Estabilidade econômica deveria ser pre-requisito para ter filhos?

Leia minha resposta original no Quora.

Como seriam punidos os casais que engravidassem por acidente ou ignorando a lei? Aborto? Adoção forçada? Multas (que piorariam a situação)?

Como seriam definidos os valores? Propriedades? Salários? Um salário conjunto de São Paulo seria equivalente ao de João Pessoa?

E se a lei passasse a ser abusada para que minorias étnicas fossem subjugadas? Como seria o controle?

Como a renda é definida? Se os pais não têm, mas os avós sim, vale ou não vale? Tendo amigos no cartório, na justiça ou na política, algumas exigências seriam ignoradas?

A renda define a quantidade de filhos?

Várias perguntas, poucas respostas… Eu tenho só um palpite: não seria mais barato ensinar a Educação Sexual nas escolas, prevenindo filhos indesejados, casamentos indesejados, doenças sexualmente transmissíveis (que custam caro ao governo também) e garantindo o maior sucesso acadêmico e profissional dos jovens?

O aborto não é permitido ou visto com bons olhos em algumas religiões, mas será que permiti-lo para aqueles que NÃO seguem essas religiões não poderia ajudar a garantir o futuro de alguns brasileiros e brasileiras?

Vejo soluções melhores do que confiar no governo para ditar quantos filhos as pessoas podem ter, e sob quais condições.

Quais são os países que as pessoas costumam não gostar?

Leia minha resposta original no Quora.

Bangladesh tem uma população quase da do tamanho do Brasil, e que segue crescendo sem o maior controle em um espaço que é fração do tamanho do nosso país. Existe congestionamento, drogas, esgoto e uma completa falta de infraestrutura que faz os pelos dos braços ficarem em pé. Uma tristeza, mesmo, generalizado. Só o turista aventuroso gostaria de ir.

Iêmen

O Iêmen é um dos países mais lindos do mundo, pelas suas construções históricas e um povo muito receptivo, mas está lacrado em uma região péssima e impossibilitado de receber recursos, importar ou exportar. Estão sendo esganados, e por isso o crime cresce, a fome aumenta e tudo está definhando. Se acha que damos pouca atenção aos venezuelanos, imagina este povo…!

Níger

O Níger tem o pior IDH do mundo: só 0,354. Gangues, milícia, descontrole total do governo, conflitos étnicos, religiosos, falta de produção, educação, estruturas básicas. É o que deu errado da nova civilização. Talvez fossem mais felizes ainda em tribos. É o foco da comunidade mundial, hoje, tentar ajudar este país a ter um pouquinho de progresso.

Tem muito mais! Somália, Haiti, Samoa

Até a Rússia, e o Brasil, dependendo de onde você for, não vão ser suas melhores férias.

Como é viver no Norte do Brasil?

Leia minha resposta diretamente no Quora.

O Norte é enorme, então não posso responder por todos, mas vou te contar minha experiência em Monte Dourado, no Pará, uma vila pertencente ao município de Almeirim. Morei lá dos 7 aos 9 anos de idade, totalizando quase três anos.

Monte Dourado foi uma “cidade” formada para alojar os engenheiros e funcionários da Cadam, uma empresa de caulim que trabalhava em conjunto com a Jari, de celulose. Muitas casas tinham um estilo que lembra o americano, embora mais simples.

Eu morava na Vila Cadam, que era onde os engenheiros moravam. A entrada para a vila tinha umas casas mais chiques, onde moravam alguns executivos. Quando chegamos, praticamente todas as ruas da cidade eram de terra, mas quando eu fui embora, boa parte tinha sido asfaltada.

Eu e as crianças do bairro gozávamos de alguns privilégios a mais do que a maior parte da população, como o saneamento, oferecimento de energia, e lazer. Tinha um parquinho bem grande para nós, uma quadra de volêi de praia e uma churrasqueira para os adultos. Todas as casas tinham quintais espaçosos e a oferta de frutas da região era farta.

(Clube Jariloca, no Centro da cidade)

O clube Jariloca era um ponto de encontro importante na cidade, e oferecia tudo que um bom clube tem: aulas de tênis com boas quadras, uma piscina com temperatura amena (Monte Dourado nem precisa de aquecimento) com toboágua funcionando, sauna, lanchonete, chalés para churrascos…

Eu fiz artes marciais e tênis aqui, com bons professores.

A cidade também contava com três escolas particulares para o Ensino Fundamental e uma (Positivo) para o Ensino Médio. Estudei nas três, não sei exatamente o porquê, mas no geral a educação era adequada. Achei a melhor sendo a do Positivo. Ainda assim, quando minha irmã tinha idade para fazer o primeiro ano do Ensino Médio, meus pais acharam melhor mandá-la de volta para Belo Horizonte para terminar sua educação. Ela achou ruim na época, pois tinha um namoradinho na cidade, mas hoje em dia é agradecida!

Existiam duas escolas de inglês, uma delas sendo a Wizard, em que comecei meu aprendizado da língua. Outra coisa pela qual agradeço meus pais, começar na infância é o melhor caminho para a verdadeira fluência 🙂

Outra curiosidade sobre Monte Dourado é que ela ficava colada na divisa com o Amapá, e atravessávamos o Rio Jari de catraca (um pequeno barco motorizado) como se fossem ferry boats, para chegar à Laranjal do Jari, uma cidade com mercados de peixes suspensos sobre os rios e vários outros artigos baratos. Era um mercadinho para os habitantes de Munguba, Almeirim e Monte Dourado.

