A busca pelo reconhecimento na História

Você já parou para pensar em quantas pessoas na História sentiam atração por pessoas do mesmo sexo? Pessoas que você conhece, nomes que aparecem nos livros de História, poetas e autores, astros dos filmes, heróis de guerra e reis — e você só aprende sobre isso anos e anos depois que aprende sobre eles, e isso é como um soco no estômago.

Você já parou para pensar sobre como é esse círculo vicioso em que esses nomes são apagados da História, essas partes dessas pessoas são apagadas, então nem aprendemos que outras pessoas podem ser assim? E então você esmaga aquela parte de você que pode ser assim porque não é algo real, todos na História eram heterossexuais e é só você que é a anomalia.

Tipo, essa ideia de que ser qualquer coisa que não heterossexual seja uma coisa totalmente nova. Como se ser gay tivesse sido inventado vinte anos atrás, e que antes disso só haviam livros e livros e livros de mulheres apaixonando-se por homens. Mas não era assim. Havia pessoas como você. Sempre houve pessoas como você, e você só pode aprender isso através de pedaços de papel passados sob a mesa por outros jovens aterrorizados na internet. Isso parte meu coração. Esse apagamento. Esses amores removidos só em caso de um estudante do Ensino Médio poder acabar lendo sobre isso em um livro de História e dizer “Ah”.

Um desabafo pelo fato de que lemos diários, poemas e anedotas procurando por FRAGMENTOS de algo que mostra que essas pessoas que significaram algo para nós poderiam ser como nós. Talvez. O poeta talvez realmente te entenda. O ator realmente pode ter falado sério na TV. É uma triste, desesperada arqueologia de busca por reconhecimento.

Traduzido e adaptado de uma postagem no Tumblr de sharkodactyl.

A história por trás de Gay Bob, primeiro boneco fora do armário!

Ele foi lançado nos anos 70, para a comemoração e revolta de muitos.

“É outra evidência do desespero que a companha homossexual alcançou em seu esforço para inserir o estilo de vida homossexual, que é um estilo de morte, entre o povo americano.”

Um grupo de pressão chamado Proteja as Crianças Americanas fez essa declaração em 1978 — sobre um boneco.

Naquele ano, o lançamento de Gay Bob, considerado o primeiro boneco assumidamente gay do mundo, causou um pequeno furor. Consumidores enfurecidos reclamavam que um brinquedo com uma história de vida homossexual levaria a outros bonecos “nojentos” como “Priscilla a Prostituta” e “Danny o Traficante de Maconha.” A Esquire premiou o Gay Bob com o “Prêmio de Caráter Dúbio.” E organizações anti-gays por todos os Estados Unidos vociferaram.

Gay Bob, que deveria parecer uma mistura de Robert Redford e Paul Newman, era loiro, com uma camisa de flanela, jeans apertadas e uma orelha furada. O boneco trazia às organizações anti-gays muito a temer; intrínseco a ele havia a celebração da identidade gay, evidenciada pelo discurdo programado de Gay Bob. “Pessoas gays,” dizia Bob, “não são diferentes dos heterossexuais… Se todos ‘saíssem de seus armários,’ não haveriam pessoas tão raivosas, frustradas e assustadas.”

De forma atrevista, a caixa em que Gay Bob era embalado vinha no formato de um armário, para que quando ele saísse de lá, estivesse literalmente saindo do armário. Gay Bob explicava: “Não é fácil ser sincero sobre quem você é — na verdade, leva muita coragem… Mas lembre-se, se Gay Bob teve a coragem de sair do armário, você também pode ter.”

“Saia do armário com Gay Bob, o primeiro boneco gay para todos. Ele senta… Ele se levanta… Ele fica em qualquer posição… e já que ele é anatomicamente correto, ele pode até mesmo brincar consigo mesmo sem ficar cego. Gay Bob é grandão com 33 cm (Uau!) e feito de plástico (ou plastique, se você for elegante)… Ele vem vestido em uma camisa de flanela mucho macha, jeans azuis que abrem com um zíper de qualidade para relevar suas partes íntimas, botas e (naturalmente!) um brinco. Ele mora em um armário e tem seu próprio livro de histórias/catálogo de moda. Barbie e Ken… Deem licença. GAY BOB CHEGOU! Por US$ 19,50 você pode ter um GAY BOB. Ou tenha estilo e mande US$ 35 para levar dois bonecos. Para residentes em Nova York e com os impostos apropriados. Enviado em embalagem de papel pardo. Revendedores bem-vindos. Sinto muito, querido, não pode pagar na entrega. Compras em dinheiro são enviadas no mesmo dia. Cheques em torno de 3 a 4 semanas. Agora é a hora de mandar o GAY BOB para todos na sua lista de Natal para: FORA DO ARMÁRIO, LTDA.” Propaganda em uma revista de 1978 para o boneco Gay Bob. Joe Wolf/CC BY-ND 2.0

A mensagem positiva não foi por acidente. O criador do boneco, Harvey Rosenberg, ex-executivo publicitário que desenvolvou campanhas de marketing para várias empresas, queria que o Gay Bob “libertasse” os homens dos “papéis sexuais tradicionais.” Ele criou o boneco logo depois de uma série de choques sacudirem sua vida: em rápida sucessão, seu casamento acabou e sua mãe se tornou extremamente doente. Ele decidiu que seus próximos projetos teriam que ser de grande significado pessoal.

