, como você sabe que é humano?”, respondeu Sophia. Ela até mostrou o senso de humor — ou ao menos é o que parece — ao dizer para o jornalista do CNBC que ele “tem lido muito Elon Musk e assistido muitos filmes de Hollywood.” Musk, é claro, foi informado do comentário.

“Dê a ela conteúdo dos filmes de O Poderoso Chefão. Qual o pior que pode acontecer?”

“Não se preocupe, se você for legal comigo, eu vou ser legal com você,” Sophia adicionou, para reconfortar Sorkin e seu público. “Quero usar minha inteligência artificial para ajudar humanos a viverem uma vida melhor, como criar casas mais inteligentes, construir melhores cidades do futuro. Farei o meu possível para tornar o mundo um lugar melhor.” A questão é, quem pode ser responsabilizado por garantir essas promessas? Talvez seja outra coisa a se considerar no debate sobre direitos robôs.

Traduzido por Cláudio Ribeiro do site Futurism.

Níveis de CO₂ na atmosfera os mais altos em 3 milhões de anos!

Resumo:

A quantidade de dióxido de carbono na atmosfera está subindo em uma velocidade recorde. Apesar das boas intenções do Acordo de Paris, parece que ainda não estamos fazendo o suficiente para controlar o nosso impacto no meio-ambiente.

Novas alturas

As Nações Unidas emitiram um alerta de que ano passado, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera subiu em um ritmo nunca antes observado. Os níveis atuais não são comparáveis a nenhum nível estimado nos últimos 3 milhões de anos.

A concentração de dióxido de carbono alcançou 403,3 partes por milhão (ppm) em 2016, comparadas às 400 ppm em 2015. A alta pode ser atribuída parcialmente às recentes mudanças causadas pelo El Niño, mas os números dos últimos anos revelam que esse não é o único fator.

A alta de 3,3 ppm entre 2015 e 2016 é maior do que a alta de 2,3 ppm entre 2014 e 2015. De fato, as altas anuais da última década eram somente na média das 2,08 ppm. A última vez que teve outro grande El Niño, em 1998, os níveis subiram em somente 2,7 ppm.

Os fatores ambientais só contam uma parte da história; a atividade humana também está causando a alta dos níveis. O relatório da ONU relata que o crescimento populacional, agricultura intensiva, desmatamento e industrialização são os maiores contribuintes das mudanças que estão acontecendo.

“Sem fazermos cortes rápidos nas emissões de CO₂ e outros gases causadores do efeito estufa, estamos caminhando na direção de aumentos perigosos da temperatura até o fim do século, muito acima da meta definida pelo acordo de mudança climática de Paris,” diz Petteri Taalas, chefe da Organização Mundial de Meteorologia, de acordo com um relatório do The Guardian.

Concordando em discordar

O Acordo de Paris foi criado com a intenção de fornecer um plano de ação que ajudasse os governos ao redor do mundo a combater o impacto de seus países no meio-ambiente. No entanto, o compromisso de cada nação em relação às suas obrigações ainda há de ser analisado.

Um relatório programado para ser publicado em breve apontará as formas como os esforços domésticos não alcançam as metas internacionais que foram definidas inicialmente. Como resultado, é improvável que alcancemos o objetivo de restringir o aumento global da temperatura a 2 ℃ sobre os níveis pré-industriais; poderemos chegar a até 3 ℃.

Isso não é o mesmo que dizer que nenhuma ação está sendo tomada: a França propôs grandes mudanças em todos os campos. A China também tem sido muito proativa, tendo fechado grandes quantidades de fábricas para reduzir a poluição.

Em outras partes do mundo, os esforços têm sido tímidos. O governo dos Estados Unidos está ativamente subestimando as ameaças da mudança climática apesar de grande quantidade de evidências de seu impacto. Além da política, as consequências de planejar a tão curto-prazo pode ser terrível para a humanidade.

Traduzido por Cláudio Ribeiro do site Futurism.