(Vista de Laranjal do Jari a partir do lado de Monte Dourado. Nada formoso, mas nunca comi peixes melhores!)

Ouvia-se pouco sobre crimes. A maior parte era violência doméstica, com alguns casos fatais, infelizmente. A cultura do machismo e o abuso do álcool eram comuns entre os habitantes mais simples. Eu, como criança, nunca presenciei nenhum problema com indígenas nem nada do tipo, mas é possível que meus pais e seus colegas tivessem tido experiências diferentes.

Também por ser criança, minha liberdade era incrível. Eu ia e voltava de bicicleta todos os dias da escola, construí casas na árvore, explorei a floresta amazônica com meus amigos, vimos e filmamos cobras, macacos, tartarugas, conhecemos madeireiros ilegais em uma de nossas excursões (e alguns de nós apanharam muito por conta disso!), e como curiosidade, em uma certa época do ano besouros gigantes apareciam no chão da cidade inteira, e não se moviam durante a manhã. Usávamos como apetrecho em nossas roupas, e deixávamos onde havíamos encontrado depois que começavam a se mexer.

(Besouro Hércules, uma de minhas peças de roupa preferidas!)

Além de todas essas coisas sobre Monte Dourado, meu pai sempre gostou de acompanhar a tecnologia, e compramos computador cedo lá em casa. Aprendi a mexer em computadores com o Windows 95, e nasci em 1992! Por conta disso, sempre tive contato com a internet. Meu pai foi um dos primeiros a assinar a AT&T em Monte Dourado (quando a empresa ainda existia no Brasil), e vários dos meus amigos iam na minha casa para lermos coisas online e jogarmos jogos de Gameboy através de um emulador.

Enfim, aproveitei diversas frutas que nunca mais vi, conheci animais incríveis, conheci a nossa linda floresta amazônica, tive amigos ótimos (alguns que mantenho até hoje), pude viver uma autêntica experiência de criança na cidade pequena, de pé descalço e brincando de bente-altas na rua. Tive dois cachorros fantásticos e uma tartaruga.

Eu adorava o sotaque (gostaria de continuar usando “Égua!” no dia-a-dia!) e adorava como as pessoas eram humildes, felizes e cúmplices. Parecia que toda a cidade estava se esforçando para melhorar junta e cuidar dos seus. Eu não tinha um conceito de racismo ou de classes sociais, todos os meus amigos eram iguais para mim. E, bem ou mal, Monte Dourado era até bastante desenvolvida para o interior paraense.

Acho que isso ficou longo demais, mas aqui está minha experiência no Norte do Brasil. Eu não trocaria por nada, e sempre será uma segunda casa para mim. Também pude visitar Belém, Santarém e Porto de Moz, e amei todos os lugares e pessoas por que passei.

Uma inteligência artificial criou um estranho esporte chamado “Speedgate”

A agência de produtos digitais AKQA alega ter ensinado uma inteligência artificial a inventar um esporte ao fornecê-la dados sobre 400 jogos existentes, como noticiado pela TechCrunch. O esporte resultante nunca jogado antes, chamado “Speedgate” (Portão da velocidade, em tradução livre), é uma mistura nada comum de futebol com rugby — sem deixar de lado um toque de Quadribol.

O Speedgate é ora familiar, ora bizarro. Dois times adversários de seis jogadores passam a bola, podendo chutar ou jogá-la através de um dos dois “portões” em cada ponta do campo — desde que já a tenham passado pelo portão do meio antes. Os times são compostos de três atacantes e três defensores. Apenas um defensor pode ficar em um portão por vez. Não é permitido empurrar.

Encare a bola

Outros jogos criados pelo algoritmo da AKQA eram ainda mais estranhos. Algumas das ideias fracassadas da IA incluem “descrições para esportes como ‘parkour debaixo d’água’, um jogo com um frisbee que explode e outro em que os jogadores passam a bola enquanto estão em uma corda bamba segurada por balões de gás hélio”, como informa a TechCrunch.

A AKQA chegou ao ponto de organizar uma demonstração ao vivo (assista ao vídeo) do Speedgate em um evento em Portland, na semana passada. A IA até desenvolveu uma série de logotipos usando uma rede geracional de outra empresa e também vários slogans motivacionais divertidos, como por exemplo: “Encare a bola, seja a bola, esteja acima da bola.”

Texto original escrito por Victor Tangermann no site Futurism.

Liberdade de imprensa no mundo desaba ao pior nível do século

Estudo indica que a liberdade de expressão está no pior ponto desde 2000, com repórteres enfrentando violência, perseguição e dificuldades financeiras em dezenas de países.

A liberdade da mídia ao redor do mundo caiu ao nível mais baixo da última década, de acordo com um estudo que mostra que jornalistas estão sendo ameaçados por censura governamental, crime organizado e pressões comerciais causadas pelo crescimento da internet.

A Turquia passou pela maior queda na liberdade de imprensa dessa última década, mas o Brasil, Burundi, Egito, Polônia, Venezuela e Bangladesh também tiveram uma queda preocupante na diversidade e independência da mídia, de acordo com o relatório.