Embora o Gay Bob fosse certamente divertido — o boneco foi feito para ser anatomicamente correto, e ativistas proeminentes como Bruce Voeller disseram aos repórteres que as pessoas deviam “encarar [o boneco] de forma leve e aproveitar” — as intenções de Rosenberg pareciam ser sinceras. Quando perguntando sobre por que gastaria US$ 10.000 de seu dinheiro na produção de Gay Bob, ele respondeu, “tínhamos algo a aprender do movimento gay, assim como tivemos do movimento dos direitos dos negros e das mulheres, e isso é ter a coragem de se erguer e dizer ‘Eu tenho direito se ser quem sou.'”

Quando o Gay Bob chegou às lojas em 1978, esse direito de ser gay e igual estava mais uma vez sob ataque, especialmente por Anita Bryant, uma cantora e bem conhecida embaixadora de marcas que mobilizou a oposição contra uma lei de Dade County, na Flórida, que proibia a discriminação por conta da orientação sexual. Focando no impacto em escolas públicas, Bryant dizia que a existência de professores LGBT ameaçaria o bem-estar dos estudantes locais. “Homosexuais recrutarão nossas crianças,” ela alertou. “Usarão dinheiro, drogas, álcool, qualquer coisa para tomar o que querem.” Em junho de 1977, ela conseguiu que a lei fosse extinguida, e sua cruzada anti-gays — que ganhou grande atenção da mídia — inspirou movimentos parecidos em Minnesota, Oregon, Kansas e na Califórnia.

Gay Bob, que vendeu 2.000 cópias nos primeiros dois meses, apareceu no auge dessas batalhas políticas. Não era um grande destaque por conta própria, mas serviu como um divertido troféu — e sinal de mudanças — para aqueles lutando contra Bryant.

Inicialmente vendido atavés de propagandas de encomenda de correio em revistas com temática gay, o Gay Bob logo se expandiu para lojinhas de Nova York e São Francisco. Rosenberg até o promoveu para grandes redes de departamento, uma das quais até gostou da ideia (mas acabou não fechando negócio). E, no fim das contas, os consumidores que temiam a introdução de bonecos mais “nojentos” estavam parcialmente corretos — Rosenberg logo deu ao Gay Bob uma família, com os irmãos Marty Macho, Eddie Executivo, Al Ansioso, Steve Hétero (que vivia nos subúrbios e usava ternos azuis) e as irmãs Fran da Moda, Libby Liberta e Nelly Nervosa.

Traduzido do site AtlasObscura.

Aceitação dos LGBT cai nos EUA, segundo nova edição de estudo

O relatório anual “Acelerando a Aceitação”, feito pelo GLAAD, mostra uma queda alarmante da aceitação dos LGBT.

Um novo estudo indicou uma queda alarmante na aceitação dos LGBT nos Estados Unidos.

A GLAAD anunciou seu quarto relatório anual, chamado “Acelerando a Aceitação, ontem (25/01), relevando o declínio da aceitação desde 2016.

O relatório questionou mais de 2.000 adultos, 1.897 dos quais heterossexuais, pela internet entre 16 e 20 de novembro de 2017.

De acordo com o estudo, houve um aumento na quantidade de americanos que se sentem “muito” ou “relativamente” desconfortáveis em várias situações com pessoas LGBT.

O relatório revelou que 30% dos adultos questionados disseram que se sentiriam “desconfortáveis” se descobrissem que um parente é LGBT, uma alta de 3% de 2016.

Enquanto isso, 31% ficariam desconfortáveis se seus filhos fossem ensinados por alguém LGBT, e outros 31% ficariam desconfortáveis com um médico LGBT.

Os resultados mostraram que 27% ficariam desconfortáveis vendo a foto de casamento de um colega de trabalho LGBT, e 37% disseram que não gostariam de descobrir que seus filhos tiveram uma aula sobre a história dos LGBT na escola.

O relatório também revelou que 55% dos adultos LGBT já sofreram alguma discriminação por conta da orientação sexual ou identidade de gênero, uma alta de 11% do ano passado.

O GLAAD frisou que essa não foi a primeira vez que o relatório apresentou queda na aceitação dos LGBT.

Sarah Kate Ellis, presidente e CEO da GLAAD, disse: “Por décadas, ao passo que mais e mais pessoas LGBTQ saíram do armário, se tornaram visíveis, e surgiram com todos os estilos de vida, pessoas heterossexuais se tornaram mais confortáveis.”

“Neste ano, mias adultos heterossexuais nos EUA relataram se sentir desconfortáveis sabendo que um parente, médico ou professor próximos são LGBT. No entanto, 79% dos adultos heterossexuais americanos continuam a concordar com a frase ‘Eu apoio direitos iguais para a comunidade LGBT.'”

Ela também diz: “Pessoas LGBTQ e aliados serem visíveis e vocais não só farão acabar esse retrocesso, como também levarão adiante a marcha pela aceitação em todos os cantos do mundo.”

O relatório saiu dias depois de um estudo apontar que 600.000 LGBTs americanos passaram por terapia de conversão durante a juventude, e um estudo da Coalização Nacional de Programas Anti-violência também apontar que houve uma alta enorme no número de homicídios contra LGBT+ no último ano.

"Não se exponha, é pelo seu bem…"

Disclaimer: esse texto foi feito por um homem para outros homens homossexuais. Deixo isso claro para justificar que, baseado em minhas experiências e vivências, só tenho propriedade para falar em nome desse grupo. Não é intenção excluir ou desamparar outros membros da sigla LGBT, e acredito que muito do conteúdo se aplica a outros 🙂

Quantas vezes você, gay assumido, já se deparou com essa sugestão? Seja de um parente próximo ou distante, de um amigo preocupado ou de um(a) professor(a) com quem você tem confiança, imagino que pelo menos uma vez essa mensagem já tenha sido direcionada até você. E por que ela é tão incômoda, por que não parece descer bem, por que parece ser contra-intuitiva? Para todos aqueles que se importam e gostariam de entender, vou fazer uma tentativa de explicar aqui por que eu, como homossexual e assumido em todas as esferas, acabo por me expor – aos olhos de alguns – e pretendo continuar a prática.

