Você pode não usar o Chrome, mas aí o mais provável de acontecer é que os outros navegadores sigam a tendência dos padrões do Google. Vamos supor que você cria um idioma quando criança, e você pode falar “Eu”, “Você”, “Coisa” e “Ali”. Assim eram os primeiros sites da internet. Depois, todas as empresas que criavam navegadores e empresas que criavam sites foram se juntando para sugerir: “E se nós melhorarmos os nossos navegadores para entenderem palavras e frases mais complexas? E tudo que inventarmos vai ser entendido por todos.”
Foi uma ideia maravilhosa. E assim começaram os grandes padrões da internet. Desenvolvedores de todos os tipos dando ideias sobre coisas que poderiam ser integradas às regras do HTML, do PHP, do Javascript (jQuery precisa ser mencionado), até mesmo do Flash, que foi aposentado justamente pela evolução do desenvolvimento absolutamente comunitário do mundo.
Acontece que grandes empresas, grandes indivíduos, grandes espécies, enfim, regra dos números e do universo, acabam dominando todos os outros presentes. Esta é a situação entre Google, Facebook, LinkedIn, Reddit, Microsoft, Apple, Amazon, Twitter, etc. Todas estas empresas são controladas por acionistas que têm interesses específicos entre si. Isto forma uma democracia high-society que fica lá discutindo sobre o que é melhor pra gente & pro bolso deles. Na maior parte, pro bolso deles.
Como estas empresas, e os navegadores (Google: Chrome; Edge: Chromium; Opera: Chromium; Vivaldi: Chromium; Brave: Chromium) todos se juntam para criar padrões que ajudem a todos e tornem as coisas mais fáceis (ironia, tá? Mas realmente a internet vai ficando mais dinâmica), o que o Chrome dita é o que será padrão para a internet. Isso significa que se hoje eu posso fazer fogos de artifício saltarem quando se busca “Galo” no Google (bi-cam-peão!), daqui a alguns anos eu posso até criar essa experiência em um estádio 3D extremamente realista com um monte de gente usando um Oculus RIft (mas realmente espero que até lá, já seja outra empresa).
Entendeu que você está cercado? Não é você que pode escolher, como se fosse vacinação de Covid (adoro otário que nega). Você vai ter que aceitar, igual os sites tiveram que aceitar o HTTPS (não estou dizendo que isso é uma coisa ruim, só estou fazendo uma analogia à obrigação).
Ou seja, no máximo o possível é que comecem a se popularizar navegadores B que burlam a exigências do Manifest e que as pessoas comecem a propositalmente criar sites inaceitáveis pelo Chrome. Isso infelizmente geraria uma cultura subversiva parecida com a rede Onion, porque a mídia, também interessada no ecossistema das grandes companhias tecnológicas, iria demonizar as pessoas que participassem dessa rede.
É possível que saiamos disso antes, já que a antipatia por várias dessas companhias continua a crescer? É possível. Mas tendo em vista o que passamos nos últimos dois anos, dentre decepções ao desânimo, o mais provável é que realmente a internet se torne uma ditadura McDonald’s (nisso, não quero dizer Tio Sam, e sim monopólios).