“Pela primeira vez, temos uma visão compreensiva e holística do estado da liberdade de expressão e informação ao redor do mundo,” diz Thomas Hughes, diretor executivo da Article 19, o grupo que faz campanha pela liberdade de expressão e produziu o relatório em conjunto com a V-Dem, uma base de dados sociopolítica.

“Infelizmente, nossas descobertas mostram que a liberdade de expressão está sob ataque em democracias e regimes autoritários.”

Os autores do relatório mediram a liberdade de expressão em 172 países entre 2006 e 2016 através de uma métrica que descreveram como a Agenda da Expressão. Ela foi baseada em 32 indicadores sociopolíticos, como parcialidade da mídia e corrupção, censura da internet, acesso à justiça, assédio de jornalistas e a igualdade entre classes sociais e gêneros.

Hughes diz que jornalistas foram ameaçados por intimidação, perseguição e até assassinato em algumas partes do mundo; houveram 426 ataques contra jornalistas e veículos da mídia no México somente em 2016. Ele acredita que o Reino Unido foi o responsável por uma das leis de vigilância mais draconianas de todas com o Ato de Poderes Investigativos, que “oferece um modelo para regimes autoritários e reduz seriamente os direitos dos cidadãos à privacidade e liberdade de expressão.”

Os autores do relatório mediram a liberdade de expressão em 172 países entre 2006 e 2016. Foto: Alamy.

A liberdade da mídia global é ainda mais ameaçada pelo crescimento da internet, porque o conteúdo online está sendo controlado por somente algumas empresas cujos processos “faltam transparência,” a pressão comercial nos provedores de notícias levou a redundâncias e cortes no investimento, e a “vasta maioria dos países,” incluindo a China, restringem o acesso a uma quantidade de páginas.

O relatório indica que 259 jornalistas foram presos no ano passado, e 79 foram mortos. Áreas de preocupação incluem a vulnerabilidade de jornalistas que relatam sobre ou criticam a “guerra contra as drogas” nas Filipinas, México e Honduras, e a intimidação e sentenças maliciosas contra vozes que se opõem ao regime de Erdoğan na Turquia.

“A liberdade global da mídia está no seu pior nível desde o começo do século,” diz o relatório.

Em Abril do ano passado, 152 jornalistas turcos estavam na prisão, de acordo com a oposição. Mais de 170 organizações midiáticas foram fechadas desde o golpe do ano retrasado, incluindo jornais, páginas da internet, canais de televisão e agências de notícias. 2.500 jornalistas foram demitidos.

Vendo por um lado mais positivo, a Article 19 diz que houveram melhorias em alguns países, como Tunísia, Sri Lanka e o Nepal, e também foi louvada a introdução de leis de liberdade da informação em 119 países.

Outro grupo, o Comitê para Proteção dos Jornalistas, alerta que “nunca houve um tempo mais perigoso para ser jornalista.” Dizem que os ataques de Donald Trump à mídia das “fake news” nos EUA estavam mandando uma mensagem para líderes autoritários de que é aceitável atacar a imprensa, o que levou às recentes críticas sobre a CNN pelo governo egípcio em relação à cobertura do ataque terrorista que aconteceu em uma mesquita em Sinai.

Robert Mahoney, diretor executivo do CPJ, diz: “Os Estados Unidos foram, tradicionalmente, um destaque da liberdade de imprensa e defesa dos jornalistas, mas uma série de retórica anti-imprensa do Presidente Trump reduz o papel da imprensa na democracia, e potencialmente põe em risco os jornalistas.

O índice classifica 180 países de acordo com o nível de liberdade disponível para jornalistas

Classificação da liberdade de imprensa em 180 países. Fonte: The Guardian / Repórteres Sem Fronteiras

“Rotular reportagens de que você não gosta como ‘fake news’ manda uma mensagem para líderes autoritários no mundo de que está tudo bem atacar a imprensa. Não levou muito tempo para o Ministério do Estrangeiro egípcio aproveitar o ataque de Trump contra a CNN International este mês para tirar a atenção da mensagem e colocar no mensageiro.”

O diretor do BBC World Service – o maior difusor internacional de notícias – alertou que o crescimento de novas potências econômicas que não apoiam totalmente a liberdade de expressão ameaçaria a liberdade da mídia no séc. XXI.

Francesca Unsworth diz: “Estamos lidando com um mundo que não acho que se importa com o valor da iluminação da liberdade de expressão como parte do desenvolvimento econômico.

“Estamos vendo o crescimento de potências econômicas no Oriente – China, Vietnã – que não tem os valores da liberdade de expressão acompanhando o desenvolvimento econômico. E acho que é um verdadeiro problema, porque se o séc. XXI pertence a estas economias, então isso definirá o futuro do mundo.”

Unsworth disse que a China estava tentando espalhar sua influência na África e no Caribe investindo na mídia local ao mesmo tempo que despende grandes gastos na melhoria da infraestrutura. “O que os chineses perceberam é que além de grande investimento na infraestrutura, também precisam investir no ecossistema da mídia dessas regiões,” diz ela.

“Então investiram em parcerias com empresas de televisão e da mídia na África e no Caribe. É uma forma deles fincarem o pé nesses países e terem algum tipo de influência nas tendências de lá.”