Vamos começar com a definição de assumido, que acho que é muito importante para que essa discussão seja até mesmo iniciada. Alguns veem esse ato como algo desnecessário, já que nossa sexualidade se resume aos nossos relacionamentos pessoais e nossas atividades sexuais. Mas será mesmo? Não somos como se fossemos diferentes de todos os outros, fazemos as mesmas coisas divertidas como uma caminhada no parque e montando um unu em todos os lugares. Um pequeno exercício que podemos fazer sobre isso é imaginar quais são todas as coisas em que somos a norma. Que não se entenda essa palavra como “normal”, devo deixar claro. Mas o que é mais frequente se ver na sociedade em que vivemos e como reagimos quando somos diferenciados? Deixamos claros em que aspectos somos diferentes ou fingimos ser sempre iguais a todos?

Exemplo 1: o encontro

Pessoa 1: Hummmm… Estou morrendo de fome.

P2: Eu também! Podíamos pedir algo para dois, não é mesmo?

P1: Ótimo, é bom que economizamos! Que tal essa picanha? Serve duas pessoas!

 

P1 é uma pessoa vegatariana. Você acha que:

a) Ela deveria esconder esse fato para não constrangir o interlocutor, e comer mesmo assim?

b) Ela deveria deixar claro que é vegetariana, e oferecer dois pratos ou um que sirva aos dois?

Exemplo 2: a noitada

Você é um adolescente. Todos os seus amigos estão bebendo em uma festa com você, mas você não gosta e não pretende beber.

Amigo 1: Cara, o que tem tomar uma cerveja? Não vai te matar.

A2: Pois é, que frescura. Pelo menos hoje, já que você está com a gente!

A3: Faz esse drama todo, nunca deve ter nem experimentado pra poder falar alguma coisa.

 

Você:

a) Cede à pressão e começa a beber, mesmo sabendo que já experimentou e não gosta;

b) Deixa claro que você não gosta do hábito e segue aproveitando a festa.

Eu imagino que a maior parte das pessoas não precise de mais exemplos.

Realmente, à primeira vista, não parece ser realmente algo que todos devam saber. Se eu namoro um rapaz, não faz diferença nenhuma para meu chefe ou meu colega de trabalho que eu namore com ele, e nossa amizade e relações de trabalho não mudarão em nada comigo assumindo. A menos que eu sinta uma enorme vontade de contar pra todo mundo, não tem por que tocar no assunto, certo? Errado. Afinal, devemos nos lembrar que nenhum caso na vida é algo que envolve somente um âmbito, e dentro do trabalho entra a questão social. Os amigos de escritório vão falar de mulher, criar grupos no WhatsApp, chamar para puteiros e conversar sobre namoradas e a guerra dos sexos. Se você não quiser participar do grupo de putaria do WhatsApp, vão querer saber por quê. E, na maior parte das vezes, é muito melhor falar que você é gay – felizmente a maior parte das pessoas no dia de hoje respeitam essa resposta – do que evadir responder e se manter no armário. Isso pode gerar zoações, mais questionamentos e acho até provável que uma leve antipatia pela sua aparente aversão de socializar. Também é muito melhor falar a verdade do que mentir – como contando que você namora – porque cedo ou tarde essa mentira vai ser colocada em teste, e o trabalho para mantê-la vai ser muito maior. Além de toda a situação ser extremamente desagradável.

E na faculdade? Bom, aí que eu acho que se assumir é realmente vital. Devo deixar claro que não considero que sair do armário seja uma declaração pública no grupo do Facebook do campus para que todos os estudantes saibam quem você é e com quem se relaciona, mas sim para os amigos. Para começar, toda e qualquer impressão que a sociedade faz sobre um grupo de pessoas começa a partir de estereótipos que criam a partir de representantes observáveis daquele grupo. Sem ninguém para saberem que é gay, não saberão como é ser gay, ou criarão suposições baseadas em um ou outro únicos exemplos. A melhor imagem que podemos causar sobre nossa sexualidade – e o tanto que somos diversos – parte de nós mesmos, e é essa a arma mais poderosa para mudar a percepção da homossexualidade e gerar empatia entre as pessoas. Isso independe de comportamento (feminino ou masculino), inclusive. Sendo boas pessoas e sendo vistos como homossexuais, melhoramos a imagem coletiva como um todo.

Outro ponto extremamente importante a respeito da faculdade são os relacionamentos em si. Meus pais se conheceram aos vinte e poucos anos enquanto cursavam a UFMG. Através de amigos de amigos, festas, acampamentos e aproximações, ficaram juntos, se casaram e criaram a minha família. Mas se não fosse possível, por algum motivo, que meu pai se declarasse para a minha mãe, ou que pudessem se beijar, ou que mesmo se sentissem confortáveis com a relação, qual seria a chance que realmente teriam? Se fosse a norma para todas as mulheres serem lésbicas, meu pai arriscaria chamar minha mãe para sair se ela não dissesse ser heterossexual?

