A resposta tem dois lados. Um dos motivos pelos quais achamos que o câncer está aumentando no mundo se dá pelo viés da confirmação. Esse fenômeno implica em acharmos que algo está mais frequente ou prevalente na sociedade quando começamos a ouvir com mais frequência sobre ele. Por exemplo, hoje se fala muito mais em homossexualidade e mais pessoas se assumem, por isso alguns acham que existem mais LGBT no mundo. Canais como a Band e a Record ficam reproduzindo assaltos e assassinatos brutais em seus noticiários, então algumas pessoas começaram a realmente acreditar que o Brasil ficou muito mais perigoso de uma hora para outra, e que não podem sair de casa.
No caso do câncer, o viés se dá por maior debate sobre os diferentes tipos de câncer e diagnósticos mais eficientes e frequentes. Provavelmente, as pessoas não tinham muito menos câncer do que hoje em dia, mas acabavam morrendo por “causas naturais” ou eram diagnosticadas apenas na autópsia. Pesquisas e novas descobertas são feitas o tempo todo, e o câncer entrou na discussão corriqueira dos seres humanos. Isso gera um certo medo, aliado ao maior conhecimento sobre o tanto que a doença pode ser sorrateira. Pode nos dar a sensação de que estamos sendo cercados pela ameaça do tumor maligno.
Outra questão que entra numa possível causa de um aumento real da prevalência do câncer se dá pelo sedentarismo e pela alimentação. As pessoas não precisam ser tão ativas fisicamente hoje em dia, e muita gente acaba ficando negligente com a própria saúde. Vários comportamentos diferentes podem contribuir para o surgimento do câncer, como alguns que conhecemos muito bem: tabagismo, HPV, tomar Sol sem protetor. Mesmo assim, as pessoas acabam se expondo a esses riscos. Comidas processadas e o fato de que estamos praticamente cobertos de plástico também não são coisas que ajudam.
Aliando o viés de confirmação à maior exposição às informações associadas aos tumores, isso acaba trazendo a sensação (e a realidade) de que o câncer está mais presente do que nunca na nossa sociedade. O lado bom disso tudo é que, quanto mais conversamos sobre um problema, mais perto chegamos de solucioná-lo. Ignorar não resolve.