Jornalistas da BBC World Service enfrentam uma pressão diferenciada no Irã sobre o serviço persa baseado em Londres. Autoridades iranianas congelaram os recursos de pelo menos 152 jornalistas persas da BBC e antigos contribuidores – impedindo que eles conduzam transações financeiras ou vendam propriedades em sua terra natal – e convocaram familiares dos funcionários da BBC que moram no país para interrogatórios. A BBC apelou às Nações Unidas a respeito da conduta do governo iraniano.

Traduzido do jornal The Guardian.

Vacina para o HIV será testada em milhares de pessoas

Resumo:

Dois grandes testes contra o HIV foram lançados na África. Um é para testar uma nova vacina da Johnson & Johnson, enquanto a outra é para uma droga injetável da ViiV Healthcare criada para tratar o HIV.

Tratando e prevenindo o HIV

Mais de 70 milhões de pessoas foram diagnosticadas com HIV desde o início dos anos 80, e o vírus já tomou a vida de mais de 35 milhões. Alguns podem argumentar que o pior já passou, mas o HIV ainda é uma sentença de morte para muitas pessoas ao redor do mundo. Até que nós encontremos uma cura ou, no mínimo, um tratamento melhor e opções de prevenção da doença, ela continuará ceifando vidas.

Agora, dois novos estudos sendo lançados na África — onde a HIV/AIDS já foi a maior causa de morte — podem resultar no avanço que precisamos.

A Johnson & Johnson colaborou com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA e com a Fundação Bill & Melinda Gates em uma vacina que combina dois compostos e será testada em 2.600 mulheres do sul da África nos próximos três anos. A primeira dose da vacina contra o HIV fortalece o sistema imune, ao passo que a segunda impulsiona a resposta do corpo. A vacina combina proteínas de diversas variações do HIV para criar um “mosaico” que irá, com sorte, ser capaz de prevenir a infecção por qualquer variação do vírus.

“Estamos progredindo,” diz Paul Stoffels, Diretor Científico da J&J, à Reuters, antes de explicar que espera que sua vacina contra o HIV possa atingir sucesso acima de 50%. “Esta é a meta,” diz Stoffels. “Com sorte, iremos além.”

Em novembro de 2016, outro teste de uma vacina contra o HIV, HVTN 702, foi lançado na África do Sul, e de acordo com a Reuters, esta é a primeira vez em mais de uma década que duas vacinas contra o HIV são testadas simultaneamente.

Além do estudo da vacina da J&J, um teste da ViiV Healthcare também foi lançado na África sub-saariana. O estudo envolverá 3.200 mulheres, que receberão injeções da droga experimental cabotegravir da ViiV a cada dois meses para testar sua eficácia no tratamento do HIV. A iniciativa da ViiV também está recebendo fundos do NIH e da Fundação de Gates, e espera-se que seja concluída em maio de 2022.

Desenvolvimentos promissores

Cientistas e pesquisadores têm feito progresso firme nos tratamentos do HIV, com 2017 tendo mostrado a maior promessa até agora.

No ano passado, cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps descobriram uma “cura funcional” que foi testada com sucesso em ratos, enquanto o NIH conduziu um estudo com um anticorpo que pode matar 99% das variações do HIV. Uma droga usada para tratar o câncer poderia se tornar o novo tratatamento da doença, e a edição de genes pelo CRISPR tem sido usada para aumentar a resistência contra o HIV em animais.

Kristen Lanphear, gerente nas Iniciativas de Saúde Comunitárias na Trillium Health, disse que estes dois novos estudos africanos são significativos porque “um grama de prevenção vale um quilo da cura.” Cada novo método de prevenir infecções por HIV poderia resultar em milhões de pessoas vivendo vidas normais e saudáveis.

“Ambos estes desenvolvimentos são potenciais novas ferramentas muito animadoras na caixa da prevenção,” disse Lanphear. “Embora a cura continue apenas uma possibilidade, a prevenção é uma forma alcançável de realmente acabar com a epidemia do HIV. Quanto mais ferramentas tivermos para usar, mais rápido chegaremos a esta meta.”

O HIV é imprevisível — o vírus não afeta a todos da mesma forma, pode se tornar resistente a drogas anteriormente eficazes, e o que funciona contra uma variação pode não funcionar contra a outra. Adicionalmente, muitos tratamentos existentes devem ser usados continuamente para serem eficazes. Felizmente, Lanphear prevê que a vacina da J&J e a droga da ViiV têm potencial para evitar alguns destes problemas.

“Nenhuma ferramenta isolada será o suficiente para fazer o trabalho, porque nenhuma ferramenta funciona para toda pessoa e todo país,” disse Lanphear. “Ambos estes desenvolvimentos tiram um pouco da variabilidade da equação – confiam menos em ação contínua (tomar uma medicação diária ou usar camisinhas consistentemente, por exemplo) e permitem um comprometimento episódico ou de só uma vez pela saúde.”

Ambos os testes, da vacina contra o HIV e o de tratamento, só estão começando, então não saberemos por algum tempo qual a viabilidade. Ainda assim, valerão a espera se puderem salvar vidas e nos ajudar a acabar com o HIV de uma vez por todas.

Traduzido do site Futurism com fontes da Reuters e do CDC.