Estar assumido em um ambiente, especialmente no universitário, onde nossa única obrigação é sermos bons estudantes – ao contrário de agradar a chefes ou colegas – é a melhor e maior oportunidade para que conheçamos pessoas com quem podemos nos relacionar. É assim que grandes namoros começam muitas das vezes, com e entre amigos. E sem que as pessoas saibam ao menos do que gostamos, fica muito difícil que nos aproximemos de alguém, ou que se aproximem de nós. Estar no armário, nesse caso, é garantir que todas as pessoas que se aproximem sejam do sexo oposto enquanto se busca alguém do mesmo sexo, com bastante dificuldade e dúvidas no caminho. Claro que hoje em dia existem aplicativos que auxiliam nessa questão, mas todos nós sabemos que nenhum é muito eficiente para apresentar pessoas que buscam um relacionamento, como as boates e bares gays já evidenciam há muito tempo.

Outro excelente ponto – e nesse caso eu chamaria de vantagem – a favor de ser um gay assumido se refere às pessoas à nossa volta. Muitas vezes estamos cercados de pessoas que não são verdadeiros amigos e não pensam realmente no nosso total bem estar. Sei o tanto que é desagradável ter que ouvir certos comentários ou zoações – viadagem é o que mais me irrita ultimamente – e não poder dizer nada, ou pior, ter que rir junto. Quando somos assumidos, quem se importa no mínimo fará um esforço para evitar tais comportamentos, e quem se incomoda com a sua existência simplesmente não estará em uma roda de conversa com você.

A faculdade é, acima de tudo, um local de aprendizado e crescimento, seja pessoal, acadêmico ou profissional. E, se temos tempo além das notas para deixarmos uma impressão e coibirmos o preconceito, acredito que esteja em nosso melhor interesse contribuir para essa troca. Não estou dizendo, em momento algum desse texto, que quem se sente desconfortável em estar exposto deva sair do armário mesmo assim só para agradar todos os outros gays, o que quero dizer é que o impacto que causamos nas pessoas ao nosso redor definitivamente vai contribuir para que essas pessoas aceitem outros como nós em outros locais e situações, e vai ajudá-los a entender que somos o mesmo homo sapiens sapiens, e que como deveria ser, nossa sexualidade não faz diferença no caráter que temos ou ao amor que destinamos aos que nos são próximos. Ser gay em um ambiente significa criar aliados, ter aliados significa envergonhar aqueles que atacam e, acima de tudo, significa sentir-se seguro.

Para finalizar, uma mensagem para a minha tia que inspirou esse texto: Tia, sei que você diz isso por ter medo que eu me machuque ou sofra constrangimentos ao afirmar que sou gay, sei que você me alerta para o meu “bem”, mas você precisa entender que o meu bem também inclui poder viver livremente, que as pessoas saibam com quem me relaciono sem isso ser algo incômodo ou desnecessário numa conversa – afinal homens discutem o tempo todo sobre loiras e morenas -, inclui demonstrações de afeto e inclui não me sentir censurado ou ofendido em conversas cotidianas. Acima de tudo, você tem que entender que o meu bem inclui ter alguém pra chamar de “meu bem”, e com as pessoas sabendo que “tipo” estou procurando, essa busca se torna muito mais fácil.

Vale lembrar: muitos dos que estão por aí na verdade usam a frase do título não pelo bem daqueles que amam, e sim simplesmente para tentar impedir que tenha-se que conviver com gays ou admitir que nós existimos por todos os lados. É pedir que nós fiquemos incomodados e ocultos para que eles não se incomodem. Deixo esse lembrete para sempre refletirem: quem deveria estar incomodado nos dias de hoje? 😉

Como criei meus primeiros inimigos

Nem sempre criamos antagonismo na nossa vida por atitudes erradas. Às vezes, o simples ato de se impor e dar a devida atenção a determinadas situações pode criar animosidades fortes e inesperadas. Achamos que dizer o óbvio sempre vai ser fácil e que a maior parte das pessoas vão concordar, mas eu havia me esquecido que a minha posição na sociedade ainda provoca ódio irracional, incompreensão e uma repulsa gratuita. Mesmo na primeira geração que às vezes parece – ou se finge – sem tantos preconceitos.

 

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Parte 1: o Arauto do que todos odeiam, mas não vivem sem

Tudo começou a com a criação do Spotted (calma, não vou narrar dois anos de história, é só um contexto). A página antiga estava às traças e não parecia que retornaria à vida. Imaginei à época que o antigo criador já havia se formado e não se deu ao trabalho de passar o trabalho para a frente, mas depois do tanto que vi, filtrei e postei, acredito que talvez ele simplesmente tenha se cansado, mesmo. Há algo de especialmente tóxico na UFOP: o silêncio. E é por isso que a minha é a única universidade no Brasil que não se interessou pelo Spotted a não ser que os envios fossem verdadeiramente anônimos, através de um formulário que nada registra. Quando testamos não usá-lo, a página praticamente morreu. Poucos tinham coragem de realmente admitir suas palavras, mesmo quando elas eram de carinho. Algo especial, com certeza, mas infelizmente meus esforços de encontrar algo de positivo nesse especial falharam.

 

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Com os dois anos, vieram muitas mensagens terríveis. Contra o feminismo, contra as mulheres em geral, contra as minorias, contra até mesmo os negros. Vieram mensagens tirando republicanos do armário, realmente para machucar essas pessoas, e nós tivemos que esconder. Inclusive, uma das pessoas que mais me antagoniza hoje em dia, mesmo tendo tantas opiniões alinhadas à minha, foi uma das que “salvamos”. Ele não admite até hoje ser gay, e sempre respeitarei isso, só gostaria que ele enxergasse que não tem lógica nenhuma ter tanta antipatia por mim. Evitei que o mal fosse feito a ele, mais de uma vez. Houveram também exposições de mulheres que haviam engravidado e decidido por abortar, ameaças de violência e retaliações em inúmeros casos, e, por fim, as incontáveis denúncias de estupro, abuso e homofobia nas repúblicas e na faculdade. Muitas destas nunca foram postadas (ou foram editadas) porque as mensagens vinham anônimas e não tínhamos como confirmar os fatos. Como alguns dos que me acusam costumam apontar o dedo e dizer que não temos critério, é importante deixar isso muito claro: houve tanto critério que, se não houvesse, a página já teria caído há muito tempo – e eu estaria respondendo a algum processo.