Precisamos abrir a caixa preta dos algoritmos

Por alguns anos da década de 80, candidatos à Faculdade de Medicina do Hospital St. George em Londres foram selecionados por um método high-tech. Um programa de computador, um dos primeiros do tipo, fazia a primeira avaliação de seus currículos, fazendo a seleção inicial de cerca de 2.000 candidatos a cada ano. O programa analisava os históricos de contratações para entender as características de candidaturas bem sucedidas, e era ajustado até que suas decisões batessem com as feitas pela equipe de admissões.

Mas o programa aprendeu a procurar por mais que boas notas e sinais de excelência acadêmica. Quatro anos depois dele ser implementado, dois médicos do hospital descobriram que o programa tendia a rejeitar candidatas do sexo feminino e aqueles com nomes que não soavam europeus, independentemente do mérito acadêmico. Cerca de 60 candidatos a cada ano podem ter perdido uma entrevista simplesmente por causa do gênero ou da etnia, descobriram os médicos. O programa havia incorporado o gênero e parcialidades raciais nos dados utilizados para treiná-lo — essencialmente, foi ensinado que mulheres e estrangeiros não serviam para ser médicos.

Três décadas depois, estamos enfrentando um problema parecido, mas os programas com parcialidades internalizadas agora estão mais espalhados e fazem decisões muito mais importantes. Algoritmos de inteligência artificial que utilizam do aprendizado de máquina agora são usados por todos os lados, de instituições governamentais a sistemas de saúde, auxiliando na tomada de decisões ao fornecer previsões baseadas em dados históricos. Ao aprender padrões com os dados, eles também absorvem parcialidades, e as perpetuam. O Google, por exemplo, mostrou mais anúncios de vagas que pagam menos a mulheres do que homens, a entrega no mesmo dia da Amazon ignorava bairros com predominância negra, e o software de vários tipos de câmera digital tinha dificuldade em reconhecer os rostos de usuários que não eram brancos. Em um dos exemplos mais surpreendentes, foi descoberto que um algoritmo chamado COMPAS, usado por agências policiais em vários estados dos EUA para avaliar o risco de reincidência de um réu, estava selecionando erroneamente indivíduos negros quase duas vezes mais que brancos, de acordo com uma investigação da ProPublica.

É difícil descobrir quando um algoritmo é parcial ou justo, até mesmo para especialistas da computação. Um motivo é que os detalhes por trás da criação de um algoritmo são frequentemente considerados informação confidencial, e intimamente guardados por seus donos. Em casos mais avançados, os algoritmos são tão complexos que até mesmo seus criadores não sabem como ele funciona, exatamente. Esse é o problema da inteligência artificial chamado de caixa preta — nossa falta de habilidade de observar o interior de um algoritmo e entender como ele chega a uma decisão. Se isso não for solucionado, pode devastar nossas sociedades ao garantir que a discriminação histórica, que muitos se esforçaram para deixar para trás, seja codificada no nosso futuro.

Essas preocupações, sussurradas entre comunidades menores da ciência da computação por alguns anos, estão agora entrando no palco do ramo. Nos últimos dois anos, a área da computação viu um aumento enorme no número de publicações sobre justiça na inteligência artificial. Com essa consciência, também há um crescente sentimento de responsabilidade. “Há coisas que simplesmente não deveríamos criar?” pergunta Kate Crawford, pesquisadora da Microsoft e co-fundadora do AI Now Institute na Universidade de Nova York, em um discurso recente.

“O aprendizado de máquina finalmente entrou no palco principal. Agora estamos tentando usá-lo para centenas de propósitos diferentes no mundo real,” diz Rich Caruana, pesquisador-sênior da Microsoft. “É possível que as pessoas implementem algoritmos danosos que podem se acumular e causar um grande impacto na sociedade no longo termo… Agora é como se, de repente, todos estejam cientes de que esse é um importante novo capítulo em nosso campo.”

Montagem por Tag Hartman-Simkins; Getty Images

O algoritmo me fez fazer isso

Temos usado algoritmos há muito tempo, mas o problema da caixa preta é, de certa forma, sem precedentes. Algoritmos mais antigos eram mais simples e transparentes. Muitos deles ainda são usados — por exemplo, a pontuação de crédito do Serasa. Para cada novo uso, a regulamentação seguiu.

“As pessoas têm usado algoritmos de pontuação de crédito por décadas, mas nessas áreas houveram regulamentos robustos que se desenvolveram junto a esses algoritmos de previsão,” diz Caruana. Esses regulamentos garantem que os algoritmos de previsão forneçam uma explicação para cada pontuação: você foi reprovado porque seus balanços de empréstimo estão muito altos, ou porque sua renda é muito baixa.

Os regulamentos que previnem que empresas de pontuação de crédito usem algoritmos injustos não estão presentes em outras áreas, como o meio legal e a publicidade. Você pode não saber por que foi negado um empréstimo ou perdeu uma oportunidade de emprego, porque ninguém força o dono do algoritmo a explicar como ele funciona. “Mas sabemos que [pelos algoritmos] serem treinados com dados do mundo real, eles têm que ser parciais — porque o mundo real é parcial,” diz Caruana.

Considere o idioma, por exemplo — uma das fontes mais óbvias da parcialidade. Quando algoritmos aprendem de texto redigido, eles fazem algumas associações entre palavras que aparecem juntas com mais frequência. Aprendem, por exemplo, que “homem está para programador assim como mulher está para dona de casa.” Quando esse algoritmo recebe a tarefa de encontrar o currículo certo para uma vaga de programador, ele tenderá a escolher mais candidatos homens que mulheres.