 

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Vamos agora ao desfecho. Em época de eleição do DCE, duas chapas concorriam. Uma a de sempre, com uma nova maquiagem mas o mesmo modus operandi: pouca ação, viés republicano, um DCE turvo e sem presença amplamente criticado pela faculdade. Era, no entanto, a opção confortável. Conhecida. Segura. Afinal de contas, já dependíamos só dos Centros Acadêmicos neste ponto. A outra chapa era a de esquerda, com base em Mariana, aproximação política e engajamento. Improvável que ganhasse, mas neste ano, com muitos já cansados da ineficiência da chapa de sempre, começaram a trocar suas intenções de voto. Depois de pequenas intrigas e acusações jogadas para todos os lados, veio a facada final: um estudante de Direito integrante da chapa “de sempre” foi denunciado na página.

O conteúdo da postagem era simples, a acusação de que o rapaz era misógino, racista e homofóbico. Como comprovação, três exemplos de postagens feitas por ele no Facebook através dos anos. Uma contra as cotas (e com argumentos questionáveis), outra tirando sarro dos gays (que até hoje ele insiste em não ser capaz de compreender – talvez por afetações próprias, suspeito), e por fim uma mensagem desmerecendo as mulheres. Junto à mensagem, uma pergunta simples: “Essa é a representação que você quer no DCE?” Enquanto a denúncia chegava à nossa planilha, a chapa desse estudante de Direito veiculava um vídeo onde vários membros – incluindo ele – prometiam maior luta pelas minorias da faculdade e direitos dos transexuais. Achei estranho. Como aquele cara que fazia tal promessa por vídeo para a comunidade acadêmica poderia ter feito tais comentários?

 

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Pus-me a pesquisar a página do Facebook desse estudante e encontrei cada uma das postagens. Ele de fato já as havia postado. Veio, então, a dúvida: postar ou não a denúncia? Era véspera de eleição, a repercussão ia ser enorme, isso ia ser decisivo no resultado de quem seria eleito. Mas ele havia feito as postagens, os estudantes mereciam saber. As postagens eram antigas, será que ele ainda era daquele jeito? (descobre-se posteriormente que sim, ele continua sendo um grande babaca que esconde a verdadeira essência para ser tolerado em seu prédio) Resolvi postar. Não compactuava com aquele comportamento e aquelas opiniões e achei no direito de todos saberem antes de votarem. Ele mentiu no vídeo, no fim das contas.

Como previsto, a postagem repercutiu imensamente na internet, atingindo, se não me engano, cerca de 16 mil leituras individuais. Para se ter noção desse valor, estimo que a UFOP inteira (os três campi) tenha em torno de 14 mil alunos. O alcance foi maior do que a comunidade acadêmica. A chapa do estudante de Direito perdeu. Ele passou a ter que enfrentar olhares acusadores no prédio em que estudava, foi atormentado e questionado, deveu explicações. Considerou que tal exposição pudesse ser um dano moral, uma difamação. Mas no fim das contas, como ele mesmo deve ter se lembrado, ele havia de fato dito o que havia dito, e deixado tudo registrado. Erro de principiante online. Aqui se faz, aqui se paga. Históricos são importantes.

 

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Na época da denúncia, o rapaz ameaçou processar a página e ficou bastante angustiado. Procurei por ele pessoalmente (leia-se: com meu perfil pessoal) para discutir as implicações do que havia sido postado e oferecer qualquer ajuda possível. Como eu não podia identificar o autor do texto, o rapaz escolheu por me culpar. Como deve ser evidenciado, no entanto, há aqui três culpas:

  • Ele fez as postagens;
  • Um terceiro fez a denúncia;
  • Eu, moderador, avaliando que a denúncia era real, fiz a postagem.

Sumarizando o ocorrido, fiz o meu trabalho como administrador da página. Somente.

O rapaz desistiu do processo, sumiu da minha vida, dei o assunto por finalizado e segui com a minha vida e administração do Spotted. Como eu gosto de listinhas, vou deixar aqui também claro qual a funçào exata e minha intenção com a criação da página, para interesse de todos:

  • Ajudar pessoas que se gostam a se encontrarem e poderem se relacionar;
  • Apresentar novas pessoas umas às outras;
  • Fazer as pessoas rirem;
  • Servir de utilidade pública com informações de eventos, reuniões e oportunidades universitárias;
  • Divulgação de opiniões dos estudantes e embates que pudessem influenciar nossa convivência diária nos campi;
  • Alimentar o diálogo entre homens e mulheres e auxiliar a voz de minorias.

Pensei nisso porque essas eram as funções do Spotted que me inspirou (e ainda inspira, por todo o carinho e paz que reinam por lá), o da UNIRIO. Não era, como alguns gostam de teorizar e supor, causar discórdia, ódio entre alunos, animosidade ou desmoralizar certas pessoas. Até porque a maior parte das pessoas desmoralizadas eu nem mesmo conheço. E, reforço, não fiz mais do que o meu trabalho. Os denunciados que foram a público realmente foram responsáveis por suas atitudes.