Problemas como esse são relativamente fáceis de corrigir, mas muitas empresas simplesmente não se dão ao trabalho de fazer isso. Ao contrário, escondem essas inconsistências atrás do escudo da informação proprietária. Sem acesso aos detalhes de um algoritmo, em muitos casos até mesmo especialistas não conseguem determinar se a parcialidade existe ou não.

Por conta dos algoritmos serem tão secretos e fora da jurisdição da regulamentação, é praticamente impossível que a população faça uma ação contra os criadores. Aqueles que tentaram não chegaram muito longe. Em 2016, o supremo tribunal do Wisconsin negou o pedido de um homem de avaliar a estrutura interna do COMPAS. O homem, Eric L. Loomis, foi sentenciado a seis anos de prisão parcialmente porque o COMPAS o considerou de “alto risco.” Loomis diz que seu direito a julgamento imparcial foi violado pela confiança do juiz em um algoritmo opaco. Uma apelação final para levar o caso à Suprema Corte americana fracassou em junho de 2017. Em outro caso, dois professores de Direito passaram um ano sondando os estados para entender como eles pontuam no sistema criminal. A única coisa que a investigação confirmou é que essa informação é muito bem escondida por trás de contratos de confidencialidade.

Mas empresas reservadas podem não aproveitar dessa liberdade eternamente. Em março, a União Europeia decretará leis que exigirão que empresas expliquem aos clientes que perguntarem como seus algoritmos funcionam e tomam decisões.

Os EUA não tem legislação do tipo em discussão. Mas há sinais de que a maré possa estar mudando em direção à fiscalização regulatória. Em dezembro de 2017, o Conselho da cidade de Nova York assinou uma lei que estabelece uma força-tarefa que estudará algoritmos usados por agências municipais e explorará formas de tornar compreensíveis os processos de tomada de decisão ao público.

Forênsica da Caixa Preta

Com reguladores se envolvendo ou não, uma mudança cultural no desenvolvimento e implementação de algoritmos pode reduzir a onipresença de algoritmos parciais. Ao passo que mais companhias e programadores se comprometerem a tornar seus algoritmos transparentes e explicáveis, alguns esperam que as empresas que não o fazem serão acusadas e perderão o apoio do público.

Recentemente, o crescimento do poder computacional possibilitou a criação de algoritmos que são tanto precisos quanto explicáveis — um desafio técnico que desenvolvedores tiveram dificuldades em superar historicamente. Estudos recentes mostram que é possível criar modelos explicáveis que preveem se criminosos serão reincidentes de forma tão precisa quanto as versões caixa preta como o COMPAS.

“A pesquisa está lá — sabemos como criar modelos que não são caixas pretas,” diz Cynthia Rudin, professora-associada de ciência da computação e de engenharia elétrica e de computação da Universidade Duke. “Mas há alguma dificuldade em fazer que esse trabalho seja percebido. Se as agências governamentais pararem de pagar por modelos caixa preta, ajudaria. Se os juízes recusarem o uso de modelos caixa preta para sentenças, também ajudaria.”

Outros estão trabalhando para encontrar formas de testar a imparcialidade de algoritmos criando um sistema de checagem antes de lançar o algoritmo ao mundo, da mesma forma que novos remédios precisam passar por testes clínicos.

“O que está acontecendo agora é que os modelos estão sendo feitos muito rapidamente e então são implementados. Não há checagem adequada durante o processo ou requerimentos para avaliá-los no mundo real por um período de testes,” diz Sarah Tan, doutoranda em Estatística na Universidade Cornell.

O ideal seria que desenvolvedores limpassem parcialidades conhecidas — como aquelas de gênero, idade e etnia — dos dados de treinamento, e fizessem simulações internas para encontrar outros problemas dos algoritmos que possam acabar surgindo.

Enquanto isso, antes de chegar ao ponto em que todos os algoritmos são rigorosamente testados antes do lançamento, há formas de identificar quais possam sofrer de parcialidade.

Em um estudo recente, Tan, Caruana e seus colegas descreveram uma nova forma de entender o que pode estar acontecendo sob o capô de algoritmos caixa preta. A equipe criou um modelo que imita um algoritmo caixa preta como o COMPAS ao treiná-lo com a pontuação de risco de reincidência que o COMPAS emitia. Também criaram outro modelo que treinaram nos dados do mundo real que mostram se aquela reincidência prevista realmente aconteceu. As comparações entre os dois modelos permitiram que os pesquisadores avaliassem a precisão da pontuação prevista sem dissecar o algoritmo. As diferenças nos resultados dos dois modelos podem revelar quais variáveis, como etnia ou idade, podem ter tido mais importância em um modelo ou outro. Suas descobertas estão alinhadas ao que o ProPublica e outros pesquisadores encontraram — que o COMPAS é parcial contra indivíduos negros.

Poderiam haver grandes benefícios em corrigir essas parcialidades. Algoritmos, se criados de forma adequada, têm o poder de apagar antigas parcialidades na justiça criminal, policiamento e muitas outras áreas da sociedade.

“Se trabalharmos nisso e conseguirmos reduzir a parcialidade, poderemos ter um círculo virtuoso de retorno, onde os algoritmos podem lentamente nos ajudar a nos tornarmos menos parciais como sociedade,” diz Caruana.

Traduzido do site Futurism.

Uma nova, enorme base de dados sugere que a desigualdade vai só piorar

A “espiral sem fim da desigualdade” pode estar chegando mais rápido do que imaginávamos.

No seu livro best-seller de 2014 “O Capital no Século XXI” (tradução livre), o economista Thomas Piketty alerta que se os já riscos pudessem acumular riqueza mais rápido do que as economias conseguissem crescer, a desigualdade iria disparar nas próximas décadas, potencialmente desestabilizando sociedades no processo.

A riqueza, afinal, se auto-perpetua. Você põe dinheiro na poupança, e ele cresce. Você compra uma casa e seu imóvel (tipicamente) é valorizado. Você investe na bolsa de valores e vê uma taxa anual de retorno.

Esta máquina corta e separa US$ 2.000 em notas de R$ 20 para serem agrupadas e enviadas aos seus destinos vindas do Escritório de Impressão e Gravação. Créditos: Marvin Joseph / The Washington Post

O trabalho, por outro lado, não é assim. Se você não tiver riquezas e quiser ganhar dinheiro, precisa continuar trabalhando. Se a economia for forte o suficiente, seus ganhos aumentarão, e com o tempo você poderá gerar alguma riqueza própria. E se seus ganhos estiverem aumentando mais rapidamente do que a riqueza, há uma chance de que algum dia você poderia alcançar a pessa que começou com uma poupança de R$ 1 milhão.

Comparativamente, se seus ganhos estiverem crescendo mais lentamente do que a riqueza aumenta, você nunca irá alcançar. Você pode trabalhar o quanto quiser e economizar o quanto conseguir, mas nunca chegará ao ponto do riquinho da poupança. Para usar uma analogia de maratona, não só eles começaram no meio do caminho, mas estão correndo mais rápido que você.

Questionamentos acerca de quão rápido a riqueza cresce em relação à economia têm sido dificultados por uma falta de dados bons, completos e comparáveis de longo termo sobre as taxas de retorno de vários recursos: ações, títulos, imóveis e similares. Isso seria necessário para se saber o que esperar do retorno “natural” em uma economia ocidental: quanto esperar da valorização de imóveis com o tempo? E o retorno esperado na bolsa de valores com o passar das décadas? E os títulos do governo?

Agora um artigo em construção, escrito pelo economista Òscar Jordà, do Banco da Reserva Federal de São Francisco, pretende calcular justamente isso: “A Taxa de Retorno de Tudo.”

Depois de compilar esta base de dados pioneira, a equipe de Jordà chegou a uma conclusão surpreendente: o livro de Piketty até subestima as taxas históricas de retorno de riqueza. “O mesmo fato reportado [por Piketty] se prova verdadeiro para mais países, mais anos, e mais dramaticamente,” os pesquisadores concluem.

A riqueza se acumula mais rapidamente — muito mais rapidamente — do que o ritmo das economias. Se isso é mesmo verdade, significa que nos próximos anos, a desigualdade das riquezas poderá crescer ainda mais rápido do que Piketty temia.

A lacuna entre o acúmulo de riqueza e o crescimento econômico tem sido um tema constante nas grandes economias do mundo praticamente em todo o período entre 1870 até 2015, segundo os pesquisadores. Compilaram um banco de dados da taxa anual de retorno dos quatro maiores tipos de riqueza: títulos do governo, contas no tesouro, ações e imóveis residenciais.

A contribuição-chave está relacionada ao último citado: imóveis. Para ter dados comparáveis dos últimos 150 anos em 16 países, combinaram duas bases de dado compiladas recentemente: uma dos preços das casas e outra dos aluguéis.

Adiciona-se os retornos de tudo, faça um gráfico da taxa média durante o período para todos os 16 países da base de dados, e você acaba com um diagrama assim:

Pode-se constatar que houveram poucos choques aos retornos em geral da riqueza no último século e meio — as taxas caíram dramaticamente durante as duas guerras mundiais, assim como na crise do petróleo dos anos 70 e, mais recentemente, na crise financeira global de 2007.

Mas no todo, se você fosse um típico investidor e quisesse comprar uma parte representativa da economia do mundo rico, você poderia esperar uma taxa anual de retorno de cerca de 6,28%.

Você pode pensar nessa como a taxa “natural” de retorno em uma economia avançada: se uma pessoa investisse US$ 100 em uma parte representativa de uma dessas economias, teria US$ 106.28 ao fim do ano.

Agora vamos comparar isso à taxa de crescimento econômico geral.

Com a exceção dos tempos de guerra, quando a instabilidade afeta os mercados de ações (ou os desabilita completamente) e bombas literalmente destroem a riqueza imobiliária, a taxa de retorno de riqueza tem sido bem mais alta do que a taxa de crescimento das maiores economias. No geral, se o retorno médio anual de riqueza desde os anos 1870 tem sido de 6,28%, o crescimento econômico anual se resume a somente 2,87%.

“A taxa de retorno média de capital foi duas vezes mais alta que o crescimento dos últimos 150 anos,” os autores concluem.

Muitos economistas apontam que isso não é necessariamente um problema. Há muitos fatores, como taxações sobre heranças e depreciação, que podem reduzir o valor do capital com o tempo. No fim das contas, “mais capital irá erodir o retorno econômico no capital,” como um dos críticos de Piketty apontou em 2014.