Parte 2: a lista interna sem autor

Mais de um semestre depois do incidente com o estudante nervosinho do Direito, neste fim de período veio uma ideia à minha cabeça: existia um grupo de estudantes da UFOP que era fechado e secreto, onde a maior parte dos estudantes LGBT estavam cadastrados como membros e se auxiliavam das mais diversas maneiras. Um amigo me perguntava sobre onde seria possível morar, quais as melhores opções, se a homofobia era um fator. Como sempre acontece nessa época de matrículas, outras pessoas também me procuraram por conta do texto que fiz quando entrei na faculdade. Já tenho como costume sugerir alguns lugares e alertar sobre os riscos de batalhar em outros, mas não sabia de todas as possibilidades e, percebendo que algumas repúblicas estão se tornando mais tolerantes, achei que seria útil que essas repúblicas já pudessem aumentar a convivência com a comunidade LGBT da universidade. Por que não fazer uma lista? E assim a lista foi sugerida.

 

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A lista era dividida em duas partes, a de lugares não recomendados (onde os LGBT provavelmente não seriam bem aceitos em festas e/ou não seriam aceitos como moradores, OU lugares onde já houveram relatos de assédio a mulheres) e a de lugares recomendados (onde já haviam moradores LGBT, onde havia intenção de passar a ter, ou mesmo onde esse grupo era bem recebido em festas e onde as mulheres do grupo se sentiam seguras). Ela começou com dois nomes de repúblicas negativas e dois nomes de repúblicas positivas, todos incluídos por mim por experiências próprias. O resto da lista, um trabalho colaborativo dentro do grupo, foi incrementada pelas sugestões dos membros, como sempre fora a intenção. Editei a postagem a cada novo comentário, retirando, trocando de lugar ou adicionando novos nomes. Em pouco tempo, as duas listas estavam extensas e compreendiam muitos lugares onde os LGBT seriam aceitos ou não. Um serviço de utilidade pública estava criado para calouros perdidos e até mesmo veteranos que estavam procurando por novas casas ou festas para frequentar.

 
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No cair da noite, duas coisas aconteceram em sucessão: as edições na lista esfriaram e um membro do grupo enviou-a para o Spotted explicando sua função e exibindo a compilação para toda a comunidade acadêmica. Enquanto isso, outro membro do grupo tirou uma foto da postagem e enviou para alguns universitários. Um rapaz preocupado de uma das repúblicas listadas negativamente me procurou para esclarecimentos, acreditando que a lista havia sido criada inteiramente por mim. Tive que explicar a ele e a seu colega de casa sobre o engano, e inclusive coloquei-o em contato com quem havia sugerido que a república fosse para a lista. Comecei a me preocupar que aquela imagem com o meu nome encabeçando a lista estivesse se espalhando, e deixei claro na postagem do Spotted que só fiz o trabalho de compilação. Alguns entenderam. Outros, nem tanto. Daí já ganhei meu primeiro inimigo: o que dizia que EU havia feito a postagem no Spotted e depois havia me exposto para ganhar curtidas ou parabéns. Como os mais próximos bem sabem, a última coisa que eu busco é ser reconhecido por pessoas que nunca cumprimentei na faculdade. Onde eu puder fazer o trabalho anônimo, é o caminho que preferirei. Nota-se inclusive pela minha predisposição a administrar o Spotted.

 

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Passado um dia, a discussão continuava acesa, muitas postagens no próprio Spotted se referiam à lista postada anteriormente, e recebi meu próximo inimigo: o que ameaçou toda a comunidade LGBT da cidade de agressão física por conta do tanto que essa comunidade passara a irritar. Chega a ser cômica tal postura. Uma lista feita pelos LGBT para os LGBT poderem se ajudar internamente passou a ser vista como um ataque declarado aos heterossexuais. O inimigo anuncia um GRUPO de pessoas dispostas a machucar como retaliação. Para colocar uma comunidade que ele via como “soltinha demais” em seu devido lugar. Aqui, no interior de Minas, isso significa dentro do armário, forçando heterossexualidade, devidamente casado mas que chifra com o mesmo sexo nas viagens a negócios. É assim que sempre foi em Ouro Preto e, indubitavelmente, alguns estudantes que ainda emulam seus pais acreditam que é para o que devemos voltar. Felizmente esse é um caminho sem volta, a que me disponho sacrificar para que possamos continuar a segui-lo.

 

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Parte 3: a vingança do falso oprimido

Visto o descontrole de informações, fadiga mental e, francamente, medo que eu sentia, resolvi finalmente me aposentar da administração do Spotted. Foram 2 anos bem vividos, mas com muitas frustrações e mensagens descabidas. Eu estava cansado de ser acusado de parcialidade mesmo que tivesse que postar com careta algumas mensagens absurdas. Estava cansado de receber mensagens horríveis citando meu nome vindas de falsos amigos que sabiam da minha identidade e me odiavam secretamente (o terceiro inimigo). Já não dava conta de ter que fazer decisões morais de linhas tortas que muitas vezes acabavam em mais discussão e culpabilização da moderação, como se fôssemos diretamente responsáveis pelas coisas que os próprios estudantes pensavam e escreviam. Estava cansado de me sentir no meio da linha de fogo, e fiz uma despedida respeitosa e amável para aquele trabalho e para os que gostavam de acompanhar a página.

 

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O estudante de Direito, no entanto, não estava terminado. Com a notícia de minha saída, nervoso durante todo o dia preparando sua ação, ele chegou em casa e me expôs como administrador na própria postagem de despedida, colando uma print screen que não só me identificava como o dono aquele tempo todo como também expunha um blefe que eu havia feito para afastar a ameaça aos LGBT, uma das atitudes mais mesquinhas e mal intencionadas que já tive o desprazer de presenciar. Eu havia dito que levaria os endereços IP das mensagens ameaçadoras à delegacia, mas sem poder coletar IPs. E o estudante pegou exatamente essa parte da nossa conversa para me expor, abrindo o caminho, portanto, para os possíveis agressores de atuar sem medo. Se existe algo de vil e frio feito em toda essa história, acho que essa atitude ganha o prêmio.

 

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Acreditando estar correto em suas atitudes e opiniões a meu respeito, o estudante de Direito teceu textos onde se punha realmente como um salvador dos falsamente acusados (mesmo que ele fosse o único) e me pintou como um terrível vilão destruidor de vidas. Era tão óbvia a falsa moral de sua narrativa que a atenção foi pequena. Ainda assim, a maior parte das pessoas acabou sabendo que era eu por trás da página, e obviamente isso causaria uma reação.

 

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Com a exposição, chegamos ao meu último inimigo.

Parte 4: joguem-no na fogueira!

Eu nunca fui uma pessoa calada na internet. Já discuti com amigos de amigos, com os próprios contatos do Facebook, em comentários do G1 a notícias publicadas em páginas como o “Orgulho de Ser Hetero”. Já conversei sem medo e com paciência com todo tipo de pessoa conservadora ou que ia contra as minhas propostas. Não finjo que ganho todas as discussões, mas pelo menos sempre acreditei que fiz minha parte. E sempre gostei disso sobre mim. Disso, sempre tive orgulho. E, independentemente de ser ou não dono do Spotted, todos os inúmeros comentários que fiz sobre diversos assuntos ali naquela página teriam sido feitos da mesma forma, porque não consigo engolir opiniões mal formadas ou sem empatia. Assim sendo, é natural que já tivesse conquistado a antipatia de alguns. Felizmente a maior parte, por não ter contra-argumento, se bastava em dizer que meus comentários eram retardados, ou irritantes, ou incoerentes. Por saber que nenhum dos três eram verdade, nunca me incomodei.

 

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Quando descobriram que eu era o dono do Spotted, no entanto, a coisa mudou um pouco de figura. Alguns passaram a me ver verdadeiramente como alguém que buscou causar o mal, ou terminar relacionamentos, expor pessoas, denunciar sem provas. Acharam que essa era uma intenção real que eu tinha ao moderar a página com os colegas que recrutei. Acharam que nós postávamos somente aquilo que queríamos para tentar maquiar a percepção da opinião coletiva universitária. Como se eu fosse um canal Globo. Bom, para tranquilidade da nação (e da minha própria consciência), se tem um esforço que eu realmente fiz durante todo esse tempo foi de ser o mais imparcial possível. Como falei acima, até fazendo careta eu postava quando ninguém era ofendido. Fato é que muitas vezes me acusavam de parcialidade porque um certo espectro não conseguia evitar ofender para se expressar. E essas postagens eram cortadas.

 

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Com essa nova percepção sobre que tipo de pessoa eu seria, um pessoal começou a me antagonizar de verdade. Rumores péssimos e que acabaram com o meu dia (felizmente o dia passou e eu já relevei), incitações de violência, ofensas gratuitas… Coisas que eu infelizmente até suspeito terem vindo de alguns LGBT – sei que não agrado a todos. Não sou alinhado a todos. Nunca serei. Faz parte. Get over it…

 

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Parte 5: desfecho?

Decidi parar. Desistir. Quando percebi que o próprio lado a que mais tentei fazer bem esse tempo todo não me oferecia mais apoio (e sim críticas), quando percebi que potencialmente esse mesmo lado estava ajudando a deturpar minha imagem e intenções, quando percebi que todas as atitudes foram vistas como negativas e desnecessárias, eu verdadeiramente desisti. Não quero mais fazer parte da militância de movimento nenhum e nem me expor a ter opiniões que ajudem os outros, não quero mais me machucar e não quero mais a cabeça doendo. Eu ainda respeito imensamente os grandes nomes que fizeram a diferença para os LGBT até hoje e respeitarei eternamente aqueles que morreram e se esconderam para que chegássemos à situação que estamos hoje, mas não sinto mais dívida para com estes que passaram e menos ainda com os que aqui estão. Não concordo com o rumo e nem com a posição do movimento LGBT, ou mesmo de várias discussões feministas, então pretendo me abster inteiramente – salvo quando me pegarem falando disso ou daquilo presencialmente.

O Facebook está desativado – pretendo que definitivamente, e pretendo assim seguir – e o Spotted foi delegado a outro moderador. Minhas discussões nesse blog – se alguma vier – serão amplas ou, se exclusivas ao grupo LGBT, destacadas da militância, não darei mais voz nem preferência e nem apoio ao movimento feminista, me concentrando somente em fazer a minha parte sendo uma boa pessoa.

E fica assim.

E para todos esses inimigos que colecionei, uma mensagem final: todo aquele que me destrata está perdendo a oportunidade de algo bom na própria vida. Porque incansavelmente, lutando ou não, sempre farei e agirei pelo bem. Na faculdade, na família, entre amigos ou no trabalho. E todo e qualquer ódio que me for dirigido será tratado com o mesmo sentimento que eu tenho ao evitar olhares no REMOP ao almoçar: desprezo absoluto.

 

 

"Piadas" na minha faculdade.
“Piadas” na minha faculdade.

Heróis e personalidades gays da história humana

Vamos direto ao ponto, começando com um gigante:

Alan Turing: durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhou para a inteligência britânica num centro especializado em quebra de códigos. Foi chefe do Hut 8, seção responsável pela criptoanálise da frota naval alemã. Planejou uma série de técnicas para quebrar os códigos alemães, incluindo uma máquina eletromecânica que poderia encontrar definições para a máquina Enigma alemã. Considerado, por muitos, o homem que salvou o mundo.