Mas os números compilados pela equipe de Jordà não parecem excluir esse fator. Eles observam que o valor total de recursos do capital nas economias estudadas, comparado ao PIB, praticamente dobrou entre os anos 70 e 2015. Mas nesse período, o retorno desses recursos foi relativamente estável. Mais capital não erodiu o retorno econômico no capital.

A implicação é que Piketty pode ter estado certo, afinal de contas, com sua previsão lúgubre de desigualdade em aceleração nas décadas por vir, talvez até mais certo do que imaginava.

De toda forma, os dados compilados pela equipe de Jordà poderão ajudar os economistas a refinar ainda mais a compreensão da questão — e o que isso significa para nossas carteiras.

Traduzido do Washington Post.

Aparentemente, há um nome para a geração que nasceu entre os anos 70 e 80

Não são millenials e nem a geração X.

Todos ouvimos sobre os millenials, e a geração que veio antes, conhecida como Geração X. Enquanto a maior parte das descrições marcam diferenças gritantes entre as duas, alguns também percebem que as pessoas nascidas na janela dos anos 1977 e 1985 não parecem se encaixar em nenhuma das categorias.

Escrevendo para o Business Insider, Marleen Stollen e Gisella Wolf explicam a questão da seguinte forma:

“Os anos de nossos nascimentos caem entre duas grandes gerações. Tivemos que fazer a ponte da divisão entre uma infância analógica e outra digital, e somos lembrados disso dia após dia. Vivemos com um pé na Geração X e outro na Geração Y [também conhecidos como millenials]. É uma posição desconfortável de se fazer parte, e não gostamos disso.”

Fonte: Adobe

Se não é Geração X ou Geração Y… Então o quê?

“Xennial” é outra forma de chamar essa microgeração, e que parece estar ganhando força (xennial sendo uma combinação de Geração X e millenial). Uma rápida pesquisa no Google pelo termo já retorna 318.000 resultados.

“Ame ou odeie, ‘xennial‘ é melhor do que ‘velho millenial‘, certo?” — Merriam Webster (NT: dicionário americano do inglês)

A escritora Sarah Stankorb consagrou o termo em 2014, em um artigo da revista Good que tinha o título “Pessoas razoáveis discordam sobre a geração pós-X, pré-millenial,” na qual ela argumenta que sua microgeração “nasceu no crepúsculo” entre “os na-rua-a-noite-inteira da Geração X e os millenials ensolarados-otimistas-de-alguma-forma.” Enquanto isso, o co-autor de seu artigo, Jeb Oelbaum, compartilhou uma visão definitivamente menos ensolarada da microgeração, escrevendo: “Não somos o futuro; não importamos mais demograficamente, e ainda não nos tornamos o estabelecimento… Nós, xennials, somos uma galera triste, cínica e para baixo. Ou talvez seja só eu.”

Nem todos concordam nas características que definem um xennial, nem concordam nos anos que compreendem essa microgeração, com algumas fontes dizendo que o mais correto seria defini-los como aqueles nascidos entre 1977 e 1983.

De forma parecida, há debates acerca de quais anos de nascimento definem a geração millenial. Um artigo do Atlantic sobre o assunto considerou como os anos de 1982-2004. Outros, como a Nielsen, a empresa gigantesca de coleção de dados, definem os millenials como aqueles nascidos entre 1977-1995, com aqueles nascidos após 1995 sendo da Geração Z.

Se você perguntar aos nascidos nos fins dos anos 1970 e em meados dos anos 1980 se acham que são millenials, a resposta é que provavelmente não. Mas não se sentem exatamente como Geração X, também. O que define um xennial?

Ao passo que os anos de nascimento da geração xennial ficam abertos ao debate, o detalhe definitivo que parece chegar a um consenso é que xennials se sentem perdidos entre dois mundos. E as diferenças entre eles e seus colegas mais velhos ou mais novos ficam visíveis em suas formas de ser pais, suas visões políticas e, talvez de forma mais declarada, suas interações com a tecnologia.

Créditos: Sean Gallup / Getty Images

As pessoas nascidas durante esse período de tempo em específico não cresceram em um mundo onde a internet e os celulares sempre estiveram lá, como os millenials que vieram logo depois. Os xennials conseguem se lembrar perfeitamente de quando essas tecnologias emergiram.

Mas, ao contrário dos mais velhos da Geração X, os xennials se adaptaram à nova tecnologia mais rapidamente. Por exemplo, embora os xennials não tenham crescido com as mídias sociais, agora as usam com quase tanta facilidade quanto aqueles que sempre as tiveram lá.

Créditos: Sol Grundy / Flickr

“Enquanto crescíamos, a tecnologia amadureceu paralelamente,” escrevem as autoras do Business Insider. “Tivemos tempo para nos acostumar e ainda éramos jovens o suficiente para nos sentirmos familiares.”

As autoras também explicam que, comparados aos da Geração X, que viveram com a Guerra Fria, e millenials, que viveram durante a guerra do Afeganistão, os xennials chegaram à maturidade durante um tempo relativamente pacífico do mundo.

E aí, qual a sua opinião? Você é da Geração X, Y ou Z? Existe uma geração Z?

Fonte: Getty Images

Traduzido do site SimpleMost.