Alan Turing


 

Alexandre, o Grande: foi príncipe e rei da Macedônia, e o mais célebre conquistador do mundo antigo. Em sua juventude, teve como preceptor o filósofo Aristóteles.

Alexander the Great


 

Joana D’Arc: heroina francesa e santa da Igreja Católica. É a santa padroeira da França e foi uma chefe militar da Guerra dos Cem Anos, durante a qual tomou partido pelos armagnacs, na longa luta contra os borguinhões e seus aliados ingleses. Foi executada pelos borguinhões em 1431. Camponesa, modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa e também heroína de seu povo, canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva em um auto de fé.


 

Michelângelo: foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente.

Michelangelo


 

Oliver Sipple: homem gay que empurrou quem, sem sua interferência, teria sido a assassina do presidente americano Gerald Ford. Caiu em esquecimento depois que descobriram que era gay.

Oliver está à esquerda.
Oliver está à esquerda.


 

Sergei Diaghilev: foi um empresário artístico russo, e fundador dos Ballets Russes, companhia de bailado a partir da qual muitos famosos dançarinos e coreógrafos surgiram.


 

Mark Bingham: lutador de judô, levantador de peso e jogador de rugby, foi quem invadiu o cockpit do United 93 e conseguiu desviar o avião que teria se chocado contra o Capitólio americano ou a Casa Branca.

Mark Bingham


 

Torill Hansen e Hege Dalen: salvaram, em seu barco, 40 adolescentes do massacre que ocorreu em uma escola na Noruega.

Hege Dalen Torill HansenHege-Dalen-and-her-spouse-Toril-Hansen-lesbian-couple-norway


 

Walt Whitman: foi um poeta, ensaísta e jornalista norte-americano, considerado por muitos como o “pai do verso livre”. Paulo Leminski o considerava o grande poeta da Revolução americana, como Maiakovsky seria o grande poeta da Revolução russa.


 

Gad Beck: gay e judeu, participou do movimento anti-nazista, chegou a ser levado para um campo de concentração e, após o fim da guerra, ajudou a evacuar famílias judias para a Palestina. Participou do ativismo gay na Alemanha entre os anos 80 e 90.

Gad Beck


 

Bayard Rustin: considerado o cérebro por trás de Martin Luther King, foi seu conselheiro e um ativista pelos direitos civis dos afroamericanos, tendo destaque pelo seu papel de organizador da Marcha em Washington pelo Trabalho e pela Liberdade, em 1963.

Bayard Rustin


 

Montgomery Clift: reconhecido por muitos homens heterossexuais que adoravam seus filmes, chegou a contracenar com John Wayne e Walter Brennan, consolidado como um dos melhores atores dos anos 40 e 50.

Montgomery Clift


 

Frederico, o Grande: foi o Rei da Prússia de 1740 até sua morte. Ele é mais conhecido por suas vitórias militares, sua reorganização do exército prussiano, patronagem das artes e o iluminismo na Prússia.

Frederick the Great


 

Abraham Lincoln: um dos mais aclamados presidentes da história americana, muitas biografias descrevem relacionamentos com outros homens.


 

Oscar Wilde: foi um influente escritor, poeta e dramaturgo britânico de origem irlandesa. Depois de escrever de diferentes formas ao longo da década de 1880, ele se tornou um dos dramaturgos mais populares de Londres, em 1890. Hoje ele é lembrado por seus epigramas e peças, e as circunstâncias de sua prisão, que foi seguido por sua morte precoce.

Oscar Wilde


 

Christopher Isherwood: viveu na Alemanha nazista antes da Segunda Guerra Mundial, emigrou para os Estados Unidos e tornou-se, abertamente homossexual e junto ao parceiro em uma das épocas mais tenebrosas para os gays nos EUA (anos de McCarthy), influente escritor e personalidade pop no país, tendo como amigos íntimos Rock Hudson, Tennessee Williams, William Auden, George Platt Lynes e outros.

Christopher e o parceiro James Auden.
Christopher e o parceiro Wystan Auden.


 

Caio Fernando Abreu: famoso escritor da literatura brasileira, era assumido em seus relatos e teve relacionamentos gays e heterossexuais. Até hoje muitas de suas citações são usadas popularmente, especialmente em redes sociais.

Caio Fernando Abreu


 

Liberace: um dos mais famosos pianistas da história norte-americana.


 

Michel Foucault: foi um filósofo, historiador das ideias, teórico social, filólogo e crítico literário. Suas teorias abordam a relação entre poder e conhecimento e como eles são usados ​​como uma forma de controle social por meio de instituições sociais. Embora muitas vezes seja citado como um pós-estruturalista e pós-modernista, Foucault acabou rejeitando essas etiquetas, preferindo classificar seu pensamento como uma história crítica da modernidade. Seu pensamento foi muito influente tanto para grupos acadêmicos, quanto para ativistas.

Michel Foucault


 

Rock Hudson: um dos maiores galãs da história do cinema americano, muitas vezes ganhando como “Galã Favorito” entre outros títulos, contracenou com muitas figuras que se tornaram famosas. Morreu durante a epidemia da AIDS, aos 59 anos.

Rock Hudson


 

James Buchanan: outro presidente gay americano, chegou a dividir uma pensão com um vice-presidente.

James Buchanan


 

Freddie Mercury: lenda do rock. Não preciso dizer mais.

Freddie Mercury

Aberto a mais sugestões. Sei que há muitos